sábado, 14 de junho de 2014

Capítulo 20: “Estou disposto a correr esse risco e tu?”


Era o momento mais bonito que estavam a viver juntos e estavam a tentar desfrutá-lo. Sentiam o coração do companheiro a bater e a felicidade bem presente no rosto da outra pessoa, existia uma paz natural nos corações de cada um. E Fábio sabia que era o momento ideal para partilhar o que sentia, sempre tivera medo do momento em que assumia o que sentia, tinha medo que o sentimento não fosse recíproco, que ela se afastasse dele e no fundo de a perder. Mas tinha de arriscar, podia perder tudo mas também podia ganhar tudo.

-Fábio, talvez seja melhor voltarmos. Os meus pais já devem estar á minha espera. – Ele sabia que ela tinha razão e que para ganhar a confiança dos pais da sua amiga tinha de cumprir o que prometera, mas era muito forte o desejo que sentia de prendê-la nos seus braços e não mais largá-la, queria poder ficar ao lado dela até aos últimos dias da sua vida.

-Rita, por favor, só mais um bocadinho. Suplicou Fábio e Rita não conseguiu resistir.

-Mas é mesmo só mais um bocadinho, sabes que o meu pai está á minha espera. – Disse pousando novamente a mão sobre o peito de Fábio que a agarrou as mãos e olhou para ela.

-Só falta uma coisa para tornar este momento perfeito. – Encheu-se de coragem e disse-o, Rita olhou para ele que sorria e perguntou:

-E porque não o tornas perfeito? – Perguntou envergonhada mas com coragem de dizer tudo o que sentia e de se sentir ainda mais realizada.

-Porque não sei se também o queres.

-Eu confio em ti Fábio. – Disse pousando a mão sobre os cabelos secos mas brilhantes dele.

-Tens a certeza? Tu nem sabes o que vou fazer.

-Faço uma pequenina ideia. E sinceramente, não preciso de saber, tal como te disse confio em ti.

Os olhos de ambos brilharam e foi Rita quem tomou a iniciativa de cruzar os seus dedos com os de Fábio dentro de água. Fábio sabia que o que iria fazer podia estragar aquela amizade, podia deixar a amiga desiludida ou magoada, podia afastá-la de si, mas estava disposto a arriscar, afinal ela permitia-o, fora ela que o incentivara-o a fazer, embora não soubesse ao certo o que ele iria fazer.

Fábio aproximou os seus lábios da face de Rita, pousou a mão esquerda sobre a bochecha dela que fechou os olhos sentindo o doce toque do amigo na sua face, aproximou os seus lábios dos dela e respirou durante breves segundos e beijou-a como desejara há imenso tempo, como nunca desejara beijar ninguém.
E Rita nunca hesitou, nunca temeu e sempre confiou em Fábio, deixou-se beijar e sentir todas aquelas sensações únicas, faziam-na ter ainda mais certeza do que sentia por ele. Estava apaixonada. E aquele beijo causara-lhe uma felicidade inexplicável, sentia-se amada como não sentia desde o final de relação com Tiago.

E Fábio sentiu o que nunca havia sentido antes, uma felicidade a sair pelo seu coração de forma inexplicável, uma vontade de não mais soltar Rita dos seus braços, de fazê-la apenas a única mulher da vida dele. Ela era a sua felicidade, o seu porto de abrigo, o seu porto seguro, uma mulher surpreende apesar da tenra idade.
As bocas só se separaram quando o ar começava a escassear, e parecia nada os querer afastar, não queria mais largar-se, nunca mais se afastarem e ficarem unidos como um só. Rita pousou a cabeça sobre o peito de Fábio e as mãos nos ombros dele, que retribuiu o gesto pousando as mãos sobre as costas de Rita e a cabeça sobre a cabeça dela e com a voz meio-rouca e grave disse:

-Sem dúvida que tornaste este momento perfeito. – Disse sorrindo e olhando para o nascer do sol cada vez mais forte.

O momento era magnífico e queriam torná-lo eterno mas Fábio sabia que para conseguir voltar a desfrutar de um momento assim precisava de continuar a manter a confiança dos pais de Rita, por isso foram até ao carro, de mãos dadas e durante a viagem, e para irromper o silêncio que existia no carro, Fábio falou:

-Rita, precisamos de falar sobre o... beijo, de há pouco. – Disse com um sorriso na cara, bem ciente da felicidade que aquele simples beijo lhe dava.

-Sim, mas não o vamos fazer agora. -  Disse enquanto Fábio entrava na garagem para estacionar o carro. –Tu tens de ir descansar mais um pouco antes de ires para a concentração e eu preciso de ir tomar banho para depois ir para a escola. – Fábio não sabia descodificar o que ela sentira em relação ao beijo, sentia-a distante, quase que a afastar-se dele e os maiores receios dele confirmaram-se, estava a perdê-la.

-Não queria estragar o teu aniversário com isto, desculpa se o fiz.

Rita nada respondeu, limitou-se a sair do carro, dar-lhe um beijo de despedida e a voltar para casa e para Fábio era um pesadelo a tornar-se realidade. Iria perdê-la, estava a perdê-la, não a deveria ter beijado, estava a perdê-la por sua própria (ir)responsabilidade. Deu um murro na parede e foi até casa, onde arrumou alguns pertences e arrancou até ao Centro de Estágios, ainda era cedo, mas queria apenas sair daquele local que só lhe trazia recordações de Rita, embora soubesse que até o mais pequeno pormenor da natureza, a trazia a recordação cada vez mais a amada.

E Rita sabia muito bem porque não tinha conversado durante a viagem de carro, porque tinha evitado a conversa com Fábio e porque estava distante na conversa que tivera com ele, tudo tinha uma justificação. Sabia que se sentia feliz ao pé de Fábio como não se sentia ao pé de mais ninguém, sabia que ele a fazia sorrir e encarar a vida com outra perspectiva, que ele a fazia tirar os pés no chão e a colocava nas nuvens, sabia como ninguém que se estava a apaixonar e queria apenas afastar-se... Mas em simultâneo aproximar-se. Queria poder beijá-lo, dizer o que sentia por ele, tocar-lhe, serem feliz em sintonia, mas tinha medo. Medo que ele a usasse apenas como conquista, que a magoasse, que ferisse os seus sentimentos e partisse o coração. E ela não conseguia limitar-se a viver mais um desgosto amoroso. Entrou em casa e foi pousar as prendas ao seu quarto,  de seguida foi até á casa de banho, despiu-se e entrou na banheira, tomou um banho bastante longo e quando saiu de lá estava com a consciência tranquila, tinha de falar com Fábio e conhecia-o tão bem que sabia ver se os seus interesses eram verdadeiros ou não, depois foi até ao quarto onde se vestiu, preparada para mais um dia de escola. Enquanto preparava a mala da escola a mãe entrou no quarto e disse:

-Bom dia Rita! – Cumprimentou-a com dois beijos. – Como correu a noite? – Rita procurava os livros da escola para os colocar na mala. – Que estás a fazer?

-Correu bem mãe, mas não quero falar sobre isso, estou sem cabeça para conversar e só com vontade de descansar.

-Tens a viagem toda para descansar!

-A escola não é assim tão longe, mãe.

-Que eu sabia a tua escola não é em Braga!

-Braga? Não acredito que vocês me deixam ir...  – Deu um abraço á mãe e um beijo na testa. –Obrigada, obrigada mãe! – Encheu a cara da mãe de beijos e quando acabou foi ter com o pai á cozinha, abraçou-o e apenas conseguia dizer... – Obrigada pai! De coração! É a melhor prenda que me podiam ter dado!

-Bom dia também para ti filhinha! E já agora parabéns! Mas não te esqueças que é uma prova de confiança que te damos deixar-te ir para Braga. – Disse o pai abraçando também a filha.

-Que é que a mana vai fazer para Braga? Também posso ir? – Perguntou Pedrito que estava sentado á mesa comendo os seus cereais de pequeno almoço. Rita sentou-se ao seu lado e respondeu.

-Tu hoje tens escola Pedrito. Não podes faltar. – Informou a irmã despenteando-lhe o cabelo.

-Mas tu também tens aulas e vais faltar!

-Mas não devia!

-Também quero ir! – Reclamou Pedro. – Quero ir para Braga com a mana!

-Por acaso sabes o que vou lá fazer?

-Vais ver o jogo do Fábio. Os pais disseram e eu também quero ir!

-Mas sabes que hoje é o aniversário da mana? E a mana quer ir surpreender o Fábio!

-Se são os teus anos, ele devia ficar cá e não devia ir para longe! Devia dar-te prendas e cantar-te os parabéns e fazer uma festa ao pé de ti.

-Ele já me deu prendas e já me cantou os parabéns. Só não trouxe bolo porque ficou em casa dele. – Disse surpreendendo os pais e até o próprio irmão. – Ele não canta muito bem mas o que importa é a intenção. E deu-me tantas prendas que nem imaginas Pedrito!

-Posso ir ver?

-Quando acabares os teus cereais!

Estavam todos curiosos para ver as prendas, em especial Pedrito que acabou por adorar, em especial, os autocolantes que achou bastante divertidos e conseguiu ficar com alguns, convencendo a irmã que iria dar aos colegas de turma e também com as pantufas que garantiu que mal apanhasse a irmã distraída os iria alcançar, apesar de lhe ficarem bastante grandes.

Depois de abrirem as prendas, foram até á cozinha e acabaram de tomar o pequeno-almoço mas á pressa, Rita tinha de ir apanhar o comboio e a família iria com ela até á estação. A caminho da estação a mãe disse:

-Filha não te estás a esquecer de nada? – Disse enquanto atravessavam a ponte em direção a Lisboa.

-Esqueci-me do cachecol do Benfica sim!

-Não precisas do cachecol depois desta prenda! – Esticou o braço e deu um saco do Benfica á filha. – Tenho a certeza que vais gostar e ele também!

Rita abriu a prenda e os seus olhos brilharam como estrelas brilhantes, e o sorriso estava bastante presente nos seus lábios, um sorriso bastante genuíno e verdadeiro. Nunca tivera um equipamento completo do Benfica, nem nunca tinha tido uma camisola só sua e os pais ofereceram-lhe e com um grande pormenor que a deixou ainda mais radiante. A camisola tinha escrito o número “65” e o nome “F. Cardoso”, que era o nome e o número que Fábio envergava quando jogava.


-Obrigada, obrigada, obrigada! – Disse sorrindo e dando dois beijinhos aos pais e mexendo e observando aquela camisola que era sua e que de certo, deixava Fábio orgulhoso.


Vestiu a camisola e estava-lhe um pouco grande, tal como gostava! Ficou super feliz e era notório, foi claramente uma das melhores prendas que já lhe tinham dado.

-Mana, juntei algum dinheiro que os pais me deram e consegui comprar-te uma prenda! – Rita estava a ter um dia feliz, um dia cheio de surpresas boas, como não tinha há muito.

-A sério Pedrito? Não era preciso obrigada! – Disse dando um abraço ao irmão.

-Senão quiseres eu fico com elas!

-Pedro! – Disse a mãe. – Dá á tua irmã e depois quando quiseres ela empresta-te pode ser Rita?

-Claro! – Pedro deu-lhe a prenda que Rita adorou, não pelo objeto em si mas pela intenção.


Quando chegaram á estação, o comboio já lá estava e não demorava a partir, mas a mãe não a deixou ir sem alguns últimos recados:

-Quando chegares, diz alguma coisa, e depois vais almoçar e não te esqueças pelo caminho de comeres qualquer coisa também. Ontem pus-te 20€ na carteira e se for preciso tens dinheiro no multibanco, senão tiveres eu trato já de transferir. E quando tiveres o bilhete e tiveres a entrar diz-me alguma coisa, e no intervalo também. No final do jogo liga-me para dizer como ficou e qual foi a reação dele! – Deu todas as recomendações que se lembrava.

-Mais alguma coisa mãe? – Disse sarcasticamente, a mãe bombardeara-a de informações e de recados, que Rita tentava decorar mas sabia que era pouco provável lembrar-se de todos.

-Sim! – Respondeu sorrindo. – Porta-te bem, diverte-te e namora muito. – Piscou o olho.

-Eu e o Fábio somos só amigos.

-Sim, está bem... – Respondeu a mãe pouco convencida. –Um último beijinho e um abraço filhota! – Disse dando-lhe um beijinho e apertando-a nos seus braços.

-Disseste isso as últimas quarenta vezes.

-Pelo menos... – Respondeu o pai. – Eu e o Pedro também nos queremos despedir!

-Mas eu e o bebé estamos primeiro! – Disse a mãe queixando-se e separando-se da filha e deitando uma lágrima teimosa. Rita sorriu, limpou a lágrima da mãe e disse.

-Não chores, eu ainda hoje volto e vais ver que nem vais dar pela minha falta!

-Ainda no outro dia nasceste e hoje já fazes 18 anos, claro que estou a ficar velha. – Disse com mais uma lágrima a cair-lhe do olho. – Vais ter com um digamos... Amigo. E eu e o teu irmão vamos ficar aqui sozinhos. Ainda por cima vou saber se é um menino ou uma menina.

-Tens a Ana, a Diana, o Pedrito e o pai. E se te sentires sozinha, liga-me que vou tentar quebrar essa barreira dos quilómetros, nem dás por nada!

O comboio estava quase a partir, e Rita teve de despedir-se á presa dos pais e do irmão e partir a correr para o comboio para não o perder. Procurou o seu lugar que era marcado e sentou-se ao pé de uma rapariga que aparentava ser pouco mais velha que ela.

-Olá. – Respondeu antes de se sentar. – Desculpa o meu lugar é aqui, penso eu. Posso sentar-me?

-Olá! – Sorriu. – Estás a vontade querida, assim já tenho companhia para esta viagem e já não apanho uma seca até Braga!

A sua companheira de viagem chamava-se Teresa e tinha 20 anos, estudava enfermagem em Lisboa e faltavam-lhe apenas uns meses para concluir o curso, namorava á distância, porque o seu namorado trabalhava em Braga. E ia ter com o ele, para lhe dar uma boa notícia, embora inesperada. Estava grávida. Rita ficou surpreendida mas feliz, felicitou-a e acabaram também por conversar até ao final da viagem. E Rita contou também um pouco da sua história de vida, e em especial da história com Fábio. A rapariga aconselhou-a, a escutar o coração, deixar de parte os problemas que a cabeça poderia arranjar e confiar apenas em Fábio, porque além de qualquer outro sentimento, existia uma amizade. E se for preciso, desabafar com ele sobre os seus medos, receios e sentimentos melhores ou piores. E Rita ficou bastante agradecida pela sugestão e pelo gesto de amizade, e entre brincadeiras  também lhe mostrou as prendas que ele, entre elas a ventoinha, que despertava mais curiosidade, queriam saber qual era a mensagem, mas o mais acertado era esperar.

Quando chegaram a Braga, era hora de almoço, por isso decidiram ir aproveitar para conversar mais um pouco e optaram por ir almoçarem juntas. Depois trocaram números de telemóvel e tiveram de se despedir, Teresa tinha de ir surpreender o namorado e Rita tinha de ir comprar os bilhetes do jogo e assistir ao encontro. Queria estar o máximo de tempo possível perto de Fábio, nem que fosse longe, queria poder olhá-lo, admirá-lo e sentir-se nas nuvens, pois era assim que ele a fazia sentir.

Demorou pouco mais de 20 minutos a chegar até ao estádio e quando chegou, comprou o bilhete. As portas já estavam abertas, faltavam pouco mais de 30 minutos para o inicio do encontro. Entrou e vestiu a camisola que os pais lhe tinham oferecido, e sentou-se o mais próxima possível do campo. Os guarda-redes do Braga já aqueciam, e entrou depois a restante equipa. Mais tarde entraram os guarda-redes do Benfica e os jogadores, e Fábio estava a aquecer juntamente com todos. Ele seria titular. E não conseguiu esconder o seu sorriso de felicidade, e de orgulho. Não conseguiu tirar os olhos dele, não conseguiu parar de pensar nele. Era o dia em que comemorava 18 anos, e tinha feito mais de 300 quilómetros para estar com Fábio. E por diversas vezes tinha ficado com a ligeira impressão que ele tinha olhado para si. E isso fê-la corar.

O Benfica chegou tranquilamente ao intervalo a ganhar por 2-0, golos de Funes Mori e as equipas iam para os balneários, mas Rita inspirou fundo quando Fábio estava a entrar com os colegas:

-Fábio! – Gritou e ele olhou para a zona onde ela estava e arregalou os olhos e sorriu. Começou a correr e aproximou-se de Rita,  tinham apenas um muro de um metro a separá-los. –Parabéns pelo jogo, meu príncipe!

-Rita... – Disse ainda ofegante e claramente surpreendido por vê-la. – O que é que estás aqui a fazer?

-Não consegui estar um dia sem ti, e não um dia como este. – Como estava em cima da bancada, conseguiu dar-lhe um beijo na testa, de seguida saltou e voltou a ficar mais baixa que ele. E ele continuava sem saber como reagir.

-Obrigada... – Disse envergonhado.  – É o teu aniversário e tu abdicaste do teu dia para estar aqui... Por minha causa?

-Sim, Fábio! – Disse sorrindo. – Podes-me tocar á vontade, sou mesmo eu, Rita Madeira! – Sorriu. Fábio abraçou-a e sussurrou:

-É o teu aniversário e tu é que me surpreendes! Obrigada por fazeres parte da minha vida, Rita! – Ela foi apanhada desprevenida mas quando sentiu os braços dele no seu corpo abraçou-o também. No túnel de acesso aos balneários apareceu um senhor que gritou:

-Fábio estás a fazer o quê? Anda para dentro! – Fábio e Rita olharam para aquele senhor e separaram-se.

-Desculpa pequena, tenho mesmo de ir. – Deu-lhe um beijinho na testa. –Obrigada por tudo! – Sorriram. – No final vai ter comigo sim? – Estava a virar costas a caminho daquele homem, quando Rita o agarrou pela mão e ele virou-se para ela. Aproximou-se de Rita, fixando apenas os olhos, e ela juntou os lábios. Foi apenas um encosto de lábios, mas fora bom, deixara-os com um sorriso nos lábios e felizes juntos, como não eram em separado. Bastava apenas conhecerem-se para se sentirem felizes, mas nada os deixava mais nas nuvens que o outro. 

Sorriram e ele foi embora para junto dos colegas, Rita sentou-se nas bancadas e a única coisa que conseguia pensar era nele, naquele beijo, na mudança que tinha existido na sua vida desde que o conhecera, o quanto ele tinha mudado... Por si. E o quanto gostava dele, de uma forma que nunca pensara gostar. Sorriu e acabou por perder os primeiros minutos da segunda parte do jogo, perdida em pensamentos, mais concretamente em pensamentos com ele.

Algumas pessoas aproximaram-se dela, para lhe pedir a camisola de Fábio, para lhe pedir um autografo dele ou para lhe dizer que tinha uma fã ali, ou uma fotografia, e Rita respondia a toda a gente com uma enorme simpatia característica, e apenas dizia que iria tentar. Não queria maçar Fábio mas também não queria desiludir as pessoas. Mas também depois de alguns pedidos, palavras de apoio para o jogador e também de uma pergunta mais desenvergonhada se namoravam, as pessoas acabaram por se afastar naturalmente e desfrutar do restante jogo. E acabou com uma vitória tranquila do Benfica B, por 3-1, dois golos de Funes Mori e um de Bernardo Silva. 


E Rita acabou por sair das bancadas, e ir até junto da saída dos jogadores, mas não a deixavam aproximar-se demasiado, nem aos adeptos que estavam ao pé de si. Por isso esperou e esperava ansiosamente que Fábio fosse ter com ela. 
Pegou no telemóvel e ligou-lhe. Não atendeu, por isso não insistiu. Talvez tivesse no banho ou não pudesse atender. Aguardou mais um pouco.

E aproximaram-se três raparigas entre os dezasseis e os dezoito anos daquela saída, e começaram a conversar sobre os jogadores mais bonitos, esquecendo-se do mais importante. O talento puro e nato, o esforço que depositavam em campo, e nos treinos e a garra que demonstravam. Estavam simplesmente a comentar a aparência dos jogadores, em especial do Benfica, porque diziam ser benfiquistas. E com a pontaria que tiveram, acabaram por conversar sobre Fábio, e Rita ouvia com atenção, todos os pormenores que elas diziam, tudo o que diziam e tentava acalmar-se. Limitavam-se a apreciá-lo pela beleza, e ele tinha muito valor interiormente, era um rapaz dono de um grande coração, simples e que valoriza e cuida dos seus amigos. E respirou fundo a primeira vez, a segunda vez, a terceira vez. E acabou por dizer:

-Desculpem lá. – Olhou para as raparigas. –Vocês vieram ver o jogo ou foi para olhar para os rapazes, em especial para o Fábio? – Ambas olharam para Rita surpreendidas e cochicharam entre si, e ninguém conseguiu entender a não ser elas.

-Rita... – Estava de costas para a cancela de onde sairiam os jogadores até ouvir aquela voz. Aquela voz que conhecia como ninguém. –Ligaste-me? – Rita virou-se e encarou Fábio, não estava á espera que ele aparecesse e que ouvisse o que ela dissera as raparigas.

-Sim, queria saber de ti. – Embora não estivesse a ver as raparigas imaginava-as cheias de ciúmes e inveja e um sentimento de vingança apoderou-se de si. –Parabéns pelo jogo! – Aproximou-se dele e deu-lhe um beijinho na bochecha.

-Obrigada princesa! – Deu-lhe um beijo na testa. – Vinha chamar-te para ires no autocarro comigo e com o resto do plantel.

-A sério? – Os olhos dela brilharam. – E não há problema de certeza?

-Não! O mister e os meus colegas até querem conhecer-te!

-Que vergonha Fábio! Posso só pedir-te então para dares autógrafos aqui fora senão te importas?

-Claro que não.

Aos poucos os adeptos aproximavam-se de Fábio e pediam fotografias e autógrafos, e até a camisola mas ele respondia que não tinha nenhuma que pudesse dar e a primeira que daria seria para uma adepta muito especial a sua fã número 1. Referia-se a Rita, mas ela não entendera e por momentos sentiu ciúmes daquela pessoa, de quem ele falava com um sorriso na cara. Aproximou-se um adepto, já adulto, que aparentava ter entre os trinta e os quarenta anos, e pediu uma fotografia com Rita e Fábio e ela embora reticente acabou por aceitar e depois de um autografo acabou por lhe dizer:

-Parabéns pela namorada Fábio! Para além de bonita é boa pessoa! – Rita sentiu as suas bochechas ficarem rosadas como nunca antes tinham ficado e ficar sem palavras, e ele respondeu.

-Muito obrigada! Sem dúvida que tive muita sorte de a ter conhecido! – Fábio não o negou, Fábio foi como tivesse concordado que eram namorados, ele elogiou-a em frente a adeptos, ele estava feliz por tê-la conhecido, ele fazia-a sentir-se feliz. Sorriu e entrou pelas cancelas e caminhavam lado a lado, mas ele esticou a mão e agarrou na mão dela, que corou mais uma vez mas não recusou. Começaram a caminhar em direção ao autocarro e Fábio conversou. –O mister e os meus colegas gostavam muito de te conhecer! Já ouviram falar muito de ti e querem conhecer o motivo para o meu sorriso.

-Eu não consigo... Tenho vergonha. – Parou e apertou mais fortemente a mão dele.

-Porque é que não consegues?

-Tenho vergonha. Antes de serem teus colegas de equipa e jogadores do Benfica, alguns são teus amigos e sinto que é um um passo maior que a perna.

Fábio aproximou-se de Rita e colocou as mãos no fundo das suas costas e ela retribuiu-o colocando as mãos no seu peito. Ele beijou-a e ela retribuiu totalmente, tinha sido um beijo tão intenso como o primeiro e quando separaram os lábios ele disse:

-Estou disposto a correr esse risco e tu? – Perguntou olhando para ela mas ainda perdido a olhar para os lábios dela e ela a olhar para os seus. Apesar de não ter sido o primeiro beijo deles continuava com a mesma magia do primeiro, com o mesmo sentimento e emoção, continuava a dar-lhes uma sensação de felicidade extrema, como se tivesse a viver nas nuvens. Mas mesmo assim Rita tinha de pensar numa resposta, se faria a viagem com a equipa e com os treinadores, onde os iria conhecer e ser apresentada como amiga de Fábio, ou se voltaria sozinha para Lisboa, com medo do que envolvesse todos os sentimentos que queria evitar.

O que irá Rita responder?
Que carga formal terá aquela apresentação? O que significara os beijos trocados?

3 comentários:

  1. Olá :)
    Até que enfim que se beijaram :D
    Espero que agora nunca se separem :)
    Espero que a Rita dê uma resposta positiva e que esa apresentação corra bem :)
    Quero mais e mais bjs :*

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  2. Eu nao acredito que ainda nao tinha comentado isto :o
    Agora ja nao me lembro de metade do que queria dizer!
    Mas lembro-me que AMEI!!! Houve beijo, ai ai estávamos todas à espera deste beijo, nao é verdade? E isto agora é sempre a "crescer". Vamos Rita toca a correr riscos, que com um rapaz disso até sabe bem!
    Venha o proximo!

    Beso
    Ana Santos

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  3. Olá

    Adorei *_* amo a tua fic , deixas-me viciada a cada capitulo


    Mais *_*



    Beijinhos


    Catarina

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