sábado, 30 de novembro de 2013

Capítulo 10 “Gostavamos que tu e o Fábio fossem padrinhos”


Pedro deixara-se levar pelos seus sentimentos, gostava dela e nunca o tinha assumido, em voz alta, a ninguém. Nem mesmo aos seus amigos mais próximos e fizera tudo para Rita nunca desconfiar dos seus sentimentos. Sabia que não eram retribuídos e por medo de se magoar, decidiu escondê-los. O que lhe fizera pior, porque já a tentara esquecer, mas sabia melhor que ninguém que só depois de lhe dizer o que sentia e ouvir da boca dela que o sentimento não era recíproco, é que conseguiria ultrapassar. Aquele reencontro, serviu para uma série de sentimentos, Rita sentiu-se bem a falar com um amigo. Considerava Fábio como tal, mas já conhecia Pedro e sabia que podia contar sempre com ele, os anos de vida de amizade que os uniam eram a prova disso. Serviu para ela desabafar sobre o fim de relação com Tiago, e para em Pedro nascer uma pontinha de esperança sobre uma possível relação entre si e Rita. E quando ela contou ao amigo a relação que tinha com o seu vizinho e amigo, o rapaz sentiu ciúmes. Sabia que o seu amigo, ao contrário de si, não era um rapaz de relações sérias e comprometedoras, e tinha medo que existissem segundas intenções da parte dele e magoassem futuramente a sua amiga. Mas não lhe dissera. Mas ficara-lhe preso no pensamento, atitudes que Fábio tivera com Rita, que sabia que não teria com outra rapariga. Com ela estava a ser diferente do que era com outras raparigas. Passaram a tarde juntos e tiveram enormes momento de alegria e boa-disposição. Pedro era envergonhado mas assim que começava a sentir-se mais á vontade com um amigo, começava a dar-se a conhecer e Fábio não era assim, antes pelo contrário. Dava-se logo a conhecer, num primeiro contacto. Rita era genuína, não se deixava logo conhecer, mas deixava-se conquistar por gestos e não por palavras. E Pedro já lhe provara mais que uma vez que era seu amigo.
Ela foi totalmente apanhada desprevinida com aquele beijo. Não era de todo fruto do acaso, ou de um acidente. Aquele toque de lábios tinha outras intenções, que ela nunca desconfiara que ele pudesse ter. Ele não a beijara, mas tinha-lhe tocado com os lábios no seu lábio inferior e tinha cercado entre os seus lábios, o lábio superior de Rita. Não a tinha beijado, mas o desejo dela era para que o fizesse. Sentiu uma estranha ligação para com ele. Não sabia bem explicar por palavras e muito menos entender o que sentira, era como uma estranha ligação. Não o amava, mas queria poder beijá-lo. Ele separou os lábios e a suas faces e afastou-se dela, mas apenas uns centímetros. O rapaz não sabia se  devia ou não beijá-la, nem sabia sequer se a sua atitude lhe tinha agradado ou não. Abriu os olhos e pode admirar cada centímetro da sua face. Ela tinha um pequeno sinal sobre o olho, do qual só poderia ver quando ela tivesse os olhos fechados.

-Kiss me. – Pronunciou Rita, em inglês. Era apreciadora da língua portuguesa, mas o seu amigo apresentara-lhe durante a tarde uma música de Ed Sheeran e a jovem sussurou o nome da música em forma de suplica, mas mantendo sempre os olhos fechados. Rita estava a pedir para ele a beijar e ele fez-lhe a vontade.


Fábio assistiu aos beijos que Rita e Pedro trocaram. Sentiu-se com ciúmes, não era pelo facto dela não ser sua, era simplesmente pelo facto de ser de alguém, dela aceitar que outros lábios lhe tocassem. Pensou durante três segundos no que fazer e decidiu, por bem, reagir. Deixou o seu esconderijo, mas eles não o conseguiam ver porque se encontravam de olhos fechados, então deixou pela primeira vez o seu telemóvel cair ao chão. Propositadamente. O telemóvel que tanto estimamava, o seu Iphone, no chão. Assim que caiu, Fábio deixou-se ir para o chão para o apanhar. Altura em que Rita e Pedro separaram os seus lábios e conseguiram vê-lo. Fábio não se deixou apanhar naquela falsa partida e disse:

-Porra! – Queixou-se e tentou não rir-se. Eles aproximaram-se dele. – Este telemóvel é a primeira vez que vai ao chão e tem 5 meses! – Apanhou o telemóvel e endireitou a capa que o cobria. Tentou limpar a sujidade que o chão poderia ter transmitido e levantou-se. Ficaram os três frente a frente.

-Fábio... –Rita nem tentou fingir o seu surpreendimento, os seus lábios estavam ligeiramente separados, demonstrando surpresa. – Estás aqui há muito tempo? – Talvez a sua preocupação fosse pelo facto dele ter visto os momentos com Pedro ou talvez fosse por outros motivos desconhecidos.

-Não. – Mentiu.- Acabei de chegar. – Iria fingir que não assistiu a nenhum beijo e que por si, estava tudo como antes, dentro da normalidade. – Porquê?

-Nada. – Tentou disfaçar a rapariga. – Curiosidade.

-Olá Fábio! – Disse Pedro esticando a mão para cumprimentar Fábio, mas o mais velho olhou para a jovem e nem levantou a sua mão para retribuir o cumprimento do velho amigo. Nunca tentara disfarçar que não estava confortável, ou gostava daquela situação.

 -Pedro, não fazia ideia que conhecias a minha vizinha e amiga Rita.

-Que eu saiba também nunca tiveste amigas. Só “amiguinhas”. – Pedro não se deixara ficar sem palavras, respondeu-lhe também de forma rude e má, com uma indireta bastante digna. Os ânimos e o clima não eram agradáveis. E todos eles sabiam que o Pedro não era de responder “torto” a ninguém.

-Pedro amanhã falamos melhor está bem? – Ela tentou acalmar a tensão entre os dois.

-Mas podem continuar a conversar. Espero não estar a interromper nada. – Disse Fábio com um “sorriso amarelo”.

-Por acaso... – Disse Pedro com o tom de voz bastante baixo mas suficientemente audível.

-Não, aliás já me estava a despedir do Pedro. Manda-me mensagem ou liga-me para amanhã combinarmos qualquer coisa pode ser? – Perguntou a rapariga. Fábio sentiu-se “desiludido”, ele não tinha o número de telemóvel de Rita, ao contrário de Pedro.

-Sim. Amanhã falamos que é melhor. Vais já para casa? – Perguntou o mais novo dos rapazes.

-Não. Ainda vamos para minha casa falar. – Respondeu o mais atraente dos rapazes.

-Podemos falar aqui. – Respondeu a rapariga. Pedro e Rita deram dois beijinhos em forma de despedida e o rapaz foi-se embora, ficando apenas os mais dois mais novos recém-amigos.

-E que tal em tua casa? – Perguntou o rapaz.

-Acho que estamos bem aqui.

-Rita, faz um esforço por favor. – Pediu ele.

Ela abriu a porta de casa e pediu a Fábio que entrasse com ela. Assim que entraram foram em direção ao quarto dela, onde poderiam ter mais privacidade, mas enquanto passavam pela sala, a rapariga percebeu que não estava só o seu pai e o seu irmão em casa. A sua irmã Ana, a sua mãe Maria, o seu cunhado Rúben e a sua sobrinha Diana. Cumprimentou toda a família e apresentou Fábio, como um amigo. Mas a rapariga não teve coragem em deixá-los para ir conversar com o seu amigo, por isso deixou-se ficar junto á família. E ele acompanhou-a.
Diana era a única sobrinha que Rita tinha e era uma tia babada. A sua melhor amiga sempre foi a sua irmã Ana e acompanhou desde sempre a gravidez da irmã, só não assistiu ao nascimento da bebé por opção própria e foi a segunda pessoa a ver a recém-nascida, ainda na maternidade, sendo que o primeiro foi Rúben. Também tivera influência na escolha do nome da menina. Era o nome de uma princesa com quem Rita sempre se identificara e todas as raparigas que tinha conhecido com aquele nome eram pessoas incríveis. Uma das quais era sua amiga de infância. Sentou-se no chão, aos pés da sua irmã e Fábio sentou-se ao seu lado. De olhos postos em Diana. Aos poucos começava a demonstrar a sua personalidade e a aprender algumas pequeninas coisas.      A pequena já se começava a levantar sozinha e já gatinhava. E para Rita cada progresso, era sinónimo de vitória e orgulho. Ana já tinha convidado Rita para ser madrinha de Diana, e ela aceitara. Sabia que queria ser, mas tinha ficado reticente quanto ao pedido, tinha medo de não saber ser boa madrinha. Tinham pensado desde o inicio da gravidez que o padrinho seria Tiago, o ex-namorado de Rita, mas com o fim de relação e a forma feia como acabaram, Diana ficou sem padrinho. Pedro era muito pequeno para ser padrinho e Rúben era filho único. Faltavam 3 meses para o batismo de Diana, que era no dia 31 de Dezembro, dia em que a pequena comemorava o seu 1º aniversário de vida.
O tempo passou a voar, e a relação de Diana e Fábio crescia a olhos vistos. A pequena demonstrava um enorme carinho por ele e uma enorme simpatia, e ele demonstrava um enorme talento para cuidar dela. Apesar de se conhecerem há pouco tempo, já partilhavam um espírito de amizade. Mas aproximava-se a altura da pequena descansar, já se encontrava cansada e a sua hora de deitar já passava bastante do que era normal. Rita pegou na sua sobrinha e foi com ela até ao seu quarto e convidou Fábio para ir consigo. Ele seguiu-a. Sentaram-se sobre a cama e Diana estava poisada sobre os braços de Rita e Fábio conversava com a pequena que acabou por adormecer.
 A tia acabou por pousar Diana sobre a cama e ambos deram-lhe um beijo sobre a testa. Como a temperatura que se fazia sentir era alta decidiram deixá-la deitada sem colocarem nenhuma manta sobre o seu corpo frágil. E Fábio orgulhava-se da sobrinha da sua amiga como se fosse sua sobrinha. Não sabia qual era o sentimento de ser tio, ou mesmo padrinho, porque como filho único, tinha de esperar por conseguir ser padrinho, mesmo antes de ser tio. Porque não fazia parte dos seus planos a curto ou médio prazo ter uma relação séria com alguém. Esperaram alguns minutos em silêncio absoluto para se certificarem que Diana dormia tranquilamente. Quando se certificaram do mesmo, Rita partilhou com Fábio um momento entre ele e a sua sobrinha.


Ela enviou-lhe a foto e ele guardou no seu telemóvel com enorme alegria, já tinha como ver a fotografia da bebé que tanto o cativara, da sobrinha da sua amiga e que gostara tanto, apesar de só terem estado juntos uma vez. Rita perdia-se a admirar a sobrinha que dormia tranquilamente e Fábio, embora gostasse da menina, e ficara provado que o sentimento era recíproco, ele mirava Rita, tencionava falar com ela sobre vários assuntos em simultâneo mas não sabia por onde começar. Queria dizer-lhe que sentia ciúmes de Pedro e que não queria que ela se envolvesse com ele. Queria ser ele “a tomar conta dela”, não que fosse mais uma conquista para si, mas de uma forma especial, cuidar dela, apoiá-la, tratá-la como uma princesa, como merecia realmente ser tratada. Não queria que outro rapaz a magoasse ou desiludisse, queria ser o único rapaz da vida dela. Mas não sabia como dizer e só depois de pensar, enquanto admirava-a há já algum tempo, arranjou palavras para lhe dizer, que vira o beijo e dizer o que sentia. Preparava-se para falar com ela, já com os lábios separados, a postos para falar.. Quando são interrompidos.

-Fábio posso falar contigo? – Entrou de rompante Ana no quarto, interrompendo qualquer momento que pudesse estar a ocorrer. – E contigo também agradecia Rita. – Concluiu.

Ambos responderam que sim e sairam do quarto de forma a não interromper o sono de Diana. Foram até á cozinha, onde já estava Rúben, á espera de ambos. Nem Rita, nem Fábio sabiam qual era o motivo daquela conversa, mas queria sabê-lo.

-Estivemos a pensar... – Disse Ana. – E caso não te importes, eu e o Rúben, gostavamos que tu e o Fábio fossem padrinhos da Diana. – Fora uma decisão surpreendente para ambos. Eram amigos, mas não esperavam juntos viver uma responsabilidade tão grande de serem padrinhos. Se os pais falhassem, juntos tinham de apoiar a menina. E normalmente os padrinhos de alguém, eram como uns “segundos pais” e eles conheciam-se há somente dias. Não havia qualquer relação amorosa entre eles, mas a serem padrinhos de batismo de uma criança, era o assumir de uma grande responsabilidade. Mas se aceitassem acarretavam-na juntos. Era a primeira vez que seriam padrinhos e tinham de tomar uma decisão, juntos.

Será que Fábio vai aceitar ser padrinho de Diana?

Será que Rita vai aceitar que Fábio seja padrinho? E o porquê desta atitude tão espontânea de Ana e Rúben?

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Capítulo 09: “Sai da minha casa por favor”


-Eu tenho a certeza que não estou grávida, Fábio. – Disse calmamente e segura das suas palavras.

-Como é que tens tanto a certeza? Todos os sintomas apontam para uma gravidez.

-Se confias em mim, acredita no que te digo. Não estou grávida. – Colocou-se à frente do seu amigo e abriu bastante os olhos quase como se o fizesse crer, através do olhar, as palavras que dizia.

-Rita, se estiveres grávida, o Tiago tem de assumir as vossas responsabilidades e o “vosso erro”. Estão separados mas ele não deixa de ser pai e conheço-o como conheço, não acredito que ele não o faça. E o teste pode sempre dar negativo. Mas independentemente do resultado deste teste ficarei a teu lado. – Disse tocando nas mãos de Rita e erguendo-as entre os seus abdomens. Olhou-a e reparou no brilho no olhar da sua amiga, o sorriso envergonhado que ela tinha.

-Não estou grávida, acredita no que te digo. Podem vir milhões de testes e provas de gravidez que eu sei que não estou. – A jovem estava certa das suas palavras e confiava nos seus sentimentos, emoções, pensamentos e pressentimentos como nunca confiara a ninguém. Era-lhes fiel e nenhum teste de gravidez ia mudar a sua forma de ser e estar com a vida. – Mas se tanto te deixa feliz, eu faço a porcaria do teste! – Disse tirando das suas mãos o teste de gravidez, rude e apressadamente.

Fábio não teve tempo para responder porque ela agarrou no teste, e foi em direção á casa de banho. Sentou-se no chão e começou a ler as instruções daquele teste. Já sabia qual era o resultado mas se aquele teste ia mudar alguma coisa na vida dela, seria a relação com Fábio. Fê-lo e esperou durante alguns minutos pelo resultado. Resultado: negativo. Vomitou mais uma vez e saiu da casa de banho com o teste na mão.
Aproximou-se de Fábio e atirou o teste contra o seu peito. Conseguiu apanhá-lo e Rita disse:

-Confias mais nessa porcaria do que em mim e aqui tens a tua resposta.

-É negativo? Perguntou olhando para o exame, sem saber se a sua desconfiança estava certa ou errada.

-Sim. Sempre soube que não estava grávida e tu não confiaste em mim. É assim que queres que fiquemos amigos? – Perguntou desiludida com a atitude de Fábio, pensava que ele confiava nela como ela confiava nele. Como amigo que dizia ser.

-Desculpa... – Disse Fábio sentindo-se humilhado e desiludido com a sua própria atitude. – Tudo apontava para que estivesses grávida. – A sua amiga também se sentia magoada, sentia que ele não confiava na sua palavra.

-Sai da minha casa por favor! – Pediu ela.

-O quê? – Perguntou admirado.

-Sai! – Disse tentando demonstrar calma mas do seu olhar não conseguia esconder a raiva e a mágoa que sentia naquele momento por ele. – Neste momento não consigo olhar para ti. Por favor sai da minha casa. – Tremia nervosa pelo que estava a fazer mas também por dizer aquilo a Fábio, gostava dele, confiava nele e era seu amigo, mas naquele instante não conseguia vê-lo, nem estar próxima dele.

-Estás a tomar uma decisão precipitada. – Disse calmamente ele.

-Não quero saber. Cada segundo que aqui estás fico mais nervosa e chateada! Desiludiste-me e eu preciso de tempo para esquecer e perdoar.

-Desculpa. – Pediu novamente Fábio. – Dou-te o tempo que quiseres. Mas não te esqueças que sou teu amigo e não vou abdicar da nossa amizade, por causa de um erro que cometi e estou arrependido. – Ele encaminhou-se para a saída de casa de Rita e estava já a abrir a porta enquanto perguntou. – Posso pelo menos dar-te um beijinho de despedida?

Ela correu até ele e deram um abraço apertado e sentido. Ele beijou-lhe suavemente a testa e ela deu-lhe um beijo na bochecha. Apesar de magoados, não podiam ficar sem ter o mínimo de miminho um do outro. Fábio abriu a porta e foi-se embora, não sem antes trocarem mais um olhar e um sorriso.

(Passado alguns dias)

Os enjoos de Rita foram-se embora tão rápido como vieram, a desconfiança de Luís, pai dela estavam certos. O seu problema não era nenhuma gravidez como Fábio pensara, mas sim problemas de estômago. Mas também problemas de saúde. Rita jogava futebol feminino e abdicou desta modalidade para poder recomeçar a sua vida do zero, mas a vida já lhe pregara uma partida. O desporto já lhe provocara lesões físicas. Miopatia é quando as fibras musculares (células que constituem os músculos) não funcionam algumas vezes e resultam em fraqueza muscular. E desenvolveu uma outra doença. A gastroparesia. Que é a diminuição da força de contração do músculo do estômago, ou um uma lentificação na passagem de alimentos pelo estômago. E apesar dos vómitos não serem um dos sintomas habituais da doença, a Rita acontecera este facto. Quando a miopatia tinha de optar por receber massagens na zona afetada (barriga), fazer fisioterapia, ou acupunctura. Ela optou por fazer fisioterapia, assim sempre conseguia ficar em boa forma física, porque não a deixavam praticar desportos durante alguns meses. Quanto à gastroparesia, receitaram uns medicamentos que ela tinha de tomar até ao final da fisioterapia.
Já começara a tomar os antibióticos e já tinha ido à primeira fisioterapia e marcado as seguintes sessões. As dores eram mais fracas e mais curtas e aos poucos já conseguia comer, sempre em pequenas doses. Já conseguia cozinhar, continuava era a não se sentir á vontade com os cheiros da comida.
Mas entretanto Fábio não sabia que tinha já tido ido ao médico e que já começava a melhorar, sentia-se humilhado pelas suas atitudes e ia pedir desculpa a Rita por ter duvidado da sua palavra. Não sabia como ela tinha tantas certezas em relação à sua “não-gravidez”, mas a rapariga estava certa e ele devia ter-lhe dado razão. Não devia tê-la obrigado a fazer o teste de gravidez, devia ter confiado nas palavras dela, confiava, mas os seus pressentimentos falaram mais alto e ele acreditou neles, mais do que na própria amiga.
Já passava da hora de jantar e Fábio ia falar com Rita. Iria cumprir a promessa que fizera a Luís, cuidar de Rita enquanto amiga e mesmo que ela não quisesse falar com ele, ia arriscar, não iria desistir daquela amiga e ia relembrá-la que eram amigos, e continuariam a sê-lo. Já errara antes e iria errar mais vezes, mas estava arrependido e iria pedir desculpa, acreditava que iria conseguir que Rita aceitasse o seu pedido de desculpa. Jantara em casa de Bernardo Silva, seu colega de equipa e estava a voltar a casa, mas antes ainda passava pela casa da sua vizinha e amiga.
Mas quando chegou ao corredor de sua casa, avistou duas pessoas e nenhuma delas era de todo desconhecida. Era a sua amiga Rita e o seu (também) amigo Pedro Rebocho, jogador nos júniores do Benfica.






(É este o rapaz!)



Fábio ficou surpreso. Não sabia que eles se conheciam e muito menos que ele sabia onde ela morava. Podia ser excentrismo mas pensara que Rita estava apenas dependente dele e da sua amizade e aquela surpresa era agridoce. Por um lado era bom saber que ela tinha amigos para além de si, porque merecia ser feliz, por outro lado sentia-se mal, porque aquele sentimento de exclusividade, nem que fosse enquanto amigos e saber que ela podia contar com mais apoios para além do seu, não lhe agradava. Mas o melhor de Rita era a sua prioridade, mesmo á frente do seu próprio desejo.
A diferença de alturas entre Pedro e Rita não era tão exagerada como a que existia entre Rita e Fábio. Entre Pedro e Rita existiam 12 centímetros a diferenciá-los, apenas entre o metro e sessenta dela e o metro e setenta e dois dele, enquanto a diferença de tamanhos entre ela e Fábio era de vinte e sete centímetros. Era mais fácil Pedro chegar até aos lábios de Rita, 
do que Fábio.. 

Foi surpreendido por uma atitude do seu amigo.

Pedro tocou com os seus lábios nos lábios de Rita.



Como irá reagir Fábio a este momento?
Irá pedir desculpa a Rita? E como ficará a história de Pedro e Rita?

domingo, 10 de novembro de 2013

Capítulo 08: “Tens aqui um teste de gravidez”


Fábio ficou surpreendido pelo estranho pedido de Rita, mas sorriu. Fora inocente o pedido e explicara as suas razões mas a mente do jovem trocidara-o, queria levá-lo para caminhos que ela não queria e ele tentava afastar aqueles pensamentos ao máximo. Queria desfrutar de uma amizade sem segundas intenções. Perguntou:

-Tens a certeza? Não quero outras interpretações nossas ou mesmo do teu pai. – Respondeu nervoso, lembrando-se do que dissera ao pai da sua amiga. Sabia que Rita o conhecia, que reconhecia o seu estilo. Ele não era homem de se apaixonar e de ter relações sérias e ela sabia melhor que ninguém, já conversaram mais que uma vez sobre esse assunto. Ele tinha medo do rumo que aqueles mimos pudesse levar, mesmo que inocentes. Queria que ela permanece-se na sua vida, como amiga.

-Não entendi essa do meu pai, mas adiante. – A jovem não fazia ideia de que Fábio prometera ao seu pai tomar conta dela, enquanto amigos e nada mais. – Já somos crescidinhos o suficiente para distinguirmos a amizade do amor. Além do mais não há segundas intenções. Pelo menos da minha parte. – Disse frisando bem a sua posição.

-Da minha parte igual. – A amizade entre eles estava mais forte não só a cada dia que passavam juntos mas como a cada olhar trocado, a cada palavra dita e a cada atitude, mesmo que involuntária. Começavam a moldar o seu feitio de forma a conseguirem manter uma amizade e á forma de ser e estar com a vida. Fábio vi-a como amiga, sem intenção de vir a ser mais uma conquista na sua (longa) lista, e Rita começara a abrir o coração para Fábio e vi-a nele um amigo, em quem podia apoiar-se e recuperar de tudo o que lhe acontecera. – Chega-te mais para junto de mim, minha doentinha. – A rapariga aproximou-se dele e Fábio encostou os ombros à parede e deixou as costas num ângulo de 75º e com este gesto ficou com os pés fora da cama e ambos soltaram um sorriso.

-Quem te manda seres enorme? – Perguntou ela sorrindo deparando-se aquele particular momento.

-Quem te manda seres pequena? – Respondeu ele também de pergunta.

-A mulher é como a sardinha só se quer é pequenina! – Rita deixou-se deslumbrar durante uns segundos pelo sorriso de Fábio. Não podia negar a si mesma que ele era bastante atraente e bonito e o sorriso levava-o ao extremo da sua beleza. – Posso encostar-me ao teu ombro? – Perguntou depois de afastar aqueles pensamentos que ela não queria ter, não estava interessada em ter relações sem ser de amizade com qualquer outro rapaz, nem sérias, nem menos sérias e não com um rapaz que era, de momento, o seu único amigo.

-Encosta! – Colocou a palma da mão sobre o fundo das costas de Rita e fez uma ligeira pressão para ela se aproximar dele e ela obedeceu-lhe. Encostou a cabeça entre o seu peito e o seu ombro e deixou-se ficar. Era bom sentir-se protegida, sentir que gostavam dela e a apoiavam. E Fábio, o seu único amigo, apoiava-a e estava ao lado dela quando precisasse, já dera provas disso. Pela primeira vez Rita sentiu de perto, o perfume de de Fábio e gostou. Era um bom cheiro, não era exagerado e era viciante, quanto mais cheirava, mais queria cheirar. Ouvia o seu coração a palpitar não muito feroz e acalmava-a.
Ele colocou a sua mão na cabeça de Rita, entre os cabelos e começou a massajá-los. Queria mimá-la e fazer com que ela não se sentisse sozinha, iria satisfazer o pedido de Rita mas também a pensar na promessa que fizera a Luís. Desligou a televisão e ela sussurrou:

-Amo que me mexam no cabelo! – Disse a jovem doente com os olhos fechados e a sorrir, mas ele apenas consegui-a ver o sorriso da amiga.

-E eu amo mexer nos cabelos dos outros! – Ela sentia-se protegida e ele sentia que estava a cuidar da amiga, era um gesto de amizade e de carinho. – Agora fecha os olhos e deixa-me mimar-te que bem precisas de miminho! – Afirmou inocentemente.

-Mas com juízinho menino. – Sorriram e ele deixou-se ficar deitado e a fazer leves cócegas na cabeça de Rita e ouvia-a a respiração dela. Durante alguns minutos, ele continuou a massajar a cabeça de Rita e a sentir os fios de cabelo dela tocarem na sua pele, a respiração de Rita tornou-se mais pesada e Fábio olhou para ela, tinha adormecido. Estava a dormir carinhosamente e pacificamente.
Os lábios dela pareciam mais carnudos e atraentes enquanto dormia e o desejo dele era de tomá-los como seus mas deixou o seu desejo acalmar e fez uma leve festinha sobre a bochecha dela e admirou-a durante segundos. “Como conseguia ser uma pessoa tão forte depois de tudo o que lhe acontecerá?”, “Porque tentava demonstrar que estava sempre tudo bem quando sentia o seu mundo a desabar?”, “Porque Rita se tinha afastado de tudo e de todos, inclusivé mãe, família e amigos?”, “Será que ela o considerava mesmo seu amigo?”, “Porque Rita o admirava tanto ao ponto de teres fotos suas no seu quarto?”. Tantos pensamentos invadiram a sua cabeça e ele queria saber todas as resposta mas acabou também por adormecer. Os corpos de ambos tombaram sobre as mantas e os pés de Fábio ficaram ainda mais fora da cama.

-Maria Rita!- Ouviu-se uma voz grave dizendo o nome da jovem. Ambos acordaram sobressaltados, ela deu um salto assustado e ela sentou-se de imediato na cama, e segundos depois ele seguiu-lhe o exemplo. Era o pai de Rita que a tinha chamado e também revelou o primeiro nome da jovem, só o utilizava quando estava deveras chateado ou desiludido com ela. – Com que então deixo os meninos sozinhos em casa e já me deparo com situações destas! Ao menos estão vestidos, mal menor! – Tentara ver aquele momento de forma engraçada mas Fábio sentia-se extremamente envergonhado e desconfortável com aquela situação. Rita estava embaraçada por ter sido revelado o seu primeiro nome mas não estava nervosa, sabia que nada entre eles tinha acontecido e queria explicar tudo o que acontecera ao seu pai.

-Não é nada disso que estás a pensar! – Disse Rita calmamente.

-Filha, achei que arranjavas uma desculpa melhor do que essa! Toda a gente diz isso Rita! – O jovem rapaz não entendia se estavam a falar descontraidamente e a brincar ou se estavam a falar como se fosse algo um tema sério. Ainda não conhecia as expressões faciais e corporais de nenhum para entender. – Pensava que ias cumprir a tua promessa Fábio! – Ele pensava que era um segredo entre o jovem e o pai da amiga e que Rita não tinha de o saber mas com aquelas palavras tinha revelado aquele segredo, pelo menos para o que o rapaz tinha pensado.

-De que promessa é que estão a falar? – Perguntou sem sabendo que conversa era aquela entre eles. Fábio se pudesse tinha mudado o tema da conversa mas não conseguiu. E também não queria que a amiga desconfiasse da sua palavra.

-Prometi que ia apoiar-te e cuidar de ti, Ritinha. Mas apenas enquanto amiga.
Rita levantou-se da cama e correu até à casa de banho, onde voltou mais uma vez a vomitar. Quem estava no quarto com Rita seguiu-a. Começava a ser um hábito os enjoos da jovem. E isso preocupava Luís... E Fábio. Luís queria levá-la ao médico para saber o que se passava com ela, e mais tarde medicá-la para melhorar e ia reagir, não ia deixá-la continuar assim, não lhe fazia bem, antes pelo contrário, um dia melhorava, outro dia piorava e todos os que a rodeavam estavam preocupados. Fábio continuava com o seu pensamento bem firme. Rita estava grávida e iria convencê-la a fazer um exame de gravidez.
Luís acompanhou a filha até á casa de banho e Fábio ficou á porta, deveras preocupado. Quando tomou uma decisão importante, saiu de casa e foi até á farmácia mais próxima. Comprou um teste de gravidez e voltou para casa da amiga. Se as suas suspeitas se confirmassem não haveria solução para o problema de Rita, apenas esperar pelo final dos nove meses ou esperar que os enjoos da gravidez passassem com o decorrer dos meses e com o crescer da barriga. Estava separada do pai do seu filho e de certeza que o bebé era tudo menos pensado, ele não sabia se Rita poria sequer a hipótese de abortar ou dá-lo para adoção. Fábio iria apoiá-la fosse em que decisão fosse, era seu amigo e iria apoiá-la e se ela estivesse mesmo grávida e Tiago não quisesse assumir o bebé, talvez ele ajudasse Rita, não enquanto pai, mas quase como um segundo pai. E mesmo que ela não tivesse grávida ia apoiá-la. Voltou para casa da amiga e tocou à campainha, quem a abriu foi a jovem. Cumprimentou-a e disse:

-O teu pai? – Perguntou ele.

-Insistiu comigo que estes enjoos não são normais e foi marcar uma consulta no médico para ver o que tenho. E depois vai buscar o Pedrito. E tu que pressa foi aquela que saíste e não disseste nada?

-Estou desconfiado que não é um problema de saúde que tens, mas sim algo que pode não te agradar nada.

-Não estou a apanhar o teu raciocínio. – Não estava a compreender as palavras de Fábio e queria acompanhar os seus pensamentos e não iria desistir até o saber.


-Todos os teus sintomas apontam para uma gravidez! – Ela ficou sem reação possível, ficou simplesmente boquiaberta. – Andas sempre enjoada, vomitas algumas das vezes, e os suores frios, tudo aponta para uma gravidez. – Fez uma breve pausa. – Tens aqui um teste de gravidez, se faz favor, vais fazê-lo. – Ordenou Fábio. 



Será que Rita vai fazer o teste de gravidez?
Será que está grávida? E como afetará a relação destes dois?

domingo, 3 de novembro de 2013

Capítulo 07: “Podes-me dar um miminho por favor?”



-Boa tarde Fábio. – Disse o senhor de meia idade.

-Boa tarde senhor... – Não sabia qual era o seu nome, nem qualquer tipo de informações sobre ele. Apenas que estava na mesma casa em que vivia Rita, mas esta informação não lhe dava certezas de quem era aquele homem. Apenas sabia que não era o irmão de Rita. – Desculpe incomodá-lo mas tive de vir tocar à sua porta por uma questão de força maior.

-Entra rapaz! – Deixou espaço para Fábio entrar para dentro de casa de Rita. Era algo tão íntimo e pessoal, era invadir o espaço pessoal de alguém, em especial o novo lar daquela família que vivia ali tão recentemente. Ele entrou envergonhado e devagar. O senhor não se deixou intimidar e continuou a caminhar e Fábio seguiu-lhe. Entraram numa divisão, a sala de estar daquela família. Mais ou menos com o mesmo comprimento da sua, mas era bastante visível a mudança recente.

-Desculpa lá, esqueci-me completamente de me apresentar! – Esticou a mão a Fábio que rapidamente lhe retribuiu o gesto e deram um “passou-bem”. – Chamo-me Luís e sou pai da Rita, da Diana e do Pedro. E tu sei que és o Fábio Cardoso. – Sentaram-se no sofá e a falta de conforto de Fábio era bastante clara, ele estava envergonhado com toda aquela situação.

-Sim. Exatamente! – Respondeu Fábio com as pernas abertas e com as mãos pousadas sobre o meio das mesmas e coçando as mãos, não sabia o que dizer. Não queria parecer rude ou mal educado mas também queria perguntar pela sua amiga.

-Rapaz não me trates por você que só tenho 40 anos, não me faças sentir ainda mais velho que já estou! Ainda me faltam 25 anos para a reforma! – Disse animado. – Trata-me por tu e por Luís, não há cá rodeios ou medos.

-Pois. – A situação não era em nada a desejada por Fábio e deixava tudo bem claro. – Vou tentar tratá-lo com respeito e não fazê-lo sentir mais velho! – Pela primeira vez desde que se tinha cruzado com aquele senhor que conseguiu sorrir e foi um sorriso retribuído.

-Já me falaram muito de ti.

-A sério? Posso perguntar porquê? – Ficou admirado. Será que tinha sido Rita a falar com o seu pai? Ou teria sido outra pessoa?

-Podes e deves! – Luís era um homem que fazia tudo para deixar Fábio menos envergonhado do que estava e o divertimento era uma palavra-chave. – Como a Rita sou viciado no Benfica e sigo tudo! Acompanho a tua carreira desde que chegaste ao Benfica e devo dizer que se lutares terás um enorme futuro pela frente, mas não é com aquele treinador do Benfica que vais ter oportunidades infelizmente! E não é com o cepo do Jardel que vais aprender, aliás tu é que lhe vais ensinar o que faz um patrão da defesa! – Confessou Luís. E Fábio teria de responder ás suas palavras. Nem que fosse para agradecer o apoio.

-Muito obrigada pelo apoio! – Disse com um sorriso nos lábios a transbordar orgulho no que acabara de ouvir. -É bom saber que dão valor ao meu trabalho, não só no jogo, mas como o trabalho diário dos treino. Esforço-me por não desiludir os meus fãs, por demonstrar aos benfiquistas e a todos que a formação do Benfica tem qualidade e que tem é de nos ser dadas oportunidades. Porque iremos provar o nosso valor e eu acredito que com esforço e um pouco de sorte irá chegar à minha oportunidade na equipa A. Sinceramente enquanto jogador não tenho razões de queixa nem do Jorge Jesus nem do Jardel. O mister tem seguido a carreira de cada jogador da minha equipa e aos poucos vai apostando em nós. Enquanto benfiquista acho que apesar de já ter dado muito ao clube, a equipa já não está com ele, mas também não podemos pedir-lhe para sair nesta altura do campeonato! Era entregar o título aos adversário e só faria mal ao clube. E quanto ao Jardel, é um bom central, com experiência e idade, não tenho nada a apontar-lhe. – Estavam a discutir futebol e a trocar opiniões. Fábio nunca desistia da sua opinião mas talvez na conversa com Luís, dê-se por fim o braço a torcer.

-Sabes filho. A minha filha tinha razão, pelas tuas palavras entendi que tens as tuas ideias fixas e que és lutador. Só te posso desejar as maiores felicidades e de preferência junto à minha filha. Ela não te quer dizer mas aqui entre nós, ela simpatizou contigo. – O sorriso ingénuo e puro de Fábio voltou a surgir nos seus lábios, era um sorriso de felicidade e orgulho. Tinha falado com o pai sobre ele e tinha gostado dele.

-Também gosto muito da sua filha! Foi uma pessoa que me cativou desde que começamos a falar! – Confessou.

-Mas tem cuidado rapaz, ela saiu de uma relação longa recentemente, e eu e a mãe dela separamo-nos e tudo à pouco tempo. Não te precipites em relação a ela por favor. Neste momento precisa de um amigo. – Estavam a ter uma conversa entre dois homens adultos. Falavam de Rita não como um objeto, mas enquanto pessoa sensível mas que demonstrava ser forte, que tinha passado por muito durante a sua vida e nunca desistira de lutar.

-Ela já me deixou bem claro que só quer uma amizade e eu farei tudo para a apoiar, para ser seu amigo. Por estar do seu lado e de apoiá-la, sem segundas intenções esteja descansado. – Eram aquelas as palavras que Luís queria ouvir. Não queria a sua “menina” novamente magoada por causa de um “estupor” sem sentimentos que só a queria magoar, queria garantir-se que a filha estava a recompor-se de duas infelicidades e iria ser feliz, como merecia.

-Vou confiar em ti rapaz! – Deram um aperto de mão, simbólico  Apenas simbolizando a promessa que fizeram entre ambos. – Podia levar-te ao quarto da Ritinha mas ela tem andado enjoada há dois dias e está a dormir.
Entretanto apareceu um rapaz com 6 aninhos naquela divisão. Seria aquele o irmão de Rita?

-Olá! – Esticou a mão a Fábio que foi retribuído. – Chamo-me Pedro Madeira e tu?

-Fábio Cardoso. – O menino tinha algumas semelhanças com Rita, os olhos esverdeados e alguns caracóis mais irrequietos, o sorriso característico e uma simpatia enorme.

-Pápá não é do Fábio que a mana tem as fotos no quarto? – Surpreendido talvez fosse uma palavra fraca para descrever a reação de Fábio. Admirado, essa era talvez a palavra correta.

-Pedrito, isso não era suposto o Fábio saber. – Respondeu o pai ao filho.

-Desculpa pai! – Disse o menino envergonhado. – Fábio, a mana não tem fotos tuas no quarto! – Tentou resolver a situação em que se metera mas não havia solução. Fábio apenas sorriu.

-Enquanto a Rita não acorda, podemos fazer um torneio de PS3 que vos parece? – Perguntou Luís animado. E Fábio ficou admirado, jogar na PS3 com o irmão de Rita e o pai? Seria estranho.

-Secalhar é melhor ir embora e volto mais tarde. Não quero incomodar.

-Meu menino, não digas disparates! Se te estamos a convidar é porque queremos que fiques cá e assim podes esperar para veres da Rita e dares-lhe um beijo, com juízo. – Ele entendera bem aquelas palavras, não queria nenhum romance entre eles, apenas uma bonita amizade.

-Sendo assim então aproveito! Obrigada. – Respondeu o jovem. Luís sentou-se ao lado de Fábio e Pedro foi ligar a consola e escolher o jogo.

- PES14 ou FIFA14? – Perguntou o irmão de Rita.

-Pedro acho que já és demasiado crescido para saber qual é o melhor. Mas vamos deixar a visita escolher. – Pedro e Luís olharam em simultâneo para Fábio em busca de uma resposta.

-O FIFA14 tem mais qualidade que o PES14. Mas vocês é que decidem!

-Está escolhido! – Pedro colocou o CD dentro da consola e ligou-a. Sentou-se no sofá entre os “homens” e pegou num comando e deu outro ao pai.

Fizeram um torneio entre os três e o vencedor foi surpreendente. No primeiro jogo, Luís conseguiu ter a derrota mais pesada do seu historial, 3-0. E Pedro conseguiu uma vitória deliciosa contra o seu próprio progenitor. Fábio preparava-se para uma tarefa difícil, mas confiante que iria vencer. Não foi humilhado, antes pelo contrário. Jogou melhor que Pedro mas falhava na finalização e pagou caro por isto, Pedro marcou um golo decisivo aos 74 minutos. Pedro com apenas 6 anos vencera Luís com 40 e Fábio com 19. Quando terminaram o jogo estava perto da hora de jantar e de Rita nem sinais. Estava ainda a dormir possivelmente.

-Rapaz, já tens planos para jantar?

-Não. Ia preparar algo para comer porquê? – Seria um convite para jantar?

-É que cá em casa só a Rita sabe cozinhar e a Bimby ainda está dentro de alguns caixotes que ainda não arrumamos. Por isso podíamos juntar o útil ao agradável e jantavas aqui, enquanto eras tu o cozinheiro.

-A última vez que a sua filha provou os meus cozinhados vomitou e ficou doente, por isso não me parece boa ideia para si e para o seu filho. – Fora desde aquela refeição que Rita começara a ficar enjoada e nauseada e Fábio sentia-se culpado por isso mesmo.

-Ela anda enjoada há alguns dias. Não é normal os enjoos e as náuseas  nela. Só come porque a obrigo e muitas das vezes vomita.

-Ela tem algum problema de saúde?

-Não sei. Já lhe disse para ir ao médico mas não quer. Teimosa! Sai mesmo ao pai! – Fábio e Luís soltaram um sorriso, estavam bem dispostos e ele já se sentia mais à vontade perto do pai da sua amiga, já não se sentia tão... Intimidado.

-O Pedro fica aqui a dizer-te onde estão as coisas que precisas e a pôr a mesa e eu vou ver da Rita. Não te importas?

-Não, esteja à vontade. Afinal a casa é sua!

Fábio começara a cozinhar com ajuda de Pedro, mas apenas para lhe indicar onde estavam os condimentos que necessitava, preparava algo rápido para o jantar, mas que lhes enchesse o estômago e também que Rita pudesse comer sem vomitar depois e ajudara também o pequeno a pôr a mesa. Luís voltou e dissera que Rita se juntava a eles depois de tomar um banho rápido. E os pensamentos de Fábio deixaram-se logo contagiar enquanto ouvia a água correr na casa de banho e o esquentador que se encontrava na cozinha funcionara. Imaginara Rita a tomar banho. Será que o seu corpo era tão belo como a sua personalidade? Será que demorava a tomar banho? Será que cantava? Não se podia desconcentrar por aqueles pensamentos, prometera a Luís que seria só amigo de Rita. E iria cumprir.
Acabou de cozinhar e colocou na mesa o resultado final. Esperou pouco tempo por Rita que apareceu na cozinha surpreendente como sempre. Vinha de pijama curto, devido à estação em que se encontrava mas com um casaco e umas meias compridas a tapar parte da sua pele. Vinha com o cabelo apanhado com um único elástico na parte de trás da cabeça e apesar de vir com uma cor diferente da que a vira sempre, estava bonita. Fábio correu até ela, abraçou-a e deu-lhe um beijinho na testa. Tinha saudades dela e pelo gesto de Rita, ela também tinha saudades dela. Trocaram dois dedos de conversa e foram jantar, e ao contrário do que era costume nos últimos dias,  Rita comeu pouco, mas não enjoou, nem vomitou. Só depois de Fábio se ir embora voltou para a casa de banho e vomitou, durante a noite inteira e o dia seguinte tornara-a um pouco melhor, mas não o suficiente. Enjoos, náuseas, agonios e tonturas, eram estes os principais adversários de Rita. Tinha uma enorme vontade de comer, mas os cheiros impediam e mesmo quando conseguia, acabava por vomitar tudo.

E Fábio nunca abandonou Rita. Esteve sempre do lado dela, dormiu ao lado de Rita, numa cama improvisada por si mesmo no chão ao lado da sua cama, e apenas deixava a sua beira quando tinha de ir treinar. Os amigos e colegas de equipa estranharam a sua ausência e ele apenas respondia que era uma amiga que estava doente, o que deu uma série de provocações e brincadeiras por parte dos colegas. Todos diziam que era aquela rapariga que o faria mudar, que ele já o estava a mudar e que nunca uma jovem dera tanto trabalho a conquistar como ela. Mas ele não dava importância, era uma amiga e precisava de cuidar dela.
No dia seguinte a Fábio ter conhecido o pai e irmão de Rita, depois de almoço, almoçaram e deitaram-se sobre a cama, tinha sido uma noite horrível, em que vomitara como nunca antes. E Fábio esteve ao seu lado. E mesmo assim o rapaz fora treinar apesar de não ter dormido nada e apenas foi, porque ela fez “chantagem” com ele. Quando não se sentia de bem para com a sua saúde, sentia... Solidão. Fábio estava sentado ao seu lado dela na cama e deveriam estar a ver televisão, pelo menos era isso que ele pensava. Rita confessou:

-Fábio, podes-me dar um miminho por favor? Quando estou assim quero todo o carinho e mais algum e estou a sentir-me só.

Será que Fábio irá fazer a vontade a Rita?

Será que vai cumprir a promessa que fez a Luís? Será que os enjoos se devem a alguma gravidez?