terça-feira, 22 de outubro de 2013

Capítulo 06: “É verdade que já muitas passaram pela minha vida!”


Fábio escutou atentamente a música e a letra que a compunha. Não conhecia a música, mas o artista era o seu preferido, desde que começara a ouvi-la que ganhou uma especial atenção. Não sabia o que Rita pensava dele, mas quanto a romances ela já lhe tinha dito de forma bastante clara e direta, mas nunca pensara que ela tinha uma música que o descrevia. Que se lembrava dele cada vez que a ouvi-a. Será que era apenas a imagem que ela tinha dele ou era o que os outros pensavam dele? Não sabia, mas queria saber. Olhou para ela, que esperava ansiosamente uma resposta, ou uma reação. Estava surpreendido com aquela música e aquela letra, estava surpreendido com tudo. Sorriu inicialmente e depois começou a rir-se, começou por ser um riso de nervosismo, para se tornar num riso alegre e descontraído. Rita pensava que ele tinha um sentimento de obsessão por raparigas, todo o tipo de raparigas? Realmente ele gostava de raparigas, gostava de sentir-se bem e fazê-las sentir bem, mas não as usava, criando esperanças e inventando mentiras para as enganar, deixava tudo bem claro desde o princípio. Já tinha namorado durante um mês com a sua atual melhor amiga, tiveram uma “curte” e sentiam-se especialmente bem um com o outro e começaram a namorar. A relação foi curta porque ele não gostava tanto dela como ela gostava dele. E ele não se queria “prender” a uma relação, não sabia como alimentar e cuidar daquela relação por isso terminaram o que os unia. Mas Fábio não se tinha verdadeiramente apaixonado, ao contrário de Tânia. Daquela relação restou apenas amizade.
Riu-se tanto que ficou com dores de barriga de tanto se rir, mas sempre acompanhado de Rita. Ela ria-se porque o riso dele fazia-a divertir-se e animar-se mas não compreendia porque é que ele se estava a rir tanto. Será que estava a “gozar” com ela? Era este o maior medo que ela vivia. Quando Fábio se conseguiu recompor do riso, endireitou a roupa e olhou Rita nos olhos. Estavam sentados lado a lado, e a diferença de alturas ainda era bastante, 27 centímetros de diferença que existiam mas sentados era um pouco menor. Ela olhava ligeiramente para cima e ele olhava ligeiramente para baixo. Aquele silêncio foi apenas interrompido pelas palavras de Fábio:

-Tu achas mesmo que sou viciado em mulheres? – Engoliu em seco. A opinião de Rita era importante mas também era importante saber a opinião geral das pessoas a seu respeito.

-Era mesmo isso que querias perguntar? Ou seria melhor perguntares porque razão é que me lembrava de ti a ouvir uma música? – Perguntou a jovem sem saber se devia sorrir ou ficar seriamente. Fábio ouviu a resposta em forma de interrogação dela e respondeu.

-Sim Rita. Era exatamente isto que queria perguntar. Tu achas mesmo que não consigo ver uma rapariga à frente e quero logo estar com ela? Que estou assim tão desesperado?

Rita ficou surpreendida, achava exatamente isso de Fábio, que era um rapaz que queria todas as raparigas “nas suas mãos”, mas não lhe poderia dizer de forma tão direta. Queria mas sabia que o iria magoar, por isso teria de o dizer de outra forma, de modo a não o magoar. Mas não sabia como o fazer. E Fábio queria uma resposta.

-Não... Sim... Não sei. – Perguntou nervosa e sem saber o que responder a Fábio. Queria não responder a Fábio mas não sabia o que dizer. Não o queria magoar.

-Rita. É essa a imagem que tens de mim? – Perguntou Fábio aproximando a sua face dela e com o olhar cravado nas suas expressões.

-Sim. – Respondeu baixando a face, por vergonha, por receio do que as suas palavras pudessem fazer, palavras que tinham mais impacto que uma facada espetada pelas costas. Ela não o queria magoar mas também não lhe iria mentir. Tinha medo de o magoar e preferiu não o olhar olhos nos olhos com medo de ver a desilusão no seu olhar.
Ele colocou o dedo indicador sobre o queixo dela e fê-la olhá-lo olhos nos olhos. Cruzaram os olhares e ele respondeu:

-Ouve as minhas palavras com atenção, quero deixar tudo bem claro contigo. Confias em mim Rita? – Perguntou Fábio e ela ficou num beco sem saída, se ela era direta e franca nas palavras que dizia, ele ainda conseguia ser mais.

-Sabes que não consigo dizer isso 24 horas depois de conhecer uma pessoa, não sou uma pessoa fácil de se convencer mas os meus instintos e o meu coração dizem que devo confiar em ti e já me deste provas disso mesmo. – Respondeu Rita sentando-se no colo dele.

-Então vou-te ser o mais frontal e dizer-te toda a verdade. – Pôs as mãos à volta da cintura de Rita e olharam-se. Não precisavam de mencionar palavras porque os olhos já o faziam, parecia que se conheciam há anos e no entanto conheciam-se há menos de 24 horas. – É verdade que já muitas raparigas passaram pela minha vida e delas secalhar só uma é que ficou. – Durante segundos Rita perguntara a si mesma quem seria. E de seguida, por telepatia talvez, ele respondeu. – Essa rapariga é a Tânia, a minha melhor amiga. Nós namoramos durante um mês porque estávamos felizes enquanto curtíamos um ao lado do outro, sentiamo-nos bem e decidimos começar a namorar. Mas não senti o que era mesmo esse sentimento de amar e ouve uma série de outros problemas que não permitiram que a relação continuasse. Ela amava-me, e eu não senti nada do que ela sentia por mim. Foi estranho. E quanto ás curtes confia no que te digo. Tenho 19 anos não me vou enfiar numa relação séria. Claro que apaixonar-me deve ser uma ser uma sensação brutal, algo novo mas tão bom mas  não quero sofrer, ter desgostos, sair magoado, criar expectativas que são totalmente falsas. Vou aproveitar a vida que o amor vai aparecer, até lá tenho aventuras que me fazem feliz e não são sérias. Mas deixo bastante claro desde o inicio de quais são os meus objetivos para a relação. Não gosto quando me fazem sofrer, não entendo porque faria os outros sofrer, não merecem, mas sei que mesmo sem querer faço sofrer ou com palavras ou com atitudes. – Respondeu e ela ficou admirada com as palavras dele. Não teria necessidade de lhe mentir, Rita já tinha deixado bem clara que por muito que ele tivesse segundas intenções não seriam de todo retribuídas  Por isso não havia necessidade de lhe mentir e apesar de se conhecerem somente há um dia já se davam como melhores amigos. Deu-lhe um beijo na testa e de seguida sentiu um estranho enjoo. Correu até á casa de banho onde vomitou, expulsando todo o seu jantar e Fábio correu atrás dela. Rita estava sentada no chão com um braço preso na sanita e embora já tivesse vomitado um forte enjoo atravessava o seu estômago e a sua barriga. Não era normal sentir aqueles enjoos, e muito menos de repente, sem razão aparente. Mas não tinha uma explicação lógica.

-Estás bem? – Perguntou ele entrando na casa de banho e deparando-se com Rita no chão. – Não vais ficar no chão frio, vou buscar-te uma almofada ou uma cadeira e vais sentar-te caso queiras ficar aí. Mas entretanto vais passar a tua carinha por água enquanto eu vou à cozinha buscar-te um copo de água para tirar esse sabor horrível que tens na boca.

-Eu estou bem! – Respondeu Rita fazendo com que o seu tom de voz demonstrasse frieza e um pouco de rudeza. – Não preciso da tua ajuda para nada, desenrasco-me bem sozinha! – Fábio sentou-se em frente a ela no chão e respondeu:

-Acabaste de vomitar sem razão aparente e os meus cozinhados não são assim tão maus! Mas olha que foi uma boa maneira de dizeres que cozinho mal! – Respondeu a rir-se. E ela deixou-se contagiar pelo seu riso.

-És muito engraçadinho tu! Vê lá se queres uma banana pela piadinha macaquinho!

-Estás a chamar-me macaquinho? Sabes o que é que os macaquinhos fazem? Cócegas! – Agarrou Rita e começou a fazer-lhe cócegas e ela só conseguiu responder segundos depois.

-Pára senão vomito para cima de ti! – Pediu Rita. E Fábio parou de lhe fazer cócegas e ela limpou as lágrimas de tanto se rir que deitava pelo olhos. – Espera aí que o meu telemóvel está a tocar. – Retirou do bolso das suas calças o seu telemóvel mas ainda tiveram tempo para ouvir o toque do telemóvel durante uns segundos.

Turn around, open your eyes (Dá a volta, abre os olhos)
Look at me now (Olha para mim agora)
Turn around, girl I've got you (Dá a volta, tenho-te a ti)
We won't fall down, yeah (E não vamos cair, sim)
We can see, forever from up here, yeah (Podemos ver a eternidade daqui, sim)
So long as we're together (Tão longo como continuarmos juntos para sempre)
Have no fear, no fear (Não tenhas medo, sem medo)



-É o meu pai, tenho de atender! – Carregou no botão verde do seu telemóvel e atendeu a chamada do pai. – Sim pai?

(...)

-Desculpa senti-me mal e perdemos a noção do tempo mas vou já para casa. Beijinho até já e desculpa. – Levantaram-se os dois do chão da casa de banho com ajuda em simultâneo do outro. E Rita ia falar mas ele antecipou-se:

-Podes-me dar o teu número?

-Quando aprenderes a cozinhar eu dou-te e mesmo assim tens de beber muito leitinho entretanto! – Disse divertida.

-A minha mãe disse-me que até sabia cozinhar bem por isso estás só a ser mázinha.

-Pronto é verdade! Cozinhas bem mas se vomitei foi por alguma razão.

-Pode ser uma gravidez. – Disse rindo-se Fábio, dissera-se inocentemente e apenas com a intenção de animá-la.

-Deus me livre e me guarde! – Respondeu entrando na brincadeira de Fábio. – Amanhã eu venho cá tocar-te à noite, não precisas do meu número mas agora vou indo. – Não lhe deu tempo para responder, deu-lhe um beijo na bochecha e foi-se embora sem haver tempo de resposta para ele reagir ou dizer alguma palavra.

Passaram-se dois dias e Rita não fora tocar a casa de Fábio, o que o deixara preocupado. Tinha saudades de falar e estar com ela mas também estava ansioso por saber em que estado se encontrava a saúde de Rita. Será que fora apenas um enjoo natural que acontecera uma vez ou continuara? Não tinha o número dela e também não lhe deixaria uma mensagem através do facebook, isso tornava-se pouco... Pessoal. Queria averiguar pelos seus olhos de como estava Rita e expulsar um receio. Talvez fosse algo que ele tivesse dito ou feito, mas por muito que tentasse chegar a uma conclusão não sabia. Por isso no final de tarde daquela quarta-feira foi tocar a casa de Rita, queria saber como ela estava, queria vê-la.
Tocou á campainha e um minuto depois um senhor com perto de quarenta anos abriu-lhe a porta, Fábio previu que fosse o pai de Rita. Mas sentiu-se envergonhado, estava á espera que fosse ela, mas iria dizer algo, queria saber de Rita, queria vê-la, falar com ela. Estar com ela.

Como será a conversa entre Fábio e o pai de Rita?

E o que terá Rita? Será uma gravidez?

domingo, 13 de outubro de 2013

Capítulo 05: (Girls) Can’t Say No



-Vou-te contar algo curioso que pelo menos acontece com a minha vida. – Disse sorrindo Rita. - Quando confio em alguém e sinto-me á vontade para desabafar com essa pessoa, chamo-lhe amigo. Não sei se contigo acontece o mesmo mas comigo é assim que as coisas funcionam. E não vou desabafar com uma pessoa que estava cheio de segundas intenções ainda há uma hora! – Ela respondia animada ao pedido de Fábio. Na verdade queria falar, queria ouvir uma segunda opinião e um conselho de um amigo. Mas tinha receio. Tinha medo que ele não fosse amigo de verdade, que mais uma vez fosse iludida e que a magoassem. Mas precisava urgentemente de um ombro amigo e Fábio estava a oferecer o seu.

-Apesar de nos conhecermos há pouco tempo, já sei algumas coisas sobre ti pequenina. – Talvez fosse um termo carinhoso que Fábio lhe tinha dado para demonstrar a sua amizade, ou fosse apenas o modo de lhe relembrar que era pequena ao seu lado. – E fica sabendo que só chamo amigos quando existe mesmo confiança. Mas sabes ultimamente tenho andado a adorar falar com estranhos, desabafar com eles. É como senão te criticassem. E não te julgassem.

-Os estranhos parece que nos ouvem melhor que os amigos. Quando soube que os meus pais se iam separar, a primeira coisa que fiz foi apanhar um autocarro e falar com estranhos, senti essa necessidade. Podes chamar-me maluca mas foi o que quis fazer. Mas nunca, nem por um segundo, deixar o meu irmão para trás. Ele foi comigo.

-Os teus pais separaram-se há pouco tempo?

-Assinaram os papéis do divórcio na semana passada. E nessa mesma semana acabei o namoro com o Tiago.

-A semana passada foi super complicada para ti! – Fábio estava demasiado surpreendido, ela tinha aguentado tudo aquilo numa semana e fazia a vida como se nada se passasse? Era uma verdadeira mulher de força! - Mas tu és forte! Do que sei de ti, sei que superas tudo e agora tens-me aqui a teu lado! – Ela sorriu. – E pensa em mim como um estranho e não como um amigo pode ser? Sentamo-nos lado a lado e fingimos que estamos num autocarro e que estavamos a conversar. – Rita sentou-se no sofá e deixou que ele se sentasse ao seu lado, as ancas tocavam-se mas nada que incomodasse qualquer um deles. – Preferes que seja eu a meter conversa ou tu?

-Já meteste tu primeiro! – Disse divertida Rita. – Então aqui vai! – Respirou bem fundo e continuou. – Ainda nem dezoito anos tenho e já posso dizer que atravessei uma das piores semanas da minha vida.

-Tu tens dezassete anos? – Perguntou surpreendido Fábio. Desde o primeiro segundo que a vira, dava-lhe no 16 anos, e celebrados recentemente. – Pensava que tinhas por volta de 16 anos!

-Faço 18 aninhos daqui a 3 semanas, a 23 de Setembro! Mas continuando. – Fábio voltou a olhar para a frente, como se olhasse para a estrada que o autocarro percorria. – Os meus pais sempre foram os meus heróis, a minha inspiração. Sempre foram o meu sonho e eu queria quando me casar, ser mãe e ter uma vida romântica tão boa como a deles. E de repente, apanhada desprevenida eles dizem-me que se vão divorciar. Senti como o meu mundo ruir, fiquei sem chão para caminhar. Chorei, senti-me culpada, tive vontade de fugir e ninguém mais me ver, vontade de não comer, de não tomar banho, de chegar a um estado tão profundo de não sentir nada. Mas fui arranjar forças ao meu irmão e á minha sobrinha, eles não me podiam ver assim, não podiam sofrer. Sempre que o Pedro ia para a escola, fechava-me no quarto a chorar, não conseguia comer, e sentia-me sem forças para fazer alguma coisa. Mas quando ele voltava, tinha de fingir que estava tudo bem comigo e animá-lo. Nunca deixei que ninguém me ajudasse, porque sempre quis mostrar que estava tudo bem. Fui passar uns dias a casa da minha avó, em Coimbra com o meu irmão, para ver se me sentia melhor. E consegui, sentir todo aquele ambiente que não é meu, mas sinto como se fosse. Foi como um renascer. A “velha” Rita morreu para renascer uma nova. Decidi voltar um dia antes do previsto para fazer uma surpresa ao Tiago, ao meu namorado, e quem me surpreendeu foi ele. Ele estava deitado sobre a cama e a Adriana por baixo, já estavam em roupa interior e eu vi aquilo. Eu vi-os a fazer amor e não impedi, não consegui ter voz para os impedir e ainda me destruiu mais o coração e pior foi explicar tudo ao Pedro. O meu irmão não entendeu bem o que se passava, mas entendeu que era uma traição. Senti-me vazia, senti-me desfeita, oca, culpada, só chorava. Merecia tudo o que se estava a passar. Merecia chorar e sofrer, secalhar não lhe tinha dado todo o valor que merecia e estava a pagar por isso. Por acreditar que tinha tudo um bom coração como eu. Acabei a minha relação com ele, que ainda se tentou desculpar, mas não havia justificação possível. E deixei de sentir simplesmente, não senti sofrimento, não queria chorar, não queria limpar as lágrimas, queria viver a minha vida como se nada se passasse, na verdade nunca chorei acompanhada, até ainda há pouco. O que fazia para sentir ainda um pouco de sentimento era apenas andar de moto, acelerando e chorando só em frente ao mar, onde as minhas lágrimas me pareciam pequenas e sem significado. Chorava imenso há noite, sozinha. O meu avô não estava a olhar por mim, não me estava a ajudar, ele devia-me ter ajudado. Devia-me ter impedido de sofrer o que sofri. – Rita levantou-se e foi até à janela e olhou para o céu. Fábio seguiu-a e colocou-se do seu lado. Ela continuou a falar.- Avôzinho, tu devias ter olhado por mim, proteger-me, podias ter impedido tudo, podias ter feito com que não sofresse tanto. Tantas lágrimas que derramei que podias ter-me feito ver, que não mereciam. Porque tiveste de separar os meus pais? Porque tinhas de me fazer perder o Tiago? Não estou desiludida contigo avô, sei que fizeste tudo por alguma razão. Mas havia tantas outras maneiras, não me devias ter abandonado tão cedo, preciso tanto de ti, meu homem! – O Fábio abraçou-a e ela voltou-se a perder nos braços dele. Os seus braços e o seu abraço faziam-na sentir novamente e por instantes de volta aos tempos em que o avô era vivo. E a protegia sempre que ela chorava com aquele abraço. A diferença de tamanhos era idêntica e isso fazia Rita sentir uma mistura agridoce de sentimentos. Por um lado era bom sentir os braços do avô, sentir-se protegida, mas não era bom sentir-se assim ao lado de Fábio. Era como um sentimento paternal que não a ligava ao pai mas sim ao avô. – Mas ele olha por mim no céu e ajuda-me! Ele é o meu ídolo, o meu herói, o homem da minha vida, o meu destino, o meu passado, o meu presente, ele é o que sou! E só quero deixá-lo orgulho! – Limpava as lágrimas que lhe corriam pelo rosto á camisola de Fábio, o que a fazia sentir ainda mais... Diferente. Por muito que houvesse aquele sinal de respeito e de amizade, ele era um homem. Ela não o podia negar e sentir o corpo dele tão próximo do seu, podia parecer um gesto de carência, mas era apenas os sentimentos de Rita a falar. Tinha-se habituado a sentir sempre um abraço, quando era mais nova do avô, mais tarde abraçava Pedro, e mais tarde era os braços de Tiago que eram o seu porto de abrigo. Agora, eram os de Fábio, que a faziam sentir bem. Pelo menos por hoje. E Fábio sentia-se bem em ajudar uma amiga, em ajudar quem precisava dele. Estava a cumprir o que prometera a si mesmo, ajudar Rita. A sua vontade era deitá-la na sua cama, cobrir o seu corpo com mantas e deixá-la dormir, beijar-lhe a testa e dar-lhe um beijo de boa noite bem doce na sua bochecha. Pode parecer um sentimento até doentio e estranho, mas era apenas um sentimento de proteção. Fábio não queria cruzar os seus lábios com os dela, talvez quisesse mas pensava que não sentia esse sentimento. Queria apenas fazê-la sentir segura e amada, e nos seus braços ele pensava que ela seria feliz.

-Rita. – Ela não tirou a cara do peito de Fábio, o perfume dele invandia-a e fazia-a sentir segura e ela não queria sair dali. Queria perder-se, enquanto se sentia bem nos braços de um amigo. – Pequenina. – Não resistiu em olhar para ele e sorrir. Mas sempre com as mãos cravas na camisola e no peito dele. Não conseguia sair de perto do seu porto de abrigo. Não era por ser um abraço do Fábio, até porque ela não o sentia como tal. Rita sentia aqueles braços como se fossem os do seu falecido avô. Naqueles braços, o mundo parecia perfeito e nada a atingia, ou magoava. E as feridas físicas nem deixavam cicatriz no seu corpo. – Tu és uma rapariga surpreendente. Não só surpreendeste todos os que te rodeavam como te surpreendeste a ti mesma. Superaste tudo. Ultrapassaste a pior semana da tua vida e continuas a sorrir. Mesmo quando queres chorar, quando estavas mal a tua preocupação foi o bem-estar dos outros. Fazer parecer que estava tudo bem contigo, quando não estava e conseguiste enganar toda a gente. Tu aguentaste o divórcio dos teus pais, que sempre admiraste com todas as tuas forças, mas sempre com a preocupação no teu irmão. Depois viste o Tiago a fazer o pior que podia ter feito, nós eramos amigos mas nunca esperei isto dele. Desculpa ser tão rude a dizer-te estas palavras, mas se ele te amasse não teria feito isto. Sei que não o deveria dizer porque nunca senti o amor, mas deve ser isso que o amor significa. Já li tanto, pesquisei e ouvi falar que já entendo um pouquinho. Admiro-te Rita, do fundo do coração, tu és um exemplo para toda a gente que te conheçe. Não te estou a crer conquistar, acredita. Desde que soube o que se passou, que senti que precisava de te ajudar e estou a seguir os meus instintos. Claro que me passou pela cabeça conquistar-te, mas neste momento quero conhecer-te melhor e sermos amigos. Quero ajudar-te, sinto que consigo, preciso apenas que me deixes. Quero ser teu amigo, quero que sejas minha amiga, que confies em mim. – Ele estava sentado e ela em pé á sua frente, ele esticou a mão para cruzar com a mão dela, que aceitou e fez os seus dedos cruzarem-se. Ela sentou-se ao colo dele, por autoconvite e Fábio encostou a sua cabeça ao ombro de Rita e ele começou a cantar baixinho, canção que Rita reconheceu de imediato e cantam juntos:

I got this feeling on the summer day when you were gone (Senti algo num dia de verão quando te foste embora)
I crashed my car into the bridge (Bati com o meu carro na ponte)
I watched, I let it burn (Vi e deixei-o arder)
I threw your shit into a bag and pushed it down the stairs (Atirei as tuas coisas de m#rda numa mala e mandei pela escadaria)
I crashed my car into the bridge (Bati com o meu carro na ponte)

I don’t care, I love it, I don’t care (Não quero saber, eu amo isto, não quero saber)

I got this feeling on the summer day when you were gone (Senti algo num dia de verão quando te foste embora)
I crashed my car into the bridge. I watched, I let it burn (Bati com o meu carro na ponte)
I threw your shit into a bag and pushed it down the stairs (Atirei as tuas coisas merd#s numa mala e mandei pela escadaria)
I crashed my car into the bridge (Bati com o meu carro na ponte)

You’re on a different road, I’m in the milky way (Estamos numa estrada diferente, eu estou na Via Láctea)
You want me down on earth, but I am up in space (Tu queres-me na Terra, mas eu estou lá em cima, no espaço)
You’re so damn hard to please, we gotta kill this switch (Tu és tão difícil de agradar, temos de acabar com isto)
You’re from the 70’s, but I’m a 90’s b*tch (Tu és tão anos 70 e eu sou tão anos 90, cabr#o)

I love it (Eu amo isto)
I love it (Eu amo isto)

I got this feeling on the summer day when you were gone (Senti algo num dia de verão quando te foste embora)
I crashed my car into the bridge. I watched, I let it burn (Bati com o meu carro na ponte)
I threw your sh*t into a bag and pushed it down the stairs (Atirei as tuas coisas de merd# numa mala e mandei pela escadaria)
I crashed my car into the bridge (Bati com o meu carro na ponte)

I don’t care, I love it (Eu não quero saber, eu amo isto)
I don’t care, I love it, I love it (Eu não quero saber, eu amo isto, eu amo isto)
I don’t care, I love it. I don’t care (Eu não quero saber, eu amo isto. Não quero saber)

You’re on a different road, I’m in the milky way (Estamos numa estrada diferente, eu estou na Via Láctea)
You want me down on earth, but I am up in space (Tu queres-me na Terra, mas eu estou lá em cima no espaço)
You’re so damn hard to please, we gotta kill this switch (Tu és tão difícil de agradar, temos de acabar com isto)
You’re from the 70’s, but I’m a 90’s b*tch (Tu és tão anos 70 e eu sou tão anos 90, cabr#o)

I don’t care, I love it (Não quero saber, eu amo isto)
I don’t care, I love it, I love it (Não quero saber, eu amo isto, eu amo isto)
I don’t care, I love it (Não quero saber, eu amo isto)
I don’t care, I love it, I love it (Não quero saber, eu amo isto, eu amo isto)
I don’t care (Não quero saber)



-Posso partilhar algo contigo? – Perguntou Rita receosa.

-Claro! – Disse Fábio. – Afinal para que servem os desconhecidos dos autocarros? – Perguntou enquanto trocavam um sorriso cúmplices os dois, seria um segredo só deles, algo que os unia. Uma brincadeira apenas deles. Nunca tinham partilhado aquela informação com alguém e tinham-na partilhado também com outra pessoa que não era amiga. O mais próximo que se poderia chamar era desconhecido, essa sim era a palavra que os descrevia, ou talvez não.

-Tonto! – Disse animada. – Prometes que não te chateias?

-É algo assim tão chocante?

-Um bocadinho! – Na realidade Rita tinha apenas medo de lhe dizer o que pensava e mais tarde o perder. Aos poucos estavam-se a tornar amigos, mas apenas um passo de cada vez.

-Agora é que me vais contar que fiquei curioso!

-Não digas que não te avisei! Onde tens o pc?
Fábio explicara-lhe onde tinha o seu computador e trouxe-o até à sala onde estavam, fez questão de lho ligar. Sentaram-se lado a lado e Rita sempre atenta para ver e mexer no computador de Fábio, talvez ali guardasse a lista das suas ex-namoradas, ou fotografias, ela queria apenas saber se ele curtava laços com elas e não passavam de números ou se tinham tido algum significado para ele, e através do computador talvez soubesse, mas não iria fazer nada para matar a sua curiosidade, mas não iria fazer isso, seria invadir a sua privacidade. Fábio estava curioso por saber o que Rita lhe iria dizer. Não iria ficar chateado com ela, por razão alguma. Ela ligou a internet e procurou uma música. Ele ficou surpreendido, como se poderia chatear com ela por causa de alguma música?! De certo não era uma declaração de amor, o que o esperava?

Wasn't looking for trouble, but it came looking for me (Não estava á procura de problemas, mas eles vieram ter comigo)
I tried to say no but I can't fight it she was looking lovely (Tentei dizer que não mas não consigo lutar se ela até parece amorosa)
She kinda reminds me of a girl I know (Ela faz-me lembrar uma rapariga que conheço)
This pretty young thing that I got waiting for me back at home (Essa coisa linda que ficou à minha espera lá em casa)

She's got my engines turning this happens every time (Ela põe o meu motor a funcionar e acontece cada vez que )
I see a pretty girl and I wanna make her mine (Vejo uma rapariga linda e quero fazê-la minha)
They send my rocket to the sky I want them (Enviam o meu foguete para o céu, eu quero isso)
But should I go for them, I'm like Houston (Mas devo ir com eles, sou como Houston)
I think we got a problem (Acho que temos um problema)
Problem problem problem, girls girls girls girls (Problema, problema, problema, raparigas, raparigas, raparigas, raparigas)

Girls girls girls I just can't say no (Raparigas, raparigas, raparigas, não consigo dizer que não)
Never see them coming I just watch them go (Nunca as vejo a chegar, só as vejo a partir)
Girls girls girls I just can't say no (Raparigas, raparigas, raparigas, não consigo dizer que não) 
Never see them coming I just wa-wa-wa-wa-watch them go (Nunca as vejo a chegar, só as vejo a partir)
Take control, making me sweat girl run that show (Toma controlo, faz com que a doce rapariga mande nesta festa)
It's them girls girls girls I just can't say no (É estas raparigas, raparigas, raparigas, não consigo dizer que não)
Houston I think we got a problem (Houston, penso que temos um problema)

Some girls are naughty some girls are sweet (Algumas raparigas são malcomportadas, outras são doces)
One thing they got in common (Uma coisa que têm em comum)
They all got a hold on me (Todas têm influência em mim)
Meet them at the party meet them in the street (Conheço-as na festa, conheço-as na rua)
Getting me in so much trouble but that's alright with me (Ponho-me em tantos problemas, mas está tudo bem comigo)

They got my engines turning this happens every time (Põe o meu motor a funcionar, e acontece cada vez)
I see a pretty girl and I wanna make her mine (Que vejo uma rapariga bonita e quero fazê-la minha)
They send my rocket to the sky I want them (Enviam o meu foguete para a lua e eu quero isso)
But should I go for them, I'm like Houston (Mas eu devo ir com eles, sou como Houston)
I think we got a problem (Penso que temos um problema)
Problem problem problem, girls, girls, girls, girls (Problema, problema, problema, raparigas, raparigas, raparigas, raparigas)

Girls girls girls I just can't say no (Raparigas, raparigas, raparigas, apenas não consigo dizer que não)
Never see them coming I just watch them go (Nunca as vejo a chegar, só as vejo a partir)
Girls girls girls I just can't say no (Raparigas, raparigas, raparigas, apenas não consigo dizer que não)
Never see them coming I just wa-wa-wa-wa-watch them go (Nunca as vejo a chegar, só as vejo a partir)
Take control, making me sweat girl run that show (Toma controlo, faz com que a doce rapariga mande nesta festa)
It's them girls girls girls I just can't say no (É aquelas raparigas, raparigas, raparigas. Não consigo dizer que não)
Houston I think we got a problem (Houston, penso que temos um problema)

Ohhhhhhh I think we got a problem (Ohhhhhh, Penso que temos um problema)
Looking like a model making me stare (Parecem modelos, fazem-me olhar)
All them pretty girls are standing right there (Todas as raparigas bonitas estão ali)
Doing that thing it's just not fair (Faz com que não seja justo)
How come all the pretty girls are up in here (Como é que todas as raparigas bonitas estão por aqui?)
Looking like a model making me stare (Parecem modelos, fazem-me olhar)
All them pretty girls are standing right there (Todas as raparigas bonitas estão ali)
Doing that thing it's just not fair (Faz com que não seja justo)
How come all the pretty girls are up in here? (Como conseguiram que todas as raparigas bonitas aqui tivessem?)

Girls girls girls I just can't say no (Raparigas, raparigas, raparigas, não consigo dizer que não)
Never see them coming I just watch them go (Nunca as vejo chegar, só as vejo a partir)
Girls girls girls I just can't say no (Raparigas, raparigas, raparigas, não consigo dizer que não)
Never see them coming I just wa-wa-wa-wa-watch them go (Nunca as vejo a chegar só as vejo a partir)
Take control, making me sweat girl run that show (Toma controlo, faz com que a rapariga doce mande nesta festa)
It's them girls girls girls I just can't say no (São estas raparigas, raparigas, raparigas, não consigo dizer que não)
Houston I think we got a problem (Houston, penso que temos um problema)

Problem problem problem (Problema, problema, problema)


-Sempre que ouvia esta música, lembrava-me de ti! Achava que a música te descrevia na perfeição, ou melhor a tua relação com as raparigas e as tuas “curtes” como lhe chamas. – Rita não poderia ter sido mais direta e franca.

Será que Fábio irá ficar chateado com Rita?

Como irá reagir? Será que é o fim da amizade que os começava a unir?

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Capítulo 04 O Abraço


Ele aproximava-se dela sempre com os olhos fechados mas focado nos seus lábios e Rita olhava para os seus, suficientemente carnudos e sexys, no seu íntimo confessara que até apetecíveis. O seu perfume entranhava-se nas narinas dela, e o seu hálito cheirava bem. A sua mão esquerda estava pousada na anca e a mão direita estava ao lado encostada á parede fria bem ao seu lado, onde estava também encostada. Fechou os olhos, iria aceitar e corresponder aquele beijo. Podia arrepender-se mas seria um arrependimento de algo que outrora lhe soubera bem. Fechou também os olhos e sentia já a respiração dele sobre a sua pele. Agarrou na t-shirt dele, bem perto da gola decotada e fê-lo aproximar-se de si, os lábios estavam a dois milimetros de distância, no máximo. A sua mão esquerda estava já no fundo das suas costas, debaixo da camisola, com vontade de a beijar. E Rita sussurrou:

-Não. – Agarrou-o nele e trocou de posições. Encostou-o á parede e ficou ela de frente para ele. Fábio abriu os olhos e não sabia o que fazer ou como reagir. Ela continuava a agarrar-lhe na t-shirt com as duas mãos e ele agarrava-o com as duas mãos no fundo das costas. Embora as suas palavras dissessem algo, os gestos de Rita diziam o oposto. – Assim nunca me irás conquistar. – Deu-lhe um beijo na bochecha, mas bem perto dos lábios para o provocar. Pousou as mãos ao lado dele e sorriu-lhe enquanto ele abri-a os olhos surpreendido por aquela atitude. – Tudo o que diziam de ti é a mais pura das verdades. Não podes ver um rabo de saias que queres logo algo para te satisfazer. Queres sempre uma rapariga para matares um vazio que está dentro de ti, e sabes o que é esse vazio? Ou muito me engano ou estás magoado porque alguma rapariga te deixou ou simplesmente tens inveja porque toda a gente já te falou, porque sentiu o amor e tu não, mas isso é frustração. E não é com aventuras de uma noite ou pouco mais que vais lá. Queres uma boa noite de sexo tens remédio, ou vais ter ás meninas ou arranjas uma boneca insuflável, senão conheço muitas que são capazes de te fazer favores a troco de nada. Não ponho rótulos ás pessoas, mas elas já fazem os seus próprios rótulos. Se quiseres a minha amizade vais ter de me reconquistar, porque não vou cair em nenhuma das tinhas tentativas de sedução. Até podes ser bonito e charmoso, mas apesar de jamais dizer nunca, sei que não irei namorar contigo ou ter qualquer tipo de relação. – Soltou a gola decotada da camisola que ficou um bocado mais amachocada do que estava outrora e saiu de perto dele. Em direção a sua casa. Mas Fábio agarrou-lhe no braço enquanto ela se virava e disse:

-Lamento que tenhas essa opinião sobre mim. Ouve química entre nós e pensei que podia nascer uma curte, assim tu podias recuperar do que se passou contigo e eu ficaria bem. Não era nada sério, apenas porque nos entendemos. – Pela primeira vez Rita olhou para ele desde que ele começara a falar. - Não beijo as raparigas se elas não quiserem, pensei que também querias. – Respondeu com o tom de voz mostrando arrependimento.

-Desde que me viste tiveste estas segundas intenções e logo que falaste comigo no facebook também, simplesmente pensaste que ia ser mais uma não é verdade? Não é por ser eu, simplesmente é por ser uma rapariga. Assume isto!  - Estavam frente a frente um com o outro, com os olhares enfurecidos no hall de entrada daquele prédio. – Mas enganaste que eu não vou cair nas tuas palavrinhas e nos teus joguinhos mentais que todas as raparigas caiem, conheço todos os jogos de sedução e tudo o que possas dizer. Já passei pelo mesmo e cai, pensei que os players mudavam mas não mudam!

-Nem toda a gente é pessoa para por um par de cornos a uma rapariga e a trocar por uma galdéria qualquer! Porque pelo pouco que percebo de amor, consigo entender que isso só é uma prova que não te amava mesmo!

-Não te admito ouviste?! – Disse revoltada Rita, já visivelmente magoada com as palavras que Fábio lhe dissera e com os pensamentos que lhe assombravam a mente. Não tinha sido as palavras que ele dissera, mas sim a verdade que ela negava a si mesma e que a assombrava por lhe terem dito e ela saber que era verdade. -Que mural tens tu para falar seja do que for? – Não iria ficar sem resposta, podia-lhe magoar responder da mesma moeda, mas faria-o.
Fábio era bom amigo, sabia bem ouvir os outros e mesmo quando não compreendia o que sentiam, tentava ajudá-los. Desta vez ele não sabia o ódio que Rita sentia, o sofrimento po causa de uma traição e o fim de uma relação amorosa, nunca tinha sentido o mesmo, mas sabia o que era um desgosto e sabia como podia apoiá-la. Agarrou-a e deu-lhe um abraço forte e ela encolheu-se nos seus braços, ele era alto e forte e era um abraço daqueles que ela precisava. De um abraço de amizade, de carinho, algo que lhe faltava, não era um amigo mas estava a ter um gesto de amizade. A diferença entre ambos era notória, e de uma certa forma bonita, Rita tinha 1 metro e 60 centímetros e Fábio 1 metro e 87 centímetros, o que fazia uma diferença de 27 centímetros, o que fazia ela perder-se nos braços dele e sentir-se bem. Ela perdera não só o namorado, como o melhor amigo. Ele apertou-a fortemente nos seus braços, sabia que ela precisava de carinho e ela apertou-o também. Ficaram em silêncio durante um bocado e ele sussurrou:

-Desculpa pelo que disse. Não queria magoar-te, fui rude e frio, lamento. – Ela nada respondeu, continuou a chorar nos braços dele e só parou quando se sentiu melhor. Fábio não era seu amigo, pelo menos por enquanto mas estava a ajudá-la e ela precisava de ter um amigo a seu lado, um verdadeiro amigo que a apoiasse e ele estava do lado dela, ele sentia-se bem em ajudá-la, tinha apenas a doce intenção de ser amigo dela, de a ajudar. – Anda para minha casa, comes alguma coisa, mudas de roupa e se quiseres tomas banho. Não podemos ficar aqui. – Fábio tocou na bochecha de Rita onde uma lágrima cai-a e ela arrepiou-se, mas não era pelo toque dele. Limpou-lhe a lágrima que cai-a pela sua bochecha esquerda. Era pelo gesto de amizade, pela atitude dele, depois de ter cometido um erro com aquele quase beijo tentava-se redimir provando que se deixou levar por um pensamento, mas que tentava compensar. Iriam tentar ser amigos, iriam conseguir.

-Não te quero maçar. A sério eu vou para a minha casa e já passa. – Limpou a lágrima que estava presa na bochecha direita com a manga da camisola.

-Não digas disparates. Hoje só te vou largar quando te provar que estava enganado quando quase te beijei, e que estás enganada a meu respeito. Que quero a tua amizade e que só te quero ver bem. – Apertou-a fortemente nos seus braços. E ela voltou a chorar. Fábio pegou nela ao colo e levou-a até sua casa. Abriu a porta e notou que ela tinha adormecido, possivelmente cansada e desiludida consigo mesma e com a vida que lhe pregara partidas tão grandes. Fábio não sabia que os pais dela se tinham separado recentemente, não sabia que Tiago era também o seu melhor amigo, apenas sabia do final de relação entre si e o seu ex-amigo. Deitou-a sobre o sofá e foi buscar uma manta para cobrir-lhe o corpo. Abriu a porta de casa devagarinho e foi tocar a casa de Rita, o pai abrira-lhe a porta e explicara que ela estava em casa dele, tinha adormecido, e que não a queria acordar, possivelmente jantaria e dormiria lá. Quando acordasse voltaria para casa, prometera Fábio.


Ele preparou o jantar, apesar de cozinhar não ser o seu forte e preferir tirar fotografias ou jogar futebol, era um dever que tinha de cumprir e nesta situação iria preparar algo para Rita e para si próprio comerem, ela precisava de recompor energias, ele precisava apenas de matar a fome. Mas Fábio olhava Rita admirado, pela forma como ela até a dormir era querida. E parecia feliz, estranhamente feliz. Não resistiu em tirar-lhe uma fotografia e guardar para si próprio.


Rita despertou e Fábio levou até si um tabuleiro com o jantar e sentou no chão, bem perto dela também com um tabuleiro para jantar. Ela queria sentar-se no sofá para ele sentar-se também no sofá e jantar, mas ele não quis. Jantaram e ele levou os tabuleiros para a cozinha, ela queria ajudá-lo, mas ele não permitiu. Voltou para junto dela e ela permanecia deitada, ele sentou-se no chão ao seu lado frente a frente com ela e disse.

-Tu precisas de um amigo e eu vou sê-lo. Podes desabafar comigo. – Disse calmamente e com a voz rouca, que o caracterizava.

Será que Rita vai esquecer o “quase beijo” e desabafar com ele?
Será o inicio de uma história de amizade? E como ficaram depois de tudo?  

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Capítulo 3: O Beijo


















Rita não podia crer no que os seus olhos observavam. Ela era vizinha... Dele? Demasiada coincidência, poucas probabilidades e um país com 10 milhões de pessoas e por curiosidade, ele morava no mesmo prédio que ela. Fábio Cardoso, o nome diz alguma coisa? Pois, a Rita dizia. O rapaz mais mulherengo e com mais história que ouvira em toda a vida! Esticou a mão em direção á sua, para lhe dar um “passou-bem” e disse:

-Olá! – Sorriu. E Rita confessava a si mesma que tê-lo a menos de dois metros de si, o tornava ainda mais bonito. E... Sexy! Bem era esta a palavra, chegava a esta conclusão Rita. – O meu nome é Fábio Cardoso e sou teu vizinho da frente. – Não conseguia reagir. Estava surpreendida. – Tu és a Rita Madeira não és? – Corou. Como é que ele sabia o seu nome?

-Sim. Dizem que sim. – Respondeu Rita sorrindo. – Conheces-me? – Se havia algo que ela gostava era deixar tudo claro. Não o conhecia pessoalmente e não era “conhecida” por isso não havia motivos para ele a conhecer. Tinham já falado mas podia ser apenas por ele ter segundas intenções consigo, que não eram de todo retribuidas. Não queria ser apenas “uma” rapariga na conta pessoal de ninguém. –Quer dizes ainda há pouco falamos mas podias já te ter esquecido. – Disse sinceramente. -Ou teres segundas intenções não retribuidas. – Disse baixinho entre-dentes.

-Sim, como te disse já me falaram de ti, por seres a única rapariga a seguir e a assistires aos jogos da minha equipa que pertence à claque. E era amigo do Tiago. –Tinha namorado com o Tiago dezoito meses e não sabia que eles eram amigos, o que a apanhou completamente desprevenida  -E quanto a segundas intenções está descansada que não as tenho. – Nestas palavras, Rita não acreditou.

-Já não és amigo do Tiago?  

-Depois do que ele te fez não consegui voltar a falar com ele como antes. E a Adriana é minha ex-namorada, por isso conheço-a muito bem.

-Uma de muitas não é verdade? – Perguntou para si mesma em voz alta.

-Quem muito fala pouco acerta e muitas das histórias que ouves  minhas não correspondem à verdade.

-Então estás-me a querer dizer que não engravidaste uma rapariga e a fizeste abortar só porque não querias ser pai apesar dela ser contra o aborto? – Perguntara sem receios.

-É totalmente falso. É verdade que ela desconfiou que estava grávida e eu falei em aborto, mas apenas porque não tinhamos condições para tê-lo, nem sequer sabia que ela era contra o aborto. Mas ela nem sequer estava grávida, foi um atraso. E essa rapariga era a Adriana.

-A atual do Tiago? – Respondeu acenando positivamente com a cabeça.

Ela não é nada daquilo que parece. – Concluiu em forma de desabafo Fábio.

-Tu também não! – Disse interiormente. – És bem mais sexy a esta distância! – Se havia algo que não era, era cega e aquele rapaz, apesar de ser mulherengo era bastante atraente.

-Cada um aprende com os seus erros. – Vindo de casa do Fábio veio uma rapariga. Sozinho aquele rapaz nunca poderia estar não é verdade? Posicionou-se ao lado do Fábio, deu-lhe uma palmada na cabeça e cumprimentou Rita com dois beijinhos, um em cada bochecha.

-Olá! Chamo-me Tânia e sou a melhor amiga deste tolo. – Eles trocaram um olhar cúmplice. – E tu deduzo que és a vizinha da frente que o Fábio vinha oferecer pizza mas entretanto deve-se ter esquecido. – Disse bem-disposta e sempre com um sorriso na face.

-Sim. Sou a Rita Madeira e não, o Fábio não me falou em pizzas mas confesso que a ideia me agrada! Claro senão for muito incómodo!

-Claro que não! Então vou só buscá-las e já volto. – Virou costas e foi embora. Mas para Rita tinha sido estranho os sorrisos que eles deram e os olhares que fizeram depois de dizer o seu nome, será que estavam a gozar consigo?

-E então amanhã quais são os teus planos? – Perguntou ele.

-Tenho de acabar de arrumar a minha casa, pelo menos o que falta, vou levar o meu irmão á escola, ir descobrir aqui as redondezas e ir á minha escola nova que acho que é aqui perto. Resumindo: um dia muito atarefado!

-Se quiseres posso dar-te uma ajudinha. Na parte das arrumações secalhar é melhor não que sou um desastre mas de resto acho que posso dar uma mãozinha. Mas terá de ser tudo da parte da tarde que só saiu mais ou menos para a hora do almoço do treino.

-Não quero dar trabalho e deves ter mais que fazer.

-Se tivesse achas que me oferecia? – Perguntou cruzando os olhares com os dela. Tinha uns olhos lindos que a faziam arrepiar e era bonito, aliás gato como a minha melhor amiga sempre lhe corrigia, quando falavam de rapazes bonitos! – Depois do almoço venho aqui tocar-te a casa. Está combinado?

-Sim, pode ser! – Dito isto apareceu Tânia com as pizzas, agradeceu e despedi-me deles, enquanto Rita e Fábio fechávamos as portas uma em frente da outra, ele mandara-lhe um beijinho com a boca e com as mãos. Rita soube logo que ele tinha segundas intenções e que não era apenas um gesto de amizade. Mas enganava-se redondamente, pelo menos por enquanto.
Levou as pizzas até á cozinha onde ela e o meu pai comeram, e guardou o que sobrava para o almoço do dia seguinte. Agora tinha de se habituar, teria de fazer almoço para si e o meu pai levarem ora para a escola ora para o trabalho. Mas no dia seguinte, seria a única excepção  Fui tomar banho e deitei-me, sabendo que tinha de acordar cedo para ir pôr o seu irmão à escola, depois viria até casa arrumar o que faltava e esperava pelo Fábio, enquanto preparava o almoço e o jantar. Foi tomar banho e deitar-se logo depois.
Acordou na manhã seguinte e foi preparar o pequeno-almoço para o seu pai e irmão, bebia sempre um copo de leite e só a meio da manhã é que conseguia comer algo, não era por falta de vontade, simplesmente não conseguia. O estômago não o permitia. O irmão e o pai tomaram banho e vestiram-se. Enquanto tomavam o pequeno-almoço foi tomar banho e vestir-se. Quando chegou à cozinha o pai já tinha ido embora, seria o primeiro dia de trabalho e queria ir cedo para o local. Rita levara o meu irmão para a escola, ainda era uma viagem a pé por volta de 15 minutos, mas não se importava de andar. Rita nunca levara o seu irmão na sua mota, apesar do pai autorizar, ela não queria. E sempre que ia andar e voltava a correr, era excelente para si fazer alguma corrida para manter a forma física.
Acabou as arrumações que faltavam em casa e mudou de roupa, fora preparar as refeições. Só lhe faltava almoçar, mas tocaram à campainha e era o Fábio. Rita abriu e perguntou se  á tinha almoçado, ele respondeu que sim, por isso pedi-lhe para esperar enquanto comia. Rita tinha medo que ele tivesse segundas intenções consigo, mas acreditando na palavra dele decidi dar-lhe uma oportunidade, confiava sempre nas pessoas até prova em contrário. O Tiago ligara-lhe para o telemóvel mas não atendera, nem lhe iria retribuir a chamada. Não queria falar com ele, pelo menos até o esquecer. Almoçou e sempre que o Fábio a olhava, sentia-se envergonhada.
Arrumou a cozinha e conversaram animadamente, tinham-se dado bem e havia alguma “química” não era no sentido amoroso, mas tínhamos realmente simpatizado um com o outro. Discutiram sobre se levava Rita a moto, que apelidara de Ashley ou Fábio o seu carro, que ela apelidara de Tobias, ele acabou por a convencer dizendo que senão fossemos de carro fazia “queixinhas ao meu papá  e embora a brincar acabou por ceder. Como não tinha carta de condução de carros tinha de ser ele a levar o carro e a conduzir.
Em primeiro lugar, mostrou-lhe quais eram os sítios mais conhecidos das proximidades, onde moravam alguns amigos dele (também jogadores do Benfica) e a escola onde ele andou, que por acaso é a mesma que Rita iria frequentar até acabar o secundário, que se tudo corresse bem seria em Junho. Apesar de não querer, ele apresentou-lhe alguns dos seus ex-colegas e agora atuais de Rita, queria conhecer por si mesma, mas ficou agradecida a ele pela atenção que lhe prestara. Conseguiu ver a turma onde fora posta e o horário que me tinha, era bastante bom, o que satisfizera tanto Rita como Fábio! Teria 3 tardes livres e entrava sempre cedo, e as horas de almoço eram suficientes para vir a casa e chegar a tempo ás aulas, de moto claro.
Regressaram para casa e o Fábio convidou-a para ir lanchar a casa dele, Rita ficou reticente. Quando chegaram à entrada do prédio, ele empurrou-a para se encostar a parede, com pouca força mas deixou-a sem reação. Aproximou-se dela, encurtando a distância que havia. Focou o seu olhar nos lábios dela e separou ligeiramente o lábio inferior do superior, fechou quase totalmente os olhos e os seus lábios vinha, em direção aos de Rita. A sua mão esquerda estava no queixo da sua nova amiga e a direita estava na cintura dela. Ele ia beijá-la, e não sabia se reagia ou não. Rita não sabia se queria ou não aquele beijo. Dele.

Será que Rita quer o beijo de Fábio? Ou não?

Será que vai reagir?