domingo, 27 de dezembro de 2015

Capítulo 35 “Tu não és a namorada do Fábio Cardoso?”


Fábio adormecera a admirar a sua companheira de aventuras e acordara a admirá-la também. Aos seus olhos era simplesmente perfeita, de todas as formas possíveis e imaginárias. Sabia que se falasse com ela enquanto dormia, embora fosse o subconsciente, ela responderia e conseguia ter uma conversa sólida e construída, e por vezes bastava estar apenas deitada ao pé dele, a dormir, que começava a desabafar e a dizer o que realmente a atormentava, e ele já tinha tido a oportunidade de descobrir alguns problemas dela, assim. Sabia que quando demorava a dormir dava imensas voltas na cama, mas quando voltava à posição original e ficava sossegada durante algum tempo era sinal que tinha adormecido. Quando dormia consigo gostava de “dar folga à almofada” e deitar-se sobre o seu peito, a cheirá-lo, a admirá-lo e a pensar na sorte que tinha e somente depois adormecia com um sorriso nos lábios, que adorava adormecer com Fábio a passar-lhe a mão entre os cabelos, nada a fazia adormecer tão rápido. Sabia de cor, qual a posição que ocupava para dormir. Ao contrário de outras raparigas, não se encolhia, esticavas-se o mais que podia e com uma perna à frente e outra para trás, não conseguia dormir de barriga para cima e quando deitava a cabeça na almofada gostava de colocar uma mão sobre e outra sob a almofada. Acordara a meio da noite e conversara com Rita, talvez fosse errado, mas queria falar com o subconsciente dela e entender as reações dela e como se sentia depois de ter perdido a virgindade.

-Amor?
-Sim?
-Amo-te, sabias?- Encostou a cabeça no seu cabelo e pode cheirá-la.
-Também te amo, meu amor.
-Sei que não queres falar sobre isto, que o tens evitado e provavelmente ainda te custa remexer no passado, não porque não o tenhas ultrapassado mas porque te magoou muito, mas talvez se falares sobre ele, te ajude. Sei que não é justo, que estou a aproveitar-me do teu subconsciente mas talvez seja o melhor para os dois.
-O Tiago é passado, não quero falar sobre isso. - Disse e Fábio pensou que mesmo a dormir e apenas com o subconsciente a falar, não deixava a sua teimosia de lado.
-Não feches o teu coração, não, não a mim, por favor, abre-o, eu prometo nunca te magoar. - Rita começou a chorar e apertou-se contra o corpo de Fábio. - Eu não insisto mais, desculpa.
-Não Fábio, talvez eu queira e precise mesmo de te contar, é o melhor para os dois. Eu estava bem, eu estava realmente feliz, mesmo genuinamente, eu pensava que realmente o amava e que íamos ser felizes para sempre, que ia ser com ele que ia construir o meu futuro, eu dei-lhe tudo o que tinha de mim e o que não tinha. Não sou de deixar as coisas pelas metades, ou se faz ou não, e eu deixei que ele rebentasse o meu hímen por capricho dele, não o devia ter permitido, eu ia dar-lhe a minha primeira vez apenas porque ele precisava e ele disse que esperava por mim e o que aconteceu? Foi para a cama com outra! Eu apresentei-lhe a minha família, os meus amigos, a minha vida, e ele deixou-me um buraco no lugar do coração! É como se tivesse levado tudo o que era meu com ele e ficou apenas o meu corpo e o cérebro que mal conseguia pensar. Eu já o perdoei, juro que sim, mas não consigo compreender o porquê. Eu pensava que ele tinha deixado de ser aquele mulherengo, eu jurava a mim mesma que ele tinha mudado, por minha causa e afinal... Afinal ele não mudou nada, enganou-me foi a mim.
-Sabes? Um dia queria que falasses de mim como falavas nele. Não com a mesma mágoa e desilusão, mas com o mesmo ar que lhe deste, com o mesmo carinho e dedicação. Eu sei que ele te magoou e estamos juntos há bem pouco tempo e deste-me coisas que não lhe deste e que me amas...
-Sei que o amor não se compara em tamanhos e medidas, mas tu ocupas um lugar no meu coração que ele nunca ocuparia, eu amo-te realmente, e foi por te amar tanto e por não querer desiludir-te ou magoar-te que reagi assim há pouco...
-Já falamos sobre isso, eu e tu esperávamos mais.
-Deixa-me falar. - Pediu, mesmo o subconsciente era teimoso e mandão. - Eu magoei-te, eu desiludi-te simplesmente porque não aguentei a dor e senti-me a pior pessoa à face da Terra por causa disso, mas quando fui ao hospital e o médico disse que reagi assim porque sou alérgica ao preservativo eu vi alívio em ti, e em simultâneo preocupação. Ficaste aliviado porque não é um problema assim tão grave de saúde, é algo fácil de lidar, quem é que afinal é alérgico ao preservativo? Ou melhor ao látex? Eu nem era alérgica a nada, tinha de ser a isto! Mas também sei que em breve isto vai interferir com as nossas vidas, porque sempre que o fizermos vamos pensar em qual será a melhor forma de prevenirmos um filho nosso no mundo, pelo menos tão cedo. Sei que querias algo inesquecível e foi algo divertido, mas também sei que da próxima vez que o fizermos será bom, genuinamente bom, porque além de confiar em ti, confio na minha sorte e em Deus, o que aconteceu, ficou para trás, tens de pensar em si, para a frente é que é caminho.
-Não imaginas o quanto fico feliz por saber que estás a lidar bem com a situação...
-Eu não estava a lidar nada bem, de verdade, mas depois de falar contigo e pensar bem, acabei por chegar a esta conclusão.
-Tenho tanto orgulho em ti.

-E eu em ti. - Fábio decidiu nada mais dizer, era altura do cérebro e do seu subconsciente descansarem, e ele próprio também precisava de descansar, deu um beijo na testa da rapariga e adormeceu.”
-Para de me tirar as medidas, Fábio Rafael! - Disse Rita fazendo-o assustar-se, estava de olhos fechados, era suposto estar a dormir. - Se estás a gozar comigo, aviso-te já que te gravo a ressonar e partilho para as tuas maravilhosas e histéricas fãs de um raio verem o seu amorzinho a ressonar!
-Isso é tudo ciúmes ou é má disposição de quem acabou de acordar?

Rita pela primeira vez abriu os olhos.

-Ciúmes? Quem precisa disso? Elas gostam de ti pela tua forma de jogar e pela tua beleza, eu gosto de ti pelo que tu realmente és, além do mais, quem te leva para a cama sou eu!
-Tens razão, a minha cama começa a sentir saudades minhas, normalmente é a tua que me recebe, e só me levaste para a cama uma vez ou duas, de resto sou sempre eu a dizer para nos irmos deitar.
-Que boa disposição do meu namorado! Não queres mesmo um babete a olhar para mim, não?
-Era impossível não me babar no que toca a ti, meu bem!

Pegou numa madeixa de cabelo de Rita e colocou-a atrás da orelha.

-Para lá com o romance a estas horas da manhã por favor! - Levantou-se da cama e olhou para o telemóvel. - Que bom, esqueci-me de pôr a carregar o telemóvel e estou quase sem bateria, além de que adormecemos, pelo menos eu, cheira-me que vou chegar atrasada às aulas.
-E aposto que estás muito preocupada com isso... Tens aqui um gato na cama e estavas mesmo interessada em ir para as aulas.
-Que eu saiba não adotei nenhum animal de estimação e tu também não, e para que saibas eu sou uma aluna aplicada e estudiosa!
-Não precisa de ser um gato, sou logo um pão, e eu não duvido que o sejas, mas aposto que queres ficar aqui na ronha comigo.
-Claro que sim, tu até és a última bolacha do pacote. - Disse deitando-se na cama. - Esta professora também tem por hábito chegar atrasada e eu não tenho nenhuma falta, portanto...
-Beija-me. - Pediu ele.
-Não penses que sou assim tão fácil. - Disse levantando-se novamente da cama. - Tens de me vir roubar um beijo. - Fábio levantou-se da cama e correu atrás de Rita pela casa, mas ela acabou por esconder-se dentro da banheira, mas ele apanhou-a e acabou por roubar-lhe um beijo, mais um e depois outro... E num ápice a série de beijos começou a desenvolver-se algo mais que um misto de beijos.

-Tens a certeza que queres fazer isto.
-Como nunca a tive. - Dito isto, ele abriu o chuveiro e começou aos poucos a despi-la e a ajudá-la a despi-lo. Sabiam que ela teria mais tarde teria de tomar a pílula do dia seguinte e era prejudicial para a sua saúde, mas era o timing perfeito e o momento indicado e deixaram-se levar. E desta vez nada os interrompeu ou quebrou o momento, era apenas os dois e só os dois, e foi completamente entregues um ao outro que viveram momentos mágicos, juntos. Nada os preocupava, nem o tempo, nem o mundo que os rodeava. Quando terminaram tomaram banho e foram vestir-se, de seguida foram tomar o pequeno-almoço.

-Nunca pensei que fosse tão mágico.
-Nunca pensei que fosse tão... Tão verdadeiro. Tão puro.


Nada mais disseram, limitavam-se a trocar sorrisos e olhares, pareciam dois adolescentes apaixonados pela primeira vez. Depois Fábio foi levar Rita à escola e ele também seguiu para o treino, depois partiria para estágio e só voltaria a ver Rita no jogo. A rapariga assim que chegou à escola, reparou que a professora faltara e decidiu aproximar-se dos colegas, mas não sem antes enviar uma mensagem a Fábio:


Quem diria no dia do nosso primeiro beijo que hoje, passado pouco mais de dois meses que estaríamos como estamos? Amo-te tanto meu bem precioso! Obrigada por tudo e por nada S3”

Passado alguns minutos, provavelmente quando ainda estava no balneário antes de ir para o treino, respondeu-lhe:

Se pudesse voltar atrás, eu não voltaria porque seria tudo como foi.
Amo-te, verdadeiramente, pura e genuinamente. Não tens de agradecer, no amor é tudo dado, tudo partilhado, meu bem mais precioso. S3”

(Nesse mesmo dia à tarde)
Rita precisava de companhia para o que ia fazer, mas a quem iria pedir? Não poderia ir com Fábio que não poderia sair do centro de estágios, e também não queria ir com a irmã porque trabalhava, com os pais estava fora de questão e ainda não tinha confiança suficiente com nenhum colega de turma, por isso só poderia pedir a uma única pessoa, mas teria de lhe contar tudo o que se tinha passado e provavelmente iria dizer-lhe o mesmo que a irmã, mas ela simplesmente não conseguia fazê-lo sozinha, e não podia deixar de o fazer. Tinha de tomar a pílula do dia seguinte, para não correr o risco de engravidar. Sabia que não o deveria fazer, mas não conseguira simplesmente tê-lo parado de manhã, aproveitava e iria também ao médico para saber qual a melhor pílula a tomar, agora mais do que nunca tinha pressa de a tomar. Combinou almoçar com Pedro e explicar-lhe toda a situação. Foram até casa dela e enquanto almoçavam trocavam algumas palavras:

-Já me podes explicar porquê tanto secretismo em relação ao que queres fazer esta tarde?
-Preciso de tomar a pílula do dia seguinte e não quero ir sozinha. - Disse muito diretamente e rapidamente.
-Explica-me devagarinho para ver se entendi direito por favor.
-Eu vou-te explicar tudo, direitinho e devagar, está bem?
-Estou à espera.
-Por onde começar? Bem primeiro que tudo, sou alérgica ao látex do preservativo e só descobri isso ontem durante o momento íntimo, não queres que te explique mais pois não? - Pedro sorriu. - Olha pronto aconteceu, mas eu interrompi porque tinha dores, depois apareceram as comichões e estava com uma cor estranha, fomos para o hospital e recebemos essa notícia, fiquei um pouco chateada claro ainda para mais quando a minha irmã me diz que estamos a ir depressa demais. Viemos para casa e ficamos a falar até que adormeci, e hoje... Hoje fizemo-lo mas não tínhamos como nos prevenir porque não tomo a pílula e como imaginas não tínhamos nenhum preservativo sem látex, e como não queremos ser pais tão cedo, o melhor é ir tomar a pílula do dia seguinte, eu sei que faz mal, e que devia ir com ele, mas ele está em estágio no centro de treinos e eu não consigo ir sozinha, e não consigo não pensar em nenhum método contracetivo senão andava o próximo mês com o coração nas mãos à espera da menstruação.
-Em primeiro lugar, como estás em relação a essa primeira vez... Algo diferente?
-Por incrível que pareça estou a reagir bem. Mesmo bem. Porque esperava algo inesquecível e realmente foi... Mas pelo lado engraçado. E talvez tivesse mesmo de ser assim, tive de mudar o meu ponto de vista para aceitar o que se passou.
-E segundo, não te vou dizer se é cedo ou tarde, vocês é que determinam o vosso ritmo e a velocidade a que vivem as coisas, existem casais juntos à anos que não se amam, e quem namore à dias e se ame realmente, mas fiquei preocupado por ter sido o momento em que se envolveram... Porque era a tua primeira vez, apenas isso. Mas se tu estás feliz, eu também o estou. Terceiro, tenho de te perguntar como estás depois de teres ido ao hospital, tiveste mais dores, comichões ou o que quer que seja?
-Não, só tenho algum incómodo mas isso já está relacionado com o que se passou hoje, não tem a ver com a alergia de ontem. E nós não nos prevenimos hoje porque até o fazermos foi tudo demasiado rápido e bom.
-A tua felicidade é a minha felicidade, apenas e só isso. E claro que vou contigo ao médico para tomares a pílula do dia seguinte, mas tens de ter atenção a isso por favor, senão acabas por engravidar, além do mal que a pílula do dia seguinte faz.
-Eu sei, vou estar atenta para a próxima vez, além do mais pergunto já ao médico qual é a melhor pílula por causa das dores infernais do período, e para prevenir bebés nos próximos tempos.
-Então acaba lá de comer que já lá vamos. E como é que te sentes depois de tudo o que me contaste?
-Extremamente feliz, genuinamente feliz. - Pedro olhou-a nos olhos e ficou feliz por ver a amiga realmente nas nuvens.

Depois de comerem, foram até ao centro de saúde, onde ouviram atentamente o médico.

-Meus queridos, a pílula do dia seguinte nunca deve usada como método contracetivo, porque injeta uma sobrecarga hormonal no corpo de uma mulher, ainda por cima, nas jovens o efeito é ainda maior porque o corpo está em mudança e já existe um excesso de hormonas, mas desde que foi comercializada que ainda não houve nenhum caso de doenças graves ou problemas graves causados pela mesma, mas tem pequenos efeitos colaterais que os vou pronunciar para não te assustares quando aparecer algum, mas é pouco provável que aconteça. Pode haver algum sangramento inesperado fora do período menstrual, e normalmente a menstruação ocorre uma semana antes do período regular, mas também podes sentir algumas náuseas e vómitos, mas não se preocupem, simplesmente não quero voltar a ver-vos cá por estes motivos, sim meninos?
-Sim, senhor doutor. - Responderam em coro.
-Não vos vou dizer o nome do medicamento nem nada disso, é linguagem farmacêutica e duvido que estejam interessados. - Preparou tudo para Rita tomar a pílula do dia seguinte, e ela de mão dada com Pedro assim o tomou.
-Pode-me dizer a eficácia deste contracetivo, por favor, senhor doutor?
-Ronda os 99%, por isso se tudo correr bem e não forem demasiado azarados não haverá bebé nos próximos nove meses.
-E diga-me doutor, qual é a melhor pílula para eu tomar?

O médico acabou por pesá-la, oscultá-la e por dar-lhe todas as informações que precisava para começar a tomar a pílula, quando terminaram, saíram do consultório e depois do centro de saúde.

-Obrigada por estares do meu lado.
-Amizades não se agradecem. - Rita deu-lhe um abraço forte e sentido.
-Acho que os nossos amores devem estar preocupados de não terem notícias nossas, portanto acho que devíamos mandar mensagem aos nossos amores.
-Parece-me uma excelente ideia!

Rita pegou no telemóvel e enviou uma mensagem a Fábio:

Não te ligo porque estás em estágio, não quero chatear-te enquanto estás aí! Já fui ao centro de saúde com o Pedro e está tudo tratado e bem! Sabes quem vai amanhã ver o jogo e tem muito orgulho em ti? A tua namorada, a tua afilhada e o teu cunhado, beijo, amo-te <3”

Podes-me ligar sempre que quiseres, só não atendo mesmo durante os treinos e jogos. E como correu? Tenho pena de não ter ido contigo, mas não pude mesmo... Mas para a próxima lá estarei ;) Sei que também tenho muito orgulho em vocês, especialmente em ti, amo-te <3”

(Nesse mesmo dia à noite)
Era mais um jantar de família em casa dos patriarcas da família Madeira que decidiram juntar-se para festejar apenas o facto de estarem juntos e unidos à mesa, embora não estivessem todos, Fábio estaria nos seus corações e Rita sabia bem que a afilhada iria estranhar a ausência do padrinho e para de alguma forma compensar a pequena, decidiu ir buscá-la ao ATL e depois irem passear até à hora de jantar, mas acabou por ter uma ideia assim que a foi buscar a afilhada, iriam surpreender Fábio. Iriam até à porta do centro de treinos, ela ligaria ao namorado e ele viria apenas dar um mimo... A cada uma delas. Mas pelo caminho decidiu comprar um pequeno mimo para o seu namorado, ele não poderia comer muitos doces enquanto estivesse em estágio, mas ela levaria um pacote de gomas pequenino... Ele merecia e além do mais não seria ela a dar, era a Di! Assim que chegou à porta do centro de treinos enviou uma mensagem:

Podes chegar à porta por favor?”

Qual porta? Não estou a entender nada, meu amor!”

Á porta do centro de treinos! Temos uma surpresa para ti!”

Como assim temos?!”

Se mexeres esse rabo e chegares aqui logo vês ;) ”

Dá-me dois minutos e levo companhia que é para ter uma desculpa válida para me ausentar!”

NÃO QUERO SABER DE MAIS NADA, DESPACHA-TE!”

Passado alguns minutos, Fábio chegou à entrada do centro de treinos com o seu colega de equipa e amigo, João Cancelo, assim que os viu, a pequena Di foi direta para as pernas do padrinho:

-Minha princesa! - Disse Fábio pegando na afilhada ao colo. - Que tens aí na mão?
-A dinha disse qu'pa ti! - Disse a menina dando-lhe para a mão.
-Espero que tenhas gostado das surpresas, e antes que alguém reclame que eu só te engordo, foi a tua afilhada!
-Que grande madrinha que me saíste a culpar a própria afilhada! - Disse agarrando-a pela anca e dando-lhe um beijo na testa.
-E tu um distraído que nem me apresentas a tua companhia! - Respondeu-lhe.
-João é a Rita, a minha namorada. Rita, é o meu colega de equipa e amigo, Cancelo, ou melhor, o Lelo da equipa.
-Não achei piada oh Cardoso. - Reclamou João e aproximou-se das duas raparigas. Cumprimentou Rita com dois beijos e brincou com a pequena.
-Já alguém te disse que és linda, pequena? - A pequena Di escondeu a cara no ombro da madrinha.
-O João está a falar contigo, meu amor.
-Eu chei mas tenh' vegona.
-Mas faz lá um esforço e responde.

A menina tirou a cabeça do ombro da madrinha e olhou para João e sorriu-lhe.

-Tabem éx bonito. - Respondeu.
-Como te chamas pequena?
-Diana Feieia, max xamam Di. - Disse a pequena e olhando para o amigo do padrinho.
-Não te importas de brincar um pouquinho com o João enquanto os padrinhos ficam a namorar um bocadinho?
-Não, dinho. - Respondeu a pequena ao seu tio e padrinho e saindo do colo dele e agarrando-se às pernas de João. Rita e Fábio afastaram-se ligeiramente mas não muito.
-Obrigada pela vossa surpresa. - Disse sorrindo-lhe. - Obrigado mesmo, do coração!
-Não sejas tonto, era apenas para dormires bem e amanhã fazeres um jogo ainda mais inspirado, acho que por isso merecia um beijo! -Dito isto, Fábio agarrou-a no fundo das costas e deu-lhe um beijo sentido e carregado de romance. - Acho que só por este beijo valeu a pena! Convida os teus colegas e organizo um jantar lá por tua casa para todos!
-É preciso lata, organizas um jantar em minha casa, e nem me consultas? - Fingiu-se chocado.
-E tu muito chateado, deste-me a chave porque razão?
-Porque tu gostas de arrumar e eu gosto de ter a casa arrumada.
-Tu és a pessoa mais desarrumada que conheço, Fábio Rafael!
-E tu também não gostas propriamente de arrumar.
-Mas quando tem de ser, é uma arrumação à séria! Sou uma querida para ti, e ainda mandas bocas, secalhar é melhor ir-me embora...
-Estava a brincar contigo, é o nosso cantinho, não é apenas a minha casa, o que é meu, é teu!
-Ainda bem que dizes isso, porque assim vais partilhar a minha parte do saco de gomas com o João!
-Tem mesmo de ser?
-Sim! - Respondeu sorrindo-lhe e ele não conseguia dizer que não simplesmente. - E amanhã entre o jogo e o jantar, vamos dar uma voltinha de carro para me explicares como se conduz.
-Já alguma vez te disse que és tu que vestes as calças na nossa relação?
-Senão tiver juízo nesta relação, ninguém a tem.
-É incrível como tens sempre resposta na ponta da língua, isso só me faz amar-te mais.
-Eu amo-te por seres tão pouco ajuizado mas tão boa pessoa. - Deram um beijo intenso.
-Cardoso. - Interrompeu João. - Desculpa interromper, mas secalhar devíamos ir embora...
-Secalhar é melhor. Amor, amanhã aqui na entrada com o segurança vou deixar bilhetes para virem ver o jogo, e sim, amanhã está combinado aquilo que disseste, ainda hoje te confirmo quantas pessoa vão.
-Combinado! - Deram um beijo curto. - E agora um beijo de despedida da minha princesa mais que tudo! - Pegou ao colo da afilhada e deu-lhe um grande abraço e um beijinho. Despediram-se todos e cada um seguiu o seu caminho.

(No dia a seguir, perto da hora do jogo)
Rita juntamente com a família saíram cedo de casa e foram até ao centro de estágios, de onde se aproximaram da sua entrada e levantaram os bilhetes, a pequena Di não poderia assistir ao jogo, ainda era demasiado pequena para entrar no estádio, mas Fábio enviara um colega de equipa que estava fora do jogo, para pedirem ao segurança para fingirem fechar os olhos, e entraram para o estádio. A rapariga entrou com Di ao colo mas acabou por se afastar um pouco para ver o relvado e tentar ver o possível aquecimento de mais perto, junto às grades, e ficou assim durante uns segundos, até que interromperam-lhe os pensamentos:

-Olha desculpa, mas não és a Rita Madeira? - Duas raparigas no início da sua adolescência com cerca de 13/14 anos falavam perto dela.
-Sim sou, minhas queridas, posso ajudar-vos?
-Tu não és a namorada do Fábio Cardoso?
-Sim, sou... - Respondeu com receio.
-Sabias que ele tinha fama de mulherengo, não sabias?
-E que dizem que eles nunca mudam, apenas se revelam... - Concluiu a outra.
-Ele há uns tempos veio meter conversa comigo.
-E começou a seguir-me no Instagram.
Rita respirou fundo, por um lado começou a pensar no que elas diziam mas também a pensar em como não mandá-las para um sítio feio, ou fazê-lo de forma educada.
-Conheço uma rapariga que chegou a falar bastante com ele à uns tempos... E que ele era fácil.
Rita engoliu em seco, sabia que o que elas diziam podia ter um fundo de verdade, mas não sabia como fingir que nada se passava. Ana aproximou-se da irmã e interrompeu a conversa:
-Posso ajudar-te, mana?


Será que Rita vai conseguir-se lembrar de uma resposta à altura?
Ou será que a irmã é que irá defendê-la? Que diferença fará este episódio na vida do casal?