quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Capítulo 15 “Eu tomo conta de ti e tu de mim”


Rita abriu a porta e levantou-se. Pousou o pé direito no chão e não conseguia fazer pressão, por isso colocou o pé esquerdo e deixou-se coxear, para afastar-se do amigo. Tentara ser forte e demonstrar que estava tudo bem mas aquelas palavras que ouvira, pareciam ter sido como uma facada aplicada no seu coração e quando ela menos esperava. O rapaz saiu do carro e bastou alguns passos para chegar até perto da amiga.


-Onde vais? Perguntou continuando atrás dela, sem nunca a ultrapassar ou impedir de continuar a “saltitar”.

-Vou para casa ou para um sítio qualquer. Eu cá me desenrasco.

-E achas que a essa velocidade chegas lá hoje?

-Não quero saber! O que importa é chegar! Fábio agarrou no braço esquerdo de Rita e colocou-se á sua frente.

-Mas tu importaste de me explicar o porquê desta tua atitude repentina? Perguntou sem compreender o gesto da amiga.

-Pensava que eras mais inteligente que isso Fábio. Ainda não compreendeste o que fizeste? O rapaz não estava a compreender as atitudes da amiga mas queria saber.

-Volta para aquele carro para falarmos, que estares aqui com o teu pé assim, só faz mal.

-Não vou contigo para lado nenhum. Vai ter com a tua amiguinha e deixa-me em paz! Não estava nada á espera daquela atitude e por isso Fábio largou o braço dela que começou a  afastar-se dele. Mas, bastaram alguns segundos para chegar a uma breve conclusão. Deu dois grandes passos e alcançou-a.

-Tu estás com ciúmes? Perguntou sorrindo, olhando-a olhos nos olhos.

-Claro é isso mesmo! Tu até és a última bolacha do pacote!

-Tu estás com ciúmes. Sorriu. Mas não significa que só por estar numa relação que vou deixar de ser teu amigo.

-Não alcanças mesmo. Contornou o amigo aos saltinhos. Mas ele não se deixava vencer. Ultrapassou-a e colocou-se á sua frente.

-Então explica-me como se fosse muito idiota senão te importas! A jovem natural de Lisboa, colocou a mão sobre o braço dele de forma a conseguir aguentar-se em pé.

-Afastei-me de uma amigo que conheço há 7 anos, porque optei por ti em vez dele. Pensei que estávamos concentrados um no outro, apenas isso. Que estava a mudar a tua forma de pensar. Que te estava a demonstrar que as curtes não levam a lado nenhum e que um amor dá-te mais felicidade que todas essas relações juntas. E tu, pura e simplesmente, dás a entender com palavras que sabes e entendeste e fazes o oposto. E sinceramente, chateia-me que não tenhas entendido isso. Disse calmamente tentando explicar tudo o que sentia.

-E o que achas que senti quando te vi aos beijos com o Pedro? Não é ciúmes, apenas não te consigo ver com outra pessoa, tenho medo que te voltem a magoar e a desiludir. E em muitos momentos, sou eu que tenho medo de te magoar, mesmo que sem querer. Não duvides que aprendi muito contigo, mas também me magoou a tua relação com o Pedro. Parecia que, tal como disseste, dizias uma coisa, e fazias outra. E o principal motivo para estar com a Catarina é o facto de tu estares com o Pedro. Mas fiz questão de deixar tudo bem claro. Ela gosta mesmo de mim e eu não a quero magoar.

-Tu também tiveste ciúmes quando me viste com o Pedro. – Disse sorrindo. -E se queres a verdade, também não gostei de saber que estavas com a Catarina. Porque não suportamos a ideia de partilhar a atenção com outro pessoa. Estamos aqui um para o outro. E nós somos felizes juntos, enquanto amigos. Os olhos de ambos brilhavam como duas estrelas. Duas estrelas que pareciam ligadas por faíscas, mas também por algo mais. Tu és maior e vacinado, sabes o que fazes, mas não vou esconder aquilo que penso. Não te peço para acabares, mas acho que senão gostas dessa rapariga, vais ser infeliz só para a fazeres feliz e no final, só a vais magoar mais. Os olhares entre ambos eram constantes e brilhavam, davam a entender que precisavam daquilo para sobreviver, não se conseguiam separar, mesmo se tentassem. E simplesmente não conseguiam pensar em nada mais. Parecia que eles eram o centro do universo. Ninguém queria falar, mas sentiam que tinham de o fazer. Mas o quê?

A distância entre ambos era de alguns centímetros mas pareciam quilómetros, pelo menos sentiam como tal. Rita tocara no braço de Fábio e sentia os músculos do braço dele que se atreveu-se a esticar os braços e deixá-los sobre o fundo das costas dela, que não negou. Sorriu envergonhada enquanto os olhares continuavam cravados um no outro. Rita ergueu as mãos e pousou-as sobre os ombros do amigo enquanto os olhares continuavam cravados um no outro, mas, desta vez mais próximos. Os corpos tocavam-se. A diferença de alturas era significativa, Rita tinha de erguer a cabeça para poder observar a face de Fábio e ele tinha de baixar a cabeça para poder observá-la. Podiam não conhecer todos os traços do outro, mas os olhares conheciam como se desde outra vida, se conhecessem. O perfume de Fábio começava a entranhar-se nela e o seu toque deixara-a arrepiada, gostava tanto que a deixava arrepiada. Aquele sentimento que nutriam um pelo outro ainda não era um amor, mas também não era uma amizade. Aproximaram-se ainda mais um do outro fazendo com que o seu peito embate-se no peito dele. E para Fábio por muito que gostasse do corpo da mulher, com ela, era diferente. Sentia apenas a necessidade de tomar conta dela, e de serem felizes um ao lado do outro.

Ela sabia o que antecipara aquele momento, já o tinha passado anteriormente.  E ele também sabia. Ambos sabiam qual era o caminho que aquele momento podia originar. E apenas conseguiam concentrar-se nos olhares um do outro.
Não afastaram o olhar um do outro, nem por um milésimo de segundo. Rita abriu a boca, deixando o seu hálito chegar até aos lábios de Fábio. Que imitou o gesto da amiga, e as faces continuavam a aproximar-se e os centímetros tornavam-se milímetros. Ela sabia qual era o passo seguinte e fechou os olhos, e ele também sabia bem o rumo daquele momento, mas estava presentes dois pensamentos que não o deixavam prosseguir. Era a promessa que tinha feito a Luís, pai da sua amiga e também a sua relação, que apesar de não ser séria, não deixara de ser um compromisso e ele não a iria trair. Por isso quando Rita esperava que ele tomasse os seus beijos, Fábio beijou-lhe a testa. A jovem sorriu e respondeu quase em sussurro:

-Desculpa. Disse depois de baixar a cabeça e o rapaz apenas lhe sussurrou:

-Deixa-me cuidar de ti pequenita. Disse pegando nela ao colo e levando-a até ao centro de saúde. Pousou-a numa cadeira e foi ao encontro de uma administrativa e inscreveu-a para ser atendida pelo médico. Voltou para junto da amiga. E colocou-a sobre o seu colo.

-Não tenho aqui dinheiro para pagar a consulta. Podes pedir para mandar para casa que eu depois pago se faz favor?

-Eu pago e não há discussão possível. Não quero o dinheiro. Deu-lhe um beijo na testa e Fábio demonstrava cada vez mais que queria conquistar a amizade de Rita e não conquistá-la como namorada, até mesmo quando ela já pensara em dar um passo numa possível relação amorosa com ele. Ou pelo menos trocado um beijo com ele.

-Obrigada e mais uma vez desculpa.

-Desculpa pelo quê? Ainda não entendi. Explica-me. Sabes que consigo ser muito distraído quando quero. Disse enquanto a rapariga continuava sem conseguir olhá-los olhos nos olhos talvez por vergonha ou medo de algo que não conseguia explicar.

-Não me digas que não percebeste o que ia acontecer. – Continuava sem olhar para ele.

-Percebi e aqui tens uma prova do que sinto por ti Rita, porque podia simplesmente ter-me deixado levar e não o fiz.

-E eu agradeço-te porque quero que me protejas como meu amigo e eu farei sempre o mesmo para te proteger! Olhou para ele. Posso dar-te um abraço?

-Claro! Fábio não se deixou antecipar e ele próprio, deu um abraço á amiga e ficaram assim até chamarem a rapariga para ir ao médico e Fábio levou-a ao colo até ao consultório e pousou-a sobre a maca e deixou-se ficar ao seu lado.

-Então e o que é que a sua namorada tem? Perguntou o médico a Fábio. Rita deixou-se corar e não respondeu.

-Ela estava a andar de mota e não sei como, bateu contra o passeio. Mas, apesar de tudo, teve sorte, conseguiu cair para o lado, em vez de cair para a frente. Não tem força no pé e por isso não consegue andar, e o pulso também lhe dói um bocado e tem alguns arranhões no corpo.

-Então menina Maria o que andou a fazer? Perguntou o médico e logo Fábio sorriu. Sabia que Maria era o primeiro nome da amiga mas sempre se habitou a chamar Rita.

-Não me chame Maria senão se importar. Rita.

-Está certo menina. Então tente lá pousar o pé no chão e andar só um bocadinho. – Rita sentou-se na maca e aproveitou a presença de Fábio para pousar a mão sobre o seu braço, servindo-a como apoio. Em primeiro lugar colocou o pé esquerdo no chão e de seguida e vagarosamente colocou o pé direito no chão. Apertou com bastante força o braço de Fábio e deu um pequeno passo. Seguido de outro pequeno e depois de outro, eram curtos mas eram grandes passos para ela, que não conseguia caminhar desde o o acidente que tivera.

-Parabéns pequenina! Disse Fábio. – Sabe doutor são os primeiros passos desde que teve o acidente.

-Agora tente lá andar sem se segurar ao seu namorado. – Rita olhou para Fábio como se aquele olhar do amigo lhe desse a força que ela precisava para o fazer.
O rapaz afastou-se da jovem e encostou-se á maca e Rita devagarinho conseguiu caminhar até junto do seu amigo e do médico. E ele não poderia estar mais orgulhoso, já tinha vencido as suas próprias dores. Depois de mais alguns exames, o médico acabou por informar a rapariga que tinha um pé torcido e que o melhor que tinha a fazer era andar de muletas nos próximos dias e repousar o pé. Mas no máximo teria de andar quatro dias com apoio das muletas.

Regressaram para as suas casas mas antes, Fábio conversou com a família da sua amiga e explicou o acidente e que tinha cuidado dela, Luís e Maria agradeceram por todo o apoio e amizade que ele demonstrara para com a sua filha. Ele despediu-se da rapariga com dois beijinhos e tentavam demonstrar que o mais importante era a amizade que os unia, mas na verdade aquele momento entre eles não lhe saíra da cabeça. Rita não queria confessar aos pais que a sua relação amorosa chegou ao fim, por isso decidiu jantar sozinha e ir deitar-se. Precisava de descansar e talvez depois de uma noite bem dormida conseguisse chegar a alguma conclusão sobre a sua vida e também, afastar da sua cabeça o momento que tivera com Fábio.

Mas Fábio, pelo contrário, decidiu que o mais acertado era pensar menos no futuro e apostar mais no presente. Em vez de regressar para casa, decidiu telefonar para a sua namorada e combinaram encontrar-se, pouco depois. Mas Fábio já não a conseguiu beijar, não lhe conseguiu tocar sequer enquanto namorada. E não se sentia tão bem ao pé de Catarina, como se sentira junto a Rita. Decidiu terminar a relação mas não lhe conseguiu ser totalmente sincero, porque sabia que a iria magoar. Explicou-lhe apenas que estava a pôr um termo á relação para evitar que ela sofresse mais futuramente. Esta era uma das razões pela qual a fizera, mas a principal chamava-se Rita.

Encontrou-se mais tarde com um amigo, João Teixeira, também seu companheiro de equipa e contou-lhe toda a história, desde o momento em que conhecera Rita. E o amigo acabou por dar-lhe alguns conselhos e dizer algo que o surpreendeu e não conseguiu mais, abandonar o pensamento de Fábio. Regressou para casa, e deixou-se adormecer. Mas sempre com aquele conselho e aquelas palavras bem presentes na cabeça.

Que terá dito João?


E como ficará a história do beijo entre Rita e Fábio? Será que está a nascer algum outro sentimentos entre eles?

4 comentários:

  1. Olá. Gostei muito deste capitulo curtinho...mas bom :)
    O que o João terá dito?...não sei, mas espero que tenha sido uma coisa boa :)
    Espero que a história do beijo entre a Rita e o Fábio seja mais séria ;)
    E acho que está a nascer algum sentimento entre eles os dois :D
    Espero pelo próximo sff :)
    Bjs

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  2. Olá

    Adorei *_*


    Beijinhos


    Catarina

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  3. Gostei deste capitulo!! Estes dois estão cada vez mais apanhadinhos um pelo outro! Claro que vão ter ciúmes...
    ahahah o médico : "a sua namorada, " o seu namorado", pois, tá a vista de todos, só eles é que ainda nao virão. O sentimento está a crescer e esta amizade vai transformar-se em amor!
    O João deve ter dito que o Fábio está a apaixonar-se pela Rita, e só agora é que o Fábio vai abrir os olhinhos e ver que é verdade, ora se ele já nao conseguiu beijar a outra!
    Beijinhos*

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  4. E o Prémio para Pior Leitora do Ano vai para... MIM MIM MIM!
    Puta madre, sou uma vergonha como leitora!
    Tinha tres caps em atraso e so agora me consegui atualizar! E amei!!!!!! O Pedro foi um bocadinho parvo na minha opiniao. Tudo bem que se sentia "ameaçado" pelo Joao, mas podia ter feito as coisas de outra maneira. Assim só a perdeu!
    E o Fabio? O Fabio surpreende sempre. Mas eu queria tanto aquele beijo, joder!!!
    E agora? Agora quero o proximo!!!

    Beso
    Ana Santos

    P.S. All Of Me, La Tortura, Muedi, Millionaires? Joder, como é que agora tenho coragem para sair do blog *o*

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