Rita ficou surpreendida
com as palavras de Pedro, nunca, nem por um segundo pensara que o rapaz
gostasse dela há tanto tempo e nutrisse um sentimento tão forte. Gostava de
estar junto dele, sentia-se bem a beijá-lo, mas acreditava nas palavras que
Fábio lhe dissera. No fundo, o coração dela estava a “usar” Pedro para tentar
apagar a mágoa deixada por Tiago e a rapariga não queria. Os sentimentos eram
bem claros, para si.
-Gosto demasiado de ti para te magoar, mas também não
te vou mentir. Esta relação, faz-me sentir bem, mas não gosto de ti dessa
forma, desculpa. És o meu melhor amigo. És incrível, maravilhoso e encantador,
mas não és o homem indicado para mim. E não pretendo ter um envolvimento sério
com alguém nos próximos tempos, não me quero tornar a apaixonar e mesmo sem
querer, depois do que ouvi, acabo por dar razão ao Fábio. – Pedro
começava a gostar cada vez menos da importância que o rapaz tinha na vida da
sua amiga. – Não te vou usar para
esquecer o meu ex. Mas o meu coração vai querer que fiques com o lugar dele. E
isto não nos vai fazer bem. Vou-me iludir e vou-te iludir. – Durante alguns
segundos, Pedro sentiu uma enorme repulsa, náusea e um sentimento de puro ódio
por Fábio. Ele estava mesmo a afastar Rita de si. Ela levantou-se e o rapaz
colocou-se de frente para ela. Olhando-a olhos nos olhos.
-Só acho triste que dês mais ouvidos a um rapaz que
conheces há meia-dúzia de dias do que a mim, que conheces há 7 anos. – Disse
Pedro revoltado com a situação em que se encontrava. Furioso pelas escolhas da
sua amiga e namorada. – Ele tem um enorme poder sobre ti e tu nem
percebes. Mesmo se sentisses algo por mim, ele já te teria manipulado para não
o assumires. E um dia ele vai usar isso,
vai-te comer e deitar fora como fez com todas as outras. E tu simplesmente
vais... Cair. Nessa altura vens-me dar razão e vens ter comigo a queixares-te
que ele te usou e simplesmente esqueceu-se de ti. E nessa altura vai ser tarde
demais. Não vou pode ajudar-te. – Era
uma pessoa extremamente calma mas com aquelas atitudes da sua amada, estava a perder
toda a paciência e pacificidade que eram bastante típicos. – É triste, mas as pessoas
fazem opções na vida, e tu sem precisares, preferiste o Fábio.
-Preferias que te tivesse mentido e tivesse dito que
queria estar ao teu lado? Preferias viver numa ilusão, do que viver na dura realidade.
E se o Fábio fizer de mim gato sapato? O problema é meu! Sou eu que sofro! E
ele não o faria porque já me provou que é meu amigo secalhar até mais que tu. E
esses ciúmes só te fazem mal. Foram esses ciúmes que te fizeram perder-me.
-Então está oficialmente tudo acabado entre nós? – Largou um
sorriso que de verdadeiro era como o sentimento de ódio entre Rita e Fábio. – É melhor, mas também lamento que seja por
este motivo. Acreditava que fossemos durar. – Disse verdadeiramente magoado
Pedro. Magoado com as atitudes e palavras de Rita, mas também com a forma como
Fábio, de quem se considerava amigo, o tentara magoar (indiretamente) daquela
forma.
-Sim, sabendo tudo o que sei agora, não faz sentido continuar. Se tiver
que escolher entre um amor e uma amizade, escolho a última, porque é eterna. E
neste caso, escolho o Fábio. – Rita
virou costas e deixou Pedro sozinho. Tinha vontade de chorar, vontade dos
tempos em que a vida lhe sorria e parecia estar tudo bem. Mas nos últimos
tempos da sua vida, parecia que não podia acontecer algo bom. Tinha vindo de
mota para casa do amigo, por isso este seria também o seu refúgio da dura
realidade. Sentia-se tristemente sozinha. E, agora estava dependente apenas de
um amigo, Fábio. Mas não queria incomodá-lo com os seus problemas. Mas
precisava dele. Mais do que nunca.
Colocou o capacete e
seguiu caminho, até destino incerto. Estava calor mas com a velocidade a que
viajava fazia-a sentir-se com frio. Mas ela parecia não se deixar afetar. Mas
numa determinada altura, Rita ia a com a cabeça tão distante do local onde o
seu corpo estava, que acabou por ir em direção a um passeio. A roda da frente
da mota bateu sobre o passeio e Rita acabou por cair. Por sorte, o seu corpo
não deu uma cambalhota sobre si mesmo e acabou por apenas tombar para o lado
direito. Mas as dores e o corpo magoado, mantiveram-se. Tirou o capacete e observou
todas as mazelas presentes no seu corpo.
O pé direito estava muito inchado, e doia-lhe
bastante, tentou poisá-lo no chão mas não conseguia. Não tinha força para tal.
Não levara consigo o telemóvel, por isso pouco poderia fazer. O pulso doia-lhe
mas não estava inchado, apenas magoado. O seu braço e a sua perna tinham
pequenas feridas e arranhões. Era o primeiro acidente que tivera depois de
começar a conduzir. Olhou para a estrada com intenção de ver se algum carro se
aproximava ou se alguém passava por ali. Olhou também para a moto, que estava
no chão, e muito provavelmente teria de ir para a oficina. Até que estacionou
um carro do outro lado da rua, sem Rita conseguir compreender quem o conduzia.
Parou e a porta do condutor abriu e pode observar Fábio que rapidamente se
colocou junto da amiga e disse:
-Rita. – Sentou-se ao seu
lado a tentar observar os seus ferimentos. –
Que se passou? – Perguntou bastante preocupado. – Estás bem? – Rita
deu-lhe o braço de forma a demonstrar os seus ferimentos. – Vamos já para o hospital.
– Tentou dar-lhe a mão de forma a ajudar a amiga a levantar-se do chão, mas
mal ela tentou poisar o pé no chão, voltou a sentar-se.
-Porra! – A rapariga nunca tinha usado palavras
menos agradáveis quando estivera junto de Fábio e esta atitude surpreendeu-o,
rapidamente compreendeu que a amiga não estava nada bem. - Não estou nada bem. Nada me corre bem. Quando parece que uma coisa
está bem, transformar-se logo em cacos! Já começa a fartar! – A rapariga pegou numa pedra que estava
junto ao pulso esquerdo e atirou uma pedra. – Não me basta estar um caco por dentro, também tenho que estar por fora.
– Pela primeira vez olhou para
Fábio com esperança de receber um olhar carinhoso. Muitas vezes conseguiam
comunicar por olhares, sem existir a necessidade de se expressarem por
palavras.
-Que se passou? – Olhou para os arranhões que estavam na
testa da amiga. E pode reconhecer que a amiga tinha também uma pequena ferida
sobre a sobrancelha.
-Estou farta! Só me apetece desaparecer! – Fábio deu
um beijo sobre o nariz da amiga e respondeu:
-E achas que eu seria o mesmo sem ti? – Sorriram
em conjunto. –Desculpa armar-te em teu
paizinho, mas vamos falando enquanto vamos a caminho do hospital que não estás
nada com bom aspeto.
-E o que fazemos com a mota? Não a vou deitar aqui ao
abandono. Mas também não consigo pegar nela e conduzir, nem consigo pousar o
meu pé no chão.
-Confia em mim. Sei cuidar de ti! – Disse seguro das suas palavras, até então Rita estava
a ensinar Fábio a lidar com situações da vida que ele não esperava, agora era
ele que ensinara Rita a confiar num amigo.
-Vou confiar em ti Fábio! – O rapaz
pegou em Rita com os seus braços e transportou-a até junto do seu carro. Estava
a cuidar da amiga como prometera ao pai dela, mas também como se sentia bem a
fazê-lo. Era uma verdadeira amiga e queria estimá-la e ajudá-la. Abriu o carro com
o seu controlo remoto e abriu a porta com alguma agilidade, tendo a rapariga ao
colo. Pousou-a e disse. – Tens ai uma
garrafa debaixo do banco do condutor, passa algumas feridas por água que eu vou
só pedir ao segurança para guardar a moto. – A rapariga respondeu acenando com a cabeça e ele beijou-lhe a
testa, sobre alguns arranhões que ela tinha, como se fosse um beijinho que os
curasse. Se assim fosse, ele teria beijado todas as feridas do seu corpo para a
colocar de plena saúde. – Volto já. Se
for preciso grita que eu não demoro.
Agarrou na moto da amiga e
endireitou-a. Tirou a chave da ignição e levou-a ao seu lado até á entrada do
Caixa Futebol Campus, onde existia sempre um segurança. Pediu para guardar a
moto e guardou a chave do veículo no bolso. Correu até ao carro e encontrou a
amiga a passar por água as últimas feridas. Foi até ao porta bagagem e tirou de
lá um casaco que tinha. – Usa isto para
estagnar as tuas feridas. És capaz de ter de desinfetar alguma nos cotovelos. Mas
agora vou fechar a porta para irmos o mais rápido possível até ao hospital.
-Mas assim vou sujar o teu casaco.
-Não há nada que depois a máquina não faça! O que mais
me preocupa neste momento és tu! –
Rita sorriu, agradecida pelas atitudes de amigo de Fábio.
-Obrigada! – Ela fechou a porta e o rapaz seguiu
caminho até ao centro de saúde mais próximo, que não era muito longe.
Assim que chegaram ao
local, Fábio estacionou o carro e levantou-se do seu banco e sentou-se ao lado
da amiga.
-Como estás Ritinha? –
Ela sorriu.
-Estou bem mas tenho algumas dores. Mas isso é normal.
Obrigada.
-Se tu agradeces por mais alguma coisa, eu chateio-me
Maria Rita!
-Pareces o meu pai a chamar-me pelos dois nomes, Fábio
Rafael!
-Pronto peço desculpa. Não gastes o meu nome que ele já
é lindo por natureza!
-Convencido! Por acaso nunca fui grande adepta do nome
Fábio. Agora Rafael é um nome mesmo bonito!
-Claro que fui eu que te fiz gostar! Estou a brincar
mas olha que até é um bom nome, eu gosto! Mas agora o que me preocupa é a tua
segurança e o teu bem-estar. Vou levar-te até ao médico. – A
preocupação do rapaz era o bem-estar da sua amiga, ter a certeza que ela
estaria bem e que ficaria bem. Cada dia gostava mais dela e fazia tudo para
cuidar de uma boa amiga.
-Primeiro tenho que conversar contigo sobre outra coisa!
Depois já lá vamos. – A rapariga tinha
algumas dores e talvez o mais acertado era adiar a conversa, mas era uma pessoa
de ideias fixas e impedira-a de fazer o que talvez fosse o mais acertado. – Há
pouco tive uma atitude de menina mimada, mas acredita que não sou. Preciso de
me animar, e de apoio. Preciso de arranjar uma explicação para tudo na minha
vida. Gostava que as coisas começassem a ganhar sentido, já merecia.
-Que se passou? – Perguntou endireitando-se no banco do
carro e fazendo Rita pousar a cabeça sobre a sua perna e observavam-se.
-Foi o Pedro. Mas a culpa é minha, porque já devia
estar á espera que as pessoas me desiludissem, mas acredito sempre no melhor.
Depois magoou-me. – Confessou virando o olhar da face de
Fábio.
-Vocês já se conhecem há tantos anos, e tu parecias tão
feliz.
-E estava. Mas detesto que as pessoas queiram mandar na
minha vida, que me obriguem a escolher entre duas coisas que quero e ele tentou,
mas não cedi. Se tiver que escolher, escolho, mas não é para o lado que lhe
convêm.
-Não sei porquê mas sinto que estou envolvido nessa
história.
-Perspicaz o menino! – Sorriram. – O Pedro insinuou que te
dava mais ouvidos do que a ele. Que mesmo se gostasse dele da mesma forma, não
o assumiria porque tu já devias ter usado alguma espécie de superpoder ou assim
para não assumir. Que sou apenas um peão nas tuas mãos e tu vai usar-me e
deitar fora, como fizeste com as outras. E que eu simplesmente cair. E que
depois disso tudo, vou ter com ele que
não vai poder ajudar. E que te preferi a ele. Não acho isto normal juro. Nunca
o Tiago me fez escolher entre ele e um amigo e estivemos juntos durante imenso
tempo, não vai ser o Pedro nesta relação que nem é bem séria que me vai obrigar
a escolher. Por isso acabamos e eu disse que optava por ti. – O olhar de Fábio brilhou com as
palavras e com a atitude da sua amiga.
-O Pedro quis que escolhesses entre mim e ele? E tu
escolheste-me a mim? – Perguntou admirado e sem reação
possível.
-Ele encostou-me á parede e obrigou-me a escolher entre
a tua amizade e o amor dele. E eu escolhi-te a ti, porque amores podemos ter
muitos durante a vida, mas amizades contam-se pelas mãos. – Disse
limpando as lágrimas que teimava escorrer-lhe pela cara. –A minha decisão por raiva no instante, mas o que mais me chateou foi
tipo aquele olhar de fúria e de ódio em relação a ti. Foi intimidante. Ele tinha medo de me perder e isso fê-lo
perder-me. Acredita quando digo que a dor física neste momento não é nada
comparado a psicológica. Não tenho mesmo jeito para relações, vou para freira,
porque nem para curtes tenho talento!
-Até entendo, em certo ponto a atitude dele. – Rita ficou surpreendida pelas palavras de Fábio mas
deixou-o continuar a falar. - Sabe que sou dado a relações pouco sérias e
ele tem medo que te use para isso, mas já te disse e já te provei, que contigo,
estou interessado apenas numa bonita amizade. E prometi ao teu pai que tomava
conta de ti, dei a minha palavra. E ele também tem ciúmes de estarmos tanto
tempo juntos, mas nem tenta entender, se confiasse em nós, teria deixado as
coisas como estavam. Mas compreendo o que fizeste, tenho de agradecer e sinto
que a nossa amizade é mais importante para ti, do que pensava. É tão importante
como para mim, e isso é bom. E não vais nada para freira que era um desperdício
enfiares-te num convento, és demasiado bonita para ires para lá! As freiras têm
de ser todas feias! E simplesmente não resultou porque ainda não encontraste
alguém que te mereça, e vai ser difícil porque mereces o melhor. – Rita ficou extremamente grata pelas
palavras de Fábio. E cada vez estava mais certa da sua escolha. Olhou para ele
e os olhos apenas sorriram, transbordando orgulho mútuo.
“Wasn't
looking for trouble, but it came looking for me (Não estava á procura de trabalho, mas eles
vieram ter comigo)
I tried
to say no but I can't fight it she was looking lovely (Tentei dizer que não mas
não consigo lutar contra aquele olhar amoroso)
She kind
reminds me of a girl I know (Ela faz-me lembrar uma rapariga)
This
pretty young thing that I got waiting for me back at home” (Esta coisinha jovem bonita
que está á minha espera quando voltar para casa)
O telemóvel de Fábio tocara e acabara por
interromper o momento. Quando se conheceram, fora Rita que lhe apresentara
aquela música como descrição possível para ele e agora tinha-a como toque do
telemóvel. Tirou-o do bolso e mirou o ecrã, sentiu-se intimidado.
-Podes
atender. – Disse ela.
-Não é
importante.
-É a tua
mãe?
-Não.
-A Tânia?
-Também
não.
-Alguma
amiga?
-Mais ou
menos.
-Já
entendi que é uma das tuas “amiguinhas”. – Fez aspas
com os dedos.
-Não. É
mesmo a minha namorada, começamos ontem e tínhamos combinado estar juntos, quando te vi, mas entretanto esqueci-me completamente... – Rita abrira os olhos surpreendida com
o que acabara de ouvir. Parecia que lhe tinham espetado mais uma facada no
coração pelas costas. Ela tinha optado por terminar uma relação para puder ser
amiga dele e ele já tinha namorada? Rita pensara que já começara a mudar Fábio
para não ficar preso a relações como aquelas, mas o rapaz começara uma
recentemente, praticamente ao mesmo tempo que começara a de Pedro e Rita.
Será coincidência o inicio
de relações em simultâneo?
Como irá reagir Rita? E
como ficará a relação de ambos?
Opá, ele não pode ter namorada!!
ResponderEliminarEle é só da Rita! :)
Pronta já passou a minha indignação, adorei o teu capitulo, mas tu sabes que eu adoro todos os teus capítulos, achei super fofo ela ter escolhido o Fábio, porque acho que eles ainda vão dar que falar e eu sou uma super torcedora deles :P
Bjs :*
Olá. Gostei muito e espero pelo próximo :)
ResponderEliminarMas o Fábio tem namorada? :O...NÃO PODE SER :O
Espero que seja coincidência o inicio da relação. Espero que a Rita reaja bem e espero que a relação de ambos não mude :/
Bis