domingo, 12 de janeiro de 2014

Capítulo 14: “As pessoas fazem opções na vida”


Rita ficou surpreendida com as palavras de Pedro, nunca, nem por um segundo pensara que o rapaz gostasse dela há tanto tempo e nutrisse um sentimento tão forte. Gostava de estar junto dele, sentia-se bem a beijá-lo, mas acreditava nas palavras que Fábio lhe dissera. No fundo, o coração dela estava a “usar” Pedro para tentar apagar a mágoa deixada por Tiago e a rapariga não queria. Os sentimentos eram bem claros, para si.

-Gosto demasiado de ti para te magoar, mas também não te vou mentir. Esta relação, faz-me sentir bem, mas não gosto de ti dessa forma, desculpa. És o meu melhor amigo. És incrível, maravilhoso e encantador, mas não és o homem indicado para mim. E não pretendo ter um envolvimento sério com alguém nos próximos tempos, não me quero tornar a apaixonar e mesmo sem querer, depois do que ouvi, acabo por dar razão ao Fábio. Pedro começava a gostar cada vez menos da importância que o rapaz tinha na vida da sua amiga. – Não te vou usar para esquecer o meu ex. Mas o meu coração vai querer que fiques com o lugar dele. E isto não nos vai fazer bem. Vou-me iludir e vou-te iludir. – Durante alguns segundos, Pedro sentiu uma enorme repulsa, náusea e um sentimento de puro ódio por Fábio. Ele estava mesmo a afastar Rita de si. Ela levantou-se e o rapaz colocou-se de frente para ela. Olhando-a olhos nos olhos.

-Só acho triste que dês mais ouvidos a um rapaz que conheces há meia-dúzia de dias do que a mim, que conheces há 7 anos. Disse Pedro revoltado com a situação em que se encontrava. Furioso pelas escolhas da sua amiga e namorada. Ele tem um enorme poder sobre ti e tu nem percebes. Mesmo se sentisses algo por mim, ele já te teria manipulado para não o assumires.  E um dia ele vai usar isso, vai-te comer e deitar fora como fez com todas as outras. E tu simplesmente vais... Cair. Nessa altura vens-me dar razão e vens ter comigo a queixares-te que ele te usou e simplesmente esqueceu-se de ti. E nessa altura vai ser tarde demais. Não vou pode ajudar-te. Era uma pessoa extremamente calma mas com aquelas atitudes da sua amada, estava a perder toda a paciência e pacificidade que eram bastante típicos. É triste, mas as pessoas fazem opções na vida, e tu sem precisares, preferiste o Fábio.

-Preferias que te tivesse mentido e tivesse dito que queria estar ao teu lado? Preferias viver numa ilusão, do que viver na dura realidade. E se o Fábio fizer de mim gato sapato? O problema é meu! Sou eu que sofro! E ele não o faria porque já me provou que é meu amigo secalhar até mais que tu. E esses ciúmes só te fazem mal. Foram esses ciúmes que te fizeram perder-me.

-Então está oficialmente tudo acabado entre nós? Largou um sorriso que de verdadeiro era como o sentimento de ódio entre Rita e Fábio. – É melhor, mas também lamento que seja por este motivo. Acreditava que fossemos durar. – Disse verdadeiramente magoado Pedro. Magoado com as atitudes e palavras de Rita, mas também com a forma como Fábio, de quem se considerava amigo, o tentara magoar (indiretamente) daquela forma.

-Sim, sabendo tudo o que sei agora, não faz sentido continuar. Se tiver que escolher entre um amor e uma amizade, escolho a última, porque é eterna. E neste caso, escolho o Fábio. Rita virou costas e deixou Pedro sozinho. Tinha vontade de chorar, vontade dos tempos em que a vida lhe sorria e parecia estar tudo bem. Mas nos últimos tempos da sua vida, parecia que não podia acontecer algo bom. Tinha vindo de mota para casa do amigo, por isso este seria também o seu refúgio da dura realidade. Sentia-se tristemente sozinha. E, agora estava dependente apenas de um amigo, Fábio. Mas não queria incomodá-lo com os seus problemas. Mas precisava dele. Mais do que nunca.

Colocou o capacete e seguiu caminho, até destino incerto. Estava calor mas com a velocidade a que viajava fazia-a sentir-se com frio. Mas ela parecia não se deixar afetar. Mas numa determinada altura, Rita ia a com a cabeça tão distante do local onde o seu corpo estava, que acabou por ir em direção a um passeio. A roda da frente da mota bateu sobre o passeio e Rita acabou por cair. Por sorte, o seu corpo não deu uma cambalhota sobre si mesmo e acabou por apenas tombar para o lado direito. Mas as dores e o corpo magoado, mantiveram-se. Tirou o capacete e observou todas as mazelas presentes no seu corpo. 

O pé direito estava muito inchado, e doia-lhe bastante, tentou poisá-lo no chão mas não conseguia. Não tinha força para tal. Não levara consigo o telemóvel, por isso pouco poderia fazer. O pulso doia-lhe mas não estava inchado, apenas magoado. O seu braço e a sua perna tinham pequenas feridas e arranhões. Era o primeiro acidente que tivera depois de começar a conduzir. Olhou para a estrada com intenção de ver se algum carro se aproximava ou se alguém passava por ali. Olhou também para a moto, que estava no chão, e muito provavelmente teria de ir para a oficina. Até que estacionou um carro do outro lado da rua, sem Rita conseguir compreender quem o conduzia. Parou e a porta do condutor abriu e pode observar Fábio que rapidamente se colocou junto da amiga  e disse:

-Rita. Sentou-se ao seu lado a tentar observar os seus ferimentos. Que se passou? Perguntou bastante preocupado. Estás bem? – Rita deu-lhe o braço de forma a demonstrar os seus ferimentos. Vamos já para o hospital. – Tentou dar-lhe a mão de forma a ajudar a amiga a levantar-se do chão, mas mal ela tentou poisar o pé no chão, voltou a sentar-se.

-Porra! A rapariga nunca tinha usado palavras menos agradáveis quando estivera junto de Fábio e esta atitude surpreendeu-o, rapidamente compreendeu que a amiga não estava nada bem. - Não estou nada bem. Nada me corre bem. Quando parece que uma coisa está bem, transformar-se logo em cacos! Já começa a fartar! A rapariga pegou numa pedra que estava junto ao pulso esquerdo e atirou uma pedra. – Não me basta estar um caco por dentro, também tenho que estar por fora. Pela primeira vez olhou para Fábio com esperança de receber um olhar carinhoso. Muitas vezes conseguiam comunicar por olhares, sem existir a necessidade de se expressarem por palavras.

-Que se passou? Olhou para os arranhões que estavam na testa da amiga. E pode reconhecer que a amiga tinha também uma pequena ferida sobre a sobrancelha.

-Estou farta! Só me apetece desaparecer! Fábio deu um beijo sobre o nariz da amiga e respondeu:

-E achas que eu seria o mesmo sem ti? Sorriram em conjunto. –Desculpa armar-te em teu paizinho, mas vamos falando enquanto vamos a caminho do hospital que não estás nada com bom aspeto.

-E o que fazemos com a mota? Não a vou deitar aqui ao abandono. Mas também não consigo pegar nela e conduzir, nem consigo pousar o meu pé no chão.

-Confia em mim. Sei cuidar de ti! – Disse seguro das suas palavras, até então Rita estava a ensinar Fábio a lidar com situações da vida que ele não esperava, agora era ele que ensinara Rita a confiar num amigo.

-Vou confiar em ti Fábio! O rapaz pegou em Rita com os seus braços e transportou-a até junto do seu carro. Estava a cuidar da amiga como prometera ao pai dela, mas também como se sentia bem a fazê-lo. Era uma verdadeira amiga e queria estimá-la e ajudá-la. Abriu o carro com o seu controlo remoto e abriu a porta com alguma agilidade, tendo a rapariga ao colo. Pousou-a e disse. – Tens ai uma garrafa debaixo do banco do condutor, passa algumas feridas por água que eu vou só pedir ao segurança para guardar a moto. A rapariga respondeu acenando com a cabeça e ele beijou-lhe a testa, sobre alguns arranhões que ela tinha, como se fosse um beijinho que os curasse. Se assim fosse, ele teria beijado todas as feridas do seu corpo para a colocar de plena saúde. – Volto já. Se for preciso grita que eu não demoro.

Agarrou na moto da amiga e endireitou-a. Tirou a chave da ignição e levou-a ao seu lado até á entrada do Caixa Futebol Campus, onde existia sempre um segurança. Pediu para guardar a moto e guardou a chave do veículo no bolso. Correu até ao carro e encontrou a amiga a passar por água as últimas feridas. Foi até ao porta bagagem e tirou de lá um casaco que tinha. – Usa isto para estagnar as tuas feridas. És capaz de ter de desinfetar alguma nos cotovelos. Mas agora vou fechar a porta para irmos o mais rápido possível até ao hospital.

-Mas assim vou sujar o teu casaco.

-Não há nada que depois a máquina não faça! O que mais me preocupa neste momento és tu! – Rita sorriu, agradecida pelas atitudes de amigo de Fábio.

-Obrigada! Ela fechou a porta e o rapaz seguiu caminho até ao centro de saúde mais próximo, que não era muito longe.
Assim que chegaram ao local, Fábio estacionou o carro e levantou-se do seu banco e sentou-se ao lado da amiga.

-Como estás Ritinha? – Ela sorriu.

-Estou bem mas tenho algumas dores. Mas isso é normal. Obrigada.

-Se tu agradeces por mais alguma coisa, eu chateio-me Maria Rita!

-Pareces o meu pai a chamar-me pelos dois nomes, Fábio Rafael!

-Pronto peço desculpa. Não gastes o meu nome que ele já é lindo por natureza!

-Convencido! Por acaso nunca fui grande adepta do nome Fábio. Agora Rafael é um nome mesmo bonito!

-Claro que fui eu que te fiz gostar! Estou a brincar mas olha que até é um bom nome, eu gosto! Mas agora o que me preocupa é a tua segurança e o teu bem-estar. Vou levar-te até ao médico. A preocupação do rapaz era o bem-estar da sua amiga, ter a certeza que ela estaria bem e que ficaria bem. Cada dia gostava mais dela e fazia tudo para cuidar de uma boa amiga.

-Primeiro tenho que conversar contigo sobre outra coisa! Depois já lá vamos. – A rapariga tinha algumas dores e talvez o mais acertado era adiar a conversa, mas era uma pessoa de ideias fixas e impedira-a de fazer o que talvez fosse o mais acertado. Há pouco tive uma atitude de menina mimada, mas acredita que não sou. Preciso de me animar, e de apoio. Preciso de arranjar uma explicação para tudo na minha vida. Gostava que as coisas começassem a ganhar sentido, já merecia.

-Que se passou? Perguntou endireitando-se no banco do carro e fazendo Rita pousar a cabeça sobre a sua perna e observavam-se.

-Foi o Pedro. Mas a culpa é minha, porque já devia estar á espera que as pessoas me desiludissem, mas acredito sempre no melhor. Depois magoou-me. Confessou virando o olhar da face de Fábio.

-Vocês já se conhecem há tantos anos, e tu parecias tão feliz.

-E estava. Mas detesto que as pessoas queiram mandar na minha vida, que me obriguem a escolher entre duas coisas que quero e ele tentou, mas não cedi. Se tiver que escolher, escolho, mas não é para o lado que lhe convêm.

-Não sei porquê mas sinto que estou envolvido nessa história.

-Perspicaz o menino! Sorriram. O Pedro insinuou que te dava mais ouvidos do que a ele. Que mesmo se gostasse dele da mesma forma, não o assumiria porque tu já devias ter usado alguma espécie de superpoder ou assim para não assumir. Que sou apenas um peão nas tuas mãos e tu vai usar-me e deitar fora, como fizeste com as outras. E que eu simplesmente cair. E que depois disso tudo, vou ter com ele  que não vai poder ajudar. E que te preferi a ele. Não acho isto normal juro. Nunca o Tiago me fez escolher entre ele e um amigo e estivemos juntos durante imenso tempo, não vai ser o Pedro nesta relação que nem é bem séria que me vai obrigar a escolher. Por isso acabamos e eu disse que optava por ti. O olhar de Fábio brilhou com as palavras e com a atitude da sua amiga.

-O Pedro quis que escolhesses entre mim e ele? E tu escolheste-me a mim? Perguntou admirado e sem reação possível.

-Ele encostou-me á parede e obrigou-me a escolher entre a tua amizade e o amor dele. E eu escolhi-te a ti, porque amores podemos ter muitos durante a vida, mas amizades contam-se pelas mãos. Disse limpando as lágrimas que teimava escorrer-lhe pela cara. –A minha decisão por raiva no instante, mas o que mais me chateou foi tipo aquele olhar de fúria e de ódio em relação a ti. Foi intimidante.  Ele tinha medo de me perder e isso fê-lo perder-me. Acredita quando digo que a dor física neste momento não é nada comparado a psicológica. Não tenho mesmo jeito para relações, vou para freira, porque nem para curtes tenho talento!

-Até entendo, em certo ponto a atitude dele. – Rita ficou surpreendida pelas palavras de Fábio mas deixou-o continuar a falar. - Sabe que sou dado a relações pouco sérias e ele tem medo que te use para isso, mas já te disse e já te provei, que contigo, estou interessado apenas numa bonita amizade. E prometi ao teu pai que tomava conta de ti, dei a minha palavra. E ele também tem ciúmes de estarmos tanto tempo juntos, mas nem tenta entender, se confiasse em nós, teria deixado as coisas como estavam. Mas compreendo o que fizeste, tenho de agradecer e sinto que a nossa amizade é mais importante para ti, do que pensava. É tão importante como para mim, e isso é bom. E não vais nada para freira que era um desperdício enfiares-te num convento, és demasiado bonita para ires para lá! As freiras têm de ser todas feias! E simplesmente não resultou porque ainda não encontraste alguém que te mereça, e vai ser difícil porque mereces o melhor. Rita ficou extremamente grata pelas palavras de Fábio. E cada vez estava mais certa da sua escolha. Olhou para ele e os olhos apenas sorriram, transbordando orgulho mútuo.

“Wasn't looking for trouble, but it came looking for me (Não estava á procura de trabalho, mas eles vieram ter comigo)
I tried to say no but I can't fight it she was looking lovely (Tentei dizer que não mas não consigo lutar contra aquele olhar amoroso)
She kind reminds me of a girl I know (Ela faz-me lembrar uma rapariga)
This pretty young thing that I got waiting for me back at home” (Esta coisinha jovem bonita que está á minha espera quando voltar para casa)

O telemóvel de Fábio tocara e acabara por interromper o momento. Quando se conheceram, fora Rita que lhe apresentara aquela música como descrição possível para ele e agora tinha-a como toque do telemóvel. Tirou-o do bolso e mirou o ecrã, sentiu-se intimidado.

-Podes atender. Disse ela.

-Não é importante.

-É a tua mãe?

-Não.

-A Tânia?

-Também não.

-Alguma amiga?

-Mais ou menos.

-Já entendi que é uma das tuas “amiguinhas”. – Fez aspas com os dedos.

-Não. É mesmo a minha namorada, começamos ontem e tínhamos combinado estar juntos, quando te vi, mas entretanto esqueci-me completamente... Rita abrira os olhos surpreendida com o que acabara de ouvir. Parecia que lhe tinham espetado mais uma facada no coração pelas costas. Ela tinha optado por terminar uma relação para puder ser amiga dele e ele já tinha namorada? Rita pensara que já começara a mudar Fábio para não ficar preso a relações como aquelas, mas o rapaz começara uma recentemente, praticamente ao mesmo tempo que começara a de Pedro e Rita.

Será coincidência o inicio de relações em simultâneo?

Como irá reagir Rita? E como ficará a relação de ambos?

2 comentários:

  1. Opá, ele não pode ter namorada!!
    Ele é só da Rita! :)
    Pronta já passou a minha indignação, adorei o teu capitulo, mas tu sabes que eu adoro todos os teus capítulos, achei super fofo ela ter escolhido o Fábio, porque acho que eles ainda vão dar que falar e eu sou uma super torcedora deles :P
    Bjs :*

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  2. Olá. Gostei muito e espero pelo próximo :)
    Mas o Fábio tem namorada? :O...NÃO PODE SER :O
    Espero que seja coincidência o inicio da relação. Espero que a Rita reaja bem e espero que a relação de ambos não mude :/
    Bis

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