-Rita
passou-se alguma coisa grave? – Perguntou Fábio a medo.
-Sim.
Tenho de te contar algumas coisas, mas é melhor falar eu primeiro que senão
perco a coragem. Não te importas?
-Não.
Estás á vontade.
-Então
vamos para o meu quarto para ficarmos mais á vontade. – A rapariga levou o rapaz até ao quarto
e sentaram-se sobre a cama e ela começou a falar. – Em primeiro lugar, quero
que saibas que fiquei magoada com a tua, digamos ordem, sim que aquilo não foi
sugestão para fazer o teste. Eu sabia que não estava grávida e tu tinhas que
confiar em mim. Talvez um dia te explique, mas hoje ainda é cedo. Não estou
grávida e os instintos do meu pai estavam certos. Eu tenho uma doença chamada
miopatia que é quando as fibras musculares não funcionam e resultam em fraqueza
muscular. E graças a esta doença desenvolveu uma outra doença chamada
gastroparesia que é a diminuição da força de contração do músculo do estômago,
ou seja, uma lentificação na passagem de alimentos pelo estômago. E apesar dos
vómitos não serem um dos sintomas habituais, comigo aconteceu. E a cura das
minhas doenças são fazer fisioterapia, onde já fiz a primeira sessão e tenho de
tomar uns medicamentos até ao final da fisioterapia. Estou proibida de fazer
desporto durante uns tempos. E já não estou tão mal como estava, mas ainda
estou em recuperação. – Explicou
tranquilamente a rapariga mas sabia que a conversa ainda iria no inicio. Queria
contar-lhe da sua relação com o Pedro, mas não sabia se era acertado dizer-lhe
ou não. – Mas... – Rita fez
silêncio porque não sabia como abordar o tema. Tinha receio que o seu amigo não
aprovasse a relação com Pedro, que a julgasse e que a abandonasse, tinha de
confiar no amigo mas não sabia como lhe dizer.
-Tu
e o Pedro ontem beijaram-se. – Disse Fábio calmamente. –
Não precisas de ter medo de falar comigo
sobre assunto nenhum. – Beijou-lhe
a testa calmamente.
-Eu
e ele estamos juntos. –
Disse bastante rápido, deixando até a própria confusa com as suas palavras.
Mas Fábio começava a conhecê-la a cada dia mais e entendeu de imediato o que
ela queria dizer, mas não sabia como.
-Vocês
namoram?
-Não.
– Respondeu simplesmente Rita. – Nós
somos namorados mas não namoramos, apenas curtimos. Mas ainda é algo novo para
mim. Estamos felizes ao lado um do outro. Mas como é que sabias?
-Eu
vi o vosso beijo. E não quis falar sobre isso.
-Não
te agrada a ideia de estar com ele? – Perguntou admirada Rita, não esperava que ele tivesse visto o
beijo, mas surpreendera-a ainda mais o simples fato do seu amigo não querer
falar sobre o beijo. Deixou-a ainda mais desconfortável.
-Sinceramente
não. Sei que não o vais usar para esquecer o Tiago, que tens o coração
demasiado grande para o fazeres, e que não eras capaz mesmo se quisesses. Mas o
teu coração vai querer que o Pedro ocupe um lugar que não é dele. E não te vai
fazer bem, nem a ele. Não és de curtes, és de namoros e vais entrar nessa
relação mentalizada que é um namoro e vais sair magoada. E quero apenas o teu
melhor Rita. Tu queres ser feliz e pensas que é do lado do Pedro que o vais
ser, mas tens de esquecer o Tiago para seres feliz. –
Ela ficou admirada com aquelas palavras, ele começava a conhecê-la tão bem e
dizia-lhe o que ela necessitava de ouvir, de forma bastante clara e direta e
isso arrepiava-a. Sentia que estavam unidos desde outra vida. Sentia quando
falava com ele que vivia um dejá vu, que já se conheciam de outra vida e agora
limitavam-se a revivê-la.
-Mas
eu sinto-me feliz do lado dele, Fábio. – Disse tentando contrariar Fábio, sem dar a sua parte fraca, quando
no seu íntimo sabia que ele tinha razão.
-Também
cometi esse erro quando comecei a namorar com a Tânia. Sentia-me feliz ao lado
dela então decidimos seguir em frente com a relação e ela sofreu muito, porque
criou expectativas e não resultou. Estou a dar-te um conselho mas tu é que
sabes. Tu sabes melhor que eu, o que sentes por ele e o que ele sente por ti.
-Eu
sei o que sinto por ele e não sei explicar, mas disse-lhe. E o Pedro
explicou-me que é atração. Mas não sei se me habituo a esta ideia da curte, estou
habituada a relações sérias. Aliás a apenas uma relação séria, a única que tive
até hoje. Mas não sei o que o Pedro sente por mim, sinceramente. Já pensei
várias vezes sobre o assunto e ainda não cheguei a uma conclusão. Não sei
mesmo. – Confidenciou
Rita, chegando ao seu ínfimo interior, ao seu pensamento e confidência secreta.
Queria crer que Pedro apenas via nela uma amiga e recentemente namorada, que
não existia nenhum sentimento sem ser a atração, mas havia certos pormenores
que a faziam crer que existia mais sentimentos envolventes.
-Mas
vocês não falaram sobre o que sentiam um pelo outro?
-Sim.
Mas eu sinto que ele não foi completamente sincero como eu fui.
-Achas
que ele te mentiu é isso? –
Perguntou sem entender bem o que a rapariga queria dizer com aquelas
palavras.
-Não
me mentiu. Mas também não foi completamente sincero. Tipo gosto imenso dele,
sinto-me bem ao pé dele e ele diz que sente o mesmo, mas ele beijou-me do nada.
E parece que quando fala, tenta controlar-se ao máximo para não dizer tudo.
Claro que posso estar a fazer confusão, mas não sei Fábio. E tentei falar com a
minha irmã sobre isto mas ela também não me soube dar resposta.
-Que
é que a tua irmã te disse?
-Não
foi nada sobre o Pedro em concreto. Mas mais sobre... Nós. – Disse
a medo.
-Nós? – Perguntou Fábio sorrindo. – Mas
a tua irmã acha que há um nós?
-Sim.
Ela diz que nós vamos acabar juntos, namorados. E que já gostamos um do outro
mas não assumimos. Até me disse que o facto de só ter deixado que tu fosses o
único a aproximar-te de mim o prova. – Disse Rita genuinamente sem intenção de assumir um sentimento que
não sentia. Não pensara nunca em juntar-se com Fábio, a esse nível. Somente quando ele a tentara beijar, pensara durante curtos segundos como seria se
estivessem juntos. Ela começara a rir-se e Fábio acompanhara-a mas não deixou
de perguntar:
-E
é verdade?
-Fábio,
se confio em ti, é porque senti que eras meu amigo. E os meus pressentimentos
estavam certos, não te esqueças que agora temos a responsabilidade maior de
sermos padrinhos da Diana.
-Sou
um padrinho babado! – Disse
o recém-padrinho feliz e com os olhos a brilhar por falar da afilhada. –E vais dizer ao Pedro que eu e tu somos os
padrinhos?
-Vou-lhe
contar sim. Mas não sei como vai reagir.
-Contamos-lhe
os dois juntos. Que te parece?
-Preciso
fazê-lo sozinha, caso não te importes. – Pediu Rita,
preferia fazê-lo sozinha e sabia que a relação entre eles já tivera momentos
melhores dos que agora vivia.
-Tudo bem. Eu
entendo e acho que é melhor, mas se for preciso estou aqui. Sou chato mas é por
uma boa causa. E para teu bem.
-Sim,
eu sei paizinho! – Respondeu
animada. – Mas diz-me tu sabes o que o Pedro sente por mim, ou estás tão a apanhar
bonés quanto eu?
-Desconfio
de alguma coisa mas não tenho a certeza, e ele nunca falou comigo e mesmo se
falasse compreendidas que não te podia dizer.
-Eu
pergunto-lhe. Ele não teria coragem para me mentir, tenho a certeza. – Concluiu sinceramente a rapariga.
Pedrito entra de rompante no quarto, com um sorriso na
face. Rita sabia que o pequeno trazia alguma ideia bastante cravada na mente.
Já conhecia as suas feições mais traquinas. O pequeno gostara de Fábio e gostava
de receber visitas em casa, por isso também queria ter alguns momentos de
atenção. Apesar do seu recém-amigo ter dedicado grande parte da sua tarde ao
mais novo.
-Mana, a mãe
está a chamar-te. Fábio queres ir jogar comigo e com o pai? – Perguntou sorridente o mais novo.
-Sabes
o que a mãe quer?
-Não.
Só disse que queria falar contigo. Vens Fábio? – Respondeu Pedrito dando a resposta
mais vaga á irmã, centrando todas as atenções no padrinho da sua sobrinha.
-Claro campeão! – Levantou-se da cama e foi em direção
ao menino, colocou o braço em volta dos seus ombros e colocou a mão no ombro do
menino. Estavam já a sair do quarto, enquanto ela os acompanhava e disse:
-Eu vou
convosco. A minha mãe e o meu irmão mais novo estão á minha espera. – Disse animada. Rita tinha um talento
nato para cuidar de crianças e pessoas mais novas que ela, dizia que os mais
novos eram os mais genuínos, porque diziam tudo o que pensavam, por vezes até
sem medir a intensidade ou pura e simplesmente, por ingenuidade. E a ideia de
ter um irmão mais novo que Pedro agradara-lhe, afinal quase que tinha idade
para ser mãe dele.
Fábio e Pedro foram até á sala onde estava também Luís.
E Rita foi até ao quarto onde estava deitada a mãe sobre os lençóis e com a mão
pousada sobre a rapariga que a jovem se dirigiu.
-Chamaste mãe?
-Sim
filha. Senta aqui ao pé da mãe senão te importas. – Disse Maria pousando a mão sobre a sua
direita, pedindo quase sem falar que se sentasse á sua beira.
-O
mano é irrequieto mãe? – A jovem pousou a mão sobre a barriga
da mãe de forma a tentar sentir o bebé.
-Ainda
é cedo para saber filha. Quero falar contigo sobre uma coisa. – Hesitou. – Sobre o Fábio.
-Está
na sala com o mano e com o pai. Mas o que tem?
Maria disse tudo o que pensara de Fábio, tudo o que
sentia em relação a ele e o que achava da amizade entre eles, e do que podia
ser o futuro deles. E Rita ficou admirada, a mãe era a pessoa que melhor a
conhecia no mundo e dissera-lhe aquelas palavras. A jovem acabara também por
assumir a relação que tinha com Pedro, o que surpreendeu totalmente a mãe. Que
apesar de ter ficado reticente, acabou por felicitar a filha e desejar-lhe tudo
de melhor, conhecia o rapaz e sabia que era boa pessoa e pelo que conhecia
dele, sabia que era incapaz de fazer o que Tiago fizera a Rita.
Com o cansaço típico do inicio da gravidez e os enjoos
também típicos, Rita deixou a mãe descansar e foi ela própria preparar o
jantar. Mas antes de se encaminhar para a cozinha, passou pela sala e
perguntou:
-Fábio
jantas connosco?
-Não
quero dar trabalho.
-Não
digas disparates rapaz. –
Comentou o pai de Rita. – Como está a mãe, filha?
-Está enjoada,
como é normal. E também cansadita, deixei-a descansar na cama.
-E
queres ajuda para alguma coisa? – Questionou Fábio.
-Deixa-te
estar. Continua aí na brincadeira com o
meu irmão.
-Eu
ajudo-te nem que seja a pôr a mesa.
-Chato!
– Rita disse animada. – Então
quando for preciso eu chamo-te.
-Senão
chamares eu chateio-me. –
Disse brincando.
-Também gosto
muito de ti Fábio! – Respondeu
indo em direção á cozinha.
Rita preparou um prato que gostava de fazer e saudável,
sabia que o seu amigo era desportista e era importante ter uma alimentação
equilibrada. E assim a mãe até podia comer e não enjoar tão facilmente. Decidiu
colocar no forno, alguns panados e alguns douradinhos, enquanto preparava arroz
de cenoura. Rita chamou Fábio para a ajudar a colocar a mesa, o rapaz apareceu
e ela queria ajudá-lo a pôr a mesa, mas ele recusou. Preferiu fazer sozinho e
como já sabia onde estavam o que era preciso para pôr a mesa, teve a vida
facilitada. O jantar estava pronto quando a mesa ficou pronta. Chamaram a
restante família para tomar a refeição. E acabaram por tomá-la juntos
animadamente.
Depois de comerem, e de arrumarem a cozinha, Fábio foi
deitar Pedrito na cama, enquanto Maria e Luís aproveitaram para matar saudades
e Rita acabou também por ir para o seu quarto e conversar através do telemóvel
com Pedro. Fábio depois de adormecer o amigo, foi até ao quarto da amiga e
acabou apenas por lhe dar um beijo na testa, sem dizer uma palavra e foi-se
embora.
####
Rita tocou á porta da casa de Pedro e quem lhe abriu
foi Raphael Guzzo, o amigo e companheiro de casa do seu namorado.
-Olá
Raphael! – Disse Rita
cumprimentando-o com dois beijos nas bochechas.
-Olá
Rita. Não foi para estares comigo que vieste de certeza. Mas entra. - Desviou-se da entrada da porta e deu
permissão para a rapariga entrar em casa e ela assim fez. – Como estás?
-Estou
bem obrigada! E tu?
-Estou
no ir que não quero ouvir coisas que não devo. – Rita ficou envergonhada com a
afirmação de Raphael. Ele estaria a
insinuar que eles se podiam envolver a nível mais físico do que ela alguma vez
pensara.
-Não
sejas tolo. Eu e o Pedro só estamos juntos desde ontem. – Respondeu.
-Por
isso mesmo! Os dois em casa, a namorar, só pode dar uma coisa. E acho que é
informação a mais para meu gosto! Pedro, tens aqui uma surpresa para ti! – Gritou para o seu amigo ouvir. – Fui!
– Não deu tempo para nenhum
responder. Agarrou na mala e foi-se embora daquela casa, sem sequer voltar a
ver o amigo ou a namorada do amigo.
-Que
surpresa? – Pedro
chegou á sala e reparou em Rita. Aproximou-se e deu-lhe um beijo rápido nos
lábios. – Foi a melhor surpresa que aquele tótó me podia dar! – Colocou as suas mãos no fundo das
costas da namorada que rapidamente lhe sorriu.
-Não
foi ele que te quis surpreender, fui eu que decidi aparecer por aqui. E sabes o
que ele insinuou?
-Vindo
daquele panhonha nada me choca!
-Vocês
amam-se! – Disse
sorrindo e colocando as mãos nos ombros de Pedro. – Ele disse que se ia embora
para não ouvir nada que não devia. Achas isto normal? – Perguntou admirada. – Até parece que duas pessoas sozinhas em
casa tem de dar obrigatoriamente isso.
-Pois.
– Disse incomodado Pedro com toda aquela
situação.
-Já
vi que este assunto não te deixa muito á vontade.. Que se passa?
-É
complicado. – Assumiu
Pedro.
-Se
não quiseres falar estás á vontade. Mas quero que saibas que podes contar
comigo.
-Eu
sei, obrigada. E o mesmo te digo. Quero dizer-te e aqui vai. – Respirou fundo. – Mas é importante que o
saibas antes da nossa relação avançar mais, eu nunca o fiz.
-Nunca
fizeste o quê? – Perguntou
admirada.
-Amor.
Eu sou virgem, Rita. – Ela
ficou admirada, Pedro já tinha 18 anos e já tivera relações anteriores, nunca
lhe tinha passado pela cabeça que ele nunca o tivesse feito. – E
preciso de te dizer outra coisa, sobre nós.
-Queres
acabar? – Perguntou
ela a medo e com um fundo de tristeza na voz.
-Não,
longe de mim pensar nisso. –
Disse animando-a de imediato. – Não fui completamente sincero quando disse
o que sentia por ti.
-Desconfiei.
E queria falar contigo sobre isso.
-Mas
não é fácil dizer-te o que sinto.
-Se
não quiseres falar estás á vontade.
-Quero
que saibas. Já é muito tempo a esconder-te isto. E a relação só pode ter pernas
para andar depois de dizer-te.
-Ai
Pedro tu só me assustas. –
O rapaz sentou-se no sofá e ela sentou-se no seu colo. – Desembucha lá.
-Comecei
a gostar de ti, pouco antes de começares a namorar com o Tiago. E ia
assumir-te, mas tu e ele começaram e eu não quis estragar a nossa amizade. E
até hoje, ainda não tinha assumido a ninguém o que sentia. Mas compreendo que
tu não sintas nada por mim, mas no fundo espero que sintas. E que esta nossa
relação tenha pernas para andar e que sejamos felizes para o resto da nossa
vida. E sinceramente tenho medo que a tua amizade com o Fábio evolua e vocês
fiquem juntos, e eu tenho medo que ele te usa e te deite fora, que tu fiques
magoada, mais uma vez. Só te quero proteger e ajudar. Só quero que sejas feliz.
E quero ser feliz do teu lado.
Qual será a reação
de Rita?
Como ficará a
relação deles depois deste momento? E o que fará Pedro em relação a Fábio?
Já liii :)
ResponderEliminarBem fiquei chocada com a afirmação do Pedro, dá mesmo para ver as diferenças entre ele e o Fábio, mas mesmo assim eu continuo a torcer pelo Fabio, acho que ele gosta mesmo dela e só ela é que vai ser capaz de o mudar.
Quero o próximo rapidamente!!!
Beijinhos :*
Olá. Gostei muito deste capitulo :)
ResponderEliminarFiquei de boca aberta com a revelação do Pedro...nunca imaginei :O
Espero que a Rita reaja bem e não acabe com o Pedro. Espero que a relação deles fique ainda melhor, ou seja, fique mais madura :).
Seja o que for que o Pedro faça em relação ao Fábio...que seja uma coisa boa :)
Pr´oximo o mais rápido possível, sff. Bj :)