quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Capítulo 13: “Comecei a gostar de ti”


-Rita passou-se alguma coisa grave? Perguntou Fábio a medo.

-Sim. Tenho de te contar algumas coisas, mas é melhor falar eu primeiro que senão perco a coragem. Não te importas?

-Não. Estás á vontade.

-Então vamos para o meu quarto para ficarmos mais á vontade. A rapariga levou o rapaz até ao quarto e sentaram-se sobre a cama e ela começou a falar. Em primeiro lugar, quero que saibas que fiquei magoada com a tua, digamos ordem, sim que aquilo não foi sugestão para fazer o teste. Eu sabia que não estava grávida e tu tinhas que confiar em mim. Talvez um dia te explique, mas hoje ainda é cedo. Não estou grávida e os instintos do meu pai estavam certos. Eu tenho uma doença chamada miopatia que é quando as fibras musculares não funcionam e resultam em fraqueza muscular. E graças a esta doença desenvolveu uma outra doença chamada gastroparesia que é a diminuição da força de contração do músculo do estômago, ou seja, uma lentificação na passagem de alimentos pelo estômago. E apesar dos vómitos não serem um dos sintomas habituais, comigo aconteceu. E a cura das minhas doenças são fazer fisioterapia, onde já fiz a primeira sessão e tenho de tomar uns medicamentos até ao final da fisioterapia. Estou proibida de fazer desporto durante uns tempos. E já não estou tão mal como estava, mas ainda estou em recuperação. Explicou tranquilamente a rapariga mas sabia que a conversa ainda iria no inicio. Queria contar-lhe da sua relação com o Pedro, mas não sabia se era acertado dizer-lhe ou não. Mas... Rita fez silêncio porque não sabia como abordar o tema. Tinha receio que o seu amigo não aprovasse a relação com Pedro, que a julgasse e que a abandonasse, tinha de confiar no amigo mas não sabia como lhe dizer.

-Tu e o Pedro ontem beijaram-se. Disse Fábio calmamente. Não precisas de ter medo de falar comigo sobre assunto nenhum. Beijou-lhe a testa calmamente.

-Eu e ele estamos juntos. Disse bastante rápido, deixando até a própria confusa com as suas palavras. Mas Fábio começava a conhecê-la a cada dia mais e entendeu de imediato o que ela queria dizer, mas não sabia como.

-Vocês namoram?

-Não. Respondeu simplesmente Rita. Nós somos namorados mas não namoramos, apenas curtimos. Mas ainda é algo novo para mim. Estamos felizes ao lado um do outro. Mas como é que sabias?

-Eu vi o vosso beijo. E não quis falar sobre isso.

-Não te agrada a ideia de estar com ele? Perguntou admirada Rita, não esperava que ele tivesse visto o beijo, mas surpreendera-a ainda mais o simples fato do seu amigo não querer falar sobre o beijo. Deixou-a ainda mais desconfortável.

-Sinceramente não. Sei que não o vais usar para esquecer o Tiago, que tens o coração demasiado grande para o fazeres, e que não eras capaz mesmo se quisesses. Mas o teu coração vai querer que o Pedro ocupe um lugar que não é dele. E não te vai fazer bem, nem a ele. Não és de curtes, és de namoros e vais entrar nessa relação mentalizada que é um namoro e vais sair magoada. E quero apenas o teu melhor Rita. Tu queres ser feliz e pensas que é do lado do Pedro que o vais ser, mas tens de esquecer o Tiago para seres feliz. – Ela ficou admirada com aquelas palavras, ele começava a conhecê-la tão bem e dizia-lhe o que ela necessitava de ouvir, de forma bastante clara e direta e isso arrepiava-a. Sentia que estavam unidos desde outra vida. Sentia quando falava com ele que vivia um dejá vu, que já se conheciam de outra vida e agora limitavam-se a revivê-la.

-Mas eu sinto-me feliz do lado dele, Fábio. Disse tentando contrariar Fábio, sem dar a sua parte fraca, quando no seu íntimo sabia que ele tinha razão.

-Também cometi esse erro quando comecei a namorar com a Tânia. Sentia-me feliz ao lado dela então decidimos seguir em frente com a relação e ela sofreu muito, porque criou expectativas e não resultou. Estou a dar-te um conselho mas tu é que sabes. Tu sabes melhor que eu, o que sentes por ele e o que ele sente por ti.

-Eu sei o que sinto por ele e não sei explicar, mas disse-lhe. E o Pedro explicou-me que é atração. Mas não sei se me habituo a esta ideia da curte, estou habituada a relações sérias. Aliás a apenas uma relação séria, a única que tive até hoje. Mas não sei o que o Pedro sente por mim, sinceramente. Já pensei várias vezes sobre o assunto e ainda não cheguei a uma conclusão. Não sei mesmo. Confidenciou Rita, chegando ao seu ínfimo interior, ao seu pensamento e confidência secreta. Queria crer que Pedro apenas via nela uma amiga e recentemente namorada, que não existia nenhum sentimento sem ser a atração, mas havia certos pormenores que a faziam crer que existia mais sentimentos envolventes.

-Mas vocês não falaram sobre o que sentiam um pelo outro?

-Sim. Mas eu sinto que ele não foi completamente sincero como eu fui.

-Achas que ele te mentiu é isso? Perguntou sem entender bem o que a rapariga queria dizer com aquelas palavras.

-Não me mentiu. Mas também não foi completamente sincero. Tipo gosto imenso dele, sinto-me bem ao pé dele e ele diz que sente o mesmo, mas ele beijou-me do nada. E parece que quando fala, tenta controlar-se ao máximo para não dizer tudo. Claro que posso estar a fazer confusão, mas não sei Fábio. E tentei falar com a minha irmã sobre isto mas ela também não me soube dar resposta.

-Que é que a tua irmã te disse?

-Não foi nada sobre o Pedro em concreto. Mas mais sobre... Nós. – Disse a medo.

-Nós? Perguntou Fábio sorrindo. Mas a tua irmã acha que há um nós?

-Sim. Ela diz que nós vamos acabar juntos, namorados. E que já gostamos um do outro mas não assumimos. Até me disse que o facto de só ter deixado que tu fosses o único a aproximar-te de mim o prova. Disse Rita genuinamente sem intenção de assumir um sentimento que não sentia. Não pensara nunca em juntar-se com Fábio, a esse nível. Somente quando ele a tentara beijar, pensara durante curtos segundos como seria se estivessem juntos. Ela começara a rir-se e Fábio acompanhara-a mas não deixou de perguntar:

-E é verdade?

-Fábio, se confio em ti, é porque senti que eras meu amigo. E os meus pressentimentos estavam certos, não te esqueças que agora temos a responsabilidade maior de sermos padrinhos da Diana.

-Sou um padrinho babado! Disse o recém-padrinho feliz e com os olhos a brilhar por falar da afilhada. –E vais dizer ao Pedro que eu e tu somos os padrinhos?

-Vou-lhe contar sim. Mas não sei como vai reagir.

-Contamos-lhe os dois juntos. Que te parece?

-Preciso fazê-lo sozinha, caso não te importes. – Pediu Rita, preferia fazê-lo sozinha e sabia que a relação entre eles já tivera momentos melhores dos que agora vivia.

-Tudo bem. Eu entendo e acho que é melhor, mas se for preciso estou aqui. Sou chato mas é por uma boa causa. E para teu bem.

-Sim, eu sei paizinho! Respondeu animada. Mas diz-me tu sabes o que o Pedro sente por mim, ou estás tão a apanhar bonés quanto eu?

-Desconfio de alguma coisa mas não tenho a certeza, e ele nunca falou comigo e mesmo se falasse compreendidas que não te podia dizer.

-Eu pergunto-lhe. Ele não teria coragem para me mentir, tenho a certeza. Concluiu sinceramente a rapariga.
Pedrito entra de rompante no quarto, com um sorriso na face. Rita sabia que o pequeno trazia alguma ideia bastante cravada na mente. Já conhecia as suas feições mais traquinas. O pequeno gostara de Fábio e gostava de receber visitas em casa, por isso também queria ter alguns momentos de atenção. Apesar do seu recém-amigo ter dedicado grande parte da sua tarde ao mais novo.

-Mana, a mãe está a chamar-te. Fábio queres ir jogar comigo e com o pai? Perguntou sorridente o mais novo.

-Sabes o que a mãe quer?

-Não. Só disse que queria falar contigo. Vens Fábio? Respondeu Pedrito dando a resposta mais vaga á irmã, centrando todas as atenções no padrinho da sua sobrinha.

-Claro campeão! Levantou-se da cama e foi em direção ao menino, colocou o braço em volta dos seus ombros e colocou a mão no ombro do menino. Estavam já a sair do quarto, enquanto ela os acompanhava e disse:

-Eu vou convosco. A minha mãe e o meu irmão mais novo estão á minha espera. Disse animada. Rita tinha um talento nato para cuidar de crianças e pessoas mais novas que ela, dizia que os mais novos eram os mais genuínos, porque diziam tudo o que pensavam, por vezes até sem medir a intensidade ou pura e simplesmente, por ingenuidade. E a ideia de ter um irmão mais novo que Pedro agradara-lhe, afinal quase que tinha idade para ser mãe dele.
Fábio e Pedro foram até á sala onde estava também Luís. E Rita foi até ao quarto onde estava deitada a mãe sobre os lençóis e com a mão pousada sobre a rapariga que a jovem se dirigiu.

-Chamaste mãe?

-Sim filha. Senta aqui ao pé da mãe senão te importas. Disse Maria pousando a mão sobre a sua direita, pedindo quase sem falar que se sentasse á sua beira.

-O mano é irrequieto mãe? – A jovem pousou a mão sobre a barriga da mãe de forma a tentar sentir o bebé.

-Ainda é cedo para saber filha. Quero falar contigo sobre uma coisa. Hesitou. Sobre o Fábio.

-Está na sala com o mano e com o pai. Mas o que tem?
Maria disse tudo o que pensara de Fábio, tudo o que sentia em relação a ele e o que achava da amizade entre eles, e do que podia ser o futuro deles. E Rita ficou admirada, a mãe era a pessoa que melhor a conhecia no mundo e dissera-lhe aquelas palavras. A jovem acabara também por assumir a relação que tinha com Pedro, o que surpreendeu totalmente a mãe. Que apesar de ter ficado reticente, acabou por felicitar a filha e desejar-lhe tudo de melhor, conhecia o rapaz e sabia que era boa pessoa e pelo que conhecia dele, sabia que era incapaz de fazer o que Tiago fizera a Rita.
Com o cansaço típico do inicio da gravidez e os enjoos também típicos, Rita deixou a mãe descansar e foi ela própria preparar o jantar. Mas antes de se encaminhar para a cozinha, passou pela sala e perguntou:

-Fábio jantas connosco?

-Não quero dar trabalho.

-Não digas disparates rapaz. Comentou o pai de Rita. Como está a mãe, filha?

-Está enjoada, como é normal. E também cansadita, deixei-a descansar na cama.

-E queres ajuda para alguma coisa? Questionou Fábio.

-Deixa-te estar.  Continua aí na brincadeira com o meu irmão.

-Eu ajudo-te nem que seja a pôr a mesa.

-Chato! Rita disse animada. Então quando for preciso eu chamo-te.

-Senão chamares eu chateio-me. Disse brincando.

-Também gosto muito de ti Fábio! Respondeu indo em direção á cozinha.
Rita preparou um prato que gostava de fazer e saudável, sabia que o seu amigo era desportista e era importante ter uma alimentação equilibrada. E assim a mãe até podia comer e não enjoar tão facilmente. Decidiu colocar no forno, alguns panados e alguns douradinhos, enquanto preparava arroz de cenoura. Rita chamou Fábio para a ajudar a colocar a mesa, o rapaz apareceu e ela queria ajudá-lo a pôr a mesa, mas ele recusou. Preferiu fazer sozinho e como já sabia onde estavam o que era preciso para pôr a mesa, teve a vida facilitada. O jantar estava pronto quando a mesa ficou pronta. Chamaram a restante família para tomar a refeição. E acabaram por tomá-la juntos animadamente.
Depois de comerem, e de arrumarem a cozinha, Fábio foi deitar Pedrito na cama, enquanto Maria e Luís aproveitaram para matar saudades e Rita acabou também por ir para o seu quarto e conversar através do telemóvel com Pedro. Fábio depois de adormecer o amigo, foi até ao quarto da amiga e acabou apenas por lhe dar um beijo na testa, sem dizer uma palavra e foi-se embora.

####

Rita tocou á porta da casa de Pedro e quem lhe abriu foi Raphael Guzzo, o amigo e companheiro de casa do seu namorado.

-Olá Raphael! Disse Rita cumprimentando-o com dois beijos nas bochechas.

-Olá Rita. Não foi para estares comigo que vieste de certeza. Mas entra. - Desviou-se da entrada da porta e deu permissão para a rapariga entrar em casa e ela assim fez. Como estás?

-Estou bem obrigada! E tu?

-Estou no ir que não quero ouvir coisas que não devo. Rita ficou envergonhada com a afirmação de Raphael. Ele estaria a insinuar que eles se podiam envolver a nível mais físico do que ela alguma vez pensara.

-Não sejas tolo. Eu e o Pedro só estamos juntos desde ontem. – Respondeu.

-Por isso mesmo! Os dois em casa, a namorar, só pode dar uma coisa. E acho que é informação a mais para meu gosto! Pedro, tens aqui uma surpresa para ti! Gritou para o seu amigo ouvir. Fui! Não deu tempo para nenhum responder. Agarrou na mala e foi-se embora daquela casa, sem sequer voltar a ver o amigo ou a namorada do amigo.

-Que surpresa? Pedro chegou á sala e reparou em Rita. Aproximou-se e deu-lhe um beijo rápido nos lábios. Foi a melhor surpresa que aquele tótó me podia dar! Colocou as suas mãos no fundo das costas da namorada que rapidamente lhe sorriu.

-Não foi ele que te quis surpreender, fui eu que decidi aparecer por aqui. E sabes o que ele insinuou?

-Vindo daquele panhonha nada me choca!

-Vocês amam-se! Disse sorrindo e colocando as mãos nos ombros de Pedro. Ele disse que se ia embora para não ouvir nada que não devia. Achas isto normal? Perguntou admirada. Até parece que duas pessoas sozinhas em casa tem de dar obrigatoriamente isso.

-Pois. Disse incomodado Pedro com toda aquela situação.

-Já vi que este assunto não te deixa muito á vontade.. Que se passa?

-É complicado. Assumiu Pedro.

-Se não quiseres falar estás á vontade. Mas quero que saibas que podes contar comigo.

-Eu sei, obrigada. E o mesmo te digo. Quero dizer-te e aqui vai. Respirou fundo. Mas é importante que o saibas antes da nossa relação avançar mais, eu nunca o fiz.

-Nunca fizeste o quê? Perguntou admirada.

-Amor. Eu sou virgem, Rita. Ela ficou admirada, Pedro já tinha 18 anos e já tivera relações anteriores, nunca lhe tinha passado pela cabeça que ele nunca o tivesse feito. E preciso de te dizer outra coisa, sobre nós.

-Queres acabar? Perguntou ela a medo e com um fundo de tristeza na voz.

-Não, longe de mim pensar nisso. Disse animando-a de imediato. Não fui completamente sincero quando disse o que sentia por ti.

-Desconfiei. E queria falar contigo sobre isso.

-Mas não é fácil dizer-te o que sinto.

-Se não quiseres falar estás á vontade.

-Quero que saibas. Já é muito tempo a esconder-te isto. E a relação só pode ter pernas para andar depois de dizer-te.

-Ai Pedro tu só me assustas. O rapaz sentou-se no sofá e ela sentou-se no seu colo. Desembucha lá.

-Comecei a gostar de ti, pouco antes de começares a namorar com o Tiago. E ia assumir-te, mas tu e ele começaram e eu não quis estragar a nossa amizade. E até hoje, ainda não tinha assumido a ninguém o que sentia. Mas compreendo que tu não sintas nada por mim, mas no fundo espero que sintas. E que esta nossa relação tenha pernas para andar e que sejamos felizes para o resto da nossa vida. E sinceramente tenho medo que a tua amizade com o Fábio evolua e vocês fiquem juntos, e eu tenho medo que ele te usa e te deite fora, que tu fiques magoada, mais uma vez. Só te quero proteger e ajudar. Só quero que sejas feliz. E quero ser feliz do teu lado.  

Qual será a reação de Rita?

Como ficará a relação deles depois deste momento? E o que fará Pedro em relação a Fábio?

2 comentários:

  1. Já liii :)
    Bem fiquei chocada com a afirmação do Pedro, dá mesmo para ver as diferenças entre ele e o Fábio, mas mesmo assim eu continuo a torcer pelo Fabio, acho que ele gosta mesmo dela e só ela é que vai ser capaz de o mudar.
    Quero o próximo rapidamente!!!
    Beijinhos :*

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  2. Olá. Gostei muito deste capitulo :)
    Fiquei de boca aberta com a revelação do Pedro...nunca imaginei :O
    Espero que a Rita reaja bem e não acabe com o Pedro. Espero que a relação deles fique ainda melhor, ou seja, fique mais madura :).
    Seja o que for que o Pedro faça em relação ao Fábio...que seja uma coisa boa :)
    Pr´oximo o mais rápido possível, sff. Bj :)

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