-Esteja
descansada que já fomos a uma consulta de planeamento familiar, e
quando o fizermos iremos usar o preservativo e para bem da saúde da
Rita e para ela não sofrer com as dores da menstruação, também
vai tomar a pílula.
-Sendo
assim, quero acreditar que não serei avó pelo menos, até a Rita
acabar a faculdade.
-Os
acidentes acontecem, mas iremos fazer tudo para não acontecer, pode
estar descansada.
-Que
não seja como a promessa que fizeste ao meu marido! -
Rita sorriu, ainda há momentos havia falado disso com o seu
namorado.
-Já
alguém lhe disse que a sua filha é muito parecida consigo?
-A
Rita tem características muito minhas e outras que são
completamente do pai,
pudemos
dizer que foi um trabalho bem feito.
-Não
haja dúvida! -
Suspirou.
-Mas
falando de assuntos mais sérios, vocês estão juntos há pouco
tempo mas gostam muito um do outro, isso é notório, não tens
sequer de ter ciúmes do Pedro, Fábio! -
Fez-lhe uma festa no cabelo. -
E quero apenas pedir-te para teres cuidado e fazeres de tudo para
tornares a vossa primeira vez especial, é algo único, não quero
que a Rita se arrependa, ou que fique desiludida.
-Farei
tudo para tornar o momento deveras especial, acredite em mim.
-Vou
acreditar e confiar em ti, Fábio. -
Rita não pronunciava uma única palavra, porque não sabia o que
dizer, não sabia se devia pedir para pararem a conversa, ou
simplesmente ouvir e tentar desfrutar do momento de carinho entre o
namorado e a sua mãe. -
A vossa sorte é que hoje, o Luís saiu mais cedo, mas não quero que
fiquem a molengar, por isso Fábio vai arranjar-te para tua casa, e
Rita tu fazes o mesmo. Queres ir comigo ou preferes ficar mais um
pouco com o Fábio, isto claro se ele não se importar de te dar
boleia.
-Claro
que não me importo!
-Vou
com o Fábio então.
-Já
vou preparar alguma coisa para o teu pequeno-almoço Fábio, o teu já
está, vou só chamar o teu irmão para se vir despedir de vocês e
vamos embora, mas tu, meu menino, vais para tua casa para dentro da
tua banheira!
Fábio
abraçou a namorada e deu-lhe um beijo na testa, assim que a sua
sogra saiu do quarto.
-Vou
morrer de saudades tuas, sabias?
-Fazia
uma pequena ideia! -
Deu-lhe um beijo na bochecha. -
Não vás já embora. Por favor.
-Não
posso, já estou a ouvir os passos do teu irmão a correr para aqui,
aquele miúdo adora-me sabias?
-Até
parece que também não o adoras! -
Respondeu e mal acabou de o dizer, Pedrito entrou no quarto e foi em
direção à cama.
-Então
puto como estás? -
Dito isto despenteou-se e Pedro olhou para ele muito sério.
-Puto?
Já ando na escola primária, Fábio!! -
Reclamou colocando novamente o seu cabelo direito. -
Quando me venceres na Play Station logo falamos! E porque é que
dormes sempre na cama com a mana? É por tua causa que ela não me
pediu mais para vir ter com ela aqui! -
Ficou de “trombinhas” e o cunhado deu-lhe uma festinha no braço.
-Estás
a ser injusto, Pedro Rafael! -
Reclamou a irmã. -
Tu sabes perfeitamente que adoro dormir contigo e podes perfeitamente
vir ter comigo aqui, a cama dá para os 3! E o que tem o Fábio
chamar-te puto? O Pedro também te chama e tu adoras-o desde sempre!
Tu estás com ciúmes e estás a ser tremendamente injusto!
-Pedrito,
eu compreendo que queiras a mana para ti, mas acredita que nunca ta
quis tirar, ela é tua irmã mas também é minha namorada e prometo
que a partir de agora irei passar menos tempo com ela para estares tu
pode ser? -
Dito isto, o pequeno saiu do quarto sem dizer nada mais e a irmã
ficou furiosa.
-Desculpa
Fábio. Não estava à espera de nada disto do meu irmão, ele não é
assim.
-Rita,
não fiques aqui, vai atrás e tenta falar com ele. -
Ela assim obedeceu e foi até ao quarto do irmão onde o encontrou. -
Pedrinho, foste extremamente injusto com o Fábio. É verdade que
temos estado algum tempo juntos, mas nós estamos a conhecer-nos
melhor e começamos a namorar há pouco, queremos aproveitar ao
máximo. O Fábio vai estar fora muito tempo com a equipa, tu sabes
disso. E sabes melhor que ninguém que o Tiago me magoou mesmo muito,
e sabes quem me está a ajudar a ultrapassar tudo? A pessoa com quem
foste tremendamente injusto!
-E
se o Fábio te magoar como o Tiago o fez? E se deixar de gostar de
ti?
-Se
o Fábio deixar de gostar de mim vai dizer-me e vamos arranjar uma
forma de dar a volta à situação, mas também pode acontecer eu
deixar de gostar dele. Nós gostamos um do outro, vamos saber dar a
volta aos problemas, ele não tem nada haver com o Tiago!
-Eu
gosto muito do Fábio, mas acho que o Pedro gosta mais de ti e já o
conheço há mais tempo.
-Mas
ninguém manda no coração meu bem, eu não escolhi gostar do Fábio,
aconteceu.
-Tu
és forte, mas tenho medo que ele te magoe, outra vez.
-Eu
também tenho medo que ele me magoe, mas sabes uma coisa? Eu tenho de
confiar nele, tenho de confiar no Fábio, porque nem toda a gente é
como o outro rapaz.
-Está
bem mana, eu vou dar uma oportunidade ao Fábio, mas se ele te magoar
eu chateio-me contigo e com ele!
-Está
prometido meu bem! -
Deu-lhe um beijo. -
E agora vai lá pedir desculpa ao Fábio enquanto eu vou falar com a
mãe.
-Está
bem. -
Dito isto virou-se e viu a mãe.
-Vais
ser uma mãe excelente, não tenho dúvidas disso! Tenho muito
orgulho em ti, sabias? -
Deu-lhe um beijo na face. -
O medo do Pedrinho é compreensível, não é por não gostar do
Fábio, sabes bem que não é isso, e por gostar demasiado do Pedro,
ou melhor, do Rebocho.
-Eu
compreendo que ele já o conhece há mais tempo, mas eu não escolhi
gostar do Fábio, nem ele de mim, simplesmente aconteceu e claro que
tenho medo de me magoar, que ele nunca tenha mudado e que seja apenas
mais uma, mas cada vez acredito mais que ele me ama, sabes? Pelos
gestos, pelas palavras e pelas atitudes e tenho aprendido a confiar,
a abrir o meu coração para ele e não me tenho arrependido.
-E
tens razão para confiar, as mães são sempre perspicazes e eu sei
dizer-te pelo olhar dele que ele te ama e tu estás a aprender a
amá-lo.
-Já
o amo. -
A mãe deu-lhe um beijo na cabeça.
-Desculpa
meu bem, mas tenho mesmo que ir embora para não chegar atrasada ao
trabalho.
-Beijinhos.
-
Recompôs-se e só depois é que foi para o seu quarto e cumprimentou
Fábio. - Estás à
espera de quê para ires tomar banho a tua casa?
-Estou
à espera que me digas como correu a conversa com o teu irmão.
-O
meu irmão tem medo que me magoes. -
Confessou não contando a verdade completa com medo de o magoar e
assim também protegendo-o. -
Mas tem medo que por alguma razão deixasses de gostar de ti.
-Isso
não acontecerá.
-Como
podes estar tão seguro? -
Aproximou-se dela e colocou as mãos sobre o fundo das suas costas,
mantendo o mínimo de distância entre eles.
-Porque
és e serás o único amor que terei na minha vida. -
Deu-lhe um beijo no nariz. -
Quando olho para ti vejo esperança, quando me tocas eu imagino-me já
velhinhos com a pele enrugada e aos beijos, mas também me imagino a
correr atrás do nossos inúmeros netos, quando tu me beijas, eu
sinto-me nas nuvens, tu apareceste na minha vida para me ensinares a
ser feliz, a amar e a ser amado, que sou apenas uma pessoa no mundo
enorme, mas sou um infinito entre limites que me tenham traçado e
porque eu sei Rita, que tu apareceste na minha vida não para seres
mais uma mulher, mas para seres a mulher da minha vida.
-Tu
és o único infinito na minha vida. -
Beijou-o. - Mas
espero que não gastes infinitos litros de água na tua banheira, por
isso despacha-te que já tenho saudades tuas e ainda não me despedi!
-Fecha
os olhos e vai ser menos duro veres-me partir! -
Deu-lhe um beijo no nariz e ela obedeceu , Fábio foi até sua casa
para tomar banho.
-Realmente
foi menos duro não o ver, para ele partir. -
Sorriu. Parecia incrível mas já sentia saudades dele, de lhe tocar,
de lhe dizer o quanto gostava dele, mas quanto mais depressa tomasse
banho, mais depressa iria estar com ele e foi com esse pensamento que
tomou banho.
(Passado
Alguns Dias)
Rita
acordou nos braços de Fábio com o som do telemóvel a tocar, tinha
prometido à mãe que não iria chegar atrasada, nem faltar às
primeiras aulas da manhã, e para evitar que isso acontecesse,
tinha-lhe ligado e fazia-a despertar e levantar-se logo da cama.
Pegou no telemóvel e atendeu a chamada, apesar de não saber quem
era o remetente, confiou no seu pressentimento.
-Estava
acordada mãe!
-Minha
pequena! - Disse
Pedro logo bem-disposto. -
Podes-me chamar tudo, agora mãe e algo que nunca tinha ouvido,
confesso.
-Muito
gostas tu de gozar com o meu tamanho, mas deixa que tu jogas à bola
e eu não.
-Aqui
o teu defesa esquerdo não precisa de ser muito maior para a posição
que ocupa em campo!
-Pois
não, mas qualquer dia o Pedrinho passa-te.
-Até
lá cresço! -
Respondeu sorrindo. -
Como estás?
-Ainda
a tentar abrir os olhos, afinal acabei de acordar, e tu?
-Estou
ótimo! Liguei-te para combinarmos algo para falarmos
-Não
quero ser desmancha-prazeres mas já estamos a falar.
-Explica-me
como acordas tão bem disposta, não consigo compreender! -
Rita sorriu, desde que acordara que andava bem-disposta. -Quero
que conheças alguém importante para mim hoje ao almoço, aliás
quero apresentar-te a ti e ao Fábio.
-Queres
que conheça a tua princesa. Sinto-me elogiada.
-És
minha amiga, senão fosses tu provavelmente nunca a teria conhecido.
-Não
digas disparates, ela iria acabar por aparecer na tua vida, da mesma
forma como apareceu o Fábio na minha.
-Por
falar nisso, vocês já namoram?
-Ainda
não é oficial, mas sim namoramos. E tu e a rapariga?
-Já
esteve mais longe, por enquanto queremos conhecer-nos melhor.
-Fazem
muito bem, eu não sou o exemplo para ninguém que a minha relação
com o Fábio foi tudo muito rápido.
-Tu
tiveste lá culpa, o amor acontece quando tem de acontecer e ao ritmo
que quer.
-Isso
é verdade! -
Sorriram. -Então
está combinado?
-Em
princípio podes contar connosco!
-Maravilhoso...
Posso só pedir-te que não contes à Marta o que se passou entre
nós?
-Acredita
que também não é tema de conversa que agrade ao Fábio, portanto
parece-me uma excelente ideia.
-Tu
e ela saiem à mesma hora da escola, vou com o Fábio buscar-vos e
logo decidimos onde almoçamos pode ser?
-A
Marta é da minha escola? Eu depois falo com o Fábio e digo-te tudo
melhor.
-Sim
é, mas agora tenho de me despachar.
-Depois
deves-me uma justificação, beijinhos.
-Beijinhos.
-
Disto isto ambos desligaram a chamada.
-Não
acredito que este rapaz não acordou nem com a chamada, nem comigo a
falar! -
Pensou em voz alta. -Amor?
-
Destapou-o e pode vê-lo novamente em boxers e camisola de manga a
cava. - Isto nem é
bom de se ver logo pela manhã! -
O rapaz sorriu. -
Não acredito que já estavas acordado e não me disseste nada.
-A
tua reação a ver-me assim é impagável!
-As
vezes não sei se gostas de mim, ou se gostas de gozar comigo!
-Amo
ambas! -
Fábio sorriu-lhe e roubou-lhe um beijo curto.
-Um
dia quando tivermos filhos, aposto que também vais gozar com eles.
-Serão
perfeitos como eu, porque iria gozar com eles?
-Obrigado
pela parte que me toca! -
Deu-lhe uma palmada no braço. -
Pelos vistos só os primeiros dias é que era perfeita, agora já só
és tu! -
Cruzou os braços, fingindo ficar chateada.
-Ainda
há pouco te fiz a melhor declaração de amor que já ouviste na tua
vida, e agora tratas-me assim?
-Quantas
vezes, já me ofereceste um pacote de gomas, Fábio Rafael?
-Não
sei, mas também adoro-as, é difícil resistir.
-Gostas
mais de gomas que de mim!!
-Tu
és a minha goma maior. -
Rita riu-se.
-Não
imaginas o quão foleiro isso soou! -
Fábio cruzou as pernas e Rita sentou-se sobre elas, encostando as
costas ao peito dele. -
Mas como sou extremamente romântica e boa pessoa, vou perdoar-te
isso.
-Assim
como eu te vou perdoar teres dito que íamos almoçar sem me
perguntares! -
Atirou.
-Ias
almoçar e passar a tarde comigo, qual é a diferença?
-Vou
passar a tarde com um ex teu, achas que é bom?
-Não
sejas possessivo nem ciumento, Fábio Rafael! O Pedro não é meu ex,
nós curtimos, logo não é ex e ele não tarda nada tem namorada.
-Desculpa.
-
Pediu abraçando-a. -
Sou possessivo mas é apenas porque gosto realmente de ti e vou ter
sempre medo de perder, tenho é de aprender a lidar com ele.
-Fábio.
-
Pousou as mãos sobre as dele. -
Não tens razão absolutamente nenhuma para teres medo de me perder
ou teres ciúmes, o jogador de futebol aqui és tu!
-E
o que é que a minha profissão tem a ver com os ciúmes?
-Tu
é que levantas a camisola, e fazes as raparigas suspirar, que tens
os olhos sobre ti e as raparigas adoram falar contigo, e tem
facilidade.
-O
que estás a insinuar?
-A
verdade!
-Sabes
com quantas raparigas deixei de falar desde que apareceste na minha
vida? Quantas já tentaram falar comigo desde que nos conhecemos? E
eu abdiquei de tudo isso por tua causa, porque te amo, por isso não,
não é verdade.
-É
verdade sim, não imaginas a falta de confiança que sinto ao pé de
ti! Tu és... -
Olhou de alto a baixo. -
A noite mais inspirada da vida dos teus pais, um pedaço de Deus, um
trabalho muito bem-feito, por isso para mim não tem sentido teres
ciúmes do Pedro, quando era eu que os deveria ter, tu és
maravilhoso e eu sou apenas mais uma!
-Tu
tens noção do disparate que estás a dizer? Tu és boa, muito boa,
és lindíssima, inteligente e tens uma personalidade incrível, eu
sou giro sim, mas ao teu lado não passo de um jogador de futebol.
-Não
queiras comparar a pessoa que tu és com a pessoa que eu sou,
sinto-me gozada, por isso vê lá se usas um argumento melhor da
próxima.
-Vou
tomar banho, a minha casa, e deixar-te a pensar melhor no que estás
a dizer, depois venho cá para falarmos. -
Ia dar um beijo na testa de Rita mas ela estava chateada e
desviou-se. Foi em direção à casa de banho deveras chateada com
aquela discussão. A primeira que tinham... Apesar de namorarem há
pouco mais de uma semana. Ligou a música e entrou para dentro da
banheira onde tomou um banho e tentou despachar-se ao máximo.
Vestiu-se e deparou-se com uma mensagem do namorado:
“Estou
na garagem, vem cá ter.”
Mas ela ignorou por completo, pegou
na sua mala e foi a pé até à escola, após dez minutos de
caminhada, decidiu ligar ao seu amigo Pedro, ignorando por completo
as mensagens e chamadas do seu namorado e bastaram apenas três
toques para Pedro atender:
-Sim?
-Olá
Pedrinho!
-Que
se passou, Maria Rita?
-Conheces-me
demasiado bem.
-Já
te conheço há demasiado tempo para começar a entender todos os
teus pequenos sinais.
-Escuso
de te mentir porque tu ias acabar por descobrir. Chateei-me com o
Fábio.
-Queres
falar?
-Eu
não consigo controlar os ciúmes, ele também não, mas ele acha que
eu não tenho razões para isso e eu acho o mesmo.
-E
porque achas que ele não tem razões para ter ciúmes?
-Ele
é lindo, é uma pessoa incrível, com uma enorme mentalidade e um
coração gigante, e é jogador de futebol, todos os jogos ganha uma
admiradora nova. Eu sou apenas uma rapariga, percebes? Não sei o que
fazer ao pé dos rapazes, não sou capa de revista, tenho quilos a
mais e não uso calções, nem quero andar a ser exibida como mulher
troféu, não sou aquele tipo de mulher que preenchem os jogadores,
entendes?
-Não
existe um estereótipo de mulher de jogador Rita. Óbvio que existem
muitos que são casados ou namoram apenas para exibir as mulheres ao
mundo, ou porque o clube assim o exige, mas ele não é assim, e tu
sabes disso. Sabes que ele gosta realmente de ti, só não tens
confiança em ti, tens medo de perdê-lo.
-É
verdade, tenho imenso medo de perdê-lo, entreguei-lhe o meu coração
e confiei nele, mesmo quando pensava que não conseguia confiar em
algum rapaz e ele provou ser impecável, por isso tenho medo que me
troque por uma qualquer.
-Ele
até pode ter várias raparigas atrás dele, mas para o Fábio só
existes tu, acredita em mim. Quando gostei de ti todo aquele tempo,
tive várias raparigas a virem ter comigo, e algumas bem bonitas por
sua vez, mas para mim tu eras a melhor das melhores e não havia
nenhuma
que
chegasse aos teus calcanhares, por muito que elas tentassem, por isso
confia em ti e nele. As verdadeiras fãs, ele irá reconhecer e tu
também irás saber bem quem elas são, porque irão marcar diferença
das restantes, e aí também podes tu aproximar-te delas e percebes
as boas intenções ou não.
-E
se ele não gostar realmente de mim?
-Achas
que se ele não gostasse realmente de ti, não teria mudado por amor
e achas que namorava contigo?
-Talvez
tenhas razão, mas não lhe vou dizer nada.
-Vocês
são tão orgulhosos! Ao menos responde-lhe às mensagens.
-Importaste
de parar de me conhecer tão bem se faz favor?
-Claro
que me importo. -
Sorriram. -
Isto até que é engraçado, confessa!
-Confesso!
-Podes
contar com a minha companhia para o almoço de hoje, mesmo que seja
para fazer de vela, quanto ao Fábio não esperes que fale com ele,
afinal não fui eu que sai de minha casa.
-A
tua teimosia nunca vai mudar pois não?
-Quem
nasce torto, tarde ou nunca se endireita.
-Chata!
Sais a que horas, mesmo?
-Não
me queres pôr mais defeitos, Pedro Miguel? Saiu às 13:30, porquê?
-Deixa
estar, estou bem com isto, hoje ainda tenciono almoçar com duas
pessoas muito especiais para mim, de preferência vivo. Tenho de ir
buscar a Marta à escola, assim ia buscar as duas, e como saiem à
mesma hora, melhor.
-Não
me tinhas dito que ela é da minha escola.
-Quem
sabe senão a conheces...
-Não
acredito, mas quem sabe. Não te importas mesmo de me ir buscar? Como
me chateei com o Fábio sai de casa de cabeça quente e esqueci-me
completamente do almoço e nem trouxe nem passe, nem moto, nem nada,
e vim a pé para descontrair até à escola.
-Estás
onde Maria Rita?
-Estou
a cinco minutos da escola, porquê?
-Não
deverias estar a esforçar o pé, sabes perfeitamente que não o
deves fazer, ainda há pouco deixaste as muletas.
-Deixei
as muletas há quase 3 semanas e posso fazer a minha vida
normalmente, e achas que com a fúria me lembrei disso?
-Vocês
são mesmo feitos um para o outro não haja dúvida! -
Rita corou. Ninguém lhe havia dito e era realmente bom saber que um
amigo de ambos o achava.
-Obrigada,
se ele não fosse tão teimoso, hoje estaria a dar-lhe um beijo,
dentro do carro dele, e não a pé, a caminhar de mãos dadas com o
vento!
-Eu
vou buscar-te, diz-me apenas onde estás.
-À
porta da escola, lamento mas já não consegues dar-me boleia.
-Então
vai lá para as aulinhas que já vais chegar em cima da hora, depois
falamos.
-Estás
a tentar despachar-me, Pedro Miguel?
-Sim,
estou, porque tens de ir para as aulas e tens de socializar com os
teus colegas, não comigo.
-Está
bem, estou a ir! Então vá beijinhos.
-Beijinhos
pequena!
-Beijinhos
pequeno, até logo! -
Dito isto desligaram a chamada e Rita foi em direção à sala de
aulas, mas não sem antes reparar nas 5 mensagens não lidas de
Fábio, onde acabou apenas por responder:
“Odeio
ficar chateada contigo, chateio-me comigo mesma a pensar que poderia
ter dado o braço a torcer, sou teimosa, mas tu também o és, temos
de arranjar um ponto de equilíbrio entre os ciúmes com lógica e a
nossa imaginação! Logo à tarde não vou estar em casa, podes
passar lá por casa depois do jantar? Beijinhos, amo-te <3”
A resposta não tardou... Como
sempre:
“Tenho
medo de perder-te para o Tiago ou para qualquer outro rapaz, só
contigo é que aprendi o que é amar e tenho de lidar com este medo
de te perder. Não quero meter o pé na poça, mas acabo sempre por
fazê-lo. Vou passar a tarde com o Teixeira e com o Cancelo, não te
importas? Se quiseres passo meu bem, só quero matar saudades tuas!
Beijinhos, amo-te <3”
-Menina
Rita, para onde está a olhar e para quem é esse sorriso?
-Para
lado nenhum, “stora”, desculpe. -
Lançou mais um sorriso envergonhado para com os colegas de turma que
já a olhavam e pousou o telemóvel sobre a sua mala, mas não sem
antes sorrir antes.
As aulas decorreram normalmente e
com atenção redobrada da parte de Rita que não podia perder mais
matéria e tinha de tentar entender a matéria das aulas que tinha
faltado, pediu a uma colega os apontamentos das aulas em que tinha
faltado e acabou por explicar a verdadeira razão pela qual tinha
faltado aquelas aulas, quanto aos restantes colegas preferiu omitir a
verdade, optando apenas por dizer que não pudera, tinha surgido um
problema familiar e ao fim ao cabo não deixava de ser verdade.
Quando as aulas terminaram, despediu-se dos colegas e foi até à
porta da escola, onde encontrou Pedro que beijava Marta. Acabou por
tossir, apanhando-os envergonhados e sorriu.
-Finjam
que não se passou nada que eu finjo que não vi! Aliás continuem ai
no marmelanço que eu tenho de ligar ao meu namorado. -
Afastou-se de ambos e pegou no telemóvel e começou a ligar para
Fábio, bastaram apenas três toques para ele atender. -
Desculpa ligar-te quando estás com os teus amigos mas queria mesmo
ouvir a tua voz.
-Princesa,
acredita que eu queria mesmo ligar-te mas não queria chatear-te
durante o teu almoço queria respeitar o teu espaço.
-Afastei-me
do casalinho para falar contigo, e tu podes sempre mandar-me mensagem
ou ligar-me, esteja com amigos ou não.
-E
tu também o podes fazer, sabes que estou sempre disponível para ti.
Amor, posso dizer-te uma coisa?
-Sim,
diz-me.
-Amo-te.
-Também
te amo, meu Fábio Rafael.
-Amo-te
muito minha Maria Rita.
-Se
me amasses não chamavas esses nomes!
-Mas
é o teu nome, meu bem!
-Fábio
Rafael também é o teu nome e eu não te chamo assim.
-Por
acaso até chamas, Rita!
-Mas
isso é porque te amo.
-Eu
também te amo, minha pequena em tamanho e grande em coração.
-Meu
gigante de coração e de tamanho! -
Sorriram. -
Hoje vou levar com tanto mel que nem vai ser bom.
-Logo
tratamos nós de fazer o nosso mel também...
-Queres
ir jantar lá a casa?
-Não
quero que os teus pais pensem que estou a abusar e não quero que o
teu irmão se zangue comigo outra vez.
-Fábio,
os meus pais adoram-te, e além do mais tu já és um Madeira,
lembraste? E o meu irmão só teve ciúmes naquele dia, depois
passa-lhe.
-Nós
já nos metemos em tantas situações e saímos sempre de forma tão
fantástica, fazemos um bom casal.
-Tu
completas-me. Temos algumas parecenças a nível de ser e forma de
pensar, mas temos alguns aspetos em que somos completamente
diferentes, temos de arranjar um meio termo e eu sei que o vamos
fazer. O meu irmão pediu-nos um filho, nunca imaginei que fosse tão
embaraçoso mas realmente foi e nós respondemos bem! E eu tive de
falar com a tua mãe sobre o que sentia, fiquei a sós com ela, em
tua casa! E tive ainda de contar ao meu irmão, que o pequeno... -
Hesitou, demonstrava-se forte em frente de todos, mas na realidade
sabia bem que não conseguia superar da forma como pensava.
-Queres
cancelar tudo e estarmos juntos?
-As
coisas não são assim, Fábio. Temos compromissos e temos de
cumpri-los.
-Não
quero que andes desanimada Rita, custa-me pensar que não estás bem
e eu posso ajudar-te e não o estou a fazer.
-Tu
tens os teus amigos, eu tenho os meus, vou-me divertir esta tarde e
tu também!
-Então
é agora o momento em que temos de nos despedir não é?
-Tem
de ser... Amo-te, desde aqui até à lua!
-Amo-te,
desde a lua até aqui!
-Beijos.
-
Disseram em simultâneo e desligaram a chamada. Olhou para trás e
pode ver Pedro atrás de si, sorrindo. -
Estavas aí há muito tempo?
-Ao
suficiente para ouvir o vosso mel. -
Rita olhou para o lado e pode ver Marta de mãos dadas com o seu
amigo. -
E vocês aposto que também tiveram no mel, mas agora vamos lá para
o carro que quero ir almoçar que estou cheia de fome!
Rita sentou-se no banco de trás do
carro, deixando os lugares da parte dianteira do carro para o seu
amigo e a sua (futura) namorada.
-Então
e vocês meninos?
-Que
foi?
-Já
namoram? -
Marta ficou super embaraçada, sem saber bem o que responder e Pedro
que já conhecia Rita tão bem, não se deixou calar e respondeu.
-Por
acaso sim. Sabes naquele dia em que me deste coragem de lutar pelo
que queria? Foi aí que fui ter com a Marta e me declarei e começamos
a namorar. E tu já namoras com o Fábio?
-Já
fizemos uma semana de namoro, não tens andado atento às redes
sociais?
-Tenho
e vi umas fotos que partilharam mas podia não querer dizer nada,
vocês já partilhavam fotos antes de namorarem.
-Também
é verdade, então e vocês não dão pistas nenhumas... Quer dizer
tu não dás, só vou adicionar hoje a Marta no Facebook.
-Por
pedido meu. -
Respondeu a rapariga. -
A nossa relação está numa fase muito embrionária e não quero que
comecem já a meter veneno, confio no Pedro e na nossa relação, mas
é para aguentarmos mais algum tempo antes de sermos lançados aos
tigres.
-E
acho que fazem muito bem, aproveitem primeiro os momentos a dois e só
depois é que passaram mais pessoas a partilhar a vossa felicidade, a
minha relação com o Fábio desde o início que nunca foi a dois,
por isso não pudemos fazer isso. -
Rita sorriu.
-Que
queres dizer com isso?
-Os
meus pais tinham-se divorciado há pouco, tinha perdido o emprego há
bem pouco tempo e a minha relação de ano e meio tinha terminado de
forma um pouco... Brusca, digamos. Não queria sequer saber de
rapazes, queria aproveitar a minha nova escola, arranjar novos amigos
e dedicar-me ao meu pai e irmão, afinal era a única mulher da casa,
mas o Fábio era meu vizinho e sabe Deus o quanto o admirava. E ele
veio-me tocar lá à porta a oferecer jantar, e no dia a seguir ele
foi-me apresentar aqui as redondezas e até a escola, e depois quando
vínhamos a entrar para o prédio ele tentou beijar-me, mas eu
mandei-o ir dar uma curva, discutimos e ele foi extremamente parvo,
mas acabamos por fazer as pazes, e aproximamo-nos, eu dei-lhe uma
oportunidade de mostrar que não era o mulherengo que eu pensava mas
eu comecei a ficar com enjoos e assim e ele sempre me disse que era
uma gravidez e eu tinha a certeza que não era, ele obrigou-me a
fazer o teste e estava certa, chateamo-nos mas acabamos por nos
voltar a aproximar e o facto dele ser o padrinho da minha sobrinha e
afilhada fez com que nos aproximássemos ainda mais e acabamos por
nos apaixonar, depois de muita luta, acabamos por assumir e daí até
namorarmos foi outra história, mas que não vou contar. Por isso
como vês a nossa história nunca foi só nossa.
-Vocês
estavam mesmo destinados a ficar juntos, depois de tanto caírem e de
tanto se levantarem acabaram por se unir e criar a vossa história e
isso é digno!
-Obrigada,
acredita que estamos muito unidos e felizes, queres ver uma foto
dele?
-Tens
fotos do Fábio no telemóvel? -
Perguntou Pedro surpreendido.
-Amor,
todas as raparigas têm fotos dos rapazes que mais gostam no
telemóvel, eu tenho várias nossas e outras tantas tuas.
Rita desbloqueou o telemóvel e
mostrou a sua foto de capa, onde permanecia uma foto de Fábio.
-O
teu namorado é bastante bonito, mas o meu consegue ser mais.
-Não
discutiremos isso, sabes que para nós, eles são os mais giros do
mundo.
-É
verdade! Desculpa ter visto mas tens uma mensagem não lida.
-Quanto
é que apostas que ele tirou mais uma selfie para me mandar?
-Ele
costuma mandar-te muitas?
-Quando
estamos longe ou eu digo que tenho saudades dele, costuma mandar-me
sim, e como há pouco lhe disse que morria de saudades, aposto que me
fez a vontade, diz que é uma forma de me sentir mais perto.
-Que
romântico!
-É
o meu homem! -
Ambas sorriram.
-Tinhas
mesmo razão. É tão romântico ele!! Olha o que escreveu na
legenda:
“Apesar
de não estar perto de ti não quero que te esqueças de mim, por
isso aqui vai uma selfie! Amo-te minha mulher <3”
-Aquele
rapaz é um querido! Mas aposto que o Pedro também é realmente um
cavalheiro, ele até com os amigos o é!
-Não
tenho razões de queixa, tem sido bem mais que um namorado, um melhor
amigo! -
Dito isto deu-lhe um beijo na bochecha.
(Passado
umas horas)
“Mana,
não te importas de ir para casa? Vou lá pô-la a tua casa e depois
volto para o trabalho. Eu e o Rúben estamos atarefados no trabalho e
atrasamo-nos, assim davas um olhinho pela menina até um de nós ir
buscá-la.”
-Pedro,
Marta não se importam que vá para casa? Preciso de tomar conta da
Di.
-Já?
A tarde estava a ser tão boa...
-Eu
sei e acredita que temos de a repetir, da próxima com o Fábio, mas
preciso mesmo de ir.
-Nem
penses que vais a pé ou de autocarro!
-Não
te quero incomodar.
-Não
sejas tonta, não me custa nada ir-te pôr a casa.
-Obrigada
então!
Foram até ao carro e passado poucos
minutos Rita estava em casa e assim que colocou a chave na porta da
sua casa foi surpreendida.
-Amor,
que fazes aqui?
- Perguntou Rita.
Que será que Fábio estará a fazer
em casa de Rita?
Será que lhe estará a fazer uma
surpresa? E Di?
Adorei e fico á espera de mais! Beijinhos :) :)
ResponderEliminarAdorei e quero saber a razão do Fábio estar na casa da Rita.
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