sábado, 5 de abril de 2014

Capítulo 18: “Não. Já estou apaixonado”


-Fábio. – Disse Rita tocando no braço do amigo. – O Pedro está ali, acompanhado.

-Vai falar com ele. Eu fico aqui com a Diana.

-Não. Ele está com aquela rapariga e eu estou com vocês.

-Devias ir falar com ele e esclarecer tudo, senão não vais ficar bem.

-Desde que te tenha a ti e à minha família, fico bem.

-Obrigada. – Fábio deu um beijinho na testa da amiga. -  Tens a certeza que não queres ir falar com ele? Eu não me importo nada.

-Tenho. Vou adiar esta conversa mais uns tempos.

Rita virou as costas a Pedro e à sua companhia e começaram a caminhar em direção a casa.

-Rita. – Aquela voz parecia familiar. E começava a aproximar-se cada vez mais deles. – Espera. – Pararam no local onde estavam e olharam para trás. Era Pedro. – Precisamos de falar, Rita.

-Falamos noutra altura, tu estás acompanhado e eu também.

-Por favor. – Pediu Pedro.

-Fábio senta-te com a nossa afilhada ali no banco que eu já vou ter com vocês. – Ele acenou com a cabeça e fez o que a amiga pediu.
Começaram a caminhar junto ao rio mas sem se afastarem muito,Pedro também pediu à sua amiga, para aguardar por ele e ela fez o que o amigo lhe pedira.

-Acho melhor adiarmos esta conversa. Tu tens a tua amiga à tua espera, eu tenho o Fábio e a Diana.

-Se adiarmos sabes, que tão cedo não voltamos a falar.

-Está bem, mas não nos podemos afastar muito. Não posso esforçar o pé.

-Que te aconteceu?

-Tive um acidente de moto ontem, depois de deixar a tua casa.

-O que se passou? Estás bem? – Perguntou verdadeiramente preocupado com a amiga.

-Torci o pé e fiquei com alguns arranhões, mas isto passa. Foi só o susto. Pior ficou a mota.

-E tudo isto depois da nossa discussão. – Sentaram-se num banco um ao lado do outro, mas Rita esticou o pé magoado e deixou o outro sobre o banco.

-Tu não tiveste culpa. Ninguém teve culpa, quem está na estrada está sempre sujeito.

-Obrigada por me fazeres sentir bem. Depois de tudo.

-É para isso que servem os amigos! Estão juntos nos bons e maus momentos! Sei que ontem não tive a melhor atitude e tenho que te pedir desculpa. Não foi minha intenção magoar-te mas acabei por fazê-lo. Nunca me passou pela cabeça que tu gostasses de mim... Dessa forma.

-Não tinhas como saber, nunca te dei motivos para desconfiar.

-Mas podia ter desconfiado de qualquer coisa, por mais pequena que fosse. 

-Eu fui muito cuidadoso. Tive a minha oportunidade e perdi-a, por ciúmes parvos e estúpidos.

-Não, eu podia ter evitado tudo isto e não o fiz.

-Se eu te tivesse dito que gostava de ti, nada seria assim.

-Muito seria diferente, sabemos disso. Mas acho que nenhum tem de se sentir mais culpado que o outro no meio desta história.

-Mas tudo continua presente no futuro, com culpa ou sem ela.

-Sim. E já fizemos o que tínhamos que fazer, pedimos desculpa e sabemos bem que somos amigos. Porque razão iríamos estragar uma amizade por causa de um erro?

Pedro abraçou Rita que também o apertou nos seus braços.

-Obrigado! – Disse Pedro sussurrando ao ouvido da amiga.

-De nada meu pequeno grande! – Fábio observava todo aquele momento á distância e sentia ciúmes. Ciúmes de não ser ele no lugar de Pedro. Queria poder sussurrar-lhe palavras de carinho e dizer o quanto gostava dela.
Afastaram-se e puderam observar que Fábio estava próximo, ou melhor, estava mesmo à beira deles. Que fez tudo para controlar os seus impulsos, mas foram mais forte e aproximou-se dos amigos. Estava a começar a sentir ciúmes de Pedro, sabia bem o que ele sentia por ela, e que o sentimento não era recíproco,  mas queria sentir que era o único homem da vida de Rita.

-Fábio que fazes aqui? – Perguntou a rapariga.
Ele não poderia contar a verdade, por isso tinha de inventar uma justificação viável para a sua presença. Pedro levantou-se e colocou-se ao lado de Fábio e pode admirar Diana durante alguns segundos, tocou com o dedo indicador na bochecha da menina e disse:

-A menina está quase a dormir. É melhor levá-la para casa.

-Sim. A menina ainda não está habituada ao teu colo, é melhor eu tentá-la adormecer, mas vê se aprendes uma lição! Afinal também é tua afilhada! – Colocou os braços debaixo dos de Fábio que pousou suavemente a menina no colo da madrinha, virou costas e começou a andar e a cantar para a pequena. Fábio queria acompanhá-las mas Pedro falou:

-Ela está-te a mudar, puto. – Foi completamente apanhado desprevenido com aquelas palavras carregadas de razão.

-A Rita já me mudou, se sou o homem que sou, a ela o devo. – Apontou para a amiga e sorriu.

-E tu estás-te a apaixonar. – Disse Pedro sorrindo mas sem nunca olhar para Fábio, apenas admiravam Rita.

-Não. Já estou apaixonado. – Confessou pela primeira vez em voz alta e sabia bem dizê-lo. Mas fizera-o com alguém completamente inesperado.

-Ela também gosta muito de ti. – Apesar de magoar a Pedro encarar esta dura realidade, sabia que era verdade e queria apenas a felicidade de Rita e sabia-o que era junto a Fábio que seria e era feliz. – Promete-me apenas que vais fazê-la feliz e não a vais magoar como eu fiz.

-Vou fazer tudo para fazer dela a mulher mais feliz do mundo. Mas... Não te magoa dizeres isso, dessa forma e com essa naturalidade?

-Não imaginas o esforço que estou a fazer para tentar mostrar que está tudo bem.

-Te garanto que vou fazer tudo para fazer dela a mulher mais feliz do mundo, mas ainda é tudo um mundo novo para mim. Sei que gosto dela como nunca gostei de outra rapariga, mas ainda não sei se a amo, entendes? – Pedro sorriu.

-Acordas a pensar nela e adormeces também a pensar nela, sonhas com ela, falas imenso sobre ela, já para não falar no sorriso de orelha a orelha, sem razão aparente. Queres estar sempre ao pé dela. E tens constantemente saudades, mesmo quando estão afastados há escassos minutos. Mas tens medo que ela descubra, porque tens medo de perdê-la. Mas não consegues deixar de pensar como será quando a beijares e como será o vosso futuro, se tiveres juntos. E para não falar que tens ciúmes. – Sorriram. – Sim, porque eu percebi que não te aproximaste de nós, por causa da menina.
Fábio ponderou sobre aquelas palavras e sem dúvida tudo o que dizia era verdade.

-E as borboletas no estômago? – Perguntou ingenuinamente. E Pedro não conseguiu conter a gargalhada.

-Nem todos os apaixonados sentem as borboletas no estômago. Isso é uma coisa bonita para os filmes e para as músicas. Mas quero que saibas, que apesar de tudo, podes contar comigo. Mas em primeiro lugar, desculpa, pelas minhas atitudes. Ás vezes os apaixonados fazem coisas que normalmente não faziam.

-Obrigada! – Fábio deu um abraço a Pedro. Mas rapidamente se separaram. – Prometo que vou fazer tudo para fazê-la feliz.

-Posso saber o que é que as duas Amélias estão a fazer? E quem é que vais fazer feliz, Fábio? – Perguntou surpreendendo os amigos.

-A Diana. – Disse por instinto Fábio. E Rita ficou desapontada com o que ouvira e não o conseguiu esconder. – Estava a dizer ao Pedro que vamos ser padrinhos da Diana e que vou fazer tudo para ela ser feliz.

-E que experiência tem o Pedro para te fazer prometer isso?

-Uma irmã mais nova e montes de primos mais novos.

-Já cá não está quem falou! – Disse animada. – Fábio é mesmo melhor irmos andando que a menina precisa de descansar mais um bocadinho e depois está na hora do lanche.

-Está bem. Obrigada, cabeção. – Disse dando um “passou-bem” a Pedro.

-De nada, puto.

-Adeus, Pedro. – Despediram-se com dois beijinhos. – Por falar nisso a tua amiga disse que tinha de ir embora, qualquer coisa com uma urgência ou assim, não me lembro bem.

-Ela não era minha amiga. Conhecemo-nos hoje, aqui e estávamos a falar, estamos a viver situações semelhantes.


-Pode ser que algum dia a voltes a encontrar por aqui! – Deram dois beijinhos e Rita e Fábio começaram a caminhar até casa. Colocaram a menina sobre o carrinho que haviam trazido e instintivamente, por impulso de ambos, cruzaram as mãos.


Quando chegaram ao prédio, tomaram a decisão de irem até casa dela, afinal ele não estava preparado para receber a visita de uma bebé. Quando chegaram a casa, a madrinha deitou a menina sobre a sua cama que já dormia e foi até á sala onde estava o padrinho. Fábio estava sentado no sofá, mas quando deu pela entrada da amiga, levantou-se. Rita não ficou indiferente e foi ter com o amigo. Aproximaram-se. Ficaram apenas a alguns centímetros um do outro, mas os olhares eram muito intensos. Quem tomou iniciativa foi Rita que colocou as mãos sobre o pescoço do rapaz, e ele nada indiferente, colocou a mão sobre as ancas dela. Estavam cada vez mais próximos, os lábios iam-se unir como tanto desejavam, como tanto haviam pensado. Mas algo os interrompeu. O choro de Diana, provavelmente com fome, impediu-os de ir avante. Não podiam negar o choro da menina, por isso foram obrigados a adiar o beijo, mais uma vez.

“Há terceira não é mesmo de vez”

Pensou Rita para si mesma, já era a terceira vez que se tentavam beijar e algo os impedia. Mas preferia não acreditar que era o destino, ela sabia que iria acontecer, mais cedo ou mais tarde.

(Passado alguns dias)

Enquanto Fábio andava ocupado a preparar uma festa de aniversário surpresa a Rita, sem que ela pudesse desconfiar. A jovem andava ocupada entre conhecer a nova escola, fazer novos amigos e conviver com a nova realidade mas também em tentar descobrir ao certo o que sentia por Fábio, tentava chegar a alguma conclusão e só conseguia chegar até uma: não podia ficar um dia longe dele. Em especial, o seu dia de aniversário.
Era 22 de Janeiro, véspera do seu aniversário e estava a família Madeira reunida na sala, era o momento de partilhar o que queria para o dia seguinte. Tinha a certeza, amava a família mas tinha que o ter junto a si, não era um capricho, mas sim uma necessidade.

-Só vos peço como prenda de aniversário deixarem-me ir a Braga amanhã. Sei que tenho aulas mas não aguento simplesmente, não estar longe do Fábio e muito menos no dia de amanhã. – Disse Rita partilhando (quase) tudo o que sentia. Os pais conheciam Fábio e gostavam imenso dele, já tinham percebido que havia algo mais que uma amizade. Continuavam a encontrar-se frequentemente, mas a forma de ser de ambos mudara. A forma de estar para com a vida, a alegria com que viviam e pequenos detalhes em ambos mudavam e não conseguiam escondê-lo. A jovem lisboeta sabia que podia confiar nos pais, que eram os seus melhores amigos, mas ainda não se sentia à vontade para falar sobre o que sentia.

Qual será a resposta dos pais?
Será que vão entender o que Rita pede? Quem ficará surpreendido no final?

5 comentários:

  1. Olá. Adorei este capitulo :)
    Gostei muito da conversa entre o Pedro e o Fábio :)
    A sério que a Diana tinha que interromper o quase beijo do Fábio e da Rita?...grrr :P
    Espero que os pais da Rita a deixem ir a Braga e espero que entendam o que ela pede ;)
    Quem ficará surpreendido no final?...sinceramente não sei...mas espero pelo próximo capitulo para saber ;)
    Bjs

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  2. Oh eu já li este!!
    Eu a pensar que era novo! ai ai ai

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  3. Fántastico quero o proximo.bjs

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  4. Ritinha :o nunca pensei que isto fosse acontecer mas li todos os teus capítulos em 1 hora ! A história é linda e estou ansiosa por ler mais! Agora fiquei curiosa, mulher!! Tens imenso jeito para escrever, daqui a uns anos quero comprar um livro teu, ouviste?! ;)
    Parabéns, está muito fixe! Beijinhos!

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  5. Quando voltas a publicar?bjs

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