segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Capítulo 04 O Abraço


Ele aproximava-se dela sempre com os olhos fechados mas focado nos seus lábios e Rita olhava para os seus, suficientemente carnudos e sexys, no seu íntimo confessara que até apetecíveis. O seu perfume entranhava-se nas narinas dela, e o seu hálito cheirava bem. A sua mão esquerda estava pousada na anca e a mão direita estava ao lado encostada á parede fria bem ao seu lado, onde estava também encostada. Fechou os olhos, iria aceitar e corresponder aquele beijo. Podia arrepender-se mas seria um arrependimento de algo que outrora lhe soubera bem. Fechou também os olhos e sentia já a respiração dele sobre a sua pele. Agarrou na t-shirt dele, bem perto da gola decotada e fê-lo aproximar-se de si, os lábios estavam a dois milimetros de distância, no máximo. A sua mão esquerda estava já no fundo das suas costas, debaixo da camisola, com vontade de a beijar. E Rita sussurrou:

-Não. – Agarrou-o nele e trocou de posições. Encostou-o á parede e ficou ela de frente para ele. Fábio abriu os olhos e não sabia o que fazer ou como reagir. Ela continuava a agarrar-lhe na t-shirt com as duas mãos e ele agarrava-o com as duas mãos no fundo das costas. Embora as suas palavras dissessem algo, os gestos de Rita diziam o oposto. – Assim nunca me irás conquistar. – Deu-lhe um beijo na bochecha, mas bem perto dos lábios para o provocar. Pousou as mãos ao lado dele e sorriu-lhe enquanto ele abri-a os olhos surpreendido por aquela atitude. – Tudo o que diziam de ti é a mais pura das verdades. Não podes ver um rabo de saias que queres logo algo para te satisfazer. Queres sempre uma rapariga para matares um vazio que está dentro de ti, e sabes o que é esse vazio? Ou muito me engano ou estás magoado porque alguma rapariga te deixou ou simplesmente tens inveja porque toda a gente já te falou, porque sentiu o amor e tu não, mas isso é frustração. E não é com aventuras de uma noite ou pouco mais que vais lá. Queres uma boa noite de sexo tens remédio, ou vais ter ás meninas ou arranjas uma boneca insuflável, senão conheço muitas que são capazes de te fazer favores a troco de nada. Não ponho rótulos ás pessoas, mas elas já fazem os seus próprios rótulos. Se quiseres a minha amizade vais ter de me reconquistar, porque não vou cair em nenhuma das tinhas tentativas de sedução. Até podes ser bonito e charmoso, mas apesar de jamais dizer nunca, sei que não irei namorar contigo ou ter qualquer tipo de relação. – Soltou a gola decotada da camisola que ficou um bocado mais amachocada do que estava outrora e saiu de perto dele. Em direção a sua casa. Mas Fábio agarrou-lhe no braço enquanto ela se virava e disse:

-Lamento que tenhas essa opinião sobre mim. Ouve química entre nós e pensei que podia nascer uma curte, assim tu podias recuperar do que se passou contigo e eu ficaria bem. Não era nada sério, apenas porque nos entendemos. – Pela primeira vez Rita olhou para ele desde que ele começara a falar. - Não beijo as raparigas se elas não quiserem, pensei que também querias. – Respondeu com o tom de voz mostrando arrependimento.

-Desde que me viste tiveste estas segundas intenções e logo que falaste comigo no facebook também, simplesmente pensaste que ia ser mais uma não é verdade? Não é por ser eu, simplesmente é por ser uma rapariga. Assume isto!  - Estavam frente a frente um com o outro, com os olhares enfurecidos no hall de entrada daquele prédio. – Mas enganaste que eu não vou cair nas tuas palavrinhas e nos teus joguinhos mentais que todas as raparigas caiem, conheço todos os jogos de sedução e tudo o que possas dizer. Já passei pelo mesmo e cai, pensei que os players mudavam mas não mudam!

-Nem toda a gente é pessoa para por um par de cornos a uma rapariga e a trocar por uma galdéria qualquer! Porque pelo pouco que percebo de amor, consigo entender que isso só é uma prova que não te amava mesmo!

-Não te admito ouviste?! – Disse revoltada Rita, já visivelmente magoada com as palavras que Fábio lhe dissera e com os pensamentos que lhe assombravam a mente. Não tinha sido as palavras que ele dissera, mas sim a verdade que ela negava a si mesma e que a assombrava por lhe terem dito e ela saber que era verdade. -Que mural tens tu para falar seja do que for? – Não iria ficar sem resposta, podia-lhe magoar responder da mesma moeda, mas faria-o.
Fábio era bom amigo, sabia bem ouvir os outros e mesmo quando não compreendia o que sentiam, tentava ajudá-los. Desta vez ele não sabia o ódio que Rita sentia, o sofrimento po causa de uma traição e o fim de uma relação amorosa, nunca tinha sentido o mesmo, mas sabia o que era um desgosto e sabia como podia apoiá-la. Agarrou-a e deu-lhe um abraço forte e ela encolheu-se nos seus braços, ele era alto e forte e era um abraço daqueles que ela precisava. De um abraço de amizade, de carinho, algo que lhe faltava, não era um amigo mas estava a ter um gesto de amizade. A diferença entre ambos era notória, e de uma certa forma bonita, Rita tinha 1 metro e 60 centímetros e Fábio 1 metro e 87 centímetros, o que fazia uma diferença de 27 centímetros, o que fazia ela perder-se nos braços dele e sentir-se bem. Ela perdera não só o namorado, como o melhor amigo. Ele apertou-a fortemente nos seus braços, sabia que ela precisava de carinho e ela apertou-o também. Ficaram em silêncio durante um bocado e ele sussurrou:

-Desculpa pelo que disse. Não queria magoar-te, fui rude e frio, lamento. – Ela nada respondeu, continuou a chorar nos braços dele e só parou quando se sentiu melhor. Fábio não era seu amigo, pelo menos por enquanto mas estava a ajudá-la e ela precisava de ter um amigo a seu lado, um verdadeiro amigo que a apoiasse e ele estava do lado dela, ele sentia-se bem em ajudá-la, tinha apenas a doce intenção de ser amigo dela, de a ajudar. – Anda para minha casa, comes alguma coisa, mudas de roupa e se quiseres tomas banho. Não podemos ficar aqui. – Fábio tocou na bochecha de Rita onde uma lágrima cai-a e ela arrepiou-se, mas não era pelo toque dele. Limpou-lhe a lágrima que cai-a pela sua bochecha esquerda. Era pelo gesto de amizade, pela atitude dele, depois de ter cometido um erro com aquele quase beijo tentava-se redimir provando que se deixou levar por um pensamento, mas que tentava compensar. Iriam tentar ser amigos, iriam conseguir.

-Não te quero maçar. A sério eu vou para a minha casa e já passa. – Limpou a lágrima que estava presa na bochecha direita com a manga da camisola.

-Não digas disparates. Hoje só te vou largar quando te provar que estava enganado quando quase te beijei, e que estás enganada a meu respeito. Que quero a tua amizade e que só te quero ver bem. – Apertou-a fortemente nos seus braços. E ela voltou a chorar. Fábio pegou nela ao colo e levou-a até sua casa. Abriu a porta e notou que ela tinha adormecido, possivelmente cansada e desiludida consigo mesma e com a vida que lhe pregara partidas tão grandes. Fábio não sabia que os pais dela se tinham separado recentemente, não sabia que Tiago era também o seu melhor amigo, apenas sabia do final de relação entre si e o seu ex-amigo. Deitou-a sobre o sofá e foi buscar uma manta para cobrir-lhe o corpo. Abriu a porta de casa devagarinho e foi tocar a casa de Rita, o pai abrira-lhe a porta e explicara que ela estava em casa dele, tinha adormecido, e que não a queria acordar, possivelmente jantaria e dormiria lá. Quando acordasse voltaria para casa, prometera Fábio.


Ele preparou o jantar, apesar de cozinhar não ser o seu forte e preferir tirar fotografias ou jogar futebol, era um dever que tinha de cumprir e nesta situação iria preparar algo para Rita e para si próprio comerem, ela precisava de recompor energias, ele precisava apenas de matar a fome. Mas Fábio olhava Rita admirado, pela forma como ela até a dormir era querida. E parecia feliz, estranhamente feliz. Não resistiu em tirar-lhe uma fotografia e guardar para si próprio.


Rita despertou e Fábio levou até si um tabuleiro com o jantar e sentou no chão, bem perto dela também com um tabuleiro para jantar. Ela queria sentar-se no sofá para ele sentar-se também no sofá e jantar, mas ele não quis. Jantaram e ele levou os tabuleiros para a cozinha, ela queria ajudá-lo, mas ele não permitiu. Voltou para junto dela e ela permanecia deitada, ele sentou-se no chão ao seu lado frente a frente com ela e disse.

-Tu precisas de um amigo e eu vou sê-lo. Podes desabafar comigo. – Disse calmamente e com a voz rouca, que o caracterizava.

Será que Rita vai esquecer o “quase beijo” e desabafar com ele?
Será o inicio de uma história de amizade? E como ficaram depois de tudo?  

2 comentários:

  1. Olá!!!
    O que ia começar com um beijo acabou com um abraço. A mim nao me parece nada mal! Ainda pensei que fosse acabar pior porque o que o Fabio disse apesar de ser verdade, é doloroso de ouvir. Mas ele tirou da manga um mega abraço fofinho e puff! as coisas mudaram!
    Estou curiosa para saber como é que isto vai "acabar"

    Beso
    Ana Santos

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  2. Olá...gostei muito.
    Eu aqui mortinha para se beijarem e afinal abraçam-se...opah! :P.
    Espero q a Rita n esqueça o beijo e desabafe com ele pq afinal eles foram traidos e merecemficar um com o outro :).
    Espero q seja o inicio deuma bela história de amizade q mais tarde passe para uma bonita história de amor *.*
    Espero q continuem amigos apesar da cena entre eles :)
    Próximo bj

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