“Olá! Tudo bem? Por acaso
não és aquela rapariga que acompanha a claque dos No Name que acompanha a minha
equipa para todo o lado?”
Fora aquela a mensagem que
Fábio enviara a Rita através daquela rede social. Tinham-lhe contado que Tiago,
aquele rapaz que ele considerava um amigo tinha trocado uma relação de ano e
meio por uma aventura. Tiago fora em tempos, namorado da sua melhor amiga Tânia
e magoara-a muito, por isso Fábio sentia quase como “obrigado” a ajudar Rita a
ultrapassar aquele momento e ele já também já tinha tido uma relação com
Adriana, curta como sempre, mas ele conhecia-a suficientemente bem para dizer
que ela não lhe seria fiel durante muito tempo. E que muito menos o faria feliz
como ele esperava. Apesar do estilo de mulherengo de Fábio, ele deixava sempre
bem claro ás raparigas que não era uma relação séria. Que ele não se
apaixonava, podia ter sido feliz e ter-se sentido bem mas não queria relações
sérias, não se ia apaixonar e não acreditava no amor. Quando lhe contaram que
Tiago “trocara” de namorada, Fábio não conseguiu continuar a falar como fazia
com ele. Não conhecia Rita, mas conhecia Adriana e isso era razão suficiente
para a sua mudança de atitude, conhecia Tiago que destruira o coração de Tânia,
que o amou e a fez crer que o amor era correspondido e iriam ser felizes,
juntos, e no dia seguinte acabou a relação que os unia. Queria tentar ajudar
Rita, queria tentar animá-la, mas ele nunca se apaixonara antes, mas estava
disposto a tentar. Ao contrário de todas as outras vezes que falara com
raparigas, á exceção da sua melhor amiga, não tinha... Segundas intenções. Não
sabia se ela iria responder, mas sabia que assim que mandasse aquela mensagem
ficaria de uma certa forma mais tranquilo, sentia necessidade de ajudar aquela
rapariga que estava desiluida e magoada. Ele sabia que já deixara algumas em
situação idêntica, sabia que já magoara e desiludira, raparigas com que tivera
relações sem compromissos como fazia questão de frisar, mas não era por mal.
Nunca fora sua intenção desiludir ninguém, mas acidentalmente fizera-o. E
lamentava-se por isso. Passado alguns minutos, ela respondeu:
“Olá. Sim está tudo e
contigo? Sim sou eu mesma!! Que eu saiba sou também a única rapariga da claque
acompanha a equipa B. Mas porquê?”
Fábio recebera mensagens
de outras raparigas, de amigos, mas naquela noite só tinha olhos para qualquer
resposta de Rita. Não tinha intenções de ter uma relação com ela, nem de se
tornarem amigos. Queria apenas melhorar o seu dia, fazer vê-la que nem tudo
estava perdido e mesmo que o amasse, sentimento desconhecido por Fábio, havia
sempre solução e que tudo na vida acontecera por algum motivo e o motivo era
provar-lhe que Tiago não gostava assim tanto dela como parecia. Ela podia não
querer falar com ele, tinha razões para tal. Não eram amigos, não se conheciam mas
ele sentia que tinha de fazer algo por ela, que era sua obrigação, mas não era
algo mau. Fábio sentia-se responsável por Rita, talvez fosse porque Tiago já
outrora tivesse sido seu amigo ou por Adriana ser um ex relacionamento seu, ou
até mesmo por Tiago já ter namorado com Tânia e Fábio queria ajudar Rita a não
sofrer tanto como ela sofreu e demorou a recuperar, ou talvez não, ele não
fazia a menor ideia mas queria fazê-lo. Precisava disso para dormir descansado
naquela noite. Ela respondeu! Não sabia explicar mas a história dela
afetara-lhe de uma forma estranha que nunca ou quase nunca o tinha afetado.
Respirou fundo depois de ler a resposta, sentia-se nervoso e ansioso. Sentia
que precisava de ser amigo dela, que sabia ajudá-la a resolver aquele e outros
problemas, curiosidade em conhecê-la, desta vez sem intenção de nada sem ser amigos,
quando soube da história ficou com o pressentimento que ela era uma pessoa
sozinha e ele a ajudaria. Digitou:
“Tenho amigos na claque e
falaram-me muito de ti. E soube o que se passou, eu era amigo do Tiago mas
depois do que ele fez não consigo olhar para ele da mesma forma. Apesar de não
sermos amigos, podes contar comigo para desabafar, para chorar ou até mesmo
para falar”.
O seu telemóvel tocou. Era
a sua melhor amiga. Embora ele quisesse mesmo saber qual era a resposta de
Rita, tinha de atender aquela chamada. Tinha combinado que ela dormiria em sua
casa e esquecera-se. Não queria culpar Rita mas ela tinha estado na sua cabeça
durante todo o dia. Estava a afetá-lo de uma forma particular, como nunca fora
afetado antes. Os motivos eram desconhecidos, embora houvesse uma pequena
suspeita, o sentimento de responsabilidade, as suas histórias já se tinham
cruzado por mais que uma vez e ele queria aproximar-se dela. Passara a tarde
inteira em casa, sem falar com ninguém, em frente ao computador á espera que
Rita entrasse naquela rede social. Não queria que ela entrasse e visse a
mensagem queria enviar-lhe enquanto ela lá estivesse e depois podia responder.
Levantou-se e foi atender o telemóvel.
-Que me queres? – Perguntou rudemente Fábio depois de atender a
chamada. Na realidade queria poder contar tudo a Tânia, sua melhor amiga, mas
só podia contar depois de acontecer.
-Tão simpático que o meu melhor amigo está hoje! – Criticou-o. – Mandei
mensagens, chatiei-te no facebook, e tu nada. Esqueceste-te que tinhamos
combinado que ia dormir a tua casa? Estou á porta da tua casa á séculos. – Explicou
a rapariga.
-Não, não esqueci. Quando acabar isto vou já abrir. Agora tenho de
desligar beijinhos. – Nem lhe deu tempo de responder, desligou a chamada e
voltou para o sofá onde tinha o seu computador portátil.
Sentou-se e colocou o
computador no seu colo e foi novamente para as mensagens. Havia de outros
amigos, da sua melhor amiga, mas ele não as iria ver, pelo menos não hoje. Rita
saira e não lhe respondera, nem tinha visto a mensagem. O que o desiludiu e
sentiu-se um pouco culpado por a ter abandonado sem avisar. Desligou o
computador e foi abrir a porta de sua casa. Distraído sempre a pensar em como
aquele sentimento estranho mas tão forte como sempre lhe descreveram, chamado
amor, se alguém amasse realmente outra pessoa não a trairia, era a opinião
dele, apesar de nunca ter sentido aquele sentimento e não saber até onde ele o
poderia levar. Abriu a porta e cumprimentou a sua melhor amiga, depois
conversaram bastante, Fábio contara-lhe o que se andava a passar na sua cabeça,
o quanto a história daquele final de relação do “triângulo amoroso” de ex-namorado
dela e da sua ex-namorada e da simples Rita, mas suficientemente forte na
cabeça (e quem sabe coração) dele o afetara, como nunca tinha acontecido. Ela ficou
surpreendida e enquanto pensava numa resposta, dissera-lhe que os novos
vizinhos tinham-se mudado para o prédio dele, mais concretamente para a casa que
havia em frente da de Fábio. Quando conseguiu chegar a uma conclusão disse que
nunca tinha conhecido aquele lado de Fábio, nunca algo assim o tinha afetado e
ela não sabia explicar, sabia que ele tinha bom coração e era amigo do seu
amigo, mas de onde teria vindo a vontade de se aproximar para uma amizade por
um fim de relação, sem segundas intenções? Ele era amigo do seu amigo, mas
porquê aproximar-se de alguém a quem não devia nada só para falarem sobre algo
que ele não entendia e não podia ajudar?! Era uma pergunta sem resposta mas
decidiram mudar de assunto. Pouco faltava para as 20h, horas em que iam jantar,
mas primeiro Fábio ia apresentar-se e conhecer os novos vizinhos e
oferecer-lhes o jantar, com a mudança e a movimentação do dia, estariam
exaustos e nem se tinham lembrado de tal refeição. A sua melhor amiga ficou em
casa á espera das pizzas que chegariam a qualquer instante e ele foi tocar aos
seus vizinhos.
Apesar do aspeto
desleixado, com roupa prática de fato treino e com claro cansaço do dia, ele
ficou admirado, pela beleza da sua nova vizinha mas também pela sua expressão,
pela sua face, que não lhe era nada estranha. Parecia ser mais jovem que ele,
mas tinha um brilho especial. Ele só tinha falado com ela uma vez, não a
conhecia mas sabia o seu nome e ficou admirado por aquela mulher meio menina.
Devia ter dezasseis anos, aparentava ainda ser menor, mas tinha um olhar que o
fixava desde o inicio. Fábio tinha visto diversas raparigas bonitas que o
cativaram e aquela não era exceção, mas esta era sua nova vizinha e ele gostava
disso. Queria criar uma amizade com ela, de alguma forma ajudá-la...
Quem
será a nova vizinhança de Fábio?
Será
que ficaram amigos? Será que Rita irá responder
à mensagem dele?
à mensagem dele?