Rita
queria chorar mas as lágrimas não lhe caiam pelo rosto, nem as
palavras eram expulsas pela sua boca, ela queria poder responder mas
não conseguia dizer nada nem reagir, mas Fábio pelo contrário,
depois de uns segundos de choque, finalmente conseguiu reagir.
-Rita.
- Tiago afastou-se e deixou Fábio aproximar-se.
-Nem
tentes. - Virou costas e começou a caminhar para sair dali
rapidamente. A dor estava presente, não só na sua cara, como também
no seu coração, e essa era uma dor que tão cedo não iria sarar e
demoraria muito mais a curar que a dor na sua face.
-Amor.
- Ele correu até junto dela.
-Desaparece
daqui! - Gritou aos berros.
-Deixa-me
pelo menos levar-te para casa.
-Não
quero saber de nada do que tenha a ver contigo.
-Estás
a ser injusta!
-Estou?
- As lágrimas caíram pela cara e a revolta e a dor eram óbvias na
sua expressão mas também no olhar carregado de uma série de
sentimentos que Fábio nunca tinha visto nos seus olhos. - Porque
a mim parece-me que até estou a ser simpática contigo!
-Eu
não queria bater-te! - Respondeu também ele revoltado.
-Fábio,
esquece, acabou! - De repente, Fábio parou e olhou para Rita
diretamente nos olhos, como que pedindo esperança. -Acabou esta
conversa, desaparece! - Nunca Fábio tinha ficado tão feliz com
uma resposta tão fria de Rita. A rapariga correu dali para fora sem
destino certo mas mergulhada numa dor imensa e com as lágrimas a
correrem-lhe pela face e a molhar os olhos, e quase provocando um
atropelamento, porque ela atravessou-se na passadeira e não viu o
carro a pouca distância. Correu até ao pequeno areal que não
existe longe e deitou-se em cima da área e deixou-se chorar durante
minutos a fio. Era mais que um simples estalo, era muito mais que
isso... Já lhe tinha mostrado que o amava com imensas provas de
amor, gestos, palavras e atitudes, mas ele parecia ainda duvidar
desse amor e daquela relação, era óbvio pela sua reação com
Tiago, pela insegurança que Fábio tinha em relação a ele.
Tinha-lhe dado o privilégio de ser padrinho da sua afilhada e
sobrinha, tinha vivido com eles experiências únicas e
apresentar-lhe logo os pais e em especial particularidade o irmão,
tinha-lhe aberto o coração e tinha-lhe dado tudo o que pertencia e
amava-o como nunca tinha sequer ousado amar Tiago mas parecia nunca
ser suficiente! Do que adiantava dizer que a amava e confiava nela se
com atitudes comprovava o contrário?
105
is the number that comes to my head (105 é o número que me
vem à cabeça)
When
I think of all the years (Quando penso nos anos)
I
wanna be with you (Que quero estar contigo)
Wake
up every morning with you in my bed (Acordar contigo todos os
dias na minha cama)
That's
precisely what I plan to do (É exatamente o que planeio
fazer)
And
you know one of these days (E sei que um dia destes)
When
I get my money right (Quando receber o meu dinheiro direito)
Buy
you everything (Vou comprar-te tudo)
And
show you all the finer things in life (E mostrar-te todas as
“coisas finas” da vida)
Will
forever be enough (O “para sempre” nunca será
suficiente)
So
there ain't no need to rush (Não é preciso apressar-nos)
But
one day, I won't be able to ask you loud enough (Mas 1 dia,
eu não serei capaz de pedir-te alto o suficiente)
I'll
say will you marry me (Eu vou dizer-te queres casar comigo)
I
swear that I will mean it (Eu juro que vou dizer-te)
I'll
say will you marry me (Eu vou dizer-te queres casar comigo)
Singing
oohh, ooh, ooh (A cantar, oohh, ooh, ooh)
Oh
yeah (Oh sim)
How
many girls in the world (Quantas raparigas no mundo)
Can
make me feel like this? (Conseguem fazer-me sentir assim)
Baby
I don't ever plan to find out (Bebé, eu planeio nunca
descobrir)
The
more I look, the more I find the reasons why (Quanto mais
olho para ti, mais encontro razões porque)
You're
the love of my life (És o amor da minha vida)
(…)
And
if I lost everything (E se perder tudo)
In
my heart it means nothing (No meu coração, nada significa)
'Cause
I have you, girl I have you (Porque te tenho, rapariga,
porque eu te tenho)
O
telemóvel de Rita tocara com aquela música e ela demorou alguns
segundos a atender, lembrara-se da vez em que Fábio lhe cantara
aquela música e da forma apaixonada e sentida com que o fizer, e do
que aquela música significara... Ele era um mulherengo antes de a
conhecer e mudara tanto por causa dela e por causa da relação que
os unia, do que ambos sentiam. Limpou as lágrimas e olhou para o
ecrã, ao contrário do que esperava, não era Fábio, mas sim Pedro!
Mas afinal porque lhe ligara? Tinha que o atender.
-Sim?
- Tentou recuperar a voz
normal, de quem não tinha chorado durante imenso tempo.
-Estás
onde? - Rita percebeu
exatamente que Pedro sabia tudo e começou a chorar novamente.
-Eu
quero estar sozinha.
-Rita,
tu não estás bem, tu precisas de alguém para estar contigo.
-Preciso
de uma pessoa que me ame, sem medo e que não me agrida apenas porque
tem ciúmes.
-Rita,
estás a ser injusta, ele não te queria agredir porque estava com
ciúmes, ele não quis agredir ninguém!
-Tu
a defendê-lo? Pedro, isto não tem defesa possível!
-Rita,
eu não quero saber de quem tem razão ou não, eu quero dar-te um
abraço forte e chorares no meu peito, depois quando te acalmares
podes falar comigo ou não, depende do que te apetecer fazer.
-Estou
no areal junto aos barcos.
Rita
limpou as lágrimas e respirou fundo mais de duas mãos cheias de
vezes até se sentir mais calma, depois começou a pensar em toda a
sua vida, desde antes de conhecer Fábio, desde o momento em que
soubera da separação dos pais e que descobrira a traição de
Tiago, e nunca pensara que doera mais um estalo do seu atual namorado
do que aquela traição. Mas os seus pensamentos rapidamente foram
interrompidos por uma voz que tão bem conhecia mas não esperava, de
todo, naquele momento.
-Rita?
- Ela virou-se rapidamente e
levantou-se.
-O
que fazes aqui?
-Quero
falar contigo.
-Desaparece!
-Tem
calma, precisamos de falar.
-Eu
não quero falar contigo!
-Dá-me
um beijo para eu sentir pelo menos que ainda me amas.
-Os
sentimentos não mudam do dia para a noite, devias saber isso, acima
de tudo, devias senti-lo.
-Eu
sei disso, mas o medo de te perder é irracional.
-Eu
chamo isso a insegurança que tens em mim.
-Não,
acredita que não é. - Ele
mudou o tom... Estava calmo e parecia falar diretamente do coração,
de uma forma completamente diferente das que tinha feito
anteriormente, ela não o conhecia daquela forma. - É a
insegurança que tenho de mim mesmo. O medo terrível de perder-te
por um erro estúpido qualquer que eu sei que ia cometer.
-E
porque não falaste comigo antes?
-Porque
tive medo de me revelar contigo e te desiludir e de quereres terminar
comigo.
-Eu
não quero terminar nada, simplesmente é muito para digerir e eu
quero pensar... - Rita tinha
tanta vontade de chorar mas não podia, ela ia fazer-se de forte para
bem de si mesma.
-Respeito
isso. Queres dar um tempo?
-Não.
Eu não quero fazer isso. -
Disse sem hesitar. - Simplesmente preciso de uns dias para
pensar em tudo.
-E
eu vou dar-te todo o tempo que precisares Rita. Acredita que se me
deres uma nova oportunidade vou mudar.
-Não
precisas de uma nova oportunidade porque nada acabou, simplesmente
quero algum espaço pessoal e isso é algo que só posso fazer
sozinha, sim?
-Eu
vou deixar-te sozinha. - Ela
sentou-se na areia, sentia já não ter forças nas pernas para estar
em pé. - Só quero pedir-te desculpa mais uma vez e dizer
que te amo.
-Eu
também te amo. - Fábio estava
prestes a ir-se embora mas foi interrompido o caminho pela voz de
Rita que o parou. -Podes dar-me um beijo?
-Pensei
roubar-to mas decidi não o fazer.
-Não
é roubado quando é pedido e dado. -
Ela inclinou a cabeça para trás e ele deu-lhe um beijo na testa. -
Eu falei de um beijo, não de um beijinho. -
Fábio sorriu e decidiu dar-lhe um beijo sentido e com saudades nos
lábios, de seguida foi-se embora sem ambos dizerem nada mais e sem
trocarem mais um único olhar. Ela precisava de escrever, precisava
de desabafar sobre o que sentia, sobre tudo o que tinha vivido nos
últimos meses, mas também sabia que não o conseguia fazer, não
enquanto estivesse tudo demasiado a quente na sua cabeça e no
coração, mas talvez falar em voz alta a ajudasse a aclarar os seus
pensamentos.
-Fábio,
eu só quero que entendas que o que mais me doeu, não foi o estalo.
A dor física passou, mas as palavras que tu me disseste magoaram
mais que tu possas imaginar... -
Suspirou e limpou mais lágrimas que não paravam de cair mas embora
em menos quantidade. - É a tua insegurança. Eu sei que
dizes que tens medo de me perder, por algo que faças ou tenhas, mas
eu sei e sinto que tens medo é de mim. Medo que me vá embora...
Medo que não te ame o suficiente. E é isso que me magoa mais. -
Limpou as lágrimas e decidiu ir almoçar, afinal quem conseguia
pensar direito com o estômago vazio?
Foi
até à paragem de autocarro mais próxima e apanhou um autocarro mas
até esse sítio lhe trazia memórias... Memórias de Fábio e de
Tiago.
(Lembrança)
“-Apesar
de nos conhecermos há pouco tempo, já sei algumas coisas sobre ti
pequenina. – Talvez fosse um termo carinhoso que Fábio lhe
tinha dado para
demonstrar a sua amizade, ou fosse apenas o modo de
lhe relembrar que era pequena
ao seu lado. – E fica sabendo que
só chamo amigos quando existe mesmo confiança.
Mas sabes
ultimamente tenho andado a adorar falar com estranhos, desabafar
com
eles. É como senão te criticassem. E não te julgassem.
-Os
estranhos parece que nos ouvem melhor que os amigos. Quando soube que
os
meus pais se iam separar, a primeira coisa que fiz foi apanhar um
autocarro e
falar com estranhos, senti essa necessidade. Podes
chamar-me maluca mas foi o
que quis fazer. Mas nunca, nem por um
segundo, deixar o meu irmão para trás.
Ele foi comigo.”
(Fim
de Lembrança)
Rapidamente
chegou a casa e foi a pé o curto caminho que a separava de sua casa,
e subiu... Mas o instinto levou-a até casa de Fábio, foi a meter a
chave na porta que percebeu que estava no local errado. Tinha de ir
para sua casa. Respirou fundo e foi até sua casa, mas foi
surpreendida por um excelente cheiro que pairava pela casa. Nem a
mãe, nem o pai lhe tinham dito que iam almoçar a casa e ela
sinceramente não queria partilhar espaço com ninguém, queria comer
calmamente e sair novamente para destino incerto. Foi até à cozinha
e deparou-se com Fábio de avental e a cozinhar, noutra altura teria
comentado que era o sonho de qualquer rapariga mas naquele momento
não teria qualquer interesse em apreciar um dos lados mais atrativos
do seu namorado.
-Que
fazes aqui? - Perguntou com
rudeza.
-Apesar
de estares chateada comigo, eu não deixo de me preocupar e vim
preparar o almoço para ti, apesar de não saber se vinhas almoçar
ou não, mas não te preocupes mal acabe, eu saiu.
-Obrigada
por te preocupares.
-Quem
ama, cuida e preocupa-se.
-Quem
ama, confia. - Respondeu
friamente.
-Bem,
vou embora. - Rita agarrou-o no
braço, impedindo-o de se ir embora.
-Por
favor, fica.
-Não
te entendo, sabes?
-Alguma
vez intendestes? Sou mulher, dá-me um desconto. -
Ambos sorriram.
-E
eu estou apaixonado pela primeira vez, dá-me também a mim.
-As
relações são complexas! -
Concluiu ela. - Mas devem ser viciantes, porque não
consigo pensar sequer na ideia de estar sem ti.
-Então
porque não esquecemos tudo o que se passou hoje e recomeçamos?
-Não
abuses. - Disse novamente fria
e Fábio sabia que estava a pisar terreno incerto e que precisava de
ter cuidado, nunca tinha visto a namorada assim mas tinha demasiadas
memórias dela e conhecia-a demasiado para decifrar algumas pequenas
partes dela que talvez a ajudassem.
-Sabes
do que me lembrei?
-Não.
Ainda não existe nenhuma máquina que leia mentes.
-Da
primeira vez em que dormimos juntos.
-Mas
tu até nestas horas és perverso?
-Nada
disso, princesa. Escuta-me.
(Lembrança)
Fábio
ficou surpreendido pelo estranho pedido de Rita, mas sorriu. Fora
inocente o pedido e explicara as suas razões mas a mente do jovem
trucidara-o, queria levá-lo para caminhos que ela não queria e ele
tentava afastar aqueles pensamentos ao máximo. Queria desfrutar de
uma amizade sem segundas intenções. Perguntou:
-Tens
a certeza? Não quero outras interpretações nossas ou mesmo do teu
pai. –Respondeu nervoso, lembrando-se do que dissera ao pai da
sua amiga. Sabia que Rita o conhecia, que reconhecia o seu estilo.
Ele não era homem de se apaixonar e de ter relações sérias e ela
sabia melhor que ninguém, já conversaram mais que uma vez sobre
esse assunto. Ele tinha medo do rumo que aqueles mimos pudesse levar,
mesmo que inocentes. Queria que ela permanece-se na sua vida, como
amiga.
-Não
entendi essa do meu pai, mas adiante. – A jovem não fazia
ideia de que Fábio prometera ao seu pai tomar conta dela, enquanto
amigos e nada mais. – Já somos crescidinhos o suficiente para
distinguirmos a amizade do amor. Além do mais não há segundas
intenções. Pelo menos da minha parte. – Disse frisando bem a
sua posição.
-Da
minha parte igual. – A amizade entre eles estava mais forte não
só a cada dia que passavam juntos mas como a cada olhar trocado, a
cada palavra dita e a cada atitude, mesmo que involuntária.
Começavam a moldar o seu feitio de forma a conseguirem manter uma
amizade e á forma de ser e estar com a vida. Fábio vi-a como amiga,
sem intenção de vir a ser mais uma conquista na sua (longa) lista,
e Rita começara a abrir o coração para Fábio e vi-a nele um
amigo, em quem podia apoiar-se e recuperar de tudo o que lhe
acontecera. – Chega-te mais para junto de mim, minha doentinha.–
A rapariga aproximou-se dele e Fábio encostou os ombros à parede e
deixou as costas num ângulo de 75º e com este gesto ficou com os
pés fora da cama e ambos soltaram um sorriso.
-Quem
te manda seres enorme? – Perguntou ela sorrindo deparando-se
aquele particular momento.
-Quem
te manda seres pequena? – Respondeu ele também de pergunta.
-A
mulher é como a sardinha só se quer é pequenina! – Rita
deixou-se deslumbrar durante uns segundos pelo sorriso de Fábio. Não
podia negar a si mesma que ele era bastante atraente e bonito e o
sorriso levava-o ao extremo da sua beleza. – Posso encostar-me
ao teu ombro? –Perguntou depois de afastar aqueles pensamentos
que ela não queria ter, não estava interessada em ter relações
sem ser de amizade com qualquer outro rapaz, nem sérias, nem menos
sérias e não com um rapaz que era, de momento, o seu único amigo.
-Encosta!
– Colocou a palma da mão sobre o fundo das costas de Rita e
fez uma ligeira pressão para ela se aproximar dele e ela
obedeceu-lhe. Encostou a cabeça entre o seu peito e o seu ombro e
deixou-se ficar. Era bom sentir-se protegida, sentir que gostavam
dela e a apoiavam. E Fábio, o seu único amigo, apoiava-a e estava
ao lado dela quando precisasse, já dera provas disso. Pela primeira
vez Rita sentiu de perto, o perfume de de Fábio e gostou. Era um bom
cheiro, não era exagerado e era viciante, quanto mais cheirava, mais
queria cheirar. Ouvia o seu coração a palpitar não muito feroz e
acalmava-a.
Ele
colocou a sua mão na cabeça de Rita, entre os cabelos e começou a
massajá-los. Queria mimá-la e fazer com que ela não se sentisse
sozinha, iria satisfazer o pedido de Rita mas também a pensar na
promessa que fizera a Luís. Desligou a televisão e ela sussurrou:
-Amo
que me mexam no cabelo! – Disse a jovem doente com os olhos
fechados e a sorrir, mas ele apenas consegui-a ver o sorriso da
amiga.
-E
eu amo mexer nos cabelos dos outros! – Ela sentia-se protegida
e ele sentia que estava a cuidar da amiga, era um gesto de amizade e
de carinho. – Agora fecha os olhos e deixa-me mimar-te que bem
precisas de miminho! – Afirmou inocentemente.
-Mas
com juízinho menino. – Sorriram e ele deixou-se ficar deitado
e a fazer leves cócegas na cabeça de Rita e ouvia-a a respiração
dela. Durante alguns minutos, ele continuou a massajar a cabeça de
Rita e a sentir os fios de cabelo dela tocarem na sua pele, a
respiração de Rita tornou-se mais pesada e Fábio olhou para ela,
tinha adormecido. Estava a dormir carinhosamente e pacificamente.
Os
lábios dela pareciam mais carnudos e atraentes enquanto dormia e o
desejo dele era de tomá-los como seus mas deixou o seu desejo
acalmar e fez uma leve festinha sobre a bochecha dela e admirou-a
durante segundos. “Como conseguia ser uma pessoa tão forte
depois de tudo o que lhe acontecerá?”, “Porque tentava
demonstrar que estava sempre tudo bem quando sentia o seu mundo a
desabar?”, “Porque Rita se tinha afastado de tudo e de todos,
inclusivé mãe, família e amigos?”, “Será que ela o
considerava mesmo seu amigo?”, “Porque Rita o admirava tanto ao
ponto de teres fotos suas no seu quarto?”. Tantos pensamentos
invadiram a sua cabeça e ele queria saber todas as resposta mas
acabou também por adormecer. Os corpos de ambos tombaram sobre as
mantas e os pés de Fábio ficaram ainda mais fora da cama.”
(Fim
de Lembrança)
-Isso
foi pouco depois de nos conhecermos não foi? -
Sabia bem quando tinha acontecido mas fingira não saber para não
dar parte fraca e Fábio ficou dececionado.
-Sim.
Quando andavas com aqueles enjoos e tudo, tinha-te obrigado a fazer
um teste de gravidez, sendo tu virgem.
-Eu
sabia que não estava grávida, mas tu mesmo assim forçaste-me, como
sempre sem confiar em mim.
-Sabes,
Rita? - Levantou-se da mesa
onde já almoçavam claramente chateado. - Eu estou a
tentar mas tu simplesmente estás a dificultar-me demasiado, chegas
ao ponto de ser rude!
-Vais
desistir de mim? - Perguntou
desiludida.
-Nunca
vou desistir de ti, acredita. -
Mas Fábio até chateado, era romântico, perguntava interiormente
Rita. - Estou a desistir deste almoço dos dois. -
Fábio levantou-se da mesa com rumo a sua casa, mas foi travado por
Rita, que o agarrou no braço. - Por favor, não vás.
-O
que vai mudar, Rita? A tua forma de rudeza? Ou a tua capacidade de me
dizeres que errei mais que uma vez na nossa história?
-Preciso
de ti.
-Para
quê? - Rita aproximou-se dele
e colocou os braços sobre os ombros dele e ficaram frente a frente,
enquanto ele colocava as mãos no fundo das suas costas, abraçando o
seu corpo com os seus braços.
-Para
me amar. - Dito isto beijou-o e
o que começou com um beijo inocente rapidamente acabou com as roupas
no chão e dois corpos nus em cima de uma cama. Depois do momento,
nenhum sabia como reagir ou o que dizer, mas foi ele que tomou a
iniciativa:
-E
agora? Fica tudo bem? - Com
aquelas palavras, Rita despertou do “transe” em que estava a sua
cabeça e começou a procurar a roupa e a vestir-se.
-Isto
não foi nada. - Para Fábio
todo o mundo desabara, ou pelo menos o seu coração parecia cair. -
Foi sexo de compaixão, não sexo de retorno.
-Como
tens coragem? Como consegues?
-Não
tenho sentimentos... É isso! -
Respondeu Rita sorrindo.
-Não
conhecia este teu lado...
-Insensível!
- Disse ela.
-Bruto
e rude! Mas sei que não és assim, e não é isto que me vai fazer
desistir de ti, nem nada!
-Vou-me
embora! - Pegou na sua mala e
foi-se embora sem dizer mais nada, deixando-o completamente despido
de qualquer roupa e numa confusão imensa de sentimentos e dúvidas.
Rita
saiu de casa e bastou caminhar apenas mais uns minutos para ouvir um
piropo no carro:
-Oh
gata, podes dar-me o teu número? -
A rapariga não olhou mas o carro continuou a prosseguir ao seu lado.
- Se tivesses solteira, acredita que não me escapavas. -
Noutra circunstância qualquer, Rita teria ignorado e continuado o
seu percurso mas simplesmente não estava com paciência e estava
farta de rapazes, por isso virou-se para o carro e decidiu responder.
-Ouve
lá! - Quando reparou no dono
do carro, calou-se. - O que fazes aqui?
-Pensei
que talvez não tivesses bem e precisasses de ir jantar fora e
passear.
-Sabes
que o culpado de estar assim és tu?
-Não,
não sou. - Respondeu com um
sorriso irónico. - A culpa é do teu namorado que
respondeu com um estalo a uma simples conversa.
-Tu
nunca foste santo, não me tentes enganar, tu provocaste-o.
-É
verdade que provoquei, mas existe desculpa para partir para a
violência? - Rita ia responder
mas decidiu não o fazer, ela conhecia bem os dois lados da questão.
- E também te conheço bem, sei que não estás bem.
-E
como sabias que iria estar pela rua?
-Porque
conheço-te. Primeiro precisas de espaço e eu dei-te, agora querias
mimo e eu vim-te dar.
-Eu
tenho o Fábio, ainda somos namorados, caso me lembre.
-Ainda?
Isso quer dizer alguma coisa.
-Não
quer dizer nada, é uma expressão. É só algo menos bom que se está
a passar na nossa vida, vai passar.
-E
nós?
-Não
existe um nós. Tu acabaste-o quando te envolveste com a Adriana.
-Eu
errei.
-É
um erro sem perdão. E eu sou feliz com o Fábio, e tu vais encontrar
outra pessoa.
-E
se eu só te quisesse a ti? E tentasse alguma coisa contigo?
-Se
me conhecesses sabes que não é não. Eu tenho o Fábio, e amo-o. Tu
és o meu primeiro amor, nunca te vou esquecer, mas o nosso tempo
chegou ao fim.
-E
se ficássemos apenas amigos? Como nos velhos tempos antes de
namorarmos?
-Assim
aceitaria jantar contigo.
-Então
vamos. - Ele acelerou e
acabaram por jantar e depois foram para uma discoteca próxima, onde
Rita não aguentou a dor que vivia no peito e decidiu beber muito
mais do que o seu corpo aguentava.
(No
dia seguinte)
Rita
tivera uma noite terrível e não tivera um melhor despertar, tinha
bebido demasiado e tinha acabado por ir parar ao hospital... Em coma
alcoólico. Não queria acreditar, ela nunca tinha cometido uma
loucura típica de adolescente, raramente sai-a à noite e era uma
rapariga calma para a idade, mas tinha abusado e ela estava ciente
disso, a prova era claro, o local onde estava: numa cama de hospital.
Tinham-lhe feito uma lavagem ao estômago, mas o que mais lhe doía
era a alma. E o coração. Queria chorar e ir diretamente para os
braços de Fábio e chorar por lá até se sentir melhor, mas sabia
que tinha sido injusta com ele e não lhe poderia fazer isso. Tinha
de suportar a dor sozinha. Até que o médico entrou no seu quarto:
-Como
está menina?
-Estou
a recuperar doutor.
-Precisamos
de falar.
-Eu
sei que fiz mal, doutor. Acredite que é a primeira e última vez,
prometo.
-Não
é isso, Maria. - A rapariga
nunca na sua vida iria habituar-se a que lhe chamassem de Maria em
inverso de Rita, mas estava mentalizada que era o seu primeiro nome.
- Tem de pensar de forma diferente. A sua vida não é a
única que está em risco agora.
-O
que quer dizer com isso, doutor? -
Rita não queria acreditar, talvez tivesse ouvido mal... Talvez ele
não quisesse dizer isso. Ela precisava de confirmar o que não
queria ouvir.
Como
irá reagir Rita?
O
que quererá o médico dizer? Ou será um falso alarme?
Olá :)
ResponderEliminarBem!...que a Rita está lixada com o Fábio :O
Opah!...cheira-me que vem aí um bebé e é do Fábio ;)
Espero que seja verdade :D
E quero o próximo capitulo sff :)
Beijos :*