quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Capítulo 41: “Quem ama, cuida e preocupa-se.”


Rita queria chorar mas as lágrimas não lhe caiam pelo rosto, nem as palavras eram expulsas pela sua boca, ela queria poder responder mas não conseguia dizer nada nem reagir, mas Fábio pelo contrário, depois de uns segundos de choque, finalmente conseguiu reagir.

-Rita. - Tiago afastou-se e deixou Fábio aproximar-se.
-Nem tentes. - Virou costas e começou a caminhar para sair dali rapidamente. A dor estava presente, não só na sua cara, como também no seu coração, e essa era uma dor que tão cedo não iria sarar e demoraria muito mais a curar que a dor na sua face.
-Amor. - Ele correu até junto dela.
-Desaparece daqui! - Gritou aos berros.
-Deixa-me pelo menos levar-te para casa.
-Não quero saber de nada do que tenha a ver contigo.
-Estás a ser injusta!
-Estou? - As lágrimas caíram pela cara e a revolta e a dor eram óbvias na sua expressão mas também no olhar carregado de uma série de sentimentos que Fábio nunca tinha visto nos seus olhos. - Porque a mim parece-me que até estou a ser simpática contigo!
-Eu não queria bater-te! - Respondeu também ele revoltado.
-Fábio, esquece, acabou! - De repente, Fábio parou e olhou para Rita diretamente nos olhos, como que pedindo esperança. -Acabou esta conversa, desaparece! - Nunca Fábio tinha ficado tão feliz com uma resposta tão fria de Rita. A rapariga correu dali para fora sem destino certo mas mergulhada numa dor imensa e com as lágrimas a correrem-lhe pela face e a molhar os olhos, e quase provocando um atropelamento, porque ela atravessou-se na passadeira e não viu o carro a pouca distância. Correu até ao pequeno areal que não existe longe e deitou-se em cima da área e deixou-se chorar durante minutos a fio. Era mais que um simples estalo, era muito mais que isso... Já lhe tinha mostrado que o amava com imensas provas de amor, gestos, palavras e atitudes, mas ele parecia ainda duvidar desse amor e daquela relação, era óbvio pela sua reação com Tiago, pela insegurança que Fábio tinha em relação a ele. Tinha-lhe dado o privilégio de ser padrinho da sua afilhada e sobrinha, tinha vivido com eles experiências únicas e apresentar-lhe logo os pais e em especial particularidade o irmão, tinha-lhe aberto o coração e tinha-lhe dado tudo o que pertencia e amava-o como nunca tinha sequer ousado amar Tiago mas parecia nunca ser suficiente! Do que adiantava dizer que a amava e confiava nela se com atitudes comprovava o contrário?

105 is the number that comes to my head (105 é o número que me vem à cabeça)
When I think of all the years (Quando penso nos anos)
I wanna be with you (Que quero estar contigo)
Wake up every morning with you in my bed (Acordar contigo todos os dias na minha cama)
That's precisely what I plan to do (É exatamente o que planeio fazer)

And you know one of these days (E sei que um dia destes)
When I get my money right (Quando receber o meu dinheiro direito)
Buy you everything (Vou comprar-te tudo)
And show you all the finer things in life (E mostrar-te todas as “coisas finas” da vida)
Will forever be enough (O “para sempre” nunca será suficiente)
So there ain't no need to rush (Não é preciso apressar-nos)
But one day, I won't be able to ask you loud enough (Mas 1 dia, eu não serei capaz de pedir-te alto o suficiente)

I'll say will you marry me (Eu vou dizer-te queres casar comigo)
I swear that I will mean it (Eu juro que vou dizer-te)
I'll say will you marry me (Eu vou dizer-te queres casar comigo)
Singing oohh, ooh, ooh (A cantar, oohh, ooh, ooh)
Oh yeah (Oh sim)

How many girls in the world (Quantas raparigas no mundo)
Can make me feel like this? (Conseguem fazer-me sentir assim)
Baby I don't ever plan to find out (Bebé, eu planeio nunca descobrir)
The more I look, the more I find the reasons why (Quanto mais olho para ti, mais encontro razões porque)
You're the love of my life (És o amor da minha vida)

(…)

And if I lost everything (E se perder tudo)
In my heart it means nothing (No meu coração, nada significa)
'Cause I have you, girl I have you (Porque te tenho, rapariga, porque eu te tenho)

O telemóvel de Rita tocara com aquela música e ela demorou alguns segundos a atender, lembrara-se da vez em que Fábio lhe cantara aquela música e da forma apaixonada e sentida com que o fizer, e do que aquela música significara... Ele era um mulherengo antes de a conhecer e mudara tanto por causa dela e por causa da relação que os unia, do que ambos sentiam. Limpou as lágrimas e olhou para o ecrã, ao contrário do que esperava, não era Fábio, mas sim Pedro! Mas afinal porque lhe ligara? Tinha que o atender.

-Sim? - Tentou recuperar a voz normal, de quem não tinha chorado durante imenso tempo.
-Estás onde? - Rita percebeu exatamente que Pedro sabia tudo e começou a chorar novamente.
-Eu quero estar sozinha.
-Rita, tu não estás bem, tu precisas de alguém para estar contigo.
-Preciso de uma pessoa que me ame, sem medo e que não me agrida apenas porque tem ciúmes.
-Rita, estás a ser injusta, ele não te queria agredir porque estava com ciúmes, ele não quis agredir ninguém!
-Tu a defendê-lo? Pedro, isto não tem defesa possível!
-Rita, eu não quero saber de quem tem razão ou não, eu quero dar-te um abraço forte e chorares no meu peito, depois quando te acalmares podes falar comigo ou não, depende do que te apetecer fazer.
-Estou no areal junto aos barcos.

Rita limpou as lágrimas e respirou fundo mais de duas mãos cheias de vezes até se sentir mais calma, depois começou a pensar em toda a sua vida, desde antes de conhecer Fábio, desde o momento em que soubera da separação dos pais e que descobrira a traição de Tiago, e nunca pensara que doera mais um estalo do seu atual namorado do que aquela traição. Mas os seus pensamentos rapidamente foram interrompidos por uma voz que tão bem conhecia mas não esperava, de todo, naquele momento.

-Rita? - Ela virou-se rapidamente e levantou-se.
-O que fazes aqui?
-Quero falar contigo.
-Desaparece!
-Tem calma, precisamos de falar.
-Eu não quero falar contigo!
-Dá-me um beijo para eu sentir pelo menos que ainda me amas.
-Os sentimentos não mudam do dia para a noite, devias saber isso, acima de tudo, devias senti-lo.
-Eu sei disso, mas o medo de te perder é irracional.
-Eu chamo isso a insegurança que tens em mim.
-Não, acredita que não é. - Ele mudou o tom... Estava calmo e parecia falar diretamente do coração, de uma forma completamente diferente das que tinha feito anteriormente, ela não o conhecia daquela forma. - É a insegurança que tenho de mim mesmo. O medo terrível de perder-te por um erro estúpido qualquer que eu sei que ia cometer.
-E porque não falaste comigo antes?
-Porque tive medo de me revelar contigo e te desiludir e de quereres terminar comigo.
-Eu não quero terminar nada, simplesmente é muito para digerir e eu quero pensar... - Rita tinha tanta vontade de chorar mas não podia, ela ia fazer-se de forte para bem de si mesma.
-Respeito isso. Queres dar um tempo?
-Não. Eu não quero fazer isso. - Disse sem hesitar. - Simplesmente preciso de uns dias para pensar em tudo.
-E eu vou dar-te todo o tempo que precisares Rita. Acredita que se me deres uma nova oportunidade vou mudar.
-Não precisas de uma nova oportunidade porque nada acabou, simplesmente quero algum espaço pessoal e isso é algo que só posso fazer sozinha, sim?
-Eu vou deixar-te sozinha. - Ela sentou-se na areia, sentia já não ter forças nas pernas para estar em pé. - Só quero pedir-te desculpa mais uma vez e dizer que te amo.
-Eu também te amo. - Fábio estava prestes a ir-se embora mas foi interrompido o caminho pela voz de Rita que o parou. -Podes dar-me um beijo?
-Pensei roubar-to mas decidi não o fazer.
-Não é roubado quando é pedido e dado. - Ela inclinou a cabeça para trás e ele deu-lhe um beijo na testa. - Eu falei de um beijo, não de um beijinho. - Fábio sorriu e decidiu dar-lhe um beijo sentido e com saudades nos lábios, de seguida foi-se embora sem ambos dizerem nada mais e sem trocarem mais um único olhar. Ela precisava de escrever, precisava de desabafar sobre o que sentia, sobre tudo o que tinha vivido nos últimos meses, mas também sabia que não o conseguia fazer, não enquanto estivesse tudo demasiado a quente na sua cabeça e no coração, mas talvez falar em voz alta a ajudasse a aclarar os seus pensamentos.

-Fábio, eu só quero que entendas que o que mais me doeu, não foi o estalo. A dor física passou, mas as palavras que tu me disseste magoaram mais que tu possas imaginar... - Suspirou e limpou mais lágrimas que não paravam de cair mas embora em menos quantidade. - É a tua insegurança. Eu sei que dizes que tens medo de me perder, por algo que faças ou tenhas, mas eu sei e sinto que tens medo é de mim. Medo que me vá embora... Medo que não te ame o suficiente. E é isso que me magoa mais. - Limpou as lágrimas e decidiu ir almoçar, afinal quem conseguia pensar direito com o estômago vazio?
Foi até à paragem de autocarro mais próxima e apanhou um autocarro mas até esse sítio lhe trazia memórias... Memórias de Fábio e de Tiago.

(Lembrança)

-Apesar de nos conhecermos há pouco tempo, já sei algumas coisas sobre ti 
pequenina. – Talvez fosse um termo carinhoso que Fábio lhe tinha dado para 
demonstrar a sua amizade, ou fosse apenas o modo de lhe relembrar que era pequena 
ao seu lado. – E fica sabendo que só chamo amigos quando existe mesmo confiança. 
Mas sabes ultimamente tenho andado a adorar falar com estranhos, desabafar 
com eles. É como senão te criticassem. E não te julgassem.
-Os estranhos parece que nos ouvem melhor que os amigos. Quando soube que os 
meus pais se iam separar, a primeira coisa que fiz foi apanhar um autocarro e 
falar com estranhos, senti essa necessidade. Podes chamar-me maluca mas foi o 
que quis fazer. Mas nunca, nem por um segundo, deixar o meu irmão para trás. 
Ele foi comigo.”
(Fim de Lembrança)

Rapidamente chegou a casa e foi a pé o curto caminho que a separava de sua casa, e subiu... Mas o instinto levou-a até casa de Fábio, foi a meter a chave na porta que percebeu que estava no local errado. Tinha de ir para sua casa. Respirou fundo e foi até sua casa, mas foi surpreendida por um excelente cheiro que pairava pela casa. Nem a mãe, nem o pai lhe tinham dito que iam almoçar a casa e ela sinceramente não queria partilhar espaço com ninguém, queria comer calmamente e sair novamente para destino incerto. Foi até à cozinha e deparou-se com Fábio de avental e a cozinhar, noutra altura teria comentado que era o sonho de qualquer rapariga mas naquele momento não teria qualquer interesse em apreciar um dos lados mais atrativos do seu namorado.

-Que fazes aqui? - Perguntou com rudeza.
-Apesar de estares chateada comigo, eu não deixo de me preocupar e vim preparar o almoço para ti, apesar de não saber se vinhas almoçar ou não, mas não te preocupes mal acabe, eu saiu.
-Obrigada por te preocupares.
-Quem ama, cuida e preocupa-se.
-Quem ama, confia. - Respondeu friamente.
-Bem, vou embora. - Rita agarrou-o no braço, impedindo-o de se ir embora.
-Por favor, fica.
-Não te entendo, sabes?
-Alguma vez intendestes? Sou mulher, dá-me um desconto. - Ambos sorriram.
-E eu estou apaixonado pela primeira vez, dá-me também a mim.
-As relações são complexas! - Concluiu ela. - Mas devem ser viciantes, porque não consigo pensar sequer na ideia de estar sem ti.
-Então porque não esquecemos tudo o que se passou hoje e recomeçamos?
-Não abuses. - Disse novamente fria e Fábio sabia que estava a pisar terreno incerto e que precisava de ter cuidado, nunca tinha visto a namorada assim mas tinha demasiadas memórias dela e conhecia-a demasiado para decifrar algumas pequenas partes dela que talvez a ajudassem.
-Sabes do que me lembrei?
-Não. Ainda não existe nenhuma máquina que leia mentes.
-Da primeira vez em que dormimos juntos.
-Mas tu até nestas horas és perverso?
-Nada disso, princesa. Escuta-me.

(Lembrança)
Fábio ficou surpreendido pelo estranho pedido de Rita, mas sorriu. Fora inocente o pedido e explicara as suas razões mas a mente do jovem trucidara-o, queria levá-lo para caminhos que ela não queria e ele tentava afastar aqueles pensamentos ao máximo. Queria desfrutar de uma amizade sem segundas intenções. Perguntou:

-Tens a certeza? Não quero outras interpretações nossas ou mesmo do teu pai. –Respondeu nervoso, lembrando-se do que dissera ao pai da sua amiga. Sabia que Rita o conhecia, que reconhecia o seu estilo. Ele não era homem de se apaixonar e de ter relações sérias e ela sabia melhor que ninguém, já conversaram mais que uma vez sobre esse assunto. Ele tinha medo do rumo que aqueles mimos pudesse levar, mesmo que inocentes. Queria que ela permanece-se na sua vida, como amiga.

-Não entendi essa do meu pai, mas adiante. – A jovem não fazia ideia de que Fábio prometera ao seu pai tomar conta dela, enquanto amigos e nada mais. – Já somos crescidinhos o suficiente para distinguirmos a amizade do amor. Além do mais não há segundas intenções. Pelo menos da minha parte. – Disse frisando bem a sua posição.

-Da minha parte igual. – A amizade entre eles estava mais forte não só a cada dia que passavam juntos mas como a cada olhar trocado, a cada palavra dita e a cada atitude, mesmo que involuntária. Começavam a moldar o seu feitio de forma a conseguirem manter uma amizade e á forma de ser e estar com a vida. Fábio vi-a como amiga, sem intenção de vir a ser mais uma conquista na sua (longa) lista, e Rita começara a abrir o coração para Fábio e vi-a nele um amigo, em quem podia apoiar-se e recuperar de tudo o que lhe acontecera. – Chega-te mais para junto de mim, minha doentinha.– A rapariga aproximou-se dele e Fábio encostou os ombros à parede e deixou as costas num ângulo de 75º e com este gesto ficou com os pés fora da cama e ambos soltaram um sorriso.

-Quem te manda seres enorme? – Perguntou ela sorrindo deparando-se aquele particular momento.

-Quem te manda seres pequena? – Respondeu ele também de pergunta.

-A mulher é como a sardinha só se quer é pequenina! – Rita deixou-se deslumbrar durante uns segundos pelo sorriso de Fábio. Não podia negar a si mesma que ele era bastante atraente e bonito e o sorriso levava-o ao extremo da sua beleza. – Posso encostar-me ao teu ombro? –Perguntou depois de afastar aqueles pensamentos que ela não queria ter, não estava interessada em ter relações sem ser de amizade com qualquer outro rapaz, nem sérias, nem menos sérias e não com um rapaz que era, de momento, o seu único amigo.

-Encosta! – Colocou a palma da mão sobre o fundo das costas de Rita e fez uma ligeira pressão para ela se aproximar dele e ela obedeceu-lhe. Encostou a cabeça entre o seu peito e o seu ombro e deixou-se ficar. Era bom sentir-se protegida, sentir que gostavam dela e a apoiavam. E Fábio, o seu único amigo, apoiava-a e estava ao lado dela quando precisasse, já dera provas disso. Pela primeira vez Rita sentiu de perto, o perfume de de Fábio e gostou. Era um bom cheiro, não era exagerado e era viciante, quanto mais cheirava, mais queria cheirar. Ouvia o seu coração a palpitar não muito feroz e acalmava-a.
Ele colocou a sua mão na cabeça de Rita, entre os cabelos e começou a massajá-los. Queria mimá-la e fazer com que ela não se sentisse sozinha, iria satisfazer o pedido de Rita mas também a pensar na promessa que fizera a Luís. Desligou a televisão e ela sussurrou:

-Amo que me mexam no cabelo! – Disse a jovem doente com os olhos fechados e a sorrir, mas ele apenas consegui-a ver o sorriso da amiga.

-E eu amo mexer nos cabelos dos outros! – Ela sentia-se protegida e ele sentia que estava a cuidar da amiga, era um gesto de amizade e de carinho. – Agora fecha os olhos e deixa-me mimar-te que bem precisas de miminho! – Afirmou inocentemente.
-Mas com juízinho menino. – Sorriram e ele deixou-se ficar deitado e a fazer leves cócegas na cabeça de Rita e ouvia-a a respiração dela. Durante alguns minutos, ele continuou a massajar a cabeça de Rita e a sentir os fios de cabelo dela tocarem na sua pele, a respiração de Rita tornou-se mais pesada e Fábio olhou para ela, tinha adormecido. Estava a dormir carinhosamente e pacificamente.

Os lábios dela pareciam mais carnudos e atraentes enquanto dormia e o desejo dele era de tomá-los como seus mas deixou o seu desejo acalmar e fez uma leve festinha sobre a bochecha dela e admirou-a durante segundos. “Como conseguia ser uma pessoa tão forte depois de tudo o que lhe acontecerá?”, “Porque tentava demonstrar que estava sempre tudo bem quando sentia o seu mundo a desabar?”, “Porque Rita se tinha afastado de tudo e de todos, inclusivé mãe, família e amigos?”, “Será que ela o considerava mesmo seu amigo?”, “Porque Rita o admirava tanto ao ponto de teres fotos suas no seu quarto?”. Tantos pensamentos invadiram a sua cabeça e ele queria saber todas as resposta mas acabou também por adormecer. Os corpos de ambos tombaram sobre as mantas e os pés de Fábio ficaram ainda mais fora da cama.”

(Fim de Lembrança)

-Isso foi pouco depois de nos conhecermos não foi? - Sabia bem quando tinha acontecido mas fingira não saber para não dar parte fraca e Fábio ficou dececionado.
-Sim. Quando andavas com aqueles enjoos e tudo, tinha-te obrigado a fazer um teste de gravidez, sendo tu virgem.
-Eu sabia que não estava grávida, mas tu mesmo assim forçaste-me, como sempre sem confiar em mim.
-Sabes, Rita? - Levantou-se da mesa onde já almoçavam claramente chateado. - Eu estou a tentar mas tu simplesmente estás a dificultar-me demasiado, chegas ao ponto de ser rude!
-Vais desistir de mim? - Perguntou desiludida.
-Nunca vou desistir de ti, acredita. - Mas Fábio até chateado, era romântico, perguntava interiormente Rita. - Estou a desistir deste almoço dos dois. - Fábio levantou-se da mesa com rumo a sua casa, mas foi travado por Rita, que o agarrou no braço. - Por favor, não vás.
-O que vai mudar, Rita? A tua forma de rudeza? Ou a tua capacidade de me dizeres que errei mais que uma vez na nossa história?
-Preciso de ti.
-Para quê? - Rita aproximou-se dele e colocou os braços sobre os ombros dele e ficaram frente a frente, enquanto ele colocava as mãos no fundo das suas costas, abraçando o seu corpo com os seus braços.
-Para me amar. - Dito isto beijou-o e o que começou com um beijo inocente rapidamente acabou com as roupas no chão e dois corpos nus em cima de uma cama. Depois do momento, nenhum sabia como reagir ou o que dizer, mas foi ele que tomou a iniciativa:

-E agora? Fica tudo bem? - Com aquelas palavras, Rita despertou do “transe” em que estava a sua cabeça e começou a procurar a roupa e a vestir-se.
-Isto não foi nada. - Para Fábio todo o mundo desabara, ou pelo menos o seu coração parecia cair. - Foi sexo de compaixão, não sexo de retorno.
-Como tens coragem? Como consegues?
-Não tenho sentimentos... É isso! - Respondeu Rita sorrindo.
-Não conhecia este teu lado...
-Insensível! - Disse ela.
-Bruto e rude! Mas sei que não és assim, e não é isto que me vai fazer desistir de ti, nem nada!
-Vou-me embora! - Pegou na sua mala e foi-se embora sem dizer mais nada, deixando-o completamente despido de qualquer roupa e numa confusão imensa de sentimentos e dúvidas.

Rita saiu de casa e bastou caminhar apenas mais uns minutos para ouvir um piropo no carro:

-Oh gata, podes dar-me o teu número? - A rapariga não olhou mas o carro continuou a prosseguir ao seu lado. - Se tivesses solteira, acredita que não me escapavas. - Noutra circunstância qualquer, Rita teria ignorado e continuado o seu percurso mas simplesmente não estava com paciência e estava farta de rapazes, por isso virou-se para o carro e decidiu responder.
-Ouve lá! - Quando reparou no dono do carro, calou-se. - O que fazes aqui?
-Pensei que talvez não tivesses bem e precisasses de ir jantar fora e passear.
-Sabes que o culpado de estar assim és tu?
-Não, não sou. - Respondeu com um sorriso irónico. - A culpa é do teu namorado que respondeu com um estalo a uma simples conversa.
-Tu nunca foste santo, não me tentes enganar, tu provocaste-o.
-É verdade que provoquei, mas existe desculpa para partir para a violência? - Rita ia responder mas decidiu não o fazer, ela conhecia bem os dois lados da questão. - E também te conheço bem, sei que não estás bem.
-E como sabias que iria estar pela rua?
-Porque conheço-te. Primeiro precisas de espaço e eu dei-te, agora querias mimo e eu vim-te dar.
-Eu tenho o Fábio, ainda somos namorados, caso me lembre.
-Ainda? Isso quer dizer alguma coisa.
-Não quer dizer nada, é uma expressão. É só algo menos bom que se está a passar na nossa vida, vai passar.
-E nós?
-Não existe um nós. Tu acabaste-o quando te envolveste com a Adriana.
-Eu errei.
-É um erro sem perdão. E eu sou feliz com o Fábio, e tu vais encontrar outra pessoa.
-E se eu só te quisesse a ti? E tentasse alguma coisa contigo?
-Se me conhecesses sabes que não é não. Eu tenho o Fábio, e amo-o. Tu és o meu primeiro amor, nunca te vou esquecer, mas o nosso tempo chegou ao fim.
-E se ficássemos apenas amigos? Como nos velhos tempos antes de namorarmos?
-Assim aceitaria jantar contigo.
-Então vamos. - Ele acelerou e acabaram por jantar e depois foram para uma discoteca próxima, onde Rita não aguentou a dor que vivia no peito e decidiu beber muito mais do que o seu corpo aguentava.

(No dia seguinte)
Rita tivera uma noite terrível e não tivera um melhor despertar, tinha bebido demasiado e tinha acabado por ir parar ao hospital... Em coma alcoólico. Não queria acreditar, ela nunca tinha cometido uma loucura típica de adolescente, raramente sai-a à noite e era uma rapariga calma para a idade, mas tinha abusado e ela estava ciente disso, a prova era claro, o local onde estava: numa cama de hospital. Tinham-lhe feito uma lavagem ao estômago, mas o que mais lhe doía era a alma. E o coração. Queria chorar e ir diretamente para os braços de Fábio e chorar por lá até se sentir melhor, mas sabia que tinha sido injusta com ele e não lhe poderia fazer isso. Tinha de suportar a dor sozinha. Até que o médico entrou no seu quarto:

-Como está menina?
-Estou a recuperar doutor.
-Precisamos de falar.
-Eu sei que fiz mal, doutor. Acredite que é a primeira e última vez, prometo.
-Não é isso, Maria. - A rapariga nunca na sua vida iria habituar-se a que lhe chamassem de Maria em inverso de Rita, mas estava mentalizada que era o seu primeiro nome. - Tem de pensar de forma diferente. A sua vida não é a única que está em risco agora.
-O que quer dizer com isso, doutor? - Rita não queria acreditar, talvez tivesse ouvido mal... Talvez ele não quisesse dizer isso. Ela precisava de confirmar o que não queria ouvir.


Como irá reagir Rita?

O que quererá o médico dizer? Ou será um falso alarme?

1 comentário:

  1. Olá :)
    Bem!...que a Rita está lixada com o Fábio :O
    Opah!...cheira-me que vem aí um bebé e é do Fábio ;)
    Espero que seja verdade :D
    E quero o próximo capitulo sff :)
    Beijos :*

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