sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Capítulo 36: “Porque razão haveria de dizer que te amo se realmente não o sentisse?”


Rita sabia que tudo o que aquelas diziam tinha um fundo de verdade e era o que realmente a magoava, tocaram nos seus medos e receios mais profundos, talvez ele nunca tivesse realmente mudado, talvez ele só a tivesse usado. Era demasiado perturbador pensar que o fizesse tinham já vivido tanto juntos, apesar de se conhecerem à tão pouco tempo... Entregara-lhe a sua primeira vez... E a segunda. Tinha vivido ao seu lado a morte do irmão e era ele o futuro padrinho de batismo de Diana, de quem era madrinha, apesar de ainda não ter decorrido a missa, já tinha data prevista e iriam sê-lo, mesmo que se separassem até lá, não tinha coragem de pedi-lo para não sê-lo e era um ato de egoísmo até pela afilhada que tanto gostava dele. Mas também sabia que ele podia falar e “dar conversa” a outras raparigas, por mais que gostasse de si, e isso magoava-a, porque muitas gostavam dele porque era bonito e fácil, mas ela via o seu interior, via o seu verdadeiro valor, acima de qualquer dinheiro, estatuto social ou dinheiro.

-Deixa estar mana. - Fingiu ter lidado bem com o que ouvira. - Acho que estas raparigas queriam só causar distúrbio e tentar fazer-me ninho atrás da orelha, porque de certeza que tentaram ter algo com o meu namoro e ele não quis.

Ana e Rita saíram de perto das raparigas e foram para as cadeiras e para próximo da família.

-Estás bem?
-Não, não estou. - Desabafou. - Mas isto passa.
-Tudo o que elas te disseram é mentira, sabes bem que o Fábio mudou muito por tua causa.
-E se não for mentira o que elas disseram? E se ele só me usar e não gostar realmente de mim?
-Rita queres maior prova de amor do que as que ele já te deu?
-Tenho medo mana, muito medo. Estamos juntos à tão pouco tempo.
-Mas como tu me ensinaste e bem, ninguém tem nada a ver convosco, vocês é que sabem a que ritmo e velocidade fazem as coisas. E estás a deixar que aquelas raparigas se apoderem de um sentimento lindo e de uma relação fantástica que estão a viver, e tu não podes deixar, tens de ser mais forte que isso.
-Eu sei que tenho de ser mais forte que tudo isso e não posso deixar que ninguém se meta na nossa relação, nem toda a gente quer o nosso melhor, mas não consigo confiar em pleno nele, o medo de me magoar supera a confiança.
-Mas tu entregaste-te a ele de uma forma tão brutal e estavas tão certa...
-Estas raparigas deixaram-me a pensar e logo hoje que é o jantar da equipa dele lá em casa...
-Vais ser apresentada formalmente aos colegas de equipa?
-Não me deixes ainda mais nervosa por favor. - Pediu com medo só de pensar.
-Quer dizer eu também já os conheço da vez em que vim com eles no autocarro desde Braga mas só agora e que sou mesmo namorada...
-Vai correr tudo bem, mas nem ligues às parvoíces deles e assim, lembra-te que os rapazes são sempre assim...
-Eu sei, não têm emenda possível, eu sei. - Sorriram. - Quando tiver um filho lembra-me disso, por favor.
-Por sorte calhou-me uma menina, mas o teu cunhado queria um rapaz...
-Podem sempre tentar tê-lo agora...
-Daqui a uns tempos mana. A Di ainda é pequena.
-Tentar não custa. - Sorriu Rita.

Foram interrompidas pela voz do speaker que disse o 11 inicial do qual Fábio fazia parte, toda a família aplaudiu e ficou orgulhosa do elemento “mais recente” poder demonstrar ao mundo o seu talento.

Rita olhou para o telemóvel e mandou uma mensagem ao seu mais que tudo:

Quero que saibas que estamos todos a torcer por ti, não só hoje como sempre, mostra o que vales e o quanto és apoiado! Amo-te!
PS: E despacha-te a saíres do balneário que a tua afilhada tem saudades tuas e eu também, e ainda temos muito para fazer hoje! Beijinhos:) ”

Decidiu não dizer-lhe que precisavam de falar porque naquele momento ele precisava de concentração ao máximo no jogo e não queria de todo distraí-lo depois abriu a mensagem que ele lhe mandara:

Está descansada que hoje para o jantar só vão alguns... Às 20:30 em minha casa já combinei com eles! Vai o Cancelo, o Teixeira, o Bernardo, o Varela, o Ivan e o Hélder... Mas vais ser apresentada como namorada senão te importares e aceitares este passo. Beijos e amo-te! Se marcar vais ter uma surpresa :) ”

Rita respirou fundo e sorriu mas no fundo sentia o mundo ruir mesmo debaixo dos seus pés. Não poderia simplesmente afastar-se dele, já o amava e a distância não iria mudá-lo, mas também como dizer ao homem que tanto fizera por ela que estava com dúvidas? Não seria fácil mas o medo de perdê-lo também a assombrava… Queria que ele fosse feliz acima de tudo, mas e se ele realmente não fosse feliz com ela?

A pequena Diana, talvez com um instinto infantil que acaba por dissipar-se com a idade, captou a desatenção da madrinha e consequentemente os seus pensamentos que estavam demasiado distantes e esticou-lhe os braços e a madrinha pegou nela ao colo e começaram a brincar, a pequena brincou com ela até a animar… Ou pelo menos até ao final do jogo. A bebé de vez em quando tomava atenção ao jogo e sempre muito atenta quando ouvia na bancada o nome do padrinho ou ele a dar indicações ao resto da equipa, e de vez em quando para observar o jogo, mas quando não estava, a madrinha tratava dela, mesmo que um olho fosse pela afilhada e outro pelo padrinho da afilhada. Quando o jogo terminou, com uma vitória para a equipa de encarnado, saíram da bancada e foram até à saída da equipa, e alguns minutos aparece um senhor junto a Rita e à pequena Diana.

-Rita Madeira?
-Sim?
-O Fábio pediu para a chamar. – Rita pegou na afilhada ao colo e decidiu seguir o senhor.
-Lamento, mas a pequena tem de ficar aqui.
-Mas é nossa afilhada.
-Lamento mas terá de ser.

Rita deu um beijo na afilhada e deixou-a no colo da irmã e seguiu o senhor até ao carro do seu namorado, onde ele a esperava encostado à porta do condutor no seu carro, aproximou-se mas não o beijou.

-Pedi-te para chamar porque quero que saibam que és minha e só minha e tenho muito orgulho em ti e no que estamos a construir, mas já percebi que algo não está bem, que se passa?
-Umas raparigas vieram ter comigo e perguntaram-me se era tua namorada, eu disse que sim, e disseram-me que tinhas fama de mulherengo, e que as pessoas não mudam, acabam por se revelar, e que um delas, ou uma amiga delas chegou a falar algum tempo contigo há uns tempos… E que era fácil dar-te a volta.

Fábio aproximou-se dela e deu-lhe um beijo na testa, e pousou a mão no fundo das suas costas.

-É verdade que antes de te conhecer falava há uns tempos com uma rapariga, mas quando comecei a perceber o que sentia por ti, deixei de lhe responder e expliquei-lhe, e ela entendeu perfeitamente, e além disso, deixei de falar com toda e qualquer rapariga que tivesse segundas intenções, só tive aquele caso com aquela rapariga que tu bem sabes mas nessa altura nem sequer sabia o que sentia por ti. E desde que começamos a namorar que deixei de falar com todas as raparigas que tivessem outra intenção além da amizade, só falo mesmo com raparigas que considero verdadeiramente amigas, e são poucas.
-E se essas raparigas tiverem outras intenções que não tenhas percebido?
-Para ti todas as raparigas têm segundas intenções comigo, não podes ser tão insegura de ti, nem de mim e além do mais, porque razão haveria de dizer que te amo se realmente não o sentisse? Explica-me por favor, pequena.
-Não faço ideia, de verdade que não. – Encostou a sua cabeça e as mãos ao peito de Fábio. – Ainda tenho um medo estúpido de te perder e de me magoar.
-Quando tiveres a sentir-se assim, vens ter comigo e falamos, está bem? Não quero que guardes nada para ti, e podes sempre vir falar. Não me vou fartar de te dizer que te amo e que não precisas das tuas inseguranças e acalmá-las.
-Desculpa.

Fábio deu-lhe um beijo na testa e sussurrou:

-Podes sempre contar comigo, somos namorados e amigos, somos padrinhos e companheiros, lembras-te?
-Não me vou esquecer mais. Obrigado meu amor. – Deram um beijo sentido e romântico. – Mas sabes quem vai mexer o rabo e vamos embora? Está toda a família à nossa espera lá fora.
-Vamos.
-Amor, porque é que a Di não pode entrar comigo?
-Porque pedi para te chamarem para matar saudades e pelos vistos encararam isso como uma proibição para a Di, não sei.
-Está bem, então vamos lá embora.
-Mas primeiro, um último beijo.

Fábio aproximou-se de Rita e deu-lhe um beijo de cortar a respiração.

-Uau.
-Foi um beijo para matar as saudades.

Dito isto entraram no carro e seguiram viagem, pelo menos até se cruzarem com a família dela…

-Tanto tempo, princesas? – Perguntou Ana.
-Tivemos a matar saudades. – Responderam Rita e Fábio em coro.
-E onde vão agora os pombinhos? – Desta vez foi Ruben, o cunhado de Rita.
-Vamos fazer umas compras lá para casa que hoje vamos fazer um jantar para alguns colegas de equipa do Fábio, pudemos levar a Di, por favor? Por favor?
-Mas vocês nem têm cadeirinha no carro.
-Ai é que te enganas caríssima cunhada. – Interceptou Fábio. – O banco de trás tem uma cadeirinha para a princesa Di, por de rosa e tudo, podes espreitar.

Aproximaram-se do carro e Ana ficou sem resposta. Rita saiu do carro e foi para o banco traseiro e colocou o cinto na afilhada. – Quando acabarmos as compras, levamo-la a vossa casa, sem problema! Beijos! – Dito isto Fábio arrancou e foram às compras ao centro comercial mais próximo, onde não bastou os alimentos para o jantar mas também foram alguns mimos para a afilhada de ambos… Afinal tinham de a mimar.

 
Quando terminaram de fazer as compras para o jantar e dar os últimos mimos em forma de prenda a Di, levaram-na a casa e foram até a um pequeno descampado onde ela iria ter as primeiras aulas de condução... Ou pelo menos umas bases que ele lhe daria para aprender a conduzir um carro.

-Amor, tenho uma coisa para te contar. - Disse quando Fábio parou o carro no descampado perto de casa deles.
-Tomaste a pílula do dia seguinte não tomaste? Ainda tens de completar o secundário e depois a faculdade e só depois é que pensamos nos mini-Madeira Cardoso.
-Está descansado que tomei, e também tomo a pílula, e era isso que te queria contar... E algo mais.
-Diz-me.
-Como comecei a tomar a pílula, não pudemos fazer amor no próximo mês... Ordens do médico. - Fábio olhou para ela surpreso e sem chão. Um mês? Um mês! Ficou branco de surpresa. - A tua reação foi impagável! Devia ter filmado! - Rita não conseguia controlar o riso. -Não acredito que caíste nesta!
-A minha namorada é uma pessoa muito engraçada! - Ficou amuado e cruzou os braços sobre o peito.
-Ainda tinhas dúvidas?
-Não achei piada, sabes?
-Acho que te devia compensar. - Sussurrou-lhe ao ouvido.
-E como me compensarias?

Rita puxou o banco de Fábio para trás e sentou-se sobre o seu colo com uma agilidade que ele não lhe conhecia.

-De uma forma que tão bem conhecias antes de mim.
-É impressão minha ou andas mais atrevida e solta?

Rita mordeu o lábio e ele não lhe resistiu, agarrou e começou a beijá-la nos lábios com desejo e intensidade.

-Não precisas de ficar nervosa.
-Sabes que vou continuar nervosa sempre que o fizermos... Pelo menos nos primeiros tempos.
-Então pudemos simplesmente não o fazer, não quero que te sintas pressionada.
-Fábio, eu quero. - E deu-lhe um beijo na ponta do nariz. - Quero experimentar coisas novas desde o começo.
-Rita, temos de mudar de posições a partir do momento em que o fazemos neste carro, porque nenhum de nós cabe deitado neste carro.
-E não achas que corremos perigo de sermos apanhados a fazer isto? Aqui?
-O perigo excita-me, sabias?
-Eu ainda não sei o que me excita. - Baixou a cabeça envergonhada.
-Com o tempo e a experiência, vamos acabar por descobrir o melhor e o pior de cada um, e vamos fazer tudo com calma para saborearmos tudo.
-Sim, quer dizer... Acho que sim. - Sorriu. - O que achaste da nossa primeira vez, depois daquela primeira vez?
-Queres dizer o que achei da nossa segunda vez? - Deu-lhe um sorriso que a fez corar pelo seu ar infantil e matreiro.
-Sim, mas começa tu. Por favor.
-Bem, primeiro que tudo uau. Eu já tinha feito sexo, mas ontem eu descobri a diferença entre sexo e amor e embora fisicamente sejam a mesma coisa, emocionalmente são completamente diferentes. Quando fazes sexo, é apenas o orgasmo que queres atingir, a partir daí, são duas pessoas, vestem-se sozinhas e tentam nem olhar um para o outro, porque o que queriam está feito, apenas e só. Quando fazes amor é tudo completamente diferente. É quando duas almas se tocam, se juntam, é quando te entregas de uma forma que nunca pensei vir a ser possível, é quando deixam de ser duas pessoas e passam apenas a ser uma. E quando tu sabes que a partir daí a vida nunca mais será a mesma.
Rita deu-lhe um beijo carinhoso nos lábios.
-Obrigada por me aceitares a minha inexperiência.
-Vamos tornar a tua inexperiência em experiência?
-Queres mesmo estrear aqueles estofos não queres?
-Nunca os estreaste?
-Não, mas estou disposto a tal.

Foram juntos até ao banco traseiro e fizeram o que tanto haviam conversado... De seguida foram até casa onde tomaram um banho rápido porque não tardava até chegarem os convidados. O melhor seria encomendar pizzas e foi mesmo o que optaram por fazer. Pouco depois de encomendarem, começaram a chegar os convidados: primeiramente foi João Cancelo que vinha acompanhado de João Teixeira, depois Bernardo Silva, que vinha sozinho e por último vinham os colegas que faltam, Bruno Varela, Ivan Cavaleiro e Hélder Costa. Quando todos se sentaram nos sofás da sala de estar de Fábio

-Meninos espero que não se importem mas encomendamos pizzas.

Nenhum deles prestou atenção ao que ela disse e continuaram concentrados no jogo que jogavam na Play Station e ela sentou-se junto a Fábio que estava a brincar com as “três bolas a seco” que Bernardo levava de Ivan. E assim ficaram durante uns minutos até que se ouviu a campainha tocar, e ela levantou-se para ir abrir. Com certeza era as pizzas. Mas assim que ia pagar, uma mão esticou-se na parte de trás e pagou as dez pizzas familiares. Olhou para trás e era Fábio. Fecharam a porta e pousaram as pizzas na bancada.

-Eu ia pagar a pizza.
-Mas quem convidou fui eu.
-Fábio, eu posso não trabalhar mas ainda tenho algum dinheiro, não quero que pagues tudo, não seria justo.
-Desta vez paguei eu, para a próxima logo se vê, contente?
-Sim. - Sentou-se em cima da bancada junto às pizzas. - Achas que me consegues pegar ao colo?
-Fácil. - Sorriu e pegou nela, ela apertou as pernas e os braços no corpo dele e deram uma volta à cozinha e ele voltou a pousá-la na bancada. - Sabes qual é a coisa mais apetitosa desta bancada?
-As pizzas. - Pegou nelas e fugiu para a sala. - Meninos, jantar!
Rita havia dito que dez pizzas para todos era um verdadeiro abuso... Mas calou-se quando se deparou que eles haviam comido tudo, mas mesmo assim conseguiu tirar 3 fatias de pizza, o que era o que normalmente comia para o jantar, e cada um deles tinha comido pelo menos o dobro! Depois de encerrarem o torneio, com uma vitória de Fábio sobre todos e dedicara-a a Rita, acabaram por se ir embora e deixarem o casal sozinho, onde acabaram por adormecer no sofá, cansados.

(Passado dois dias)
Rita tinha aulas em mais uma segunda-feira e Fábio tinha treino e quando terminasse iria buscá-la e iriam almoçar juntos e aproveitar para fazer umas arrumações em casa. Assim que Fábio estacionou o carro ao pé da escola da namorada não acreditou no que os seus olhos viam... Não, ele simplesmente não poderia estar ali. Ele não poderia simplesmente voltar quando Fábio começava a acalmar os demónios e a tornar as inseguranças de Rita em seguranças, não depois deles estarem juntos há pouco tempo, mas terem vivido tanto e estarem numa fase tão boa. Não. Tiago poderia ir a todos os lados mas não poderia estar ali. Não faria bem a Rita, nem à relação que ela tinha com Fábio. E as inseguranças de Fábio começavam a ganhar voz, tinha medo que ela o deixasse para voltar aquele rapaz que tanto a magoara. Mas talvez fizesse bem a Rita falar com ele, mas e senão fizesse? Será que devia deixá-lo ir falar com Rita ou deveria intervir para o proibir? Saiu do carro mostrando a sua presença, e Tiago viu-o. Assim que Rita saiu da escola, e se deparou com Tiago, que gelou. Não tendo reação possível e Fábio estava pronto para avançar, deu dois passos largos mas Tiago que estava mais próximo da rapariga, aproximou-se dela e disse:
-Precisamos de falar.

Será que Fábio vai impedir?

Será que Rita vai aceitar falar? O que terá Tiago para dizer a Rita?

1 comentário:

  1. Olá :)
    Bem!...nunca vi a Rita tão atrevida e solta ;)
    Epah!...o Tiago aparecer?...Isso é mau sinal :/
    Espero que o Fábio impeça o outro de falar com a Rita, isto se ela não quiser.
    Mas estou curiosa para saber o que o Tiago quer :)
    Bjs :*

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