sexta-feira, 7 de março de 2014

Capítulo 17: “Não vou puder estar contigo no teu dia de anos”



-Estávamos a almoçar podemos? – Respondeu com uma pergunta Maria.

-Claro que sim! Mas é estranho ver um amigo e a minha mãe a almoçarem, sem mim.

-Cruzamo-nos na entrada do prédio, e como ainda ia cozinhar, a tua mãe convidou-me para almoçarmos. Não te importas?

-Claro que não. Eu é que não estava á espera! – Respondeu sorrindo. -Já és quase o 6ºelemento desta família!

-Obrigada pequena! Não te esqueças da nossa afilhada!

-E da tua irmã e genro! – Concluiu a mãe.

-Pronto então és o 9º elemento desta família! Por falar nisso... Mãe já sabes quando tens a próxima consulta?

-De hoje a uma semana.

-No meu dia de anos?

-Sim. Como sei que queres muito ver o teu irmão, nada melhor que no teu dia de anos para fazê-lo!

-Obrigada mãe! – Deu-lhe um abraço forte e um beijo na bochecha.

-Infelizmente não vou estar cá nesse dia. – Afirmou Fábio bastante desanimado.

-Não? – Perguntou Rita triste só de pensar que iria ficar um dia sem o ver.

-O jogo foi antecipado para segunda, em Guimarães. Vai ser complicado estar cá.

-Eu acredito. Mas era importante ter-te comigo.

-Desculpa. Mas sabes que se for convocado tenho mesmo de ir.

-Eu sei. Não depende de ti.

-Mas prometo que te compenso! – Prometeu Fábio.

-Obrigada! Mas não é preciso!

-Faço questão! É o teu aniversário, a tua maioridade. Vou estar longe mas vou-te compensar ou não me chamo Fábio Cardoso!

-Bem meninos e eu vou indo que senão eu e o irrequieto chegamos atrasados ao trabalho! – Deu dois beijinhos á filha e enquanto dava a Fábio, Rita perguntou:

-Já me esquecia. Como correu a reunião?

-Bem. Era só para lhe contar que estava de esperanças.

-Não sabia. E o que é que ele disse?

-Felicitou-me e disse que já desconfiava. A barriguita já se nota um pouco. – Colocou a mão sobre a mesma. – Mas vou indo senão chego atrasada. Beijinhos. – Virou costas e foi-se embora.

-Podias-me ter ligado para te ir buscar.

-Oh. Mas tu não és o meu motorista de serviço.

-Achas que me importava de te ir buscar?

-Não sei. Podias já ter planos.

-Mesmo se tivesse, cancelava-os para te ir buscar.

-Senão parares com isso, sou obrigada a espetar-te um beijinho!

-E porque não dás?

-Queres um beijinho á esquimó?

-Beijinho á esquimó? – Perguntou sem saber.

-Não sabes o que é um beijinho á esquimó?

-Não.

-Que tolo! Toda a gente sabe o que é um beijinho á esquimó!

-Eu não sei e tu continuas a gostar muito de mim!

-Presunção e água benta cada um toma a que quer! – Respondeu com um ditado popular.

-Não é verdade? – Perguntou olhando-a nos olhos. E Rita para fugir á situação 
deliciada sentou-se.

-Sim, é! Pronto já sabes o que querias, agora deixa-me comer! – Disse mais uma vez fugindo ao assunto.

-Também gosto muito de ti pequenina! – Ela sabia exatamente o que queria dizer mas não queria assumi-lo em voz alta, tinha medo do que poderia sentir, mas também medo de dizê-lo.

Almoçaram em silêncio e sem trocar nenhuma palavra. O ambiente entre eles estava tenso, como se quisessem falar sobre um assunto e não conseguissem. Já perto do fim, quem tomou a iniciativa foi ele.

-Temos mesmo que falar sobre o momento de ontem.– Disse Fábio levantando-se e ficando frente a frente com a amiga.

-Não vou ser cínica e dizer que foi indiferente, fiquei um bocado magoada e desiludida contigo.

-O que é que eu te fiz para te deixar assim?

-Tu acabaste com a Catarina, por minha causa... – Encarou-o olhos nos olhos. -É impossível não me sentir culpada. Tu magoaste alguém por minha causa, podia e devia ter ficado calada. E quanto ao beijo... – Teve medo a dizer estas palavras quanto mais enquanto o olhava diretamente sobre os olhos cor de avelã. – Ou quase. Nós iamo-nos beijar e tu deitas-me um beijo na testa. Senti que me estavas a tratar como tratas o meu irmão.

-Em relação á Catarina, não tens de te sentir culpada. Não me obrigaste a fazer nada, eu limitei-me a fazer porque quis. Não tiveste culpa de nada.

-Tive sim. E não tentes negá-lo.

-Não me obrigaste a fazê-lo. Deste-me a tua opinião e eu escolhi se dava ouvidos ou não. E dei. E mesmo que não me tivesses dito nada, eu teria acabado com ela.

-Eu conheço-te, sei bem como és e sei que não farias.

-Não ia continuar com ela, enquanto existem sentimentos por outra pessoa.
Rita foi apanhada de surpresa com aquela afirmação, tinha medo da carga emocional que podia existir, porque nem ela não sabia ao certo que sentia por ele.

-E fica sabendo que em relação ao beijo. Ou quase. Só não o fiz, porque sabia que te ias arrepender.

-Não achas que já sou suficientemente crescidinha para tomar essa decisão?

-Sim, mas quis evitá-lo.

-Se acontecesse, era porque tinha de acontecer. Devias ter deixado acontecer.

-Tive medo de te perder, depois do beijo.

-Mas fizeste-me sentir uma criança, como se fosse o meu irmão.

-Desculpa. Não foi essa a minha intenção, quero apenas o teu melhor. Tu sabes disso!  Acredita que é verdade que também queria aquele beijo, não o nego. Só que não éramos só nós... Não era capaz de trair e magoar dessa forma a Catarina.

-Mas passado algumas horas acabaste com ela.

-Sim e não me arrependo. Se pudesse nem tinha começado, só a magoei.

-Podias ter evitado tudo. – Disse desabafando, nunca com a intenção de o culpar, apenas de dizer o que pensava e sentia.

-Tu também podias ter evitado magoar o Pedro.

-Não tinha como.

-Tinhas sim, se tivessem falado sobre o que sentiam, tinhas evitado magoá-lo.

-Nós falamos sobre o que sentíamos. Ele é que não foi totalmente sincero.

-E tu nunca desconfiaste de nada?

-Não. Nunca.

-Nem por um segundo?

-Nem assim. Mas sabes o que precisamos mesmo é de apanhar ar! – Disse interrompendo o rumo daquela conversa, tinha medo de alguns temas que de todo, ela queria conversar.

-E vais com as tuas amigas? – Falava das muletas, das quais Rita precisava de auxílio para caminhar.

-Vou tentar ir sem elas, mas era melhor era ir com um pé elástico para dar algum apoio. Mas não tenho...

-Eu tenho em casa, espera só um pouco que já volto.
Fábio foi até sua casa buscar o pé elástico para auxiliar a amiga a caminhar e embora não tivesse demorado muito, pouquissímos minutos na realidade, ela sentiu as saudades dele atravessarem-lhe o peito.
Quando regressou, ela não teve medo em dar-lhe um beijo na face e a abraçá-lo, ele não negou e retribuiu de uma forma surpreendida mas feliz.

-Enquanto estive em casa, estava a pensar... – Ela não o deixou terminar a frase e interrompeu-o.

-Tu pensas? – Ele sorriu.

-Sim. Em muita coisa, por incrível que pareça sou muito pensativo.  – Confessou claramente falando sobre um tema que ela não queria falar, mas pensava com bastante frequência. -Mas adiante.. Que achas de irmos buscar a Diana e vamos passear os 3?

-Parece-me uma excelente ideia! – Rita deu o telemóvel a Fábio. – Liga para a minha irmã enquanto calço o pé elástico. E já agora obrigada.

-De nada pequena!
Enquanto Fábio conversava com a mãe da sua afilhada, Rita calçava o pé elástico e mais tarde os ténis. Ficou combinado que iriam buscar Diana á creche e mais tarde os pais da menina iriam buscá-la a casa da madrinha.

-Que te parece de passearmos naquele passeio entre a Arrentela e o Seixal á beira-rio?

-Parece-me uma excelente ideia! Não nos afastamos muito de casa e caso a menina não tenha dormido, que é o mais próvável, podemos voltar a casa e pô-la a dormir.

-E tu de teres cuidado por causa do teu pé!

-Sim paizinho! – Disse sorrindo. – Não te importas de irmos de carro buscar a menina?

-Claro que não. Tens é de me dizer onde é.

-Pelo caminho eu explico-te.

Foram buscar a pequena Diana que se demonstrou bastante animada por se encontrar com os padrinhos, mas rabugenta porque não dormira o tempo suficiente. Por isso mesmo, não se poderiam demorar muito tempo no passeio. Quando regressaram da creche, Fábio estacionou o carro e fez questão de ser ele a levar a afilhada ao colo durante o passeio, até de forma a evitar que a madrinha da sua afilhada fizesse demasiado esforço no pé.
O passeio por onde se deslocavam era agradável e sentiam-se felizes, apesar das birras típicas (de sono) da pequenina. Aquele momento tornava-se inesquecível, faziam-na esquecer-se das dores que sentia no pé. Fábio era extremamente carinhoso com Diana, extremamente cuidadoso e babado com a pequena, como seria com os seus filhos? Aliás com os filhos de ambos? Tentou afastar aqueles pensamentos da cabeça mas era tarde demais, já os tinha imaginado mentalmente e não era ideia que afastasse por completo.
Mas o passeio agradável, acabou por ter uma surpresa inesperada. Não, pela negativa, simplesmente porque era completamente impensável. Pedro encontrava-se num banco daquele passeio, junto ao rio, a conversar com uma rapariga.

Quem seria a rapariga?

Será que Rita vai falar com ele? E como ficará Fábio? 

1 comentário:

  1. Olá. Adorei este capitulo :)
    Estou curiosa para saber quem é a tal moça :)
    Espero que a Rita vá falar com eles e que o Fábio não reaja mal :)
    Espero pelo próximo sff bjs

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