Rita queria chorar.
Queria gritar. Tinha vontade de o insultar. Mas também queria beijá-lo,
aconchegar-se nos seus braços e sentir que tudo iria ficar bem. Não sabia se a
culpa era da gravidez ou sua por ter permitido alguma vez gostar tanto de um
rapaz como gostava de Fábio, mas disso não se sentia culpada. Tinha milhões de
motivos para amá-lo e não se censurava por gostar tanto dele. Senão fosse
aquele rapaz não estaria grávida, mas também se fosse qualquer outro rapaz será
que iria colocar à sua frente, o seu filho? Era o seu sonho ser mãe: ver
crescer a barriga, sentir o bebé, educar e criar um pequeno. Queria compreender
o lado de Fábio, queria aceitá-lo e tentar entender o que dizia mas na sua
cabeça só haveria a opção de ser mãe, nada mais.
Arrumava as roupas
na mala e com lágrimas nos olhos, o que lhe estorvava a visão mas não a parou.
Chorava tanto e sentia-se tão cansada que tinha vontade de tomar mais um banho
para limpar tudo o que o seu corpo pudesse trazer, mas não o fez, estava
decidida a não parar, senão a mágoa iria doer ainda mais. Por isso decidiu
pegar no papel, numa caneta e escrever para os pais, mas foi interrompida pela
campainha. Decidiu ir até lá e instintivamente abriu a porta e foi surpreendida
por um beijo rápido mas carregado de sentimento nos seus lábios. Reconhecia
aqueles lábios por milhares de anos mesmo senão quisesse, correspondeu, porque
não conseguia negá-lo mas mal afastaram-se continuou de olhos fechados porque
não tinha coragem de o olhar.
-Quero que me
prometas que independentemente do que aconteça que vamos ficar bem. - Ela estava de cabeça baixa e ele pousara
as mãos entre a sua face e o pescoço.-Promete-me só isso.
-Não posso
prometer-te isso, tu sabes.
-Então beija-me
uma última vez e não me prometas nada.
-Para, Fábio. - Colocou a mão sobre o seu peito,
obrigando-o a manter alguma distância. - Não te posso prometer o que sei que
pode não acontecer.
-Amo-te mais do
que pensei alguma vez amar alguma rapariga. - Ela levantou a cabeça e trocaram de olhares por uns segundos
e tudo parecia ficar bem, mas Fábio sabia que não era assim, Rita era muito
mais interiormente do que deixava transparecer e ela apenas revelara uma
camada.
-Eu também te
amo mais do que pensei alguma vez amar algum ser humano, mas tu sabes que é
muito mais do que isso, e eu não consigo ignorar. Respeita o meu tempo e o meu
espaço por favor, acredita que não é mais duro para ti do que é para mim.
-Eu retiro tudo
o que disse. - Disse com
vontade. - Se tu queres este filho, então vamos tê-lo, eu só quero que
realizes o teu sonho e sejas feliz.
-Eu não quero
ter este filho porque quero realizar o meu sonho, eu quero ter este filho
porque é o mais correto a fazer, porque se fiquei grávida foi porque tinha de
ficá-lo agora e vou agarrar esta oportunidade com tudo o que tenho.
-E eu também
quero ser pai. Acredita em mim. -
Deu-lhe as mãos.
-Tu só estás a
dizer isso porque queres recuperar-me mas tu nunca me perdeste. - Pousou a mão sobre a face dele. -
Quero espaço e tempo para recuperar e pensar, e quero que tu o respeites, só te
peço isso.
-Vou
respeitá-lo. - Pousou as
mãos junto às orelhas dela e deu-lhe um beijo na testa. -Mas não te esqueças
que te amo.
-Eu também te
amo.
Dito isto Fábio
foi-se embora e Rita fechou a porta e mal deixou de o ver encheu os olhos de
lágrimas, a dor intensificara-se e ela não conseguia lidar com tudo. Decidiu
pegar no telemóvel e ouvir uma música:
You've
got a hold of me (Tens-me
nas mãos)
Don't
even know your power (Nem
sabes o teu poder)
I
stand a hundred feet (Ponho-me
como um gigante)
But
I fall when I'm around you (Mas
caiu quando estou perto de ti)
Show
me an open door (Mostra-me
uma porta aberta)
Then
you go and slam it on me (Só
para me bateres com ela na cara)
I
can't take anymore (Não
aguento mais)
I'm
saying baby (Estou a
dizer bebé)
Please
have mercy on me (Por
favor, tem misericórdia de mim)
Take
it easy on my heart (Vai
com calma com o meu coração)
Even
though you don't mean to hurt me (Mesmo
que não me quisesses magoar)
You
keep tearing me apart (Estás
a acabar comigo)
Would
you please have mercy (Podes,
por favor, ter misericórdia)
Mercy
on my heart (Misericórdia
do meu coração)
Would
you please have mercy (Podes,
por favor, ter misericórdia?)
Mercy
on my heart (Misericórdia
do meu coração)
I'd
drive through the night (Eu
conduzia toda a noite)
Just
to be near you baby (Apenas
para estar perto de ti)
Heart
old and testified (O
meu coração já está habituado)
Tell
me that I'm not crazy (Diz-me
que não estou maluco)
I'm
not asking for a lot (Não
estou a pedir muito)
Just
that you're honest with me (Apenas
para seres honesta comigo)
My
pride Is all I got (O
meu orgulho é tudo o que tenho)
I'm
saying baby (Estou a
dizer bebé)
Please
have mercy on me (Por
favor, tem misericórdia de mim)
Take
it easy on my heart (Vai
com calma com o meu coração)
Even
though you don't mean to hurt me (Mesmo
que não me queiras magoar)
You
keep tearing me apart (Estás
a acabar comigo)
Would
you please have mercy on me (Podes,
por favor, ter misericórdia de mim?)
I'm
a puppet on your string
(Sou um fantoche sobre o teu controle)
And
even though you got good intentions (E mesmo que tenhas boas intenções)
I
need you to set me free (Eu
preciso que me libertes)
Would
you please have mercy (Podes,
por favor, ter misericórdia?)
Mercy
on my heart (Misericórdia
do meu coração)
Would
you please have mercy (Podes,
por favor, ter misericórdia?)
Mercy
on my heart (Misericórdia
do meu coração)
Consuming
all the air inside my lungs (Consumindo
todo o ar dos meus pulmões)
Ripping
all the skin from off my bones (Arrancando
a pele dos meus ossos)
I'm
prepared to sacrifice my life (Estou
preparado para sacrificar a minha vida)
I
would gladly do it twice (Faria
duas vezes sem pestanejar)
Consuming
all the air inside my lungs (Consumindo
todo o ar dos meus pulmões)
Ripping
all the skin from off my bones (Arrancando
a pele dos meus ossos)
I'm
prepared to sacrifice my life (Estou
preparado para sacrificar a minha vida)
I
would gladly do it twice (Faria
duas vezes sem pestanejar)
(...)
Quando a música
terminou, Rita pousou a cabeça sobre a almofada da sua cama e adormeceu pouco
depois a chorar. Acordou passado algum tempo com um beijo da mãe.
-Mãe. - Deu-lhe um abraço forte. - Preciso
tanto de ti. - Sussurrou-lhe e
começou a chorar.
-O que se
passou?
-O Fábio não
quer este filho.
-Conta-me tudo.
Mas primeiro, tens de te acalmar senão não vou perceber nada.- A rapariga precisou de alguns minutos para
se acalmar, depois respirou fundo e começou a falar. - Ele diz que pensou e
pesquisou bastante nos últimos dias e que é o melhor para os três, eu fazer um
aborto. - Esperou alguns segundos para se recompor, não sabia onde tinha
arranjado coragem para dizer aquela palavra. - Diz que é o nosso maior
sonho, mas não temos condições nem vida para sermos pais agora, e que por isso
devíamos adiar o nosso sonho, que talvez daqui a uns anos... - Não aguentou
as lágrimas e voltou a chorar sem conseguir controlar, a mãe abraçou-a como que
lhe dando apoio e ânimo. - Depois de tanto termos falado em ser pais, nos
nomes e tudo, ele faz-me isto, mãe. Como é que ele tem coragem?
-Rita filha. - Separou-se dela e olhou-a nos olhos. -
E o que é que tu lhe respondeste?
-Que ele foi a
maior desilusão da minha vida.
-E achas que
foste justa? Achas que ele merecia?
-Como é que
consegues defendê-lo? Como? -
Rita estava nervosa e enervada. - Ele quer matar o meu filho!
-O filho não é
só teu, Rita. O filho é vosso, logo a decisão será vossa, tem de falar e tomar
uma decisão em conjunto.
-Nem que eu
tenha de o educar sozinha, eu vou ser mãe deste filho que está na minha
barriga.
-Nunca deixarás
de ser mãe deste bebé, mesmo que decidas que não queres ser mãe agora.
-Eu não me
perdoaria se abortasse, mãe.
-E conseguirias
viver com a ideia que é graças a ti e só a ti que não consegues realizar todos
os teus outros sonhos? E consegues aguentar a pressão de ser mãe solteira?
Toda a decisão de
Rita, hesitou por alguns minutos. Será que estava capaz de abdicar de todos os
seus outros sonhos por um filho? Tinha apenas dezoito anos, era tão cedo para
pensar nisso, e era uma decisão que ia mudar a sua vida. E será que estava
preparada para ser mãe? Solteira? Será que seria boa mãe? E teria capacidade
financeira para suportar os 2, sem pedir ajuda aos pais? Ela nem o secundário
tinha acabado.
-Preciso de
pensar, mas eu tenho a certeza que não quero abortar.
-Tens outras
opções, apenas pensa nelas. -
Deu um pequeno carinho à filha. - E como ficou a tua relação e do Fábio?
-Nada bem mãe,
ficou em stand-by. Não tenho coragem de lidar com ele, neste momento.
-Mas isso não é
o correto, tu sabes disso.
-Eu sei. - Baixou a cabeça. - Mas a dor era
muita. E eu preciso de uns dias longe de tudo para tomar uma decisão.
-Queres ir para
Coimbra para junto do teu avô?
-Não mãe, quero
ir passar uns dias a casa do Pedro, senão te importares.
-Se é o melhor
para ti, temos é de dizer ao teu pai e ao teu irmão. Já falaste com o Pedro?
-Não, estava à
espera de falar contigo. Pudemos falar ao jantar com eles e depois disso,
levas-me a casa do Pedro?
-Pode ser, meu
anjo, mas tens apenas de me prometer que vais aproveitar para pensar bem e não
agir de cabeça quente, pensa apenas no que é melhor para ti e para o teu bebé.
-Tenho a certeza
que tomarei a melhor decisão para o meu filho.
A mãe saiu do
quarto dando privacidade à filha para fazer o telefonema. Depois de 3 toques
foi atendida:
-Minha pequena!
-Meu Pedro! - Exclamou ansiosa. Já tinha saudades de
estar com ele, de conversarem, tinha saudades da sua amizade. -Estás boa?
-Estou bem e tu?
E a tua querida?
-Estamos a
desfrutar ao máximo desta gravidez. -
Respondeu babado. - Ainda só vai em 6 semanas, e eu já ando mais que
eufórico, será que consigo aguentar até ao final da gravidez?
-Sabes que não
tens muita opção certo? -
Riram-se. - E aposto que tu achas muita piada, mas ela nem por isso porque
os enjoos devem ser horríveis.
-Tem sofrido um
pouco de enjoos, principalmente de manhã, mas sabe que vale a pena no final de
tanta espera.
-Tenho a certeza
que sim!
-Tens alguma
novidade para me contar?
-Sim, tenho, mas
não o vou fazer por telemóvel. Talvez hoje à noite, depois do jantar, que te
parece?
-Uma grande
ideia, não queres vir jantar a minha casa?
-Já combinei com
a minha mãe que jantava por cá. Mas, Pedro, posso pedir-te um favor?
-Está tudo bem,
pequena?
-Mais ou menos.
Logo à noite explico-te tudo. Não te importas que vá passar uns dias a tua
casa? Preciso de espaço e tempo para pensar e sei que aqui em casa não consigo.
-Está tudo bem
contigo e com a tua família? Ou é com o Fábio?
-A minha relação
com o Fábio está a passar uma fase muito crítica e difícil.
-Mas vocês
pareciam tão bem...
-Estamos perante
uma enorme decisão e temos opiniões demasiado divergentes.
-Eu vou
buscar-te e ficas aqui connosco uns dias, aproveito e falo com os teus pais. Tu
é que tens de me dizer senão te importas de viver comigo, com a Jéssica e com o
Raphael por uns dias.
-Mas tu estás a
viver com a Jéssica?
-Longa história,
logo conto-te.
-A minha mãe
está a convidar-te para vires cá jantar.
-Eu aceito, mas
é só para deixar a tua mãe descansada que vou tratar bem de ti.
-Ela sabe que
sim. - Por muito que
quisesse sorrir, simplesmente não conseguia, podia aliviar a dor aqueles pequenos
momentos, mas ela simplesmente não desaparecia. -Desculpa o incómodo que te
vou dar, Pedro.
-Não tens de
pedir desculpa por nada, pequena! Afinal para que servem os amigos?
-Obrigada.
-Agora vou
desligar, tenho que ir! Beijinhos e até logo!
-Até logo. - Desligaram a chamada. Rita voltou a
deitar-se sobre a cama pensativa, mas não iria deixar Fábio vencer, não desta
vez. Levantou-se e foi até à cozinha onde a mãe estava. - O Pedro vem cá
jantar, mãe.
-Está bem filha,
assim falo com ele e fico mais descansada.
-Sabes que ele
também vai ser pai? A namorada dele está com mais 2 semanas que eu.
-Sempre pensei
que se algum dia isto viesse a acontecer, seria o Pedro o pai do teu filho,
sabes?
-Eu nunca
imaginei o Pedro como mais do que um amigo, sabes? Parece-me uma ideia tão
estranha, tão distante.
-Mas ele sempre
gostou muito de ti, isso notava-se bem.
-Nunca notei
nada.
-Porque não
quiseste notar, ele sempre te deu mais do que pistas. Mesmo quando estavas com
o Tiago.
-Talvez, mas eu
nunca reparei mesmo, nem lhe quis dar falsas esperanças. Ele sempre foi o meu
melhor amigo.
-E tu sempre
foste a melhor amiga dele, por isso é que ele nunca se declarou a ti, mas
tentou que tu soubesses. Mas a vida dá tantas voltas que ele agora namora e vai
ser pai enquanto tu também vais viver a maternidade!
-E namoro... - Exclamou deixando no ar. - Mesmo que
estejamos afastados e na pior fase do nosso namoro, ainda estamos juntos.
-Não disse o
contrário. Agora vai lá arrumar as tuas coisas, antes que o teu irmão chegue.
Depois do jantar,
Pedro e Rita deixaram aquela casa e iam a caminho da casa dele, mas entendo que a amiga estava mal decidiu passar
junto à praia mas não imaginou que fora ali que Rita e Fábio deram o primeiro
de muitos beijos, e ela não conseguiu segurar as lágrimas e começou a chorar.
Pedro abraçou-a.
-Que foi
princesa? Sempre gostaste da praia, pensei que estar aqui te fizesse bem.
-Foi aqui que eu
e o Fábio nos beijamos pela primeira vez.
-Vamos já
embora.
-Não, quero
ficar aqui ao pé do mar mais um pouco.
Pedro sabia que não
deveria dizer nada nos próximos minutos, que a rapariga iria lutar dentro de si
entre cabeça e coração e quando estivesse pronta iria falar. Depois de aguardar
alguns minutos, teve resposta.
-Tenho o meu
mundo dividido, Pedro. Sempre quis ser mãe, mas também sempre sonhei em
casar-me, ter um homem que me acompanhasse em todos os momentos da minha vida.
E sinto que tenho de optar entre a realização dos meus maiores sonhos e é duro.
É provavelmente a escolha mais difícil que tive de fazer até hoje. - Para algumas pessoas poderia parecer um
exagero da parte de Rita tudo o que sentia e dizia, mas para ela e para Pedro
tinha todo o sentido, era demasiado dramática, pensativa e vivia demasiado
todos os seus desgostos e felicidades para outra pessoa entender. - E embora
eu ame mesmo o Fábio e ter um pressentimento que ele seria o homem com quem
ficaria o resto da minha vida, com quem partilharia todos os momentos, ele
também fez com que fosse apenas mais uma desilusão na minha vida, e apesar de
ser o pai do meu filho e estarmos unidos, devido a isso, para o resto da minha
vida, não será da forma como eu queria e isso magoa-me.
-Já pensaste que
ele pode não querer obrigar-te a escolher entre um dos teus sonhos mas sim
querer fazer ver-te o que é melhor para ti e para ele?
-Então é porque
não acha que o que nos fará realmente felizes é o nosso filho.
-E tu não achas
que são realmente felizes só os dois? Ou achas que só o vão ser depois de nascer o vosso filho?
-Claro que
quando estávamos juntos, eu era feliz, mas só me vou sentir realmente completa
quando for mãe.
-Rita, tu tens
de pensar no que te fará realmente feliz. - Pousou a sua mão em cima da dela. - Quando começaste a
namorar com o Fábio, sabias que a nossa carreira dura apenas uns anos, que se
ele fosse jogar para fora do Seixal, que a vossa relação poderia mudar e
poderias ter de abdicar de algumas coisas, como por exemplo da tua faculdade ou
da tua família. Tu sabias disso e mesmo assim tentaste e achaste que o vosso
amor era maior que esses obstáculos, porque desta vez seria exceção?
Simplesmente apareceu a dificuldade de uma forma diferente do que pensavas.
-Não me sinto
preparada para casar e sinto que se seguirmos com esta gravidez para a frente
que é como nos casarmos, entendes? Tenho medo de não ser uma boa mãe, também.
Tenho medo de desiludir o Fábio, de o desapontar.
-Como assim tu
achas que não serás uma boa mãe? Serás provavelmente das mães mais brutais que
conheci até hoje, e escusas de argumentar, nota-se perfeitamente na relação que
tens com o teu irmão e na inspiradora relação que tu e o Fábio têm com a Di!
-Uma coisa é ser
irmã, tia ou madrinha, outra diferente é ser mãe. Ser mãe é a maior
responsabilidade que pudemos assumir para outro ser humano.
-Queres ir até à
beira-mar e refletir sobre tudo?
-Não te
importas?
-Claro que não,
pequena.- Estacionou o
carro e decidiram ir até à praia, e mal começaram a andar, uma sombra escura
ficou visível para ambos, um rapaz alto sentado a meio da praia, a observar o
mar. E aquela figura não era de todo desconhecida a nenhum deles.
-Aquele é o
Fábio.
-Tens a certeza?
-Reconheço-o
como ninguém, Pedro.
-Queres ir falar
com ele?
-Ele não está
bem, está quase a chorar.
-Tu consegues
dizer isso apenas por vê-lo de costas?
-Sim Pedro,
acima de amor, temos uma história de amizade por trás muito intensa.
-E é por isso
que tu o amas como nunca amaste o Tiago.
-E porque agora
mais do que nunca estamos unidos.
-Será que estou
a pressentir algo na tua voz?
-Achas que é
arrependimento?
-Tu melhor do
que eu, saberás dizer.
-Vou falar com
ele. Não te importas de esperar no carro?
-Não, mas pelo
sim e pelo não, vou ficar à espreita para teres a certeza que é o Fábio.
-O meu Fábio
Rafael, por favor. -
Sorriu. - Então faz isso, por favor.
Pedro afastou-se o
suficiente para os ver mas não para os ouvir, e Rita aproximou-se de Fábio e
colocou a mão no ombro dele e depois ganhou coragem para falar:
-Fábio Rafael. - Ele olhou para ela. -O que fazes aqui?
Será que é desta que vão esclarecer as
coisas?
Ou será que não vão conseguir chegar a um
acordo? Como será o futuro deles?