Fábio
adormecera a admirar a sua companheira de aventuras e acordara a
admirá-la também. Aos seus olhos era simplesmente perfeita, de
todas as formas possíveis e imaginárias. Sabia que se falasse com
ela enquanto dormia, embora fosse o subconsciente, ela responderia e
conseguia ter uma conversa sólida e construída, e por vezes bastava
estar apenas deitada ao pé dele, a dormir, que começava a desabafar
e a dizer o que realmente a atormentava, e ele já tinha tido a
oportunidade de descobrir alguns problemas dela, assim. Sabia que
quando demorava a dormir dava imensas voltas na cama, mas quando
voltava à posição original e ficava sossegada durante algum tempo
era sinal que tinha adormecido. Quando dormia consigo gostava de “dar
folga à almofada” e deitar-se sobre o seu peito, a cheirá-lo, a
admirá-lo e a pensar na sorte que tinha e somente depois adormecia
com um sorriso nos lábios, que adorava adormecer com Fábio a
passar-lhe a mão entre os cabelos, nada a fazia adormecer tão
rápido. Sabia de cor, qual a posição que ocupava para dormir. Ao
contrário de outras raparigas, não se encolhia, esticavas-se o mais
que podia e com uma perna à frente e outra para trás, não
conseguia dormir de barriga para cima e quando deitava a cabeça na
almofada gostava de colocar uma mão sobre e outra sob a almofada.
Acordara a meio da noite e conversara com Rita, talvez fosse errado,
mas queria falar com o subconsciente dela e entender as reações
dela e como se sentia depois de ter perdido a virgindade.
“-Amor?
-Sim?
-Amo-te,
sabias?-
Encostou a cabeça no seu cabelo e pode cheirá-la.
-Também
te amo, meu amor.
-Sei
que não queres falar sobre isto, que o tens evitado e provavelmente
ainda te custa remexer no passado, não porque não o tenhas
ultrapassado mas porque te magoou muito, mas talvez se falares sobre
ele, te ajude. Sei que não é justo, que estou a aproveitar-me do
teu subconsciente mas talvez seja o melhor para os dois.
-O
Tiago é passado, não quero falar sobre isso. -
Disse e Fábio pensou que mesmo a dormir e apenas com o subconsciente
a falar, não deixava a sua teimosia de lado.
-Não
feches o teu coração, não, não a mim, por favor, abre-o, eu
prometo nunca te magoar. - Rita
começou a chorar e apertou-se contra o corpo de Fábio. -
Eu não insisto mais, desculpa.
-Não
Fábio, talvez eu queira e precise mesmo de te contar, é o melhor
para os dois. Eu estava bem, eu estava realmente feliz, mesmo
genuinamente, eu pensava que realmente o amava e que íamos ser
felizes para sempre, que ia ser com ele que ia construir o meu
futuro, eu dei-lhe tudo o que tinha de mim e o que não tinha. Não
sou de deixar as coisas pelas metades, ou se faz ou não, e eu deixei
que ele rebentasse o meu hímen por capricho dele, não o devia ter
permitido, eu ia dar-lhe a minha primeira vez apenas porque ele
precisava e ele disse que esperava por mim e o que aconteceu? Foi
para a cama com outra! Eu apresentei-lhe a minha família, os meus
amigos, a minha vida, e ele deixou-me um buraco no lugar do coração!
É como se tivesse levado tudo o que era meu com ele e ficou apenas o
meu corpo e o cérebro que mal conseguia pensar. Eu já o perdoei,
juro que sim, mas não consigo compreender o porquê. Eu pensava que
ele tinha deixado de ser aquele mulherengo, eu jurava a mim mesma que
ele tinha mudado, por minha causa e afinal... Afinal ele não mudou
nada, enganou-me foi a mim.
-Sabes?
Um dia queria que falasses de mim como falavas nele. Não com a mesma
mágoa e desilusão, mas com o mesmo ar que lhe deste, com o mesmo
carinho e dedicação. Eu sei que ele te magoou e estamos juntos há
bem pouco tempo e deste-me coisas que não lhe deste e que me amas...
-Sei
que o amor não se compara em tamanhos e medidas, mas tu ocupas um
lugar no meu coração que ele nunca ocuparia, eu amo-te realmente, e
foi por te amar tanto e por não querer desiludir-te ou magoar-te que
reagi assim há pouco...
-Já
falamos sobre isso, eu e tu esperávamos mais.
-Deixa-me
falar. -
Pediu, mesmo o subconsciente era teimoso e mandão. -
Eu magoei-te, eu desiludi-te simplesmente porque não aguentei a dor
e senti-me a pior pessoa à face da Terra por causa disso, mas quando
fui ao hospital e o médico disse que reagi assim porque sou alérgica
ao preservativo eu vi alívio em ti, e em simultâneo preocupação.
Ficaste aliviado porque não é um problema assim tão grave de
saúde, é algo fácil de lidar, quem é que afinal é alérgico ao
preservativo? Ou melhor ao látex? Eu nem era alérgica a nada, tinha
de ser a isto! Mas também sei que em breve isto vai interferir com
as nossas vidas, porque sempre que o fizermos vamos pensar em qual
será a melhor forma de prevenirmos um filho nosso no mundo, pelo
menos tão cedo. Sei que querias algo inesquecível e foi algo
divertido, mas também sei que da próxima vez que o fizermos será
bom, genuinamente bom, porque além de confiar em ti, confio na minha
sorte e em Deus, o que aconteceu, ficou para trás, tens de pensar em
si, para a frente é que é caminho.
-Não
imaginas o quanto fico feliz por saber que estás a lidar bem com a
situação...
-Eu
não estava a lidar nada bem, de verdade, mas depois de falar contigo
e pensar bem, acabei por chegar a esta conclusão.
-Tenho
tanto orgulho em ti.
-E
eu em ti. -
Fábio decidiu nada mais dizer, era altura do cérebro e do seu
subconsciente descansarem, e ele próprio também precisava de
descansar, deu um beijo na testa da rapariga e adormeceu.”
-Para
de me tirar as medidas, Fábio Rafael! -
Disse Rita fazendo-o assustar-se, estava de olhos fechados, era
suposto estar a dormir. -
Se estás a gozar comigo, aviso-te já que te gravo a ressonar e
partilho para as tuas maravilhosas e histéricas fãs de um raio
verem o seu amorzinho a ressonar!
-Isso
é tudo ciúmes ou é má disposição de quem acabou de acordar?
Rita
pela primeira vez abriu os olhos.
-Ciúmes?
Quem precisa disso? Elas gostam de ti pela tua forma de jogar e pela
tua beleza, eu gosto de ti pelo que tu realmente és, além do mais,
quem te leva para a cama sou eu!
-Tens
razão, a minha cama começa a sentir saudades minhas, normalmente é
a tua que me recebe, e só me levaste para a cama uma vez ou duas, de
resto sou sempre eu a dizer para nos irmos deitar.
-Que
boa disposição do meu namorado! Não queres mesmo um babete a olhar
para mim, não?
-Era
impossível não me babar no que toca a ti, meu bem! -
Pegou numa madeixa de cabelo de Rita e colocou-a atrás da orelha.
-Para
lá com o romance a estas horas da manhã por favor! -
Levantou-se da cama e olhou para o telemóvel. -
Que bom, esqueci-me de pôr a carregar o telemóvel e estou quase sem
bateria, além de que adormecemos, pelo menos eu, cheira-me que vou
chegar atrasada às aulas.
-E
aposto que estás muito preocupada com isso... Tens aqui um gato na
cama e estavas mesmo interessada em ir para as aulas.
-Que
eu saiba não adotei nenhum animal de estimação e tu também não,
e para que saibas eu sou uma aluna aplicada e estudiosa!
-Não
precisa de ser um gato, sou logo um pão, e eu não duvido que o
sejas, mas aposto que queres ficar aqui na ronha comigo.
-Claro
que sim, tu até és a última bolacha do pacote. -
Disse deitando-se na cama. -
Esta professora também tem por hábito chegar atrasada e eu não
tenho nenhuma falta, portanto...
-Beija-me.
-
Pediu ele.
-Não
penses que sou assim tão fácil. -
Disse levantando-se novamente da cama. -
Tens de me vir roubar um beijo. -
Fábio levantou-se da cama e correu atrás de Rita pela casa, mas ela
acabou por esconder-se dentro da banheira, mas ele apanhou-a e acabou
por roubar-lhe um beijo, mais um e depois outro... E num ápice a
série de beijos começou a desenvolver-se algo mais que um misto de
beijos.
-Tens
a certeza que queres fazer isto.
-Como
nunca a tive. -
Dito isto, ele abriu o chuveiro e começou aos poucos a despi-la e a
ajudá-la a despi-lo. Sabiam que ela teria mais tarde teria de tomar
a pílula do dia seguinte e era prejudicial para a sua saúde, mas
era o timing perfeito e o momento indicado e deixaram-se levar. E
desta vez nada os interrompeu ou quebrou o momento, era apenas os
dois e só os dois, e foi completamente entregues um ao outro que
viveram momentos mágicos, juntos. Nada os preocupava, nem o tempo,
nem o mundo que os rodeava. Quando terminaram tomaram banho e foram
vestir-se, de seguida foram tomar o pequeno-almoço.
-Nunca
pensei que fosse tão mágico.
-Nunca
pensei que fosse tão... Tão verdadeiro. Tão puro.
Nada
mais disseram, limitavam-se a trocar sorrisos e olhares, pareciam
dois adolescentes apaixonados pela primeira vez. Depois Fábio foi
levar Rita à escola e ele também seguiu para o treino, depois
partiria para estágio e só voltaria a ver Rita no jogo. A rapariga
assim que chegou à escola, reparou que a professora faltara e
decidiu aproximar-se dos colegas, mas não sem antes enviar uma
mensagem a Fábio:
“Quem
diria no dia do nosso primeiro beijo que hoje, passado pouco mais de
dois meses que estaríamos como estamos? Amo-te tanto meu bem
precioso! Obrigada por tudo e por nada S3”
Passado
alguns minutos, provavelmente quando ainda estava no balneário antes
de ir para o treino, respondeu-lhe:
“Se
pudesse voltar atrás, eu não voltaria porque seria tudo como foi.
Amo-te,
verdadeiramente, pura e genuinamente. Não tens de agradecer, no amor
é tudo dado, tudo partilhado, meu bem mais precioso. S3”
(Nesse
mesmo dia à tarde)
Rita
precisava de companhia para o que ia fazer, mas a quem iria pedir?
Não poderia ir com Fábio que não poderia sair do centro de
estágios, e também não queria ir com a irmã porque trabalhava,
com os pais estava fora de questão e ainda não tinha confiança
suficiente com nenhum colega de turma, por isso só poderia pedir a
uma única pessoa, mas teria de lhe contar tudo o que se tinha
passado e provavelmente iria dizer-lhe o mesmo que a irmã, mas ela
simplesmente não conseguia fazê-lo sozinha, e não podia deixar de
o fazer. Tinha de tomar a pílula do dia seguinte, para não correr o
risco de engravidar. Sabia que não o deveria fazer, mas não
conseguira simplesmente tê-lo parado de manhã, aproveitava e iria
também ao médico para saber qual a melhor pílula a tomar, agora
mais do que nunca tinha pressa de a tomar. Combinou almoçar com
Pedro e explicar-lhe toda a situação. Foram até casa dela e
enquanto almoçavam trocavam algumas palavras:
-Já
me podes explicar porquê tanto secretismo em relação ao que queres
fazer esta tarde?
-Preciso
de tomar a pílula do dia seguinte e não quero ir sozinha. -
Disse muito diretamente e rapidamente.
-Explica-me
devagarinho para ver se entendi direito por favor.
-Eu
vou-te explicar tudo, direitinho e devagar, está bem?
-Estou
à espera.
-Por
onde começar? Bem primeiro que tudo, sou alérgica ao látex do
preservativo e só descobri isso ontem durante o momento íntimo, não
queres que te explique mais pois não? -
Pedro sorriu. -
Olha pronto aconteceu, mas eu interrompi porque tinha dores, depois
apareceram as comichões e estava com uma cor estranha, fomos para o
hospital e recebemos essa notícia, fiquei um pouco chateada claro
ainda para mais quando a minha irmã me diz que estamos a ir depressa
demais. Viemos para casa e ficamos a falar até que adormeci, e
hoje... Hoje fizemo-lo mas não tínhamos como nos prevenir porque
não tomo a pílula e como imaginas não tínhamos nenhum
preservativo sem látex, e como não queremos ser pais tão cedo, o
melhor é ir tomar a pílula do dia seguinte, eu sei que faz mal, e
que devia ir com ele, mas ele está em estágio no centro de treinos
e eu não consigo ir sozinha, e não consigo não pensar em nenhum
método contracetivo senão andava o próximo mês com o coração
nas mãos à espera da menstruação.
-Em
primeiro lugar, como estás em relação a essa primeira vez... Algo
diferente?
-Por
incrível que pareça estou a reagir bem. Mesmo bem. Porque esperava
algo inesquecível e realmente foi... Mas pelo lado engraçado. E
talvez tivesse mesmo de ser assim, tive de mudar o meu ponto de vista
para aceitar o que se passou.
-E
segundo, não te vou dizer se é cedo ou tarde, vocês é que
determinam o vosso ritmo e a velocidade a que vivem as coisas,
existem casais juntos à anos que não se amam, e quem namore à dias
e se ame realmente, mas fiquei preocupado por ter sido o momento em
que se envolveram... Porque era a tua primeira vez, apenas isso. Mas
se tu estás feliz, eu também o estou. Terceiro, tenho de te
perguntar como estás depois de teres ido ao hospital, tiveste mais
dores, comichões ou o que quer que seja?
-Não,
só tenho algum incómodo mas isso já está relacionado com o que se
passou hoje, não tem a ver com a alergia de ontem. E nós não nos
prevenimos hoje porque até o fazermos foi tudo demasiado rápido e
bom.
-A
tua felicidade é a minha felicidade, apenas e só isso. E claro que
vou contigo ao médico para tomares a pílula do dia seguinte, mas
tens de ter atenção a isso por favor, senão acabas por engravidar,
além do mal que a pílula do dia seguinte faz.
-Eu
sei, vou estar atenta para a próxima vez, além do mais pergunto já
ao médico qual é a melhor pílula por causa das dores infernais do
período, e para prevenir bebés nos próximos tempos.
-Então
acaba lá de comer que já lá vamos. E como é que te sentes depois
de tudo o que me contaste?
-Extremamente
feliz, genuinamente feliz. -
Pedro olhou-a nos olhos e ficou feliz por ver a amiga realmente nas
nuvens.
Depois
de comerem, foram até ao centro de saúde, onde ouviram atentamente
o médico.
-Meus
queridos, a pílula do dia seguinte nunca deve usada como método
contracetivo, porque injeta uma sobrecarga hormonal no corpo de uma
mulher, ainda por cima, nas jovens o efeito é ainda maior porque o
corpo está em mudança e já existe um excesso de hormonas, mas
desde que foi comercializada que ainda não houve nenhum caso de
doenças graves ou problemas graves causados pela mesma, mas tem
pequenos efeitos colaterais que os vou pronunciar para não te
assustares quando aparecer algum, mas é pouco provável que
aconteça. Pode haver algum sangramento inesperado fora do período
menstrual, e normalmente a menstruação ocorre uma semana antes do
período regular, mas também podes sentir algumas náuseas e
vómitos, mas não se preocupem, simplesmente não quero voltar a
ver-vos cá por estes motivos, sim meninos?
-Sim,
senhor doutor. -
Responderam em coro.
-Não
vos vou dizer o nome do medicamento nem nada disso, é linguagem
farmacêutica e duvido que estejam interessados. -
Preparou tudo para Rita tomar a pílula do dia seguinte, e ela de mão
dada com Pedro assim o tomou.
-Pode-me
dizer a eficácia deste contracetivo, por favor, senhor doutor?
-Ronda
os 99%, por isso se tudo correr bem e não forem demasiado azarados
não haverá bebé nos próximos nove meses.
-E
diga-me doutor, qual é a melhor pílula para eu tomar?
O
médico acabou por pesá-la, oscultá-la e por dar-lhe todas as
informações que precisava para começar a tomar a pílula, quando
terminaram, saíram do consultório e depois do centro de saúde.
-Obrigada
por estares do meu lado.
-Amizades
não se agradecem. -
Rita deu-lhe um abraço forte e sentido.
-Acho
que os nossos amores devem estar preocupados de não terem notícias
nossas, portanto acho que devíamos mandar mensagem aos nossos
amores.
-Parece-me
uma excelente ideia!
Rita
pegou no telemóvel e enviou uma mensagem a Fábio:
“Não
te ligo porque estás em estágio, não quero chatear-te enquanto
estás aí! Já fui ao centro de saúde com o Pedro e está tudo
tratado e bem! Sabes quem vai amanhã ver o jogo e tem muito orgulho
em ti? A tua namorada, a tua afilhada e o teu cunhado, beijo, amo-te
<3”
“Podes-me
ligar sempre que quiseres, só não atendo mesmo durante os treinos e
jogos. E como correu? Tenho pena de não ter ido contigo, mas não
pude mesmo... Mas para a próxima lá estarei ;) Sei que também
tenho muito orgulho em vocês, especialmente em ti, amo-te <3”
(Nesse
mesmo dia à noite)
Era
mais um jantar de família em casa dos patriarcas da família Madeira
que decidiram juntar-se para festejar apenas o facto de estarem
juntos e unidos à mesa, embora não estivessem todos, Fábio estaria
nos seus corações e Rita sabia bem que a afilhada iria estranhar a
ausência do padrinho e para de alguma forma compensar a pequena,
decidiu ir buscá-la ao ATL e depois irem passear até à hora de
jantar, mas acabou por ter uma ideia assim que a foi buscar a
afilhada, iriam surpreender Fábio. Iriam até à porta do centro de
treinos, ela ligaria ao namorado e ele viria apenas dar um mimo... A
cada uma delas. Mas pelo caminho decidiu comprar um pequeno mimo para
o seu namorado, ele não poderia comer muitos doces enquanto
estivesse em estágio, mas ela levaria um pacote de gomas
pequenino... Ele merecia e além do mais não seria ela a dar, era a
Di! Assim que chegou à porta do centro de treinos enviou uma
mensagem:
“Podes
chegar à porta por favor?”
“Qual
porta? Não estou a entender nada, meu amor!”
“Á
porta do centro de treinos! Temos uma surpresa para ti!”
“Como
assim temos?!”
“Se
mexeres esse rabo e chegares aqui logo vês ;) ”
“Dá-me
dois minutos e levo companhia que é para ter uma desculpa válida
para me ausentar!”
“NÃO
QUERO SABER DE MAIS NADA, DESPACHA-TE!”
Passado
alguns minutos, Fábio chegou à entrada do centro de treinos com o
seu colega de equipa e amigo, João Cancelo, assim que os viu, a
pequena Di foi direta para as pernas do padrinho:
-Minha
princesa! -
Disse Fábio pegando na afilhada ao colo. -
Que tens aí na mão?
-A
dinha disse qu'pa ti! -
Disse a menina dando-lhe para a mão.
-Espero
que tenhas gostado das surpresas, e antes que alguém reclame que eu
só te engordo, foi a tua afilhada!
-Que
grande madrinha que me saíste a culpar a própria afilhada! -
Disse agarrando-a pela anca e dando-lhe um beijo na testa.
-E
tu um distraído que nem me apresentas a tua companhia! -
Respondeu-lhe.
-João
é a Rita, a minha namorada. Rita, é o meu colega de equipa e amigo,
Cancelo, ou melhor, o Lelo da equipa.
-Não
achei piada oh Cardoso. -
Reclamou João e aproximou-se das duas raparigas. Cumprimentou Rita
com dois beijos e brincou com a pequena.
-Já
alguém te disse que és linda, pequena? -
A pequena Di escondeu a cara no ombro da madrinha.
-O
João está a falar contigo, meu amor.
-Eu
chei mas tenh' vegona.
-Mas
faz lá um esforço e responde.
A
menina tirou a cabeça do ombro da madrinha e olhou para João e
sorriu-lhe.
-Tabem
éx bonito. -
Respondeu.
-Como
te chamas pequena?
-Diana
Feieia, max xamam Di. -
Disse a pequena e olhando para o amigo do padrinho.
-Não
te importas de brincar um pouquinho com o João enquanto os padrinhos
ficam a namorar um bocadinho?
-Não,
dinho. -
Respondeu a pequena ao seu tio e padrinho e saindo do colo dele e
agarrando-se às pernas de João. Rita e Fábio afastaram-se
ligeiramente mas não muito.
-Obrigada
pela vossa surpresa. -
Disse sorrindo-lhe. -
Obrigado mesmo, do coração!
-Não
sejas tonto, era apenas para dormires bem e amanhã fazeres um jogo
ainda mais inspirado, acho que por isso merecia um beijo! -Dito
isto, Fábio agarrou-a no fundo das costas e deu-lhe um beijo sentido
e carregado de romance. - Acho
que só por este beijo valeu a pena! Convida os teus colegas e
organizo um jantar lá por tua casa para todos!
-É
preciso lata, organizas um jantar em minha casa, e nem me consultas?
-
Fingiu-se chocado.
-E
tu muito chateado, deste-me a chave porque razão?
-Porque
tu gostas de arrumar e eu gosto de ter a casa arrumada.
-Tu
és a pessoa mais desarrumada que conheço, Fábio Rafael!
-E
tu também não gostas propriamente de arrumar.
-Mas
quando tem de ser, é uma arrumação à séria! Sou uma querida para
ti, e ainda mandas bocas, secalhar é melhor ir-me embora...
-Estava
a brincar contigo, é o nosso cantinho, não é apenas a minha casa,
o que é meu, é teu!
-Ainda
bem que dizes isso, porque assim vais partilhar a minha parte do saco
de gomas com o João!
-Tem
mesmo de ser?
-Sim!
-
Respondeu sorrindo-lhe e ele não conseguia dizer que não
simplesmente. - E
amanhã entre o jogo e o jantar, vamos dar uma voltinha de carro para
me explicares como se conduz.
-Já
alguma vez te disse que és tu que vestes as calças na nossa
relação?
-Senão
tiver juízo nesta relação, ninguém a tem.
-É
incrível como tens sempre resposta na ponta da língua, isso só me
faz amar-te mais.
-Eu
amo-te por seres tão pouco ajuizado mas tão boa pessoa. -
Deram um beijo intenso.
-Cardoso.
-
Interrompeu João. -
Desculpa interromper, mas secalhar devíamos ir embora...
-Secalhar
é melhor. Amor, amanhã aqui na entrada com o segurança vou deixar
bilhetes para virem ver o jogo, e sim, amanhã está combinado aquilo
que disseste, ainda hoje te confirmo quantas pessoa vão.
-Combinado!
-
Deram um beijo curto. -
E agora um beijo de despedida da minha princesa mais que tudo! -
Pegou ao colo da afilhada e deu-lhe um grande abraço e um beijinho.
Despediram-se todos e cada um seguiu o seu caminho.
(No
dia a seguir, perto da hora do jogo)
Rita
juntamente com a família saíram cedo de casa e foram até ao centro
de estágios, de onde se aproximaram da sua entrada e levantaram os
bilhetes, a pequena Di não poderia assistir ao jogo, ainda era
demasiado pequena para entrar no estádio, mas Fábio enviara um
colega de equipa que estava fora do jogo, para pedirem ao segurança
para fingirem fechar os olhos, e entraram para o estádio. A rapariga
entrou com Di ao colo mas acabou por se afastar um pouco para ver o
relvado e tentar ver o possível aquecimento de mais perto, junto às
grades, e ficou assim durante uns segundos, até que
interromperam-lhe os pensamentos:
-Olha
desculpa, mas não és a Rita Madeira? -
Duas raparigas no início da sua adolescência com cerca de 13/14
anos falavam perto dela.
-Sim
sou, minhas queridas, posso ajudar-vos?
-Tu
não és a namorada do Fábio Cardoso?
-Sim,
sou... -
Respondeu com receio.
-Sabias
que ele tinha fama de mulherengo, não sabias?
-E
que dizem que eles nunca mudam, apenas se revelam... -
Concluiu a outra.
-Ele
há uns tempos veio meter conversa comigo.
-E
começou a seguir-me no Instagram.
Rita
respirou fundo, por um lado começou a pensar no que elas diziam mas
também a pensar em como não mandá-las para um sítio feio, ou
fazê-lo de forma educada.
-Conheço
uma rapariga que chegou a falar bastante com ele à uns tempos... E
que ele era fácil.
Rita
engoliu em seco, sabia que o que elas diziam podia ter um fundo de
verdade, mas não sabia como fingir que nada se passava. Ana
aproximou-se da irmã e interrompeu a conversa:
-Posso
ajudar-te, mana?
Será que Rita vai
conseguir-se lembrar de uma resposta à altura?
Ou será que a irmã é
que irá defendê-la? Que diferença fará este episódio na vida do
casal?