-Parabéns a você... –
Toda a equipa se aproximou daquele “casal” para cantar e celebrar o aniversário
da jovem. – Nesta data querida, muitas
felicidades, muitos anos de vida, hoje é dia de festa, cantam as nossas almas,
para a menina Ritinha, uma salva de palmas. – Dois jogadores acenderam dois
isqueiros e Rita soprou sobre elas. Todos aplaudiram e Fábio abraçou a amiga
que derramou algumas lágrimas pelos olhos, de felicidade e de emoção e de
alegria. O bolo era pequenino, apenas o suficiente para uma pessoa, mas valia
mais pela atenção.
-Oh meu amor, não chores! - Deu-lhe um beijo sobre a testa. – És mesmo tontinha! – Rita olhou para os colegas e amigos dele e
respondeu:
-Obrigada por tudo! –
Respondeu limpando as lágrimas e sorrindo. –
Não tenho palavras para vos agradecer...
-Agradece ao Fábio, porque foi ele que te trouxe para
aqui. – Respondeu Ivan e ela
olhou para cima e ele encostou os seus lábios aos dela. Alguns colegas
começaram a tossir e não aguentaram os risos e separaram-se para sorrir.
-O bolo foi improvisado, desculpa. – Pediu Rúben Pinto, o capitão de equipa.
-Não tem mal, valeu pela intenção. – Pegou no bolo e pousou-o.
-Sabemos que não é muito, mas foi o que se arranjou! – Bernardo esticou a mão com um cachecol do Benfica. – Oferta de toda a equipa!
-Desculpa ser tão simples, mas foi o que conseguimos
arranjar em cima da hora... Alguém se esqueceu de avisar que tu vinhas e este é
o resultado! – Respondeu Bruno Varela
olhando para Fábio.
-Não o culpem. –
Desculpou-se Rita. – Ele não sabia que
eu vinha cá, eu é que decidi fazer-lhe uma surpresa! – Apertou a mão de
Fábio que lhe sorriu.
-E fizeste bem, não é toda a gente que tem a sorte de
andar no autocarro do Benfica, com esta companhia. – Desta vez quem respondeu foi Fábio, que agarrou a mão
de Rita.
-Se ele não te tratar bem já sabes, diz-nos que ele não
terá vida fácil connosco. – Acrescentou André
Gomes.
-Obrigada, mas ele comigo porta-se bem! Senão eu
queixo-me! – Sorriu Rita e todos
acabaram por afastar-se tão naturalmente como se tinham aproximado, sabiam
respeitar bem o espaço uns dos outros e naquele momento era aquele casal que
precisava de espaço. Com medo que Fábio começasse a conversa mais uma vez, foi
ela que decidiu começar:
-Fiz tudo por tudo, para não me rir mas acho que não
consegui disfarçar!
-Confesso que fiquei com uma pontinha de ciúmes. – Disse Fábio claramente brincando.
-Só tenho olhos para ti, tolo! – Deu-lhe um beijo na bochecha. – Na minha opinião, tu és o maior gato deste plantel e da equipa
principal também! É que eu lembro-me de todas as conversas que tinha com as
minhas amigas e com os jogadores que gostavam e eu praticamente falei com
todos.
-A sério? Pedias a camisola a cada um deles e já tinhas
prendas de anos e de Natal para os próximos tempos.
-Não tive coragem. E além do mais, acho que eles não
iriam achar piada às conversas. Mas eu conto-te. – Fábio estava curioso, e Rita sorriu, lembrando-se de
todas as conversas. – A Clarinha,
recebeu as chuteiras do Bernardo, e eu brinco com ela, dizendo que ela é a
Branca de Neve, mas em vez de 7 anões, só tem 1, porque o Bernardo é pequenito.
-Fala a mulher mais alta que conheci até hoje. – Respondeu sarcasticamente Fábio.
-A mulher mais baixa que conheceste até agora, é uma
pessoa que fez mais de 300 quilómetros para te ver, por isso respeito! – Deu-lhe um beijinho na ponta do nariz. – E nem sabes da missa a metade. A Raquel
chama macaquinho ao Ivan, não é racismo. Mas é por causa do rabo dele, ela já
me mandou algumas fotos e ele tem um rabo enorme, parece uma lomba! E nas fotos
nota-se imenso o alto na zona traseira. Então eu não consigo falar com ele, sem
me rir! É que eu tento não reparar, mas não dá! E o Hélder tem a alcunha mais
cómica que podes imaginar!
-Botinho?
-Não. Nem sei o que isso quer dizer na realidade, uma
amiga minha, a Rita chama-lhe chinês.
-Chinês? –
Perguntou Fábio surpreendido.
-Sim, sempre que ele sorri, fica a parecer um chinês! E
tenho ainda outras duas conhecidas, que tem uma panca por jogadores dos juniores.
-Deixa-me adivinhar, o Guzzo e o Rebocho!
-Do Guzzo e do Diogo Rochinha!
-A sério? E também tem alcunhas divertidas como a Rita
com o chinês, que por acaso é mulato? -
Sorriram.
-Mais ou menos. A Beatriz chama Gregorio ao Guzzo, mas
é porque é o apelido dele e assim só o grupo de amigas mais próximas é que
entende! A outra rapariga, a Rita, diz que o Rochinha é cigano durante o dia e
esquilo á noite.
-Cigano durante o dia e esquilo durante a noite? Isso é
bom demais.
-Ela diz que ele tem cor de cigano, então é a cigana,
porque o ídolo dela também é o Cancelo, que tem alcunha de Lelo, segundo o que
sei. – Fábio confirmou com a cabeça.
– E esquilo durante a noite, porque
descobriu uma foto dele a dormir e diz que parecia um esquilo a dormir!
-As tuas amigas são mesmo uma comédia! – Fábio estava divertido com tudo o que acabara de
descobrir.
-E ainda tenho outra amiga, a Sofia que chama Gomas ao
André Gomes! Fora uma que tem uma panca pelo rabo do Gianni! – Fábio começou a rir-se como nunca antes Rita tinha
visto, ele estava admirado e divertido por tudo o que tinha descoberto. – Eu sei que não tenho amigas normais podes
dizê-lo! Mas se contas a algum deles, eu desminto!
-E tu tinhas alguma alcunha para mim?
-Não. Sempre foste o Fábio e sempre serás.
-E tinhas alguma coisa assim como as tuas amigas?
-Não te digo! Fica guardado no segredo dos deuses. – Fechou a boca e tentou simular que a fechara com um
fecho e mandara a chave para longe.
-Diz, diz, diz, diz. –
Disse dando beijinhos no pescoço de Rita tentando demovê-la.
-Eras só tu! E não tinhas alcunhas.
-E não me queres arranjar assim uma alcunha divertida?
-Chato! Não páras de me melgar, bolas! – Cruzou os braços e fingiu ficar chateada, mas apenas
por breves instantes, ele olhou-a e ela não conseguiu conter o sorriso.
-A tua mãe já sabe se é menino ou menina?
-Não. O meu irmão mais pequeno, decidiu ser teimoso e
não se quis deixar ver. Mas eu desconfio.
-Por acaso, também desconfio do sexo dele!
-Então vamos dizer ao mesmo tempo!
-3,2,1. –
Disseram em coro.
-Menina! –
Disse Rita.
-Menino! –
Contrariou Fábio. – Vais ter mais um
mano para jogar á bola, vais ver!
-Vou ser uma menina, e vai ser uma verdadeira Bratz,
muito feminina mas que também gosta imenso de desporto, principalmente de
futebol!
Continuaram a trocar
ideias sobre o sexo do bebé, enquanto ela estava convencida que iria ter mais
uma irmã, já Fábio tinha um pressentimento que era um rapaz. O nome ainda não
estava decidido, embora já houvessem algumas ideias trocadas.
O resto da viagem decorreu
muito divertida e entre muita conversa, não só com Fábio, mas com os colegas e
amigos dele, ficou a saber muitas histórias sobre o seu amigo, a viagem correu
sem problemas e demoraram pouco mais de quatro horas a regressar. Quando
regressaram, despediram-se de todos, e começaram a percorrer o caminho até às
suas casas. Ele estacionou o carro na garagem, e subiram o prédio até chegar ao
corredor que separava as casas.
-Fábio apesar de estares cansado, anda beberes e
comeres qualquer coisa lá a casa.
-Deixa-te estar, aproveita o que resta deste dia
especial com a tua família…
-Senão vieres eu chateio-me!
-Estou a ir! –
Ficaram frente a frente e ele deu-lhe um beijo na testa.
-Posso pedir-te dois favorzinhos antes?
-Não achas que estás a abusar? – Perguntou Fábio sorrindo, claramente brincando com a
aniversariante.
-Tens sempre a opção de não fazeres.
-Estou a brincar, coisa boa! Diz-me!
-Queria pedir-te para em primeiro lugar, me dares um
beijo. – Fábio não a deixou
terminar e beijou-a.
-Feito! –
Agarrou na mão dela e apertou-a. – Um
dia serás tu a beijar-me!
-Quem sabe! –
Respondeu pouco convencida. – Em
segundo, queria pedir-te para não contares a ninguém, muito menos á minha
família, nada do que se passou. Nem dos nossos
beijos, nem nada… Disto que se
passa entre nós, pode ser?
-Respeito isso e não o farei, mas os teus pais vão
desconfiar. Tu sabes disso.
-Deixa estar que eu dou-lhes bem a volta! – Fábio já tinha declarado o que sentia aos pais de
Rita, mas não lhe iria dizer. Iria respeitar a decisão da amiga, sabia que era
demasiado cedo, mas por outro lado também o magoava. Sentia que ela não se
orgulhava dele. Por muito que se esforçasse, ele não conseguia compreender
todas as decisões dela. Tinha viajado até Braga, no dia dos seus 18 anos para
estar com ele e não queria assumir o que se havia passado? Ele não entendia e
não conseguia arranjar uma justificação, ela começava a revelar uma faceta que
ele não conhecia.
Rita abriu a porta de casa
e caminhou lado a lado com Fábio, até chegar á sala. A luz do corredor estava
acessa, o que significava que ainda estavam acordados.
-Parabéns! –
Gritaram os depois de Rita acender a luz da sala. Estavam presentes os irmãos,
os pais, a sobrinha, o cunhado e o amigo Pedro. Estavam todos ao redor da mesa,
onde estava bem presente o bolo de aniversário.
Rita foi completamente
surpreendida, tinham-lhe preparado uma festa surpresa e ela nunca tinha
pensado, nem tinha imaginado que o fariam. A família toda estava ali pronta
para festejar a sua maioridade, e os seus dois melhores amigos tinham sido
convidados. Apesar de manterem uma relação pouco boa, ela esperava apenas que
fizessem um esforço para se darem, não só naquela noite mas como para a vida,
por ela. Começaram por cantar os parabéns e ela agradeceu a todos, por aquele
momento de união e felicidade, com ela, mas também por estarem presentes na sua
vida. Cumprimentou todos enquanto distribuía o bolo e deu um beijo á afilhada
que dormia pacificamente e apresentou-a a Pedro.
-Tenho uma coisa para te dar, pequena! – Disse Pedro depois de conhecer Diana e ficando
claramente deliciado com a pequena que ainda nem tinha completo um ano de vida.
– Como prenda de aniversário e para te
agradecer por estares na minha vida, é claro! – Ela sorriu, feliz e
agradecida por aquele dia de felicidade que há tempo não vivia, Fábio á
distância, olhava para tudo, feliz pela felicidade dela mas com ciúmes,
tentando ao máximo controlá-los.
-Não era preciso! Mas obrigada! – Abraçou-o e ele retribuiu o abraço, com força. Tinha
saudades dos momentos de amizade, de companheirismo e dos momentos que tivera
ao lado dela.
-Mãe, eu e o Pedro vamos ao quarto para ver a prenda
que ele tem para mim.
-Também quero ir para ver a tua reacção!
-Eu também vou! – Acrescentou o pequeno Pedrito.
-Vamos todos! –
A irmã apresentou-se também á conversa.
Foram
todos até ao quarto de Rita, inclusive Fábio que era o último de todos, que
transportava a pequena Diana que dormia nos seus braços. Ela abriu a porta do
quarto e a primeira coisa que lhe saltou á vista foi a prenda de Pedro. Aquele
ramo de flores, era realmente surpreendente! Aproximou-se dele e tentou
pegar-lhe. Pedro aproveitou o momento para fotografar a sua amada e a prenda
que lhe dera.
Como
irá agradecer Rita?
Qual
será a reacção de Fábio? Como irá ficar a relação entre ele e Pedro?